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In-country: identification of transformational learning and leadership in human rights observersUnknown Date (has links)
Haiti, the poorest country in the western hemisphere, has suffered through
centuries of disenfranchisement, poverty, slavery, environmental disasters, internecine
racial prejudice, and foreign infringement. Its people won independence from France in
1804 but only at the cost of huge human and financial losses. Since then, Haiti has
known little freedom or democracy. In 1991, the first truly democratically elected
president, Jean-Bertrand Aristide, was elected (with a 67% majority). Nine months later,
he was deposed by a military coup d'état. During that time and the chaotic years that
followed, groups of human rights observers traveled to Haiti in an attempt to record and
report publically, officially, what was actually happening to the Haitian people and their
institutions. Although much has been written about the country during that period, there
have been no studies focused on the human rights observers who were intimately
involved with the people and the country. These groups and other groups participating in similar situations have not been studied and, yet, research in that area might provide
important insights in the field of social justice. It is important to identify what encourages individuals to become a part of the effort to make a positive difference in the lives of others, in the most adverse situations, the process by which human rights observers become engaged, and how that engagement affects their lives both during and after their in-country experiences. The purpose of this phenomenological study is to see if there are commonalities (e.g., socio-cultural influence, self-directed learning readiness, etc.) among the initial in-country experiences of several human rights observers and further to discover what, if any, effect those experiences had on their leadership styles.
The study identified socio-cultural influences (self-directed learning readiness and
familial, religious, educational impact); motivational factors; methods of processing the
experience (immediate responses of connectedness/love and reasoned responses
involving individual and group reflection); and multiple outcomes (spiritualty, social
action, and creativity). The overarching findings included identification of
transformational learning in the participants and the evolution of their leadership from the servant model into a transformational/chaos model, including reflection in and on action as an operating context. / Includes bibliography. / Dissertation (Ph.D.)--Florida Atlantic University, 2014. / FAU Electronic Theses and Dissertations Collection
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Dèyè mòn, gen mòn: imigração haitiana no Brasil - relatos do vivido / Dèyè mòn, gen mòn: haitian immigration in Brazil from life stories reportNogueira, Fabiana Bezerra 14 March 2018 (has links)
Desde 2010 o Brasil se tornou o destino para muitos haitianos, marcando uma novidade no território circulatório desse povo que tem uma longa tradição migratória. Realizando uma rota transnacional, chegam ao Brasil pela fronteira norte, principalmente, nas cidades de Tabatinga, no estado do Amazonas, Assis Brasil e Brasileia, ambas no estado do Acre. Em pouco tempo o fluxo migratório de haitianos no Brasil ganhou força e obrigou as autoridades brasileiras a revisitar a legislação migratória do país. Recebidos com estranheza pela sociedade brasileira, os haitianos constantemente são vítimas de racismo e xenofobia, revelando-se elementos dificultadores de sua inserção na sociedade brasileira. O presente trabalho é o resultado de pesquisa realizada, considerando os sujeitos desse fenômeno migratório. Por meio da História Oral, foram registradas histórias de vida daqueles que vivenciaram o processo do deslocamento em busca de melhores condições de vida para si e suas famílias. Através das narrativas, dialogando com a literatura especializada, buscou-se discutir as problemáticas da imigração haitiana, desde o seu lugar de origem, com as suas particularidades, até a complexidade da viagem, do acolhimento legal e social. / Since 2010, Brazil has become the destination for many Haitians. This is a novelty in the circulatory territory of this people that has a long migratory tradition. By a transnational route, they arrive in Brazil along the northern border, mainly in the cities of Tabatinga, in Amazonas state, Assis Brasil and Brasileia, both in the state of Acre. In a short time, the migratory flow of Haitians in Brazil gained strength and forced the Brazilian authorities to revisit the migratory legislation of the country. Received with strangeness by Brazilian society, Haitians are constantly victims of racism and xenophobia, elements that hinder their social insertion. The present work is the result of a research carried out considering the subjects of this migratory phenomenon. Through Oral History, the life stories of those who experienced the process of displacement looking for better living conditions for themselves and their families were recorded. Through the narratives, in dialogue with the specialized literature, this work discusses the problems of Haitians immigration, from their place of origin, with its particularities, to the complexity of their journey and legal and social reception.
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“Nou led, nou la!” : “estamos feios, mas estamos aqui!” : assombros haitianos à retórica colonial sobre pobrezaMarques, Pâmela Marconatto January 2017 (has links)
A geografia de hegemonias e subalternidades pautada na lógica colonial foi atualizada, ganhando complexidade, no contexto pós 2ª Guerra Mundial, com a criação da Organização das Nações Unidas e, com ela, uma agenda de desenvolvimento a ser seguida pelos países do recém rebatizado “3º mundo” que exigia indicadores, relatórios, diagnósticos e, no limite, intervenções diretas. Um dos resultados dessa corrida pela “medição do mundo” foi a sistematização de uma listagem daqueles que seriam seus 50 países mais pobres, inicialmente chamada “lista de países inviáveis” ou “fracassados”. Entre as consequências mais expressivas do ônus de figurar nessa listagem de países está o fato de que, uma vez ali, a soberania nacional fica “relativizada”, dando ensejo a todo tipo de intervenção internacional “terapêutica”, a ser administrada pelas potências do Norte. Assim, entendemos que mesmo o Sul conta com uma periferia ainda mais profundamente subalternizada e silenciada, localizada, em sua maioria, no continente africano, com alguns representantes no Oriente Médio e apenas um caso nas Américas: o Haiti. A questão dessa tese é que esses países “menos avançados” perderam seu “lugar de enunciação”, deslegitimados pelo suposto “fracasso” na execução de um projeto de cuja definição sequer participaram. Não nos parece coincidência o fato de a maioria deles localizar-se no continente africano. A consequência dessa maquinaria é o silenciamento dos saberes e práticas desse continente e sua diáspora, desperdiçados como produtores de alternativas aptas a serem compartilhadas e traduzidas entre os povos do Sul. Esses saberes desperdiçados não se restringem a práticas cotidianas, resultado de saberes tradicionais compartilhados de forma oral entre as gerações (algo que se espera do Sul, que se tolera do Sul e que compõe o acervo imaginário de contribuições possíveis quando se concebe a diferença como corpo dócil), mas também se estendem a saberes tipicamente atribuídos ao Norte, como as narrativas científicas e literárias. Com o intuito de enfrentar esse problema, o presente trabalho de tese está organizado em dois capítulos. No primeiro, apresenta-se um conjunto de vestígios capazes de sugerir que aquilo que se convencionou chamar de pobreza não é um “fato inerte da natureza”, “não está meramente ali”, mas trata-se de uma ideia que porta uma narrativa, um imaginário, uma estética e um vocabulário que lhe dão realidade em e para determinado grupo e contexto histórico-político. A partir da ideia de pobreza como lugar vazio é que o lugar de enunciação do intelectual haitiano – um dos cinquenta países mais pobres do mundo – torna-se, no limite, impossível. No segundo, apresentaremos a obra de intelectuais haitianos como Antenor Firmin, Jean Price-Mars, Jacques Roumain e René Depestre, que desafiaram o cânone europeu, entrando com eles em franca disputa, em um marco que podemos considerar antirracista e anticolonial. / The geography of hegemonies and subalternities based on the colonial logic was updated, gaining complexity, in the post World War II context, with the creation of the United Nations and with it a development agenda to be followed by the countries of the recently renamed "3rd World" that required indicators, reports, diagnoses and, in the limit, direct interventions. One of the results of this race for "measuring the world" was the systematisation of a list of those which would be the 50 poorest countries. Among the most significant consequences of the burden of appearing in this list of countries is the fact that, once there, national sovereignty becomes "relativized", giving place to all kinds of international "therapeutic" intervention, to be administered by the powers of the North. Thus, we understand that even the South has an even more profoundly subalternized and silenced periphery, located mostly in the African continent, with some representatives in the Middle East and only one case in the Americas: Haiti. The point of this thesis is that these "least advanced" countries lost their "place of enunciation", delegitimized by the supposed "failure" in the execution of a project whose definition they did not even participate. It does not seem coincidental to us that most of them are located on the African continent. The consequence of this machinery is the silencing of the knowledge and practices of this continent and its diaspora, wasted as producers of alternatives suitable to be shared and translated among the peoples of the South. These wasted knowledge is not restricted to everyday practices, the result of traditional knowledge shared orally among generations (something that is expected from the South, which is tolerated from the South and which makes up the imaginary collection of possible contributions when the difference is conceived as a docile body), but also extends to the knowledges typically attributed to the North, such as scientific and literary narratives. In order to address this problem, this thesis is organized in two chapters. The first presents a set of traces that suggest that what is conventionally called poverty is not an "inert fact of nature," "it is not merely there," but it is an idea that carries a narrative, An imagery, an aesthetic and a vocabulary that give it reali ty in and for a particular group and historical-political context. From the idea of poverty as an empty place, the place of enunciation of the Haitian intellectual - one of the fifty poorest countries in the world - becomes, in the limit, impossible. In the second, we will present the work of Haitian intellectuals such as Antenor Firmin, Jean Price-Mars, Jacques Roumain and René Depestre, who challenged the European canon, entering with them in frank dispute, within a framework that we can consider anti-racist and anti-colonialist.
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Cooperação técnica entre países em desenvolvimento: o caso do Ministério da Saúde brasileiro no Haiti / Technical cooperation policy between developing countries: the Brazilian Ministry of Health case in HaitiRegina, Fernanda Lopes 10 October 2016 (has links)
O objetivo desta dissertação é analisar a função política exercida pelo Ministério da Saúde (MS) na política de Cooperação Técnica entre Países em Desenvolvimento (CTPD), empreendida com o Haiti durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). Para isso, propõe a construção de uma análise transversal que engloba os estudos sobre as burocracias, oriundos da Ciência Política, e as recentes pesquisas sobre o crescente engajamento dos ministérios para a consecução da agenda política de Cooperação Sul-Sul (CSS), pertencentes à Análise de Política Externa (APE), do campo das Relações Internacionais. Neste sentido, a pesquisa lança mão do estudo de caso do Projeto Sul-Sul de Fortalecimento da Autoridade Sanitária do Haiti PRODOC- BRA/10/2005, assinado em 29 de novembro de 2010, a fim de verificar a maneira pela qual, a estrutura institucional do MS desempenhou simultaneamente as funções de formulação e implementação da referida política. / The aim of this dissertation is to analyze the political function exercised by the Ministry of Health on the Technical Cooperation policy between Developing Countries undertaken with Haiti during the government of former President Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). For such purpose, it is proposed to build a cross-sectional analysis that includes studies of bureaucracies arising from Political Science and recent researches on the increasing engagement of the ministries to achieve South-South Cooperation political agenda belonging pertaining to the Foreign Policy Analysis of the International Relations field. In this regard, the research makes use of the case study of South-South Project of Haiti Sanitary Authority Strengthening - PRODOC- BRA / 10/2005, signed on November 29, 2010, in order to verify the way in which the Ministry of Health institutional structure simultaneously played both formulation and implementation functions of said policy.
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Traduzindo uma obra crioula: \'Pays sans chapeau\' de Dany Laferrière\' / Tranalting creole literature: \'Pays sans chapeau de Dany Laferrière\'Moreira, Heloisa Caldeira Alves 29 November 2006 (has links)
Neste trabalho, nós nos propusemos a apresentar ao leitor brasileiro uma obra haitiana que julgamos de grande importância: o livro Pays sans chapeau de Dany Laferrière. Não se tratava simplesmente de traduzir a obra, mas também de apresentar as características da história cultural do país e suas peculiaridades lingüísticas. Para uma maior compreensão desses aspectos pareceu-nos necessário, numa primeira parte, traçar o histórico do Haiti, desde os tempos em que era habitado pelos índios Arawaks, passando pelas grandes navegações que trouxeram os europeus, sua independência e outros acontecimentos que fazem parte do imaginário desse povo. A segunda parte situa o autor do livro dentro de um panorama de escritores haitianos, aponta suas preferências literárias não só haitianas e reflete sobre como ele vê suas relações culturais e lingüísticas com a França, os Estados Unidos e a África. Essa reflexão levanta elementos para tratar do tema da dualidade lingüística daqueles que se expressam na língua que herdaram do colonizador e como essa questão aparece na produção literária do autor. A terceira parte traz reflexões sobre a tradução e o trabalho do tradutor: sua leitura, interpretação e suas escolhas. / This paper proposes to introduce Brazilian readers to a piece of Haitian literature that we deem of the greatest importance, namely, Dany Laferrière\'s Pays san chapeau. More than merely translating this work, however, we strive to examine the characteristics of the country\'s cultural history and its linguistic peculiarities. For a better understanding of these traits, we found it necessary, in the first part, to trace the history of Haiti, from the time she was inhabited by the Arawak Indians to the great age of navigation that brought with it the Europeans, to the country\'s independence and other events that comprise the social imaginary of her people. The second part places the author in the milieu of other Haitian writers, indicates his literary preferences (Haitian or otherwise) and considers how he conceives his cultural and linguistic relations with France, the United States and Africa. This reflection provides us with elements to approach the linguistic duality of writers who express themselves in a language inherited from their colonizers and enables us to see to how this duality emerges in the author\'s literary production. The third part comprises considerations on the craft of translation and on the work of translators: their reading, interpretation, and choices.
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O Acre na porta de entrada da imigração internacional: do Haiti para o Brasil (Brasiléia - AC/ 2010-2016) / The Acre State at the door of international immigration: from Haiti to Brazil (Brasileia AC/ 2010-2016)Souza, Valtemir Evangelista de 30 January 2019 (has links)
O presente trabalho aborda recente e intenso processo migratório internacional do Haiti para o Brasil, ocorrido na cidade de Brasiléia, no Estado do Acre, no período de 2010 a 2016, como porta de entrada para o restante do território brasileiro. Brasileia, município pobre e distante dos grandes centros econômicos nacionais e culturais do Brasil contou com importantes atributos, na fronteira norte, porosa, separada, apenas, por rios, com frágil fiscalização, com intenso fluxo migratório de pessoas de diferentes nacionalidades, inclusive africana e até asiática, como o bengalês (16 diferentes nacionalidades no total), passando de um lado para outro, inaugurando uma rota internacional de migração, então organizados em redes de informações e transportes, impulsionados pela busca de melhores condições de vida. Os haitianos e outras gentes chegaram tangidos por grave catástrofe ambiental natural (terremoto de 7.3 na escala na Richter), que ceifou milhares de vidas, outros tantos amputados e deslocados, atingidos por graves questões político-econômicas e sociais internas, lançando-os a distantes paragens. As entrevistas realizadas, junto aos residentes locais e autoridades públicas, nas cidades de Brasiléia e Rio Branco, no Acre, demonstram as dificuldades enfrentadas nessa dramática travessia. Denotam, ainda, o acesso ao protocolo capaz de assegurar o conjunto probatório da legalidade interna, por meio do visto humanitário, com a inserção ao mercado de trabalho que, modo geral, nivelou todos no mesmo patamar, sem considerar formação e qualificação. De outra parte, havia a barreira linguística a ser superada. Dentro do contexto, ficou caracterizado que tal movimento migratório internacional, embora intenso, teve no território acreano, apenas uma passagem, contando com apoio institucional estatal, deslocou-se, via terrestre, para outras cidades, em diferentes regiões do país, como São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e outras localidades. Um fluxo intenso que movimentou a fronteira do Acre e instituições governamentais brasileiras. / The present work studied the recent and intense international migratory process from Haiti to Brazil, which used the city of Brasiléia, Acre, from 2010 to 2016, as a gateway to the rest of Brazil. Despite being a poor and distant region of the great national economic centers, it has important attributes, the porous northern border, separated only by rivers and even streets, with weak and permissive inspection, facilitates, attracts and feeds the flow of people of different nationalities including African and even Asian: Bangladeshi (16 different nationalities in total), moving from one place to another, opening an international route of illegal migration, organized in information and transport networks, driven by the search for better living conditions (earthquake of 7.3 on the Richter scale) with thousands of dead, amputees and internally displaced persons, aggravating domestic political and economic issues, heading for distant stops. The objectives achieved through interviews with residents, authorities and former public authorities in the cities of Brasiléia and Rio Branco in Acre State, demonstrating the difficulties faced along the way, as well as access to the protocol, guaranteeing the probative set for legality internment through a humanitarian visa, with the insertion in the labor market of low qualification, which, together with legal absence and lack of knowledge, level all the same, but even disqualified contributes to the reconstruction of their lives and more, with the sending of the remittances help family members in the country of origin. Meanwhile, the language barrier is overcome through support from educational institutions and government and religious bodies, civil society solidarity, and cultural approach. Within the context, it was characterized that such an international migratory movement, although intense, had only one passage in the Acre State territory, counting with state institutional support, traveled by road, reaching several cities in different regions, such as São Paulo, in the Southeast, in addition to states of Paraná, Santa Catarina and Rio Grande do Sul, and other parts within the country.
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Nutritional analysis of foodmedicinal plants used by Haitian women to treat the symptoms anemiaJean-Baptiste, Johanne January 1994 (has links)
Ethnobotanical and dietary questionnaires were used to assess the utilization of plants to treat the signs and symptoms of anemia by women in La Chapelle, Haiti. The usual diet of respondents was found to be low to intermediate in iron bioavailability. The ethnobotanical questionnaire showed that most respondents (82%) used plant-based home remedies to treat anemia Amaranthus dubius, Citrus aurantium, Corchorus olitorius, Moringa oleifera, Phaseolus vulgaris and Portulaca oleracea used in the diet and as remedies for anemia were analyzed. Amaranthus dubius was found to have the higher in availability by in-vitro dialysis, 30%. The intra species variation in iron availability was influenced by storage and cooking times. The interspecies variation in iron availability was explained by the acidity of the plant species' cooked homogenate (r = 0.4168, p = 0.007).
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Teyori lidechip ki soti non majinalizasyon or (leadership from the margins theory) re-exploring leadership in non-traditional ways /Baptiste, Moise R. January 2010 (has links)
Title from second page of PDF document. Includes bibliographical references (p. 113-119).
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“Nou led, nou la!” : “estamos feios, mas estamos aqui!” : assombros haitianos à retórica colonial sobre pobrezaMarques, Pâmela Marconatto January 2017 (has links)
A geografia de hegemonias e subalternidades pautada na lógica colonial foi atualizada, ganhando complexidade, no contexto pós 2ª Guerra Mundial, com a criação da Organização das Nações Unidas e, com ela, uma agenda de desenvolvimento a ser seguida pelos países do recém rebatizado “3º mundo” que exigia indicadores, relatórios, diagnósticos e, no limite, intervenções diretas. Um dos resultados dessa corrida pela “medição do mundo” foi a sistematização de uma listagem daqueles que seriam seus 50 países mais pobres, inicialmente chamada “lista de países inviáveis” ou “fracassados”. Entre as consequências mais expressivas do ônus de figurar nessa listagem de países está o fato de que, uma vez ali, a soberania nacional fica “relativizada”, dando ensejo a todo tipo de intervenção internacional “terapêutica”, a ser administrada pelas potências do Norte. Assim, entendemos que mesmo o Sul conta com uma periferia ainda mais profundamente subalternizada e silenciada, localizada, em sua maioria, no continente africano, com alguns representantes no Oriente Médio e apenas um caso nas Américas: o Haiti. A questão dessa tese é que esses países “menos avançados” perderam seu “lugar de enunciação”, deslegitimados pelo suposto “fracasso” na execução de um projeto de cuja definição sequer participaram. Não nos parece coincidência o fato de a maioria deles localizar-se no continente africano. A consequência dessa maquinaria é o silenciamento dos saberes e práticas desse continente e sua diáspora, desperdiçados como produtores de alternativas aptas a serem compartilhadas e traduzidas entre os povos do Sul. Esses saberes desperdiçados não se restringem a práticas cotidianas, resultado de saberes tradicionais compartilhados de forma oral entre as gerações (algo que se espera do Sul, que se tolera do Sul e que compõe o acervo imaginário de contribuições possíveis quando se concebe a diferença como corpo dócil), mas também se estendem a saberes tipicamente atribuídos ao Norte, como as narrativas científicas e literárias. Com o intuito de enfrentar esse problema, o presente trabalho de tese está organizado em dois capítulos. No primeiro, apresenta-se um conjunto de vestígios capazes de sugerir que aquilo que se convencionou chamar de pobreza não é um “fato inerte da natureza”, “não está meramente ali”, mas trata-se de uma ideia que porta uma narrativa, um imaginário, uma estética e um vocabulário que lhe dão realidade em e para determinado grupo e contexto histórico-político. A partir da ideia de pobreza como lugar vazio é que o lugar de enunciação do intelectual haitiano – um dos cinquenta países mais pobres do mundo – torna-se, no limite, impossível. No segundo, apresentaremos a obra de intelectuais haitianos como Antenor Firmin, Jean Price-Mars, Jacques Roumain e René Depestre, que desafiaram o cânone europeu, entrando com eles em franca disputa, em um marco que podemos considerar antirracista e anticolonial. / The geography of hegemonies and subalternities based on the colonial logic was updated, gaining complexity, in the post World War II context, with the creation of the United Nations and with it a development agenda to be followed by the countries of the recently renamed "3rd World" that required indicators, reports, diagnoses and, in the limit, direct interventions. One of the results of this race for "measuring the world" was the systematisation of a list of those which would be the 50 poorest countries. Among the most significant consequences of the burden of appearing in this list of countries is the fact that, once there, national sovereignty becomes "relativized", giving place to all kinds of international "therapeutic" intervention, to be administered by the powers of the North. Thus, we understand that even the South has an even more profoundly subalternized and silenced periphery, located mostly in the African continent, with some representatives in the Middle East and only one case in the Americas: Haiti. The point of this thesis is that these "least advanced" countries lost their "place of enunciation", delegitimized by the supposed "failure" in the execution of a project whose definition they did not even participate. It does not seem coincidental to us that most of them are located on the African continent. The consequence of this machinery is the silencing of the knowledge and practices of this continent and its diaspora, wasted as producers of alternatives suitable to be shared and translated among the peoples of the South. These wasted knowledge is not restricted to everyday practices, the result of traditional knowledge shared orally among generations (something that is expected from the South, which is tolerated from the South and which makes up the imaginary collection of possible contributions when the difference is conceived as a docile body), but also extends to the knowledges typically attributed to the North, such as scientific and literary narratives. In order to address this problem, this thesis is organized in two chapters. The first presents a set of traces that suggest that what is conventionally called poverty is not an "inert fact of nature," "it is not merely there," but it is an idea that carries a narrative, An imagery, an aesthetic and a vocabulary that give it reali ty in and for a particular group and historical-political context. From the idea of poverty as an empty place, the place of enunciation of the Haitian intellectual - one of the fifty poorest countries in the world - becomes, in the limit, impossible. In the second, we will present the work of Haitian intellectuals such as Antenor Firmin, Jean Price-Mars, Jacques Roumain and René Depestre, who challenged the European canon, entering with them in frank dispute, within a framework that we can consider anti-racist and anti-colonialist.
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“Nou led, nou la!” : “estamos feios, mas estamos aqui!” : assombros haitianos à retórica colonial sobre pobrezaMarques, Pâmela Marconatto January 2017 (has links)
A geografia de hegemonias e subalternidades pautada na lógica colonial foi atualizada, ganhando complexidade, no contexto pós 2ª Guerra Mundial, com a criação da Organização das Nações Unidas e, com ela, uma agenda de desenvolvimento a ser seguida pelos países do recém rebatizado “3º mundo” que exigia indicadores, relatórios, diagnósticos e, no limite, intervenções diretas. Um dos resultados dessa corrida pela “medição do mundo” foi a sistematização de uma listagem daqueles que seriam seus 50 países mais pobres, inicialmente chamada “lista de países inviáveis” ou “fracassados”. Entre as consequências mais expressivas do ônus de figurar nessa listagem de países está o fato de que, uma vez ali, a soberania nacional fica “relativizada”, dando ensejo a todo tipo de intervenção internacional “terapêutica”, a ser administrada pelas potências do Norte. Assim, entendemos que mesmo o Sul conta com uma periferia ainda mais profundamente subalternizada e silenciada, localizada, em sua maioria, no continente africano, com alguns representantes no Oriente Médio e apenas um caso nas Américas: o Haiti. A questão dessa tese é que esses países “menos avançados” perderam seu “lugar de enunciação”, deslegitimados pelo suposto “fracasso” na execução de um projeto de cuja definição sequer participaram. Não nos parece coincidência o fato de a maioria deles localizar-se no continente africano. A consequência dessa maquinaria é o silenciamento dos saberes e práticas desse continente e sua diáspora, desperdiçados como produtores de alternativas aptas a serem compartilhadas e traduzidas entre os povos do Sul. Esses saberes desperdiçados não se restringem a práticas cotidianas, resultado de saberes tradicionais compartilhados de forma oral entre as gerações (algo que se espera do Sul, que se tolera do Sul e que compõe o acervo imaginário de contribuições possíveis quando se concebe a diferença como corpo dócil), mas também se estendem a saberes tipicamente atribuídos ao Norte, como as narrativas científicas e literárias. Com o intuito de enfrentar esse problema, o presente trabalho de tese está organizado em dois capítulos. No primeiro, apresenta-se um conjunto de vestígios capazes de sugerir que aquilo que se convencionou chamar de pobreza não é um “fato inerte da natureza”, “não está meramente ali”, mas trata-se de uma ideia que porta uma narrativa, um imaginário, uma estética e um vocabulário que lhe dão realidade em e para determinado grupo e contexto histórico-político. A partir da ideia de pobreza como lugar vazio é que o lugar de enunciação do intelectual haitiano – um dos cinquenta países mais pobres do mundo – torna-se, no limite, impossível. No segundo, apresentaremos a obra de intelectuais haitianos como Antenor Firmin, Jean Price-Mars, Jacques Roumain e René Depestre, que desafiaram o cânone europeu, entrando com eles em franca disputa, em um marco que podemos considerar antirracista e anticolonial. / The geography of hegemonies and subalternities based on the colonial logic was updated, gaining complexity, in the post World War II context, with the creation of the United Nations and with it a development agenda to be followed by the countries of the recently renamed "3rd World" that required indicators, reports, diagnoses and, in the limit, direct interventions. One of the results of this race for "measuring the world" was the systematisation of a list of those which would be the 50 poorest countries. Among the most significant consequences of the burden of appearing in this list of countries is the fact that, once there, national sovereignty becomes "relativized", giving place to all kinds of international "therapeutic" intervention, to be administered by the powers of the North. Thus, we understand that even the South has an even more profoundly subalternized and silenced periphery, located mostly in the African continent, with some representatives in the Middle East and only one case in the Americas: Haiti. The point of this thesis is that these "least advanced" countries lost their "place of enunciation", delegitimized by the supposed "failure" in the execution of a project whose definition they did not even participate. It does not seem coincidental to us that most of them are located on the African continent. The consequence of this machinery is the silencing of the knowledge and practices of this continent and its diaspora, wasted as producers of alternatives suitable to be shared and translated among the peoples of the South. These wasted knowledge is not restricted to everyday practices, the result of traditional knowledge shared orally among generations (something that is expected from the South, which is tolerated from the South and which makes up the imaginary collection of possible contributions when the difference is conceived as a docile body), but also extends to the knowledges typically attributed to the North, such as scientific and literary narratives. In order to address this problem, this thesis is organized in two chapters. The first presents a set of traces that suggest that what is conventionally called poverty is not an "inert fact of nature," "it is not merely there," but it is an idea that carries a narrative, An imagery, an aesthetic and a vocabulary that give it reali ty in and for a particular group and historical-political context. From the idea of poverty as an empty place, the place of enunciation of the Haitian intellectual - one of the fifty poorest countries in the world - becomes, in the limit, impossible. In the second, we will present the work of Haitian intellectuals such as Antenor Firmin, Jean Price-Mars, Jacques Roumain and René Depestre, who challenged the European canon, entering with them in frank dispute, within a framework that we can consider anti-racist and anti-colonialist.
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