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Romaria das Águas e Caminho de Sepé Tiaraju : religião, território e cosmopolítica no Rio Grande do SulPieve, Stella Maris Nunes January 2014 (has links)
Este trabalho analisa dois rituais inter-religiosos e ecológicos, a Romaria das Águas e o Caminho de Sepé Tiaraju, que ocorrem no Rio Grande do Sul. Eles se constituem como formas de expressividade e reivindicação de direitos sociais, territoriais e políticos a partir de uma perspectiva cosmopolítica. Esses rituais têm como proposta a construção de espaços de reivindicação social a partir de redes de trabalho das quais fazem parte instituições religiosas, o poder público e organizações sociais formais e informais. Três pontos principais – que busquei articular acompanhando seriamente romeiros e bicicleteiros em peregrinação e suas concepções acerca das possibilidades de investir nos rituais dos quais participavam – permitem relações entre os rituais: ecologia, política e religião. A Romaria das Águas teve início no bairro Arquipélago, em Porto Alegre, a partir da organização da reciclagem do lixo entre seus moradores. Em seguida, foram surgindo ritos que compõem a romaria até hoje, formados por peregrinações entre as Ilhas, peregrinações maiores no Estado e pela procissão fluvial. A Romaria das Águas tem como focos principais a questão inter-religiosa e ecológica e, atualmente, organizada principalmente por católicos e umbandistas, tem como padroeira e Mãe, Nossa Senhora das Águas, e Oxum, o Orixá das Águas Doces. Já a peregrinação ciclística, no Caminho de Sepé Tiaraju, tem foco no encontro entre diferentes grupos de excluídos, especialmente jovens da periferia urbana. A proposta é percorrer de bicicleta, entre os dias 1 a 7 de fevereiro, a última rota de Sepé Tiaraju, que vai das atuais cidades de Rio Pardo a São Gabriel. Durante esse percurso, os bicicleteiros podem conhecer a realidade rural, trocar experiências com seus moradores, saber sobre suas necessidades e demandas assim como mostrar a bicicleta como um meio de transporte não poluente. São visitados locais que fazem referência histórica à guerra guaranítica (1750-1756), além de quilombos, casas de umbanda, associações comunitárias, comunidades rurais, entre outros. Nos últimos dias da pedalada, os bicicleteiros encontram-se com os Guarani, em São Gabriel/RS. Esses Guarani ali reúnem-se, todos os anos, para discutir políticas públicas destinadas a eles e homenagear os companheiros mortos na batalha do Caiboaté, a última batalha entre Guaranis e exército luso-hispânico, na qual resultaram 1500 guaranis mortos. A partir do trabalho de campo, entrevistas semiestruturadas e análise de materiais produzidos pelos grupos que acompanhei, foi possível concluir que a Romaria das Águas e o Caminho de Sepé apresentam formas territorializantes, nas quais a questão fundiária é inserida numa pauta a ser compartilhada e que passa a ser permeada por diversas outras pautas – políticas, sociais e ambientais. A luta pela terra e a possibilidade de existir no mundo, impulsionadas por diferentes grupos passam a ser atualizadas nesses momentos. No âmbito desses rituais, Nossa Senhora das Águas e Sepé Tiaraju agenciam outros modos de acionar políticas públicas e, ainda, de promover reivindicação social, permitindo que os múltiplos grupos aqui evidenciados possam agir em conjunto, mas como grupos diferentes, com práticas divergentes. Nessa perspectiva, o que liga os grupos participantes dos rituais aqui apresentados é a condição de vulnerabilidade social na qual se encontram as pessoas que compõem tais grupos e as possibilidades de reivindicação daquilo que lhes é necessário – direito à terra, ao território, à moradia, à manifestação religiosa e a pautas socioambientais – a partir de uma ação cosmopolítica, ou seja, uma relação que evidencie uma interação entre as divindades e o regime de político sob o qual convivem e ainda a possibilidade de compor um ritual que apresente diferentes pautas que se aliem, mas não se unifiquem, mobilizando uma forma de composição de mundos. / This research analyses two inter-religious and ecological rituals, the Romaria das Águas and the Caminho de Sepé Tiaraju that occurs in Rio Grande do Sul state, Brazil. They constitute expression forms of social and territorial claim to political rights, from a cosmopolitics perspective. These rituals propose a construction of spaces of social networks with religious institutions, the government and the formal and informal social organizations. Three main points allow relations between them: ecology, politics and religion. The Romaria das Águas began in the Archipelago neighborhood in Porto Alegre, from the organization of waste recycling among its residents. From that, other rites took part in the event, the pilgrimages between the neighborhood, pilgrimages in the state and the fluvial procession. The Romaria das Águas focuses the interreligious and ecological issues and Catholics and Umbandistas currently organize it. Their deity and Mother are Nossa Senhora das Águas, and Oxum, the Orixá of the waters. The cycling pilgrimage, the Caminho de Sepé Tiaraju focuses on the encounter between different types of excluded groups, especially the urban youth from periphery. The proposal is riding a bike, between 1-7 Februarys, the last Sepé Tiaraju’s route, from Rio Pardo to São Gabriel/RS. During this journey, the bicicleteiros may know the rural reality, exchange experiences with their residents, know about their needs and demands as well as introduce the bicycle as a symbol of non-polluting transportation. Historic sites that refer to the Guerra Guaranítica (an Indigenous War) (1750-1756) are visited, Quilombos, Umbanda's houses, communities associations, rural communities, among others. In the last days of pedaling, the bicicleteiros meet with the Guarani, in São Gabriel/RS. These Guarani gather there every year to discuss public policies to them and honor the fallen ancestors in the Caiboaté battle, the last battle between the Guarani and the Luso-Hispanic army, which resulted in 1500 dead Guarani. From the fieldwork, semi-structured interviews and analysis of materials produced by groups that I have followed, I concluded that the Romaria das Águas and the Caminho de Sepé articulate territory. These rituals share several agendas: political, social and environmental. The struggle for land and the possibility of being in the world, driven by different groups permits an updated of the fight for the land. Within these rituals, Nossa Senhora das Águas and Sepé Tiaraju trigger another ways to public policy, and also to promote social demands, allowing multiple groups to act together, but as different groups and with divergent practices. From this perspective, the linking groups of participants in these rituals presented here in the condition of social vulnerability in which they are. So, the people who make up these groups and the possibilities of claiming what they require – right to land, territory, housing, religious expression and the social and environmental agendas – show a cosmopolitics action, a relation that evidence an interaction between the deities and the political regime under which they have been living and the possibility of composing a ritual to present different agendas that combine, but not unify, mobilizing a form of composition worlds.
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Romaria das Águas e Caminho de Sepé Tiaraju : religião, território e cosmopolítica no Rio Grande do SulPieve, Stella Maris Nunes January 2014 (has links)
Este trabalho analisa dois rituais inter-religiosos e ecológicos, a Romaria das Águas e o Caminho de Sepé Tiaraju, que ocorrem no Rio Grande do Sul. Eles se constituem como formas de expressividade e reivindicação de direitos sociais, territoriais e políticos a partir de uma perspectiva cosmopolítica. Esses rituais têm como proposta a construção de espaços de reivindicação social a partir de redes de trabalho das quais fazem parte instituições religiosas, o poder público e organizações sociais formais e informais. Três pontos principais – que busquei articular acompanhando seriamente romeiros e bicicleteiros em peregrinação e suas concepções acerca das possibilidades de investir nos rituais dos quais participavam – permitem relações entre os rituais: ecologia, política e religião. A Romaria das Águas teve início no bairro Arquipélago, em Porto Alegre, a partir da organização da reciclagem do lixo entre seus moradores. Em seguida, foram surgindo ritos que compõem a romaria até hoje, formados por peregrinações entre as Ilhas, peregrinações maiores no Estado e pela procissão fluvial. A Romaria das Águas tem como focos principais a questão inter-religiosa e ecológica e, atualmente, organizada principalmente por católicos e umbandistas, tem como padroeira e Mãe, Nossa Senhora das Águas, e Oxum, o Orixá das Águas Doces. Já a peregrinação ciclística, no Caminho de Sepé Tiaraju, tem foco no encontro entre diferentes grupos de excluídos, especialmente jovens da periferia urbana. A proposta é percorrer de bicicleta, entre os dias 1 a 7 de fevereiro, a última rota de Sepé Tiaraju, que vai das atuais cidades de Rio Pardo a São Gabriel. Durante esse percurso, os bicicleteiros podem conhecer a realidade rural, trocar experiências com seus moradores, saber sobre suas necessidades e demandas assim como mostrar a bicicleta como um meio de transporte não poluente. São visitados locais que fazem referência histórica à guerra guaranítica (1750-1756), além de quilombos, casas de umbanda, associações comunitárias, comunidades rurais, entre outros. Nos últimos dias da pedalada, os bicicleteiros encontram-se com os Guarani, em São Gabriel/RS. Esses Guarani ali reúnem-se, todos os anos, para discutir políticas públicas destinadas a eles e homenagear os companheiros mortos na batalha do Caiboaté, a última batalha entre Guaranis e exército luso-hispânico, na qual resultaram 1500 guaranis mortos. A partir do trabalho de campo, entrevistas semiestruturadas e análise de materiais produzidos pelos grupos que acompanhei, foi possível concluir que a Romaria das Águas e o Caminho de Sepé apresentam formas territorializantes, nas quais a questão fundiária é inserida numa pauta a ser compartilhada e que passa a ser permeada por diversas outras pautas – políticas, sociais e ambientais. A luta pela terra e a possibilidade de existir no mundo, impulsionadas por diferentes grupos passam a ser atualizadas nesses momentos. No âmbito desses rituais, Nossa Senhora das Águas e Sepé Tiaraju agenciam outros modos de acionar políticas públicas e, ainda, de promover reivindicação social, permitindo que os múltiplos grupos aqui evidenciados possam agir em conjunto, mas como grupos diferentes, com práticas divergentes. Nessa perspectiva, o que liga os grupos participantes dos rituais aqui apresentados é a condição de vulnerabilidade social na qual se encontram as pessoas que compõem tais grupos e as possibilidades de reivindicação daquilo que lhes é necessário – direito à terra, ao território, à moradia, à manifestação religiosa e a pautas socioambientais – a partir de uma ação cosmopolítica, ou seja, uma relação que evidencie uma interação entre as divindades e o regime de político sob o qual convivem e ainda a possibilidade de compor um ritual que apresente diferentes pautas que se aliem, mas não se unifiquem, mobilizando uma forma de composição de mundos. / This research analyses two inter-religious and ecological rituals, the Romaria das Águas and the Caminho de Sepé Tiaraju that occurs in Rio Grande do Sul state, Brazil. They constitute expression forms of social and territorial claim to political rights, from a cosmopolitics perspective. These rituals propose a construction of spaces of social networks with religious institutions, the government and the formal and informal social organizations. Three main points allow relations between them: ecology, politics and religion. The Romaria das Águas began in the Archipelago neighborhood in Porto Alegre, from the organization of waste recycling among its residents. From that, other rites took part in the event, the pilgrimages between the neighborhood, pilgrimages in the state and the fluvial procession. The Romaria das Águas focuses the interreligious and ecological issues and Catholics and Umbandistas currently organize it. Their deity and Mother are Nossa Senhora das Águas, and Oxum, the Orixá of the waters. The cycling pilgrimage, the Caminho de Sepé Tiaraju focuses on the encounter between different types of excluded groups, especially the urban youth from periphery. The proposal is riding a bike, between 1-7 Februarys, the last Sepé Tiaraju’s route, from Rio Pardo to São Gabriel/RS. During this journey, the bicicleteiros may know the rural reality, exchange experiences with their residents, know about their needs and demands as well as introduce the bicycle as a symbol of non-polluting transportation. Historic sites that refer to the Guerra Guaranítica (an Indigenous War) (1750-1756) are visited, Quilombos, Umbanda's houses, communities associations, rural communities, among others. In the last days of pedaling, the bicicleteiros meet with the Guarani, in São Gabriel/RS. These Guarani gather there every year to discuss public policies to them and honor the fallen ancestors in the Caiboaté battle, the last battle between the Guarani and the Luso-Hispanic army, which resulted in 1500 dead Guarani. From the fieldwork, semi-structured interviews and analysis of materials produced by groups that I have followed, I concluded that the Romaria das Águas and the Caminho de Sepé articulate territory. These rituals share several agendas: political, social and environmental. The struggle for land and the possibility of being in the world, driven by different groups permits an updated of the fight for the land. Within these rituals, Nossa Senhora das Águas and Sepé Tiaraju trigger another ways to public policy, and also to promote social demands, allowing multiple groups to act together, but as different groups and with divergent practices. From this perspective, the linking groups of participants in these rituals presented here in the condition of social vulnerability in which they are. So, the people who make up these groups and the possibilities of claiming what they require – right to land, territory, housing, religious expression and the social and environmental agendas – show a cosmopolitics action, a relation that evidence an interaction between the deities and the political regime under which they have been living and the possibility of composing a ritual to present different agendas that combine, but not unify, mobilizing a form of composition worlds.
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Romaria das Águas e Caminho de Sepé Tiaraju : religião, território e cosmopolítica no Rio Grande do SulPieve, Stella Maris Nunes January 2014 (has links)
Este trabalho analisa dois rituais inter-religiosos e ecológicos, a Romaria das Águas e o Caminho de Sepé Tiaraju, que ocorrem no Rio Grande do Sul. Eles se constituem como formas de expressividade e reivindicação de direitos sociais, territoriais e políticos a partir de uma perspectiva cosmopolítica. Esses rituais têm como proposta a construção de espaços de reivindicação social a partir de redes de trabalho das quais fazem parte instituições religiosas, o poder público e organizações sociais formais e informais. Três pontos principais – que busquei articular acompanhando seriamente romeiros e bicicleteiros em peregrinação e suas concepções acerca das possibilidades de investir nos rituais dos quais participavam – permitem relações entre os rituais: ecologia, política e religião. A Romaria das Águas teve início no bairro Arquipélago, em Porto Alegre, a partir da organização da reciclagem do lixo entre seus moradores. Em seguida, foram surgindo ritos que compõem a romaria até hoje, formados por peregrinações entre as Ilhas, peregrinações maiores no Estado e pela procissão fluvial. A Romaria das Águas tem como focos principais a questão inter-religiosa e ecológica e, atualmente, organizada principalmente por católicos e umbandistas, tem como padroeira e Mãe, Nossa Senhora das Águas, e Oxum, o Orixá das Águas Doces. Já a peregrinação ciclística, no Caminho de Sepé Tiaraju, tem foco no encontro entre diferentes grupos de excluídos, especialmente jovens da periferia urbana. A proposta é percorrer de bicicleta, entre os dias 1 a 7 de fevereiro, a última rota de Sepé Tiaraju, que vai das atuais cidades de Rio Pardo a São Gabriel. Durante esse percurso, os bicicleteiros podem conhecer a realidade rural, trocar experiências com seus moradores, saber sobre suas necessidades e demandas assim como mostrar a bicicleta como um meio de transporte não poluente. São visitados locais que fazem referência histórica à guerra guaranítica (1750-1756), além de quilombos, casas de umbanda, associações comunitárias, comunidades rurais, entre outros. Nos últimos dias da pedalada, os bicicleteiros encontram-se com os Guarani, em São Gabriel/RS. Esses Guarani ali reúnem-se, todos os anos, para discutir políticas públicas destinadas a eles e homenagear os companheiros mortos na batalha do Caiboaté, a última batalha entre Guaranis e exército luso-hispânico, na qual resultaram 1500 guaranis mortos. A partir do trabalho de campo, entrevistas semiestruturadas e análise de materiais produzidos pelos grupos que acompanhei, foi possível concluir que a Romaria das Águas e o Caminho de Sepé apresentam formas territorializantes, nas quais a questão fundiária é inserida numa pauta a ser compartilhada e que passa a ser permeada por diversas outras pautas – políticas, sociais e ambientais. A luta pela terra e a possibilidade de existir no mundo, impulsionadas por diferentes grupos passam a ser atualizadas nesses momentos. No âmbito desses rituais, Nossa Senhora das Águas e Sepé Tiaraju agenciam outros modos de acionar políticas públicas e, ainda, de promover reivindicação social, permitindo que os múltiplos grupos aqui evidenciados possam agir em conjunto, mas como grupos diferentes, com práticas divergentes. Nessa perspectiva, o que liga os grupos participantes dos rituais aqui apresentados é a condição de vulnerabilidade social na qual se encontram as pessoas que compõem tais grupos e as possibilidades de reivindicação daquilo que lhes é necessário – direito à terra, ao território, à moradia, à manifestação religiosa e a pautas socioambientais – a partir de uma ação cosmopolítica, ou seja, uma relação que evidencie uma interação entre as divindades e o regime de político sob o qual convivem e ainda a possibilidade de compor um ritual que apresente diferentes pautas que se aliem, mas não se unifiquem, mobilizando uma forma de composição de mundos. / This research analyses two inter-religious and ecological rituals, the Romaria das Águas and the Caminho de Sepé Tiaraju that occurs in Rio Grande do Sul state, Brazil. They constitute expression forms of social and territorial claim to political rights, from a cosmopolitics perspective. These rituals propose a construction of spaces of social networks with religious institutions, the government and the formal and informal social organizations. Three main points allow relations between them: ecology, politics and religion. The Romaria das Águas began in the Archipelago neighborhood in Porto Alegre, from the organization of waste recycling among its residents. From that, other rites took part in the event, the pilgrimages between the neighborhood, pilgrimages in the state and the fluvial procession. The Romaria das Águas focuses the interreligious and ecological issues and Catholics and Umbandistas currently organize it. Their deity and Mother are Nossa Senhora das Águas, and Oxum, the Orixá of the waters. The cycling pilgrimage, the Caminho de Sepé Tiaraju focuses on the encounter between different types of excluded groups, especially the urban youth from periphery. The proposal is riding a bike, between 1-7 Februarys, the last Sepé Tiaraju’s route, from Rio Pardo to São Gabriel/RS. During this journey, the bicicleteiros may know the rural reality, exchange experiences with their residents, know about their needs and demands as well as introduce the bicycle as a symbol of non-polluting transportation. Historic sites that refer to the Guerra Guaranítica (an Indigenous War) (1750-1756) are visited, Quilombos, Umbanda's houses, communities associations, rural communities, among others. In the last days of pedaling, the bicicleteiros meet with the Guarani, in São Gabriel/RS. These Guarani gather there every year to discuss public policies to them and honor the fallen ancestors in the Caiboaté battle, the last battle between the Guarani and the Luso-Hispanic army, which resulted in 1500 dead Guarani. From the fieldwork, semi-structured interviews and analysis of materials produced by groups that I have followed, I concluded that the Romaria das Águas and the Caminho de Sepé articulate territory. These rituals share several agendas: political, social and environmental. The struggle for land and the possibility of being in the world, driven by different groups permits an updated of the fight for the land. Within these rituals, Nossa Senhora das Águas and Sepé Tiaraju trigger another ways to public policy, and also to promote social demands, allowing multiple groups to act together, but as different groups and with divergent practices. From this perspective, the linking groups of participants in these rituals presented here in the condition of social vulnerability in which they are. So, the people who make up these groups and the possibilities of claiming what they require – right to land, territory, housing, religious expression and the social and environmental agendas – show a cosmopolitics action, a relation that evidence an interaction between the deities and the political regime under which they have been living and the possibility of composing a ritual to present different agendas that combine, but not unify, mobilizing a form of composition worlds.
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O próximo do território quilombola : a cosmopolítica dos moradores de Júlio BorgesQuadros, Milena Silvester January 2015 (has links)
Esta tese trata de um estilo de criatividade política quilombola que não circunscreve sua territorialidade com base nos vínculos criados exclusivamente com a terra e com os produtos da terra. O estudo cartografa as modalidades de enfrentamento entre quilombolas, indígenas e “sem terras”, de um lado, com o Estado e seus mediadores, de outro, que decorrem de concepções divergentes acerca do território, da identidade e da composição da vida. O cenário é ambientado no contexto de implementação dos dispositivos de justiça para regularização fundiária do território habitado por famílias quilombolas que vivem na localidade de Júlio Borges, município do Salto do Jacuí, RS. Além dos quilombolas, passaram a residir no território titulado, dois coletivos distintos de indígenas Kaingang e algumas famílias que se apossaram de porções da mesma área de terras em processo de titulação. As formas de convívio entre quilombolas, indígenas e “sem terras” levam-nos a penetrar um mundo marcado pela transformação e pela diferenciação em movimentos sucessivos de devir. Este estilo de relação e de convívio, marcado pelo movimento, desenha modalidades de agenciamento político, cuja potência coloca à prova os dispositivos de organização do território de Júlio Borges operacionalizados pela Política Nacional de Titulação Territorial. A tese, ainda, lança-se à tarefa de dar credibilidade aos enunciados nativos, aos saberes e às técnicas que compõem a cosmopolítica da localidade de Júlio Borges. / This dissertation thesis discusses a style of Quilombola political creativity that does not circumscribe its territoriality based on links created exclusively with the land and the products of the earth. The study maps the modalities of confrontation between Quilombolas, indigenous people and the “landless” groups, and the state and its mediators on one side. On the other side, these confrontations arise from divergent conceptions of territory, identity and composition of life. The study took place in the context of the implementation of justice devices for the regularization of a territory inhabited by Quilombola families in the district of Júlio Borges, in the town of Salto do Jacuí, in Rio Grande do Sul. In addition to the Quilombolas, two separate groups of the Kaingang indigenous tribe and some families who took over portions of the same land undergoing a titling process took up residence in the territory. The kinds of interaction among Quilombolas, indigenous people and the "landless" showed us a world marked by transformation and the differentiation in consecutive movements of being. This way of association and interaction, that is marked by the movement, generates new forms of political mediation, and its power puts the organizational devices of the district of Júlio Borges that are operated by the National Policy on Land Titling to the test. This dissertation thesis aims at giving credibility to the indigenous voice, knowledge and political techniques that make up the cosmopolitics of the district of Júlio Borges.
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O próximo do território quilombola : a cosmopolítica dos moradores de Júlio BorgesQuadros, Milena Silvester January 2015 (has links)
Esta tese trata de um estilo de criatividade política quilombola que não circunscreve sua territorialidade com base nos vínculos criados exclusivamente com a terra e com os produtos da terra. O estudo cartografa as modalidades de enfrentamento entre quilombolas, indígenas e “sem terras”, de um lado, com o Estado e seus mediadores, de outro, que decorrem de concepções divergentes acerca do território, da identidade e da composição da vida. O cenário é ambientado no contexto de implementação dos dispositivos de justiça para regularização fundiária do território habitado por famílias quilombolas que vivem na localidade de Júlio Borges, município do Salto do Jacuí, RS. Além dos quilombolas, passaram a residir no território titulado, dois coletivos distintos de indígenas Kaingang e algumas famílias que se apossaram de porções da mesma área de terras em processo de titulação. As formas de convívio entre quilombolas, indígenas e “sem terras” levam-nos a penetrar um mundo marcado pela transformação e pela diferenciação em movimentos sucessivos de devir. Este estilo de relação e de convívio, marcado pelo movimento, desenha modalidades de agenciamento político, cuja potência coloca à prova os dispositivos de organização do território de Júlio Borges operacionalizados pela Política Nacional de Titulação Territorial. A tese, ainda, lança-se à tarefa de dar credibilidade aos enunciados nativos, aos saberes e às técnicas que compõem a cosmopolítica da localidade de Júlio Borges. / This dissertation thesis discusses a style of Quilombola political creativity that does not circumscribe its territoriality based on links created exclusively with the land and the products of the earth. The study maps the modalities of confrontation between Quilombolas, indigenous people and the “landless” groups, and the state and its mediators on one side. On the other side, these confrontations arise from divergent conceptions of territory, identity and composition of life. The study took place in the context of the implementation of justice devices for the regularization of a territory inhabited by Quilombola families in the district of Júlio Borges, in the town of Salto do Jacuí, in Rio Grande do Sul. In addition to the Quilombolas, two separate groups of the Kaingang indigenous tribe and some families who took over portions of the same land undergoing a titling process took up residence in the territory. The kinds of interaction among Quilombolas, indigenous people and the "landless" showed us a world marked by transformation and the differentiation in consecutive movements of being. This way of association and interaction, that is marked by the movement, generates new forms of political mediation, and its power puts the organizational devices of the district of Júlio Borges that are operated by the National Policy on Land Titling to the test. This dissertation thesis aims at giving credibility to the indigenous voice, knowledge and political techniques that make up the cosmopolitics of the district of Júlio Borges.
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O próximo do território quilombola : a cosmopolítica dos moradores de Júlio BorgesQuadros, Milena Silvester January 2015 (has links)
Esta tese trata de um estilo de criatividade política quilombola que não circunscreve sua territorialidade com base nos vínculos criados exclusivamente com a terra e com os produtos da terra. O estudo cartografa as modalidades de enfrentamento entre quilombolas, indígenas e “sem terras”, de um lado, com o Estado e seus mediadores, de outro, que decorrem de concepções divergentes acerca do território, da identidade e da composição da vida. O cenário é ambientado no contexto de implementação dos dispositivos de justiça para regularização fundiária do território habitado por famílias quilombolas que vivem na localidade de Júlio Borges, município do Salto do Jacuí, RS. Além dos quilombolas, passaram a residir no território titulado, dois coletivos distintos de indígenas Kaingang e algumas famílias que se apossaram de porções da mesma área de terras em processo de titulação. As formas de convívio entre quilombolas, indígenas e “sem terras” levam-nos a penetrar um mundo marcado pela transformação e pela diferenciação em movimentos sucessivos de devir. Este estilo de relação e de convívio, marcado pelo movimento, desenha modalidades de agenciamento político, cuja potência coloca à prova os dispositivos de organização do território de Júlio Borges operacionalizados pela Política Nacional de Titulação Territorial. A tese, ainda, lança-se à tarefa de dar credibilidade aos enunciados nativos, aos saberes e às técnicas que compõem a cosmopolítica da localidade de Júlio Borges. / This dissertation thesis discusses a style of Quilombola political creativity that does not circumscribe its territoriality based on links created exclusively with the land and the products of the earth. The study maps the modalities of confrontation between Quilombolas, indigenous people and the “landless” groups, and the state and its mediators on one side. On the other side, these confrontations arise from divergent conceptions of territory, identity and composition of life. The study took place in the context of the implementation of justice devices for the regularization of a territory inhabited by Quilombola families in the district of Júlio Borges, in the town of Salto do Jacuí, in Rio Grande do Sul. In addition to the Quilombolas, two separate groups of the Kaingang indigenous tribe and some families who took over portions of the same land undergoing a titling process took up residence in the territory. The kinds of interaction among Quilombolas, indigenous people and the "landless" showed us a world marked by transformation and the differentiation in consecutive movements of being. This way of association and interaction, that is marked by the movement, generates new forms of political mediation, and its power puts the organizational devices of the district of Júlio Borges that are operated by the National Policy on Land Titling to the test. This dissertation thesis aims at giving credibility to the indigenous voice, knowledge and political techniques that make up the cosmopolitics of the district of Júlio Borges.
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Inspirações sobre o fazer(-se) polític@ entre os Guarani-Mbya / Inspirations on making (oneself) politic(al)s among the Guarani-MbyaAranha, Aline de Oliveira 20 December 2017 (has links)
A intenção aqui é pensar como as transformações nas formas e estratégias mbya de liderança e ação cosmopolítica são mobilizados e produzidos, criativamente, no confronto cada vez mais intenso com a política e modo de ser, pensar e de se comportar jurua (não-indígena), elucidando o (in)tenso trabalho de tradução implicado nessas e em outras amplas redes de relações que compõem o mundo guarani. Há aí toda uma gestão e mobilização dessas relações de aliança e parentesco, em que diferentes domínios e perspectivas demandam diferentes retóricas e ações, e identidades étnicas tornam-se armas políticas, principalmente após a Constituição de 1988, envolvendo então toda uma diplomacia cosmopolítica mbya que parte de uma ética de moderação, xamânica, com vistas à fabricação de pessoas e coletivos saudáveis e alegres nesta terra perecível (tekoaxy), e se acentua ainda mais nesse contexto de constrangimento territorial e superpovoação, que impõe diversos limites ao exercício de sua territorialidade. Estas transformações estão inseridas em contextos como os de luta pela demarcação de terras e salvaguarda de direitos indígenas constitucionais, tal como em projetos de fortalecimento cultural sob a rubrica da cultura, nos quais o domínio da burocracia passa a corresponder a um maior domínio da arena de batalha e, com isso, afirmação e demarcação da diferença e resistência mbya contra o Estado. Retórica esta que passa então a afetar diretamente a produção de enunciados e perspectivas guarani para o futuro de suas lideranças e de sua comunidade. Estamos também diante de um contexto cada vez maior de valorização e protagonismo público de jovens mulheres mbya (kunhãgue), assim como da abertura e conquista de espaços de fala e atuação política no âmbito da comunidade, antes majoritariamente ocupados por figuras masculinas ou mais velhas e experientes. A partir disso, buscamos então refletir sobre a complementaridade e fortalecimento mútuo de ambos sujeitos, kunhãgue e avakue (homens mbya), e como suas diferentes capacidades-poderes (-poaka) se relacionam aos processos mbya de construção e composição de pessoas, lideranças e chefias, coletivos, discursos e práticas. A ideia então é alargamos de fato nossas concepções de política e pensar as movimentações desempenhadas pelos diversos sujeitos correspondendo mais a disposições cosmopolíticas diferenciantes e, portanto, relacionais, do que a funções ou (o)posições propriamente ditas ou mesmo fixas, a capacidades singulares de agir, fazer agir, afetar e ser afetado, que contam com diferentes modalidades e estilos de liderança e áreas de atuação, influência e prestígio. Tais figuras políticas podem ainda ser pensadas como tradutoras de mundos ou diplomatas cosmopolíticas, transitando por diferentes códigos e agenciando diferentes mundos. / The intention here is to think about how transformations in mbya manners and strategies of leadership and cosmopolitical action are, creatively, mobilized and produced in the increasingly intense confrontation with the politics and the manner of being, thinking and, the so called, behaving jurua (non-indigenous), elucidating the (in)tense work of translation implied in these and other bonds of relations that make up the Guarani world. There is a whole management and mobilization of these relations of alliance and kinship, in which different domains and perspectives demand different rhetoric and different actions, and ethnic identities become political weapons, especially after the Brazilian Constitution of 1988, involving a whole mbya cosmopolitical diplomacy that starts from an ethics of moderation, shamanic, with a view to the production of healthy and joyful people and groups in this perishable land (tekoaxy), and is even more accentuated in this context of territorial constraint and overpopulation, which imposes various limits on the exercise of its territoriality. These transformations are embedded in contexts such as the struggle for land demarcation and the safeguarding of indigenous constitutional rights, as in cultural strengthening projects under the rubric of culture (with commas), in which the mastery of bureaucracy implies a better domain of the battlefield and, with that, the affirmation and demarcation of the difference and resistance Mbya against the State. This rhetoric, thus, directly affects the production of Guarani statements and perspectives for the future of its leaders and its community. We are also faced with a growing context of valorization and public protagonism of young mbya women (kunhãgue), as well as the opening and conquest of spaces of speech and political activity within the community, previously mostly occupied by male figures or older and more experienced people. From this, we seek to reflect on the complementarity and mutual strengthening of both subjects, kunhãgue and avakue (mbya men), and how their different capacities-powers (-poaka) relate to the mbya processes of construction and composition of people, leadership, collectives, discourses and practices. The idea then is to widen our conceptions of politics and to think the movements performed by the various subjects as corresponding more to differententiating cosmopolitical dispositions, therefore, relational, than to functions or proper (o)positions or even fixed ones, more a singular capacities-powers of act, make acting, affect and be affected, that count with different modalities and styles of leadership and areas of influence and prestige. Such political figures can still be thought as translators of worlds or cosmopolitical diplomats, transiting through different codes and agencing different worlds.
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Os murais zapatistas e a estética tzotzil: pessoa, política e território em Polhó, México / The Zapatista murals and the tzotzil aesthetics: people, politics and territory in Polhó, MexicoMaciel, Lucas da Costa 26 February 2018 (has links)
Esta dissertação é um estudo etnográfico sobre a arte mural zapatista. Os murais com os quais trabalhamos se encontram pintados nas paredes dos edifícios públicos que abrigam as atividades organizativas do movimento. À pesquisa interessa perseguir uma filosofia do aparecimento entre os índios tzotziles de San Pedro Polhó. Nela, nos questionamos pelo estatuto da arte mural difundida pelos territórios autônomos buscando nos encontrar com a sua eficácia estética a partir de uma criatividade nativa, sob o olhar dos sanpedrinos. A pergunta central que a organiza é o que faz um mural zapatista?. Atentaremos, para isso, para o modo em que os tzotziles de San Pedro o entendem. Argumentamos que a arte mural é vista como uma técnica de variação ontológica e de produção da unidade virtual do movimento zapatista, indicando um acoplamento entre pessoas e a possibilidade da conjunção, o que permite que o zapatismo seja entendido como uma comunidade estendida. Neste contexto, o mural faz aparecer a condição zapatista, resultando e ativando relações ao torná-las visíveis. O território autônomo se configura, então, como uma rede de lugares, pontos em que os zapatistas emergem e podem encontra-se com outros zapatistas a partir de uma filosofia da assemelhação. / This research is an ethnographic study of Zapatista mural art. The murals we work with are painted on the walls of public buildings that house the movement\'s organizational activities. The research is interested in pursuing a philosophy of appearance among the Tzotzil Indians of San Pedro Polho. We question the status of mural art spreaded by the autonomous territories seeking to meet with its aesthetic effectiveness from a native point of view of creativity, conceived by the eyes of the sanpedrinos. The central question that organizes it is \"what does a Zapatista mural do?\", considering how the Tzotziles of San Pedro understand it. We argue that mural art is seen as a technique of ontological variation and production of the virtual unity of the Zapatista movement, indicating a coupling between people and the possibility of conjunction, which allows Zapatismo to be understood as an extended community. In this context, the mural makes the Zapatista condition evident and appearing, resulting in and activating relationships by making them visible. The autonomous territory then becomes a network of places, points where the Zapatistas emerge and can meet with other Zapatistas.
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Entre trajetórias: tecendo redes e fazendo política em/com Terra Dura / Between trajectories: weaving networks and making policy in/with Terra DuraLeal, Francy Eide Nunes 17 December 2015 (has links)
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Previous issue date: 2015-12-17 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES / This dissertation is the result of an ethnographic study “about” and “with” the Quilombola
Community of Terra Dura, which is located in the north of Minas Gerais. As we will show, the
struggle to regain part of the original territory leads to the elaboration of specific political
strategies and actions. The creation of a system of internal relations, which reaches both the
nearby quilombola communities and, to some extent, the non-quilombola universe, is an essential
part of this strategy. Geographical proximity, as well as kinship relations and religiosity, underlie
the relationship between the quilombola communities of the region. The objective of this study is
to shed light on the political mobilization and organization of the Quilombola Community of
Terra Dura. / A presente dissertação é resultado de um estudo etnográfico “acerca da” e “com” a Comunidade
Quilombola Terra Dura, que se situa no Norte de Minas Gerais. Como iremos evidenciar, a luta
pela retomada de parte de seu território original leva à construção de estratégias e modos de fazer
política próprios. A criação de uma rede de relações internas, que alcança tanto as comunidades
quilombolas próximas quanto, em certa medida, o universo não quilombola, é parte essencial
dessa estratégia. A proximidade geográfica, bem como as relações de parentesco e a
religiosidade, fundamentam a relação entre as comunidades quilombolas da região. O objetivo
deste estudo é lançar luz sobre a mobilização e a organização política da Comunidade
Quilombola Terra Dura.
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No coração da cidade : cosmopolítica, dinheiro e afeto na luta Kanhgág pelo espaço em Porto Alegre - RSHermann, Herbert Walter January 2016 (has links)
O presente trabalho procura visibilizar um projeto cotidianamente vivenciado por coletividades indígenas no Sul do Brasil meridional, de uma inconformidade ao confinamento, ao mando, aos lugares marcados, aos empenhos que pretendem essencializar e sobretudo aqueles entendidos como exercícios de dominação que visam subalternizá-los e inferiorizá-los. A partir do acompanhamento de duas ẽg mré ke (famílias/coletividades) Kanhgág, que se reconhecem como lideranças fundamentais no processo de abertura e conquista do espaço em Porto Alegre-RS, foi possível uma etnografia que não abriu mão de refletir sobre os dilemas e as tensões advindas de relações novas e duradouras. Nesse registro, se demonstra um processo de indigenização da modernidade, numa configuração singular, que a partir do trabalho de famílias Kanhgág, indigenizam (a modernidade) na modernidade, como se o englobamento fosse imanente numa perspectiva que se pensa e se constitui radicalmente aberta, mas que nem por isso deixa de problematizar e ter consciência de seu protagonismo. Assim, destaca-se a relevância dos espaços de feiras urbanas, especialmente do Brique da Redenção, no enredo cosmopolítico Kanhgág na atualidade e os dispositivos pelos quais se realizam aquilo que chamamos de amansamento do selvagem (da civilização), em que os interlocutores pontuam insistentemente sobre os perigos e as potências que surgem desse domínio. / The present work intends to enable the visibility of a daily experienced project by natives collectivities in the south of southern Brazil, of a nonconformity to the confinement, to order, to established places, to efforts aiming essentialize, and, moreover, to those perceived as domination exercises aimed to subaltern and humiliate them. From the accompaniment of two ẽg mré ke (Family/collectivity) Kanhgág, who consider themselves as key leaders in the process of opening and conquestof places in Porto Alegre-RS, an ethnography was possible, which did not abdicate thinking about dilemmas and tensions arising from new and lasting relationships. In this record, a process of the indigenization of modernity is presented, in an unique setting, from the work of Kanhgág families’ indigenization (modernity) within modernity, considering that the aggregation was immanent in a perspective that is thought and is radically open, but do not leave, nevertheless, the discussion and is aware of its role. Thus, the relevance of space urban fairs was highlighted, especially the Brique da Redenção, in today’s cosmopolitical Kanhgág plot and the devices which carry out what is called the amansamento do selvagem (domestication of wild – of civilization), in which the interlocutors repeatedly punctuate about the dangers and the powers coming from that domain.
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