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Cultura, política e agricultura familiar : a identidade sócio-profissional de empresário rural como referencial das estratégias de desenvolvimento da citricultura paulistaChalita, Marie Anne Najm January 2004 (has links)
Este trabalho procura analisar a produção e a apropriação de significações socioculturais ao longo da trajetória social dos produtores familiares modernos de laranja no Estado de São Paulo, município de Bebedouro. A pesquisa empírica realizada centrou-se no universo dos pequenos proprietários de terra (com até 50 ha) devido às grandes transformações pelas quais eles passaram no que diz respeito às formas sociais de produção, num período de duas ou três gerações. Suas experiências vivenciadas no tempo e no espaço social, ao fazerem, dinamicamente, parte do campo conflitual na citricultura em torno da terra, trabalho, técnicas de produção e mercado, estruturam referências significativas e particulares da identidade sócioprofissional de empresário rural, face aos outros grupos sociais presentes na esfera da produção agrícola. Estas referências os articulam com o contexto atual de competitividade na citricultura, influenciando a direção das estratégias de desenvolvimento do setor. Os produtores familiares modernos apresentam uma grande adaptação à lógica agroindustrial de produção e comercialização e revelam modos de inserção estrutural, funcional ou cultural, a partir dos conflitos sociais. Trata-se, portanto, de compreender sua constituição social através da gênese e afirmação de seus princípios identitários, levando em conta os fatores de ordem objetiva (complexidade estrutural), mas dando uma importância particular à análise de suas representações sociais e à ação dos mediadores políticos a partir destas representações.
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Representações e práticas socioambientais : o caso dos agricultores ecologistas da AECIAAzambuja, Simone Portela de January 2005 (has links)
O modo como o ser humano vê, pensa e imagina a natureza é muito variável no tempo e no espaço. O meio ambiente é um campo que toca profundamente o imaginário, as representações e o sistema de valores sociais, obrigando o homem a repensar as relações entre sociedade, técnica e natureza e, portanto, tudo o que rege essas relações na organização social. Escolheu-se analisar, neste estudo, o grupo de agricultores que pertencem à primeira associação de agricultores ecológicos criada no estado. A AECIA – Associação dos Agricultores Ecologistas de Ipê e Antônio Prado, foi criada em 1989, por um grupo de jovens que assumiu o desafio da agricultura ecológica e do associativismo. Esses municípios localizam-se na Serra do Rio Grande do Sul, região de forte presença da imigração italiana. Através de suas histórias de vida e de alguns indicadores ambientais, analisa-se a percepção que esses agricultores possuem a respeito dos recursos naturais locais (água, solo, biodiversidade), sua relação com o destino final dos resíduos sólidos, e suas concepções e expectativas a respeito da certificação e comercialização de produtos orgânicos. Igualmente, dentro de uma perspectiva antropológica, pretendeu-se trabalhar com o estudo do contexto cultural, em que esses agricultores estão inseridos, analisando-se a questão dos sentidos que são construídos nas relações sociais e como eles são negociados, a dimensão simbólica dos discursos, a valorização do cotidiano como campo fundamental das relações sociais, suas relações de parentesco, processos de mediação, ritos, símbolos religiosos, a forma como as políticas públicas afetam a vida desses agricultores, sua relação com as diferentes instituições, as ligações e associações que eles mantêm com os animais e plantas de seu ambiente e o quanto o conhecimento empírico que esses agricultores adquiriram ao longo de sua história pode estar relacionado aos princípios básicos da ecologia. Por meio dos diferentes aspectos analisados, podem-se conhecer quais fatores foram fundamentais para a mudança de modelo agrícola experimentada por esses agricultores. Através dos relatos, pode-se observar, também, quais instituições tiveram papel essencial nessa transformação. Suas visões sobre qualidade de vida, expectativas futuras, o grau de confiança nas instituições e como eles se vêem em relação à situação das pessoas que vivem melhor e pior no Brasil também estão contemplados neste estudo. A relação desses produtores com os recursos naturais da região e os conceitos e expectativas que eles apresentam frente aos processos de certificação e comercialização de seus produtos são, igualmente, discutidos ao longo do texto.
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Os efeitos da política pública RS/Rural na configuração da identidade da comunidade remanescente de quilombo do Angico, em Alegrete/RS : um estudo de casoGrisa, José Ernesto Alves January 2006 (has links)
Este trabalho aborda os efeitos da política pública RS/Rural na configuração da identidade de remanescente de quilombo na comunidade do Angico, interior de Alegrete, no Rio Grande do Sul. Analisa como novas identidades ou identidades locais estão se consolidando frente à imposição da globalização. Discute a utilização do conceito de raça como categoria analítica e política na luta contra a exploração e a discriminação racial. O RS/Rural visa aplicar o modelo de etnodesenvolvimento através de uma metodologia participativa na relação entre mediadores e mediados, na busca de uma fusão de horizontes. Isso não impede a ocorrência de violência simbólica, seja pela adesão dos mediados, ou pela ausência de representação dos quilombolas na esfera de elaboração dos projetos de política pública. Destaca-se a importância do Movimento Negro para a autodefinição de uma identidade social e como essa identidade de remanescente de quilombo é fortalecida e atualizada quando há um intercâmbio entre as comunidades quilombolas. / This work reffers to the effects of the public RS/Rural politics in the configuration of the remaining of the quilombo identity in the community of Angico, interior of Alegrete, in Rio Grande do Sul. It analyzes how new identity or local identities are being consolidated front the globalization imposition. It discusses the utilization of the race concept as an analytical and political category in the fight against the racial exploitation and discrimination. RS/Rural aims to apply the etnodevelopment method by a participating methodology in the relation of mediators and mediated in the search of a fusion of horizons. It does not impede the occurency of the symbolical violence as the mediated adhesion as for the absence of quilombolas representation in the sphere of elaborating projects of public politics. It is necessary to make clear the importance of the Black Movement to the self-definition of a social identity and how this identity of the remaining quilombo is fortified and modernized when there is an interchange among quilombolas communities.
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Abrindo a "caixa preta" do território : um estudo sociológico sobre a produção de relatórios técnicos de identificação de territórios quilombolas no Rio Grande do SulLeitão, Leonardo Rafael Santos January 2006 (has links)
A presente dissertação tem como tema o processo de regularização fundiária de territórios de comunidades remanescentes de quilombos. Tem-se como foco de análise a produção de Relatórios Técnicos de Identificação e Delimitação (RTID) que visam o reconhecimento e a delimitação da Comunidade de Morro Alto, localizada no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Busca-se aqui, a partir da abordagem teórica proposta pelos “estudos sociais da ciência”, compreender as redes sócio-técnica necessárias para produzirem territórios de comunidades quilombolas enquanto verdades passíveis de serem reconhecidos pelo estado brasileiro. Entre os anos de 2005 e 2006 foram reunidos materiais fruto de entrevistas, acompanhamento de reuniões, observações do trabalho de técnicos e cientistas, fotografias, jornais e pesquisa documental. A partir desse conjunto de materiais produziu-se uma narrativa de orientação etnográfica que possibilitasse uma interpretação dos materiais. As conclusões que o estudo possibilitou chegar apontaram para uma fragilidade da rede que sustenta o território de Morro Alto, no que diz respeito às dimensões da mobilização do mundo e das alianças políticas, fatores esses com potencial explicativo da atual instabilidade do território de Morro Alto. / The present dissertation has as subject the process of agrarian regularization of territories of remaining communities of quilombos. The production of Reports is had as focus of analysis Technician of Identification and Delimitation (R.T.I.D) that they aim at the recognition and the delimitation of the Community of Morro Alto, located in the Coast North of the Rio Grande Do Sul. One searchs here, from the theoretical boarding proposal for the “social studies of science”, to understand the nets social-technique necessary to produce territories of communities quilombolas while truths possible to be recognized for the Brazilian state. It enters the material years of 2005 and 2006 had been congregated fruit of interviews, accompaniment of meetings, comments of the technician work and scientists, photographs, periodicals and documentary research. From this set of materials a narrative of etnographic orientation was produced that made possible an interpretation of the materials. The conclusions that the study it made possible to arrive had pointed with respect to a fragility of the net that supports the territory of Morro Alto, in what it says respect to the dimensions of the mobilization of the world and the alliances politics, factors these with clarifying potential of the current instability of the territory of Morro Alto.
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O trabalho precário na agricultura uruguaiaPiñeiro Pagliere, Diego Enrique January 2007 (has links)
Nas ultima três décadas diminuiu o emprego típico e cresceram e se estenderam as formas de emprego atípico. Impõe-se então, a necessidade de compreender melhor em que consistem estas formas de emprego atípico. Uma categoria usada com freqüência para designar as formas de emprego atípico é a precariedade. O emprego precário é um conceito polissêmico. Esta tese aprofunda nele, constrói uma definição própria de emprego precário e a aplica a dois estudos de caso entre os trabalhadores rurais do Uruguai . A precariedade é definida de uma perspectiva objetiva, externa ao trabalhador e de uma perspectiva subjetiva, do próprio trabalhador. Desta maneira ser um trabalhador precário se define como aquele que não só está em uma situação de precariedade do trabalho, mas também como aquele que se sente um trabalhador precário. Esta dupla perspectiva permitiu uma análise mais sofisticado do conceito de emprego precário. Por um lado se identificaram distintos níveis de precariedade. Por outro se identificaram situações em que o trabalhador estando em uma situação de precariedade objetiva não se sentia como tal, e inversamente situações em que o trabalhador se sentia precário apesar de que os indicadores objetivos não o colocavam em tal situação. Os indicadores de precariedade subjetiva mostraram uma definida capacidade de predizer o comportamento futuro dos trabalhadores em relação a sua continuidade em empregos safrales. Os indicadores de precariedade objetiva em troca mostraram menor capacidade predictiva. Por último se tentou relacionar a precariedad do trabalho com algumas variáveis explicativas. Encontrou-se associação entre algumas variáveis como a idade, os postos de trabalho e a capacitação para o trabalho recebida, mas não se encontrou associação com outras variáveis como os níveis de instrução, a residência dos trabalhadores, ou as mudanças técnicas. Talvez a principal conclusão neste aspecto é que ambas as amostras se comportam de maneira distinta, sugiriendo a possibilidade de que a categoria dos trabalhadores rurais safrales do Uruguai, esteja formada por contingentes de natureza diferente. / En las ultimas tres décadas disminuyó el empleo típico y crecieron y se extendieron las formas de empleo atípico. Se impone entonces, la necesidad de comprender mejor en que consisten estas formas de empleo atípico. Una categoría usada con frecuencia para designar las formas de empleo atípico es la precariedad. El empleo precario es un concepto polisémico. Esta tesis profundiza en él, construye una definición propia de empleo precario y la aplica a dos estudios de caso entre los trabajadores rurales del Uruguay . La precariedad es definida desde una perspectiva objetiva, externa al trabajador y desde una perspectiva subjetiva, desde el propio trabajador. De esta manera ser un trabajador precario se define como aquel que no solo está en una situación de precariedad laboral, sino también como aquel que se siente un trabajador precario. Esta doble perspectiva permitió una análisis mas sofisticado del concepto de empleo precario. Por un lado se identificaron distintos niveles de precariedad. Por otro se identificaron situaciones en que el trabajador estando en una situación de precariedad objetiva no se sentía como tal, e inversamente situaciones en que el trabajador se sentía precario a pesar de que los indicadores objetivos no lo colocaban en tal situación. Los indicadores de precariedad subjetiva mostraron una definida capacidad de predecir el comportamiento futuro de los trabajadores en relación a su continuidad en empleos zafrales. Los indicadores de precariedad objetiva en cambio mostraron menor capacidad predictiva. Por último se intentó relacionar la precariedad laboral con algunas variables explicativas. Se encontró asociación entre algunas variables como la edad, los puestos de trabajo y la capacitación laboral recibida, pero no se encontró asociación con otras variables como los niveles de instrucción, la residencia de los trabajadores, o los cambios técnicos. Tal vez la principal conclusión en este aspecto es que ambas muestras se comportan de manera distinta, sugiriendo la posibilidad de que la categoría de los trabajadores rurales zafrales del Uruguay, esté formada por contingentes de naturaleza diferente.
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A rede sociotécnica do babaçu no Bico do Papagaio (TO) : dinâmicas da relação sociedade-natureza e estratégias de reprodução social agroextrativistaRocha, Maria Regina Teixeira da January 2011 (has links)
A tese tem como foco central a configuração que assume a rede sociotécnica do babaçu no Bico do Papagaio – TO, construída pela associação de seres humanos e não humanos e a interface que estes estabelecem com as estratégias de reprodução social e as relações sociedade-natureza. O que se busca destacar na pesquisa são as formas de reprodução social do agroextrativismo do babaçu como produto dessa rede sociotécnica e as dinâmicas atuais das relações sociedade-natureza decorrentes dessas estratégias. Como ponto de partida foram formuladas três questões de pesquisa: a primeira, direcionada à identificação e análise dos elementos (sociais, políticos e naturais) convergentes e/ou divergentes que têm afetado o extrativismo do babaçu; a segunda, no entendimento da interação dos diferentes atores na formação dessa rede; e a terceira, na busca dos desdobramentos dessa interação na reprodução social das famílias agroextrativistas do babaçu e nas dinâmicas das relações sociedade-natureza. A pesquisa de campo foi realizada no segundo semestre de 2009 e no primeiro semestre de 2010, na qual se adotou como referencial teórico-metodológico a Teoria do Ator-Rede (ANT), que parte do pressuposto epistemológico da necessidade de rompimento da dicotomia sociedade-natureza. Após análise dos dados primários levantados por meio de uma pesquisa etnográfica concluiu-se que as mudanças e permanências sofridas no contexto da região do Bico do Papagaio, que as estratégias de reprodução social adotadas pelos agroextrativistas, têm produzido efeitos transformadores, em vários níveis e intensidades, nas dinâmicas de relações sociedade-natureza no sentido de serem produtoras de resultados menos nocivos ao ambiente. Por outro lado, as atividades agropecuárias (criação de gado e monocultivos) e a produção silvícola, contribuem para a produção de efeitos negativos ao ambiente natural com a diminuição da biodiversidade e a ameaça às formas de exploração agroextrativista. Conclui-se, então, que o estabelecimento da rede sociotécnica do babaçu no Bico do Papagaio - TO, iniciada com a luta pela posse da terra, pelo acesso livre e preservação do babaçu, está inteiramente atrelada a categorias culturais nucleantes, centrais para o agroextrativismo, como a terra, o babaçu, a família e o trabalho. A terra e o babaçu organizam a vida das famílias rurais do Bico do Papagaio, porém elas resignificaram a luta iniciada pelo direito à posse da terra. Atualmente, essa luta baseia-se nas mobilizações em torno do acesso livre ao babaçu, preservação da palmeira, contra a expropriação e em busca de agregação de valor ao fruto. / The central focus of this thesis is the configuration that takes the sociotechnical network of babassu in the Bico do Papagaio-TO region, constructed by the association of humans and nonhumans, and the interface they establish with the strategies of social reproduction and the relations between society and nature. This research attempts to highlight the forms of social reproduction of the babassu’s havesting as a product of this sociotechnical network and the current dynamics of the nature-society relations derived from these strategies. As a starting point, there were formulated three research questions: the first, targeted on the identification and analysis of the social, political and natural convergent and/or divergent elements that have affected the babassu’s harvesting; the second, in the understanding of the interaction of the different actors in the network formation; and the third, in the search of the implication of this interaction within the social reproduction of the families that harvest babassu palm, and in the dynamics of the nature-society relations. The field research was conducted in the second half of 2009 and the first half of 2010. Actor-Network Theory (ANT) was adopted as a theoretical and methodological reference, which assumes the need for an epistemological rupture in the nature-society dichotomy. After analyzing the primary data obtained through ethnographic research, the conclusion is that the changes and continuities occurred in the context of the Bico do Papagaio region, and the social reproductive strategies adopted by the social agroextractivists had produced transformative effects at various levels and intensities, especially in the dynamics of nature-society relations in the sense of producing less harmful results to the environment. On the other hand, agricultural activities (cattle and monocultures) and the silviculture production contribute to produce negative impacts to the natural environment by reducing the threat to the biodiversity and the ways of harvesting babassu. In conclusion, the establishment of the sociotechnical network of babassu in Bico do Papagaio-TO, which began with the fight over land ownership, access and preservation of babassu palm, is entirely tied to cultural nuclear categories key to the extractivism such as land, babassu palm, family and work. The land and babassu palms organize the lives of rural families in Bico do Pagagaio, but they reframe the fight over the right to land ownership. Currently, this fight is based on the mobilizations around the free access to babassu palm coconut, preservation of its palm, and against expropriation and the search of adding value to the fruit.
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Controvérsias em biotecnologias transgênicas no sul do Brasil : uma cartografia de associações e a produção de diferençasVargas, Felipe January 2013 (has links)
Este trabalho se insere, de maneira geral, na esteira das discussões sobre a relação sociedade-natureza, tendo como centralidade temática as biotecnologias transgênicas, em especial as plantas geneticamente modificadas. Esse tema é entendido em meio ao desenvolvimento de estudos que se referem ao conhecimento sobre a vida e que têm ganhado visibilidade nas últimas décadas. A expansão de pesquisas em biologia molecular, fisiologia, bioquímica, microbiologia e, fundamentalmente, engenharia genética se comungam na tentativa de propor novas formas coletivas de organização do cotidiano. Inúmeras controvérsias em torno dos organismos geneticamente modificados (OGMs) fazem emergir uma vasta gama heterogênea de agentes os quais se articulam uns aos outros na tentativa de recompor o coletivo. A atividade científica, assim, passa a ser visualizada por meio da produção conjunta entre estes mediadores. O que se deseja, portanto, não é falar de ideias e conceitos, mas das condições de possibilidade de existência das biotecnologias transgênicas mediante as práticas dos agentes nelas envolvidos. Entende-se que essas novas tecnologias sobre a vida são construídas por múltiplos processos de mediação, operando nos mais diversos espaços e locais, entrelaçando laboratórios, grupos econômicos e políticos, companhias privadas, agricultores, donas de casa, genes, bactérias, lavouras, insetos, parlamentos e tribunais judiciários, entre outros. Pretende-se, dessa forma, realizar uma cartografia das associações e dos modos de ação desses mediadores, recortada a partir das controvérsias sobre transgênicos ocorridas no sul do Brasil. Para tanto é preciso seguir os mediadores à medida que seus movimentos se estratificam com o objetivo de compor essas cadeias e instaurar uma diferença. Metodologicamente, a pesquisa foi conduzida em meio a observações e entrevistas com cientistas, técnicos, agricultores e Organizações Não-Governamentais que têm se ocupado com o tema nos últimos anos. Explorando os conceitos de mediação, tradução e agenciamento espera-se produzir uma análise que : a) registre as variações pelas quais os agentes se apresentam ao se associarem uns aos outros; b) demarque as diferenças que tais acoplamentos visam instaurar; e c) problematize o próprio quadro ontológico e metodológico que a sociologia se encontra. Pretende-se, com isso, expandir o debate e abrir outros pontos de partida entre a confluência de uma postura acadêmica e um agir politicamente orientado. / This work fits in in the framework that follows, in a general way, the discussions about the relation nature-society, having transgenics biotecnologies, specially genetic modified plants, as a theme core. This theme is understood by the development of studies that refer to the knowledge of life and have being acquiring visibility in the past recent decades. The expasion of researches in the fields of molecular biology, fisiology, biochemistry, microbiology and, fundamentally, genetic engeneering assembles together in proposing new colective ways of organization of the daily bases. Numerous controversies surrounding genetically modified organisms (GMOs) are emerging out a wide range of heterogeneous agents which are linked to each other in an attempt to restore the collective. The scientific activity, thus, becomes viewed as one joint production of these mediators. What is in question, therefore, it is not talking about ideas and concepts, but about the possible conditions of existence of transgenic biotechnologies through the practices of agents involved in this matter. It is understood that these new technologies are built for multiple mediation processes, operating in various spaces, connecting laboratories, economic and political groups, private companies, farmers, housewives, genes, bacteria, crops, insects, parliaments and courts of justice, among others. The aim is to perform a cartography of associations and modes of action of these mediators, having as empirical terrain the controversies over transgenic crops occurred in southern Brazil. To follow these mediators as they stratify their moves in order to compose these chains and establish a difference is needed. Methodologically, this research was conducted by observations and interviews with scientists, technicians, farmers and non-governmental organizations that have been making their presence in the subject in recent years. Exploring the concepts of mediation, translation and agency is expected to produce an analysis that: a) tracks the variations that the agents assume in the act of join each other; b) tracks the differences such couplings aimed to establish; and c) problematize own the ontological and methodological framework that sociology currently occupies. It is intended, therefore, to expand the debate and open some points of departure between the confluence of an academic posture and the need of an action politically oriented.
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A sustentabilidade da agricultura familiar no Vale do Gurguéia-PI : construção de novas identidades socioprofissionaisPereira, Ferdinand Cavalcante January 2004 (has links)
Este estudo analisa o desenvolvimento sustentável dos agricultores familiares do Vale do Gurguéia no Estado do Piauí, ameaçados pela expansão da agricultura empresarial no cerrado piauiense. Nesse contexto de modernização agropecuária, pela ocupação capitalista — reconcentração de terra e avanço tecnológico — e pela (re)colonização da região, os tradicionais produtores familiares enfrentam os impactos e os riscos decorrentes dessa dinâmica de transformações socioeconômicas e institucionais, a partir da construção de novas identidades socioprofissionais no desenvolvimento de formas organizativas sustentáveis enquanto estratégias alternativas de sobrevivência e de reprodução social. Para tanto, esses agricultores desenvolvem relações socioculturais que se orientam tanto pela recriação de novos contextos interacionais e institucionais de sociabilidade quanto pela especialização de produtos e profissionalização. Nesse sentido, associações e cooperativas emergem como apoio à produção e à conquista de cidadania, espaço político de luta e inclusão social. A sustentabilidade da agricultura familiar é fundamental para o desenvolvimento rural dessa região, porque a sua inserção econômica e social na produção capitalista depende de políticas públicas agrícolas e agrárias conseqüentes. A conclusão do estudo mostra que a forma social de produção familiar na região constitui o setor com maior potencial inclusivo dos seus diferentes segmentos, ressignificados segundo os valores culturais locais no uso social da terra e na organização social, para além da reprodução mercantil simples.Enfim, as relações sociais com a terra, o trabalho e o mercado confirmam a existência de novas dinâmicas características da produção familiar em curso na região, quanto à apropriação e ao uso dos recursos disponíveis, instituindo novos e/ou recriando estratégias produtivas e padrões de interação social.
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A noção da ruralidade e a construção identitária de agricultores em um meio citadino : o caso da Vila Nova e arredores-Porto Alegre/RSSchnädelbach, Carla Villanova January 2004 (has links)
Este trabalho aborda os efeitos que um maior contato entre dois mundos tidos como distintos, o mundo “rural” e o mundo “urbano”, podem acarretar sobre a noção da ruralidade e sobre as formas identitárias construídas pelos agricultores. A área estudada corresponde a um bairro do município de Porto Alegre, a Vila Nova, mais parte de um bairro vizinho a ele, o Campo Novo. Este local foi colonizado, no início do século passado, por muitas famílias descendentes de italianos, as quais desenvolveram várias atividades agrícolas, tais como o cultivo de uvas e pêssegos, a produção de cachaça e vinho, entre outras. Com o passar dos anos, a expansão física e demográfica da cidade de Porto Alegre trouxe uma série de mudanças nas características deste bairro. A imigração de famílias de outras etnias e a gradual ocupação por moradores nãoagricultores ocasionaram o fim da preponderância das propriedades agrícolas no local. Entretanto, apesar da atual classificação oficial urbana da área, é possível observar a noção da ruralidade ainda permeando várias das questões pertinentes aos agricultores. É a persistência da noção da ruralidade em muitas das representações feitas acerca dos agricultores do bairro e a presença desta noção em muitas das disputas em que os produtores agrícolas foram envolvidos que permitiram verificar como estes agentes elaboram e reelaboram suas identidades de forma estratégica. O realce feito pelos agricultores, ora em características identitárias “urbanas”, ora em “rurais”, ora em “locais”, conduziu à construção de uma identidade notadamente híbrida. É por esta razão que para a conservação de espaços agrícolas em meios citadinos, como os do caso estudado, deve-se levar em conta o fato de que o rural não pode ser visto simplesmente como sinônimo de atividade agrícola, pois são correlatos a ele processos pelos quais se dá a construção identitária dos agricultores.
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Subjetividade juvenil e ruralidade: concepções de jovens acerca de si mesmos / Subjectivity and rurality:conceptions of young about themselvesLopes, Leandro Bicalho 23 February 2018 (has links)
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Previous issue date: 2018-02-23 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Os estudos que se propõem a analisar os jovens têm apontado para o domínio na utilização de uma concepção naturalizada de juventude, pautada no modelo classe média urbana e uma consequente desconsideração das diversas formas de subjetivação que perpassam os distintos contextos. O caso dos jovens do campo em seu processo de transição para a cidade se apresenta como um importante elemento para se refletir sobre qual a visão que eles possuem sobre a juventude do campo, em um contexto de relação urbano/rural. É nessa relação entre cultura rural e urbana, somado a lógica da desvalorização social do modo de vida rural no discurso dominante e nos sentidos pessoais dados por estes jovens, que se configurarão suas subjetividades. Refletir sobre a visão que a juventude rural possui acerca de si mesma, interligando a relação contexto rural/urbano e processos de subjetivação, faz evocar algumas questões tais como: quais são as concepções que a juventude do campo faz acerca de si mesma? Como esses jovens se sentem percebidos pelos demais jovens que não são do campo? De que modo elas interferem na dinâmica sair/ficar no campo? Como estes jovens avaliam o seu local de origem? Diante disso, o objetivo geral deste estudo foi analisar as concepções que os jovens do campo possuem acerca de si mesmos.Fundamentou-se metodologicamente pelos preceitos da Epistemologia Qualitativa. O públicopesquisado foram jovens (15 aos 29 anos)oriundos da zona rural de Cajuri- MG, que cursam o ensino médio na cidade sede, totalizando 11 participantes. Os instrumentos utilizados foram respectivamente: grupo focal (11 jovens), entrevista semi-estruturada e mapas afetivos (8 jovens). A construção das informações foi divida em duas etapas. Na primeira buscou-secompreender a visão compartilhada sobre o tema, analisadas pela Análise de Conteúdo de Laurence Bardin. Já na segunda etapa, foram selecionados três casos e utilizou-se a perspectiva dos sentidos subjetivos para apreensão do singular, analisados pela perspectiva construtivo-interpretativa de Gonzalez Rey. Como resultados, obtiveram-se, na visão compartilhada as seguintes quatro categorias: Jovem no Campo e as Limitações Locais; Juventude como Etapa de Experimentação; A Ambivalência no Projeto de Vida: Fora ou no Campo; A Desvalorização das Características do Campo. Nas singularidades constataram-se zonas de sentidos que trouxeram elementos às vezes convergentes com o plano compartilhado, como o caso de Lorena, em sua visão negativa sobre o campo; e às vezes divergente, como a de Luísa, em quenível de diferenciação da sua resposta subjetiva e da percepção elaborada pelo grupo, foi muito alto. Os resultados apontaram ainda as limitações do alcance das políticas públicas nessa realidade, o que culmina na necessidade de migração para a cidade. Espera-se que este estudo possa contribuir para se pensar em políticas públicas de valorização do espaço rural que levem em consideração tanto aspectos da estrutura física do espaço campestre, quanto às perspectivas educacionais que problematizem as questões campo/cidade. / The studies that are proposed to analyze the young have pointed to the domain in the use of a naturalized conception of youth, based on the urban middle class model and a consequent disregard of the different forms of subjectivation that cross the different contexts. The case of rural youth in their transition process to the city presents itself as an important element to reflect on how they represent themselves in a context of urban / rural relationship. It is in this relation between rural and urban culture, in addition to the logic of the social devaluation of the rural way of life in the dominant discourse and in the personal senses given by these young people, that their subjectivities will be configured. Reflecting on the conceptions that the rural youth makes about itself, interconnecting the rural / urban context and processes of subjectivation, evokes some questions such as: what are the conceptions that youth from the countryside do about itself? How do these young people feel perceived by other young people who are not from the countryside? How do they interfere with the dynamics of leaving / staying on the field? How do these young people evaluate their place of origin? Therefore, the general objective of this study was to analyze the conceptions that young people from the countryside have about themselves. It was methodologically based on the precepts of Qualitative Epistemology. The public surveyed were young (15 to 29 years old) from the countryside of Cajuri-MG, attending high school in the host city, totaling 11 participants. The instruments used were: focal group (11 young people), semi-structured interview and affective maps (8 young people). The construction of the information was divided into two stages. In the first one, we used the theoretical contribution of Theory of Social Representations in order to understand the shared vision on the theme analyzed by Laurence Bardin's Content Analysis. In the second stage, three cases were selected and the perspective of the subjective senses for the apprehension of the singular, analyzed by the constructive-interpretive perspective of Gonzalez Rey, was used. As results, the following four categories were obtained from the shared vision: Countryside and Local Limitations; Youth as a Stage of Experimentation; Ambivalence in the Life Project: Outside or in the Field; The Devaluation of Field Characteristics. In the singularities, there were areas of meanings that brought elements sometimes convergent with social representations, such as Lorena, in her negative view of the countryside; and sometimes divergent, like that of Luisa, in wich level of differentiation of her subjective response and the representation elaborated by the group was very high. The results also pointed out to the limitations of the reach of public policies in this reality, which culminates in the need for migration to the city. It is hoped that this study may contribute to the consideration of public policies of valorization of the rural space that take into account both aspects of the physical structure from the countryside, and the educational perspectives that problematize the field/city issues.
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