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As figuras de argumentação como estratégias discursivas. Um estudo de avaliações no ensino superior / Rhetoric figures as discoursive strategies. A study in proofs in the university

Mariano, Marcia Regina Curado Pereira 18 October 2007 (has links)
Este trabalho pretende levantar questões relativas ao uso e aos efeitos provocados pela utilização de estratégias argumentativas no discurso. Para exemplificar a importância de tais estratégias na construção da significação no uso da linguagem, elegemos como objeto de análise um discurso em especial, o pedagógico, e, dentro dele, optamos pelo estudo das avaliações no ensino superior, especificamente, das provas escritas, representantes do poder da linguagem no processo ensino/aprendizagem e do conflito existente na relação professor-aluno. A partir deste recorte metodológico, repensaremos, em especial, as figuras de argumentação e retórica, estratégias discursivas inesperadas - causam o efeito de surpresa no discurso - e privilegiadas, na medida em que permitem analisar não apenas o fazer persuasivo do enunciador, bem como a construção do ethos dos sujeitos envolvidos na situação comunicativa. Acreditamos que em todos os tipos de discurso a linguagem pode ser utilizada não apenas para convencer um interlocutor, mas para persuadi-lo. Tal fato nos leva a buscar no discurso do aluno quais são as estratégias utilizadas para este fim, e a tentar identificá-las dentro de um quadro teórico e metodológico discursivo. Para tanto, empreendemos um retorno às origens histórico-pedagógicas da avaliação, recorremos à Retórica Aristotélica e às Neo-Retóricas, à Teoria Semiótica de Greimas, à Teoria dos Gêneros do Discurso de Bakhtin, e a estudos sociossemióticos e discursivos que privilegiam questões como a construção da identidade individual e social dos sujeitos por meio do discurso e os aspectos interacionais envolvidos nas relações sociais. / The proposal of this work is to produce questions about the use of argumentatives strategies in the discourse, as well as questions about the effect of this use. To analyze the importance of these strategies during the construction of the meaning, we choose a special type of discourse, the pedagogical discourse, and inside of it, we have decided to analyze the proofs in the university, more specifically, the written proofs, because they are representative of the language´s power in the education and learning process and of the existing conflict between professor and students. From this method, we will analyze, in special, the argument and rhetoric figures and the unexpected and privileged discoursive strategies - because they cause surprise in the discourse and allow to analyze the construction of the ethos of the involved people in the communication situation. We believe that the language can be used to persuade an interlocutor and to convince him, not importing the type of discourse used. This fact makes us to search in the students´ discourse the used strategies and trying to identify them into inside of a theoretical, methodologic and discoursive frame. With this objective, we made a visit to the historical and pedagogical origins of the proofs, we appeal to the Aristotelian Rhetoric and the Neo-Rhetorical, to the Greimas´ Semiotics Theory and the Bakhtin´s work, and to the sociossemiotic and discoursive studies that privilege questions, as the construction, through the discourse, of the individual and social identity of the people, and aspects that are involved in the social relations.
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O argumento no trabalho de campo: abordando a sucessão ecológica na floresta da USP, campus de Ribeirão Preto / The argument in the fieldwork: approaching the ecological succession in the Forest of USP, Ribeirão Preto campus

Grandi, Luziene Aparecida 05 August 2011 (has links)
Neste trabalho investigamos como são as interações discursivas que podem levar à promoção da enculturação científica durante uma atividade de trabalho de campo, relacionado à Ecologia, em uma área reflorestada. Várias perspectivas do campo da linguagem e ensino de Ciências nortearam este trabalho, dentre elas as pesquisas que consideram que a prática da argumentação em aula seja essencial para aprender Ciências, já que argumentar é inerente ao próprio discurso científico. Concebendo a Ciência como cultura, outras pesquisas discutem a importância de se envolver os alunos em atividades nas quais eles aprendam linguagens, regras, valores, conceitos da Ciência e como ela é construída ao longo do tempo, de forma a se posicionarem criticamente diante de situações que envolvam tomadas de decisões respaldadas em conhecimento científico. Contudo, raras atividades desenvolvidas em espaços não formais de ensino são amparadas pelos pressupostos apontados anteriormente, como por exemplo, os trabalhos de campo em ambientes naturais. Versando sobre os aspectos mencionados, foi elaborada uma atividade subdividida em três episódios: contextualização do trabalho de campo, realização do trabalho de campo e discussão dos dados coletados no trabalho de campo. O primeiro e o terceiro episódios ocorreram no Laboratório de Ensino de Biologia e o desenvolvimento do trabalho de campo ocorreu dentro da Floresta da USP, ambos no campus de Ribeirão Preto. Metodologias provenientes da Ecologia de Comunidades Vegetais foram empregadas, problematizando-se os possíveis estágios de sucessão ecológica do ambiente. Participaram da atividade dois monitores (estudantes do curso de Ciências Biológicas da USP, do mesmo campus) e alunos do sétimo ano do ensino fundamental. Inicialmente, toda a atividade foi videogravada e transcrita. Sua análise se deu com base nos elementos estruturais do Padrão de Argumentação de Toulmin e na verificação dos tipos de situações discursivas presentes. Averiguou-se, então, que turnos de falas durante toda a atividade compuseram um argumento geral construído a partir do problema proposto no trabalho de campo. Poucos argumentos pontuais também foram encontrados. No entanto, as falas dos alunos contribuíram minimamente com a construção de ambos os argumentos, predominando as falas dos monitores. Constatou-se também que aos alunos foi proporcionada uma vivência na qual um argumento, previamente delineado pelos monitores, pouco a pouco foi constituído. Porém, o contexto de produção desse argumento foi uma situação explicativa, a qual pode ser identificada pelos marcadores \"presença de uma única ideia (opinião)\" e \"justificativa de uma única ideia (opinião)\". / In this research we investigate the discursive interactions that may lead to the promotion of scientific literacy during a field work activity related to Ecology in a reforested area. Many perspectives in the field of language and science teaching guided this study, among them the researches that consider that the practice of argumentation in the classroom as essential to learning science, since arguing is inherent to scientific discourse. By designing science as culture, other studies discuss the importance of engaging students in activities in which they learn languages, rules, values, scientific concepts, and for the construction of science over time in order to position themselves critically in situations involving decision making using scientific knowledge as support. However, few activities in non-formal education are supported by the assumptions mentioned earlier, for example the fieldworks in natural environments. Dealing with the aspects mentioned above, was prepared an activity divided into three episodes: contextualization of the fieldwork, completion of fieldwork and discussion of data collected in the field. The first and third episodes occurred in the Biology Teaching Laboratory and the development of the field work took place within the USP Forest, both on the Ribeirão Preto campus. Methodologies from the Ecology of Plant Communities were used, questioning the possible ecological succession stages in the environment. Two monitors (Biology grad students from the same campus) and students of the seventh year of elementary school participated in the activity. Initially, all activity was videotaped and transcribed. Its analysis was based on structural elements of Toulmin Argumentation Pattern and on the verification of the present types of discursive situations. It was found then that shifts speeches throughout the activity composed a general argument constructed from the proposed issue in the fieldwork. Few specific arguments were found. However, the speech of students contributed minimally to the construction of both arguments, predominating the speeches of monitors. It was also found that students were provided an experience in which an argument previously outlined by the monitors, had been gradually established. However, the production context of this argument was an explaining situation, which can be identified by markers\' \"presence of a single idea (opinion)\" and \"justification of a single idea (opinion)\".
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A estrutura argumental da língua Dâw / The argument structure of the Dâw language

Costa, Jéssica Clementino da 09 June 2014 (has links)
Esta dissertação descreve e analisa a estrutura argumental e as classes verbais da língua Dâw (família Nadahup, Amazonas). Estudamos os verbos dessa língua do ponto de vista semântico e sintático, identificando classes e subclasses de acordo com o comportamento morfossintático das raízes verbais. Além disso, avaliamos as hipóteses descritivas e explicativas das classes verbais identificadas por Martins (2004), primeira pesquisadora a abordar a morfossintaxe Dâw. Nosso arcabouço teórico é a teoria de estrutura argumental desenvolvida por Hale & Keyser (2002), que propõe uma análise da sintaxe e da semântica dos itens lexicais por meio da estrutura argumental sistema de relações estruturais estabelecidas entre o núcleo e seus argumentos, dentro de estruturas sintáticas projetadas pelo próprio núcleo. Por meio de testes linguísticos variados, incluindo alternância de valência e julgamento de (a)gramaticalidade, reclassificamos as nove classes verbais identificadas por Martins (2004) em três classes de acordo com a valência do verbo: classe dos verbos intransitivos, classe dos verbos transitivos e classe dos verbos bitransitivos. Martins (2004) afirma que, na sentença, os verbos podem mudar de tom devido à presença de um morfema tonal transitivizador ou intransitivizador. Contudo, mostramos neste trabalho que o sistema tonal da língua, no nível da sentença, é previsível. Desse modo, independentemente do processo de aumento de valência envolvido, percebemos que a mudança tonal dos verbos decorre devido ao fraseamento fonológico das sentenças. Quanto ao processo de transitivização, este identificou subclasses de verbos intransitivos: verbos alternantes e verbos nãoalternantes. As restrições de alternância devem-se à estrutura argumental de cada tipo verbal. No caso dos verbos intransitivos alternantes ou inacusativos, observamos que eles são formados a partir de estrutura diádica composta, que projeta um especificador interno e um complemento, o que lhe permite alternar entre uma forma intransitiva e transitiva. No caso dos verbos não-alternantes encontramos três padrões: verbos denominais e inergativos, formados a partir de uma estrutura argumental monádica (que não projeta especificador interno), o que impede a alternância; verbos inacusativos nãoalternantes, formados a partir de uma estrutura monádica que toma como complemento uma estrutura diádica básica verbos desse tipo não alternam, pois eles não são formados por uma estrutura diádica, mas contêm tal estrutura; e ve b s e jetiv is, formados a partir de uma cópula que toma como complemento um adjetivo. Uma vez que raiz e núcleo verbal possuem conteúdo fonológico pleno (não vazio), não é possível fazer conflation entre núcleo e raiz, o que impede que o predicado verbal seja formado. Essa estrutura explica a agramaticalidade desses verbos frente ao processo de transitivização automática. Também testamos a sintaxe e a semântica da intransitivização (construções incoativas, voz passiva, reflexiva e média). De modo geral, percebemos que não há morfologia específica para a construção de sentenças médias, incoativas ou anticausativas. Não existem passivas em Dâw; no lugar desta voz, os falantes produzem sentenças incoativas ou com o sujeito subespecificado. As sentenças reflexivas são geradas por meio de pronomes reflexivos na posição de objeto da sentença. Por fim, vimos que objetos diretos de sentenças transitivas são marcados pelo morfema {-uuy\'} analisados por nós como MDO. Sua aplicação está condicionada a restrições semânticas de definitude e animacidade / This thesis describes and analyzes the argument structure and verbal classes of the Dâw language (Nadahup family, Amazon). We studied the verbs of that language from the semantic and syntactic perspective, identifying classes and subclasses according to the morphosyntactic behavior of verbal roots. Furthermore, we evaluated the descriptive and explanatory hypotheses of verb classes identified by Martins (2004), the first researcher to address Dâw morphosyntax. Our theoretical framework is the theory of argument structure developed by Hale & Keyser (2002), which proposes an analysis of the syntax and semantics of lexical items by means of the argument structure the pattern of structural relations between the head and its arguments within syntactical structures projected by the head itself. Through various language tests, including verbal valency alternation and judgment of (a)grammaticality, we reclassified the nine verb classes identified by Martins (2004) into three classes according to the verbal valency: the classes of intransitive verbs, transitive verbs and bitransitive verbs. Martins (2004) states that, in the sentence, the verbs may change in tone due to the presence of a transitivizing or intransitivizing tonal morpheme. However, we show in this paper that the tonal system of the language is predictable at the sentence level. Thus, regardless of the valency-increasing process involved, we realized that the tonal change of verbs arises due to the phonological phrasing of sentences. Regarding the transitivization process, subclasses of intransitive verbs were identified: alternating and non-alternating verbs. The restrictions on alternation are due to the argument structure of each verb type. In the case of unaccusative or alternating intransitive verbs, we observed that they are formed from a composite dyadic structure, projecting an internal specifier and a complement, which allows them to switch between intransitive and transitive forms. In the case of non-alternating verbs we found three patterns: denominal and unergative verbs, based on a monadic argument structure (that does not project internal specifier) that prevents alternation; non-alternating unaccusative verbs based on a monadic structure that takes a basic dyadic structure as a complement verbs of this type do not alternate because they are not formed by a dyadic structure, but contain such a structure n e jectiv l ve bs, f me f m c p l ve b th t t kes n jective s complement. Since the root and verbal head have full (non-empty) phonological content, no conflation is possible between head and root, which prevents the formation of the verbal predicate. This structure explains the agrammaticality of these verbs with regard to the automatic transitivization process. We also tested the syntax and semantics of intransitivization (inchoative constructions, passive, reflexive and middle voices). In general, we found that there is no specific morphology for constructing middle, inchoative or anticausative sentences. There are no passives in Dâw; in place of this voice, the speakers form sentences that are inchoative or have a subspecified subject. Reflexive sentences are created using reflexive pronouns in the position of the object of the sentence. Finally, we found that direct objects of transitive sentences are marked by the {-uuy\'} morpheme analyzed by us as DOM. Its use is subject to semantic constraints of definiteness and animacy
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Não-finitude em Karitiana: subordinação versus nominalização / Non-finiteness in Karitiana: subordination versus nominalization

Silva, Ivan Rocha da 02 May 2016 (has links)
A meta da presente tese é analisar as orações não-finitas em Karitiana. Esta é uma língua Ameríndia falada atualmente por 400 pessoas que habitam a Terra Indígena Karitiana. A reserva Karitiana está localizada a 95 quilômetros ao sul da área urbana de Porto Velho, Rondônia, Brasil. A língua é a única representante do ramo Arikém, família Tupi. A presente pesquisa investiga as diferenças entre as orações subordinadas que funcionam como orações subordinadas adverbiais, relativas e completivas, bem como a nominalização oracional e as orações infinitivas marcadas pelos sufixos e , respectivamente. Apesar de a língua não apresentar morfologia de tempo, modo ou concordância em subordinadas, ela possui várias outras características, tais como núcleos aspectuais, voz, variação na ordem de palavras (SOV ou OSV), morfologia de foco do objeto, o que sugere que se trata subordinação e não nominalização (Storto 1999, Storto 2012, Vivanco 2014). Mostramos ainda que as orações encaixadas Karitiana podem ser modificadas por advérbios, negação e evidenciais que estão associados a orações ou sintagmas verbais. Esta pesquisa levantou uma discussão que tem sido amplamente abordada na literatura sobre as orações subordinadas nãofinitas em línguas Ameríndias. A literatura sobre essas orações não-finitas mostra que muitos autores que assumem que elas são nominalizações utilizam dois argumentos: (1) a falta de traços finitos e (2) o fato de algumas línguas exibirem marcas de caso. Os argumentos com base no item (2) supramencionado não parece muito convincentes para assumirmos uma análise de nominalização em Karitiana, visto que orações subordinadas finitas em várias línguas podem ser usadas como complemento verbal e receber marcas de caso. A nossa análise apresentada nesta tese assume que a falta de traços finitos não significa necessariamente que estas orações sejam nominalizadas porque elas exibem em suas estruturas várias características de orações ativas, tais como núcleos funcionais de voz, aspecto, advérbios, negação e evidenciais. Tipologicamente, esses núcleos funcionais estão associados a orações ou a sintagmas verbais. E, internamente à língua, eles estão também relacionados a orações ou a sintagmas verbais tanto em ambientes finitos quanto em ambientes não-finitas. / The main aim of this dissertation is to analyze non-finite clauses in Karitiana. Karitiana is an endangered Amerindian language spoken today by approximately 400 people who live in a reservation located 59 miles south of the urban area of Porto Velho, the capital of the state of Rondônia, Brazil (Amazonian region). The language is the unique representative of the Arikém branch, one of the ten linguistic groupings identified inside the Tupian family. The current research investigates differences among embedded clauses that function as adverbial, relative, and complement clauses in Karitiana, as well as nominalization and infinitival embedding marked respectively by the suffixes and . Even though subordinate clauses in Karitiana do not display any finite morphology of agreement, tense, or mood, it is true that the language shows many other functional heads such as morphemes of causativization, passivization, and object focus construction, as well as aspectual nuclei, and word order variation (SOV, OSV), suggesting that they are clauses and not nominalizations (Storto 1999; Vivanco 2014). Furthemore, we show that Karitiana embedded clauses can be modified by adverbs, negation and evidentials that are associated with clauses or verbal phrases. The literature on non-finite clauses in Amerindian languages shows that many specialists in these languages have claimed that these clauses are nominalized based on two arguments: (1) lack of finite traits and (2) the fact that some of these languages display case-marking. The argument that the presence of case-marking in subordination characterizes them as nominalizations seems to be unconvincing because finite subordinate clauses in several languages can be used as verbal complement and can be marked with case. In our analysis, the lack of finite features also does not necessarily mean that these clauses are nominalizations, since Karitiana subordinate clauses exhibit other properties of active clauses such as functional heads: voice, aspect, adverbs, negation, and evidentials. Typologically, these functional heads are associated with clauses and, internally to the language, they are also correlated with clauses and verbal phrases, functioning either in matrix clauses or in subordinate clauses.
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Redações do ENEM/2012: réplicas ativas nas múltiplas vozes / Essays of Enem/2012: active responses in the multiple voices

Polachini, Nathália Rodrighero Salinas 16 December 2014 (has links)
Nesta dissertação, o objetivo é investigar um conjunto de redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)/2012, analisando as relações dialógicas estabelecidas pelos escreventes a partir da interação ativa com as vozes reportadas para a defesa de um ponto de vista sobre o tema: O movimento imigratório para o Brasil no século XXI. Desde 2009, o Enem seleciona candidatos para o ingresso no ensino superior e a redação é o instrumento que solicita a elaboração de um texto dissertativo-argumentativo. A partir do total de 2720 redações cedidas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o corpus foi constituído por 121 redações, segundo dois critérios: (a) a faixa de desempenho de 200 a 1000 pontos, respeitando a diversidade de notas, e (b) as cinco regiões brasileiras, marcando a representatividade regional. A fundamentação teórica deste trabalho centra-se na perspectiva dialógica da linguagem de Bakhtin e o Círculo, principalmente, nos conceitos de enunciado concreto e discurso citado, e na perspectiva ideológica dos estudos de letramento. Assumindo o trabalho com a escrita como um processo de compreensão responsiva, esta pesquisa buscou compreender cada texto como uma réplica ativa à proposta de redação e aos discursos oficiais que dela ecoam. No conjunto das redações, foram identificados quatro tipos de réplicas, que serviram como eixos norteadores para a análise dos modos heterogêneos de como os escreventes responderam às instruções objetivas da proposta e ao tema da imigração: (i) réplicas à exigência dissertativa; (ii) réplicas aos textos da coletânea, (iii) réplicas à imagem da identidade nacional e (iv) réplicas à história oficial do Brasil. Dentro de cada uma dessas réplicas, os resultados mostraram que os escreventes utilizaram procedimentos linguístico-discursivos para a construção do texto argumentativo, tais como: citações nos diferentes estágios composicionais da dissertação, paráfrases associadas à síntese, cópia e imitação dos textos da coletânea, construções referenciais para a caracterização do Brasil, como o uso de slogans, a mobilização de alusões históricas e narrativas da colonização. Tais procedimentos foram usados para assumir posicionamentos polêmicos e não polêmicos, alguns empregados com tendência à reprodução da palavra alheia e outros com vistas a sua reelaboração. Sob um olhar dialógico-axiológico, a análise da apreensão dos discursos de dentro e de fora da coletânea constatou não só o engendramento ativo dos sujeitos na produção de sentidos, mas os seus direcionamentos para os interlocutores presumidos e para as vozes institucionais dentro da rede de relações que envolve o projeto de escrita na avaliação do Enem. As réplicas puderam mostrar percursos discursivos construídos no diálogo com diferentes repertórios sociais, culturais e linguísticos, sinalizando que o trabalho com a escrita não está desvinculado dos contextos sócio-históricos das práticas letradas dos escreventes, refletindo e refratando os modelos normativos. / In this dissertation, the goal is to investigate a collection of essays from the National Secondary Brazilian Examination (Enem)/2012, analyzing the dialogic relations established by the writers from the active interaction with the reported voices to defend a point of view on the topic \"the immigration movement to Brazil in the 21st century\". Since 2009, Enem selects candidates for admission to higher education and the writing is the instrument that calls for the development of a dissertative-argumentative text. From the total of 2720 essays provided by the National Institute for Educational Studies Anísio Teixeira (INEP), the corpus was consisted of 121 essays, according to two criteria of selection: a) the performance range of 200-1000 points, respecting the diversity of scores, and b) the five Brazilian regions, marking the regional representation. The theoretical foundation of this work focuses on the dialogic language perspective of Bakhtin and the Circle, mainly, the concepts of \"utterance\" and \"quoted speech,\" and the ideological perspective of the literacy studies. Assuming the job with writing as a process of responsive understanding, this research sought to understand each text as an active response to the writing proposal and to the official discourses. In all the texts, four types of responses were identified, which served as a guide for the analysis of the heterogeneous modes of how the participants answered to the instructions of the proposal and to the issue of immigration: (i) responses to the dissertation requirement; (ii) responses to the texts of the collection, (iii) responses to the image of national identity and (iv) responses to the official history of Brazil. Within each of these responses, the results showed that the subjects used linguistic-discursive procedures for the construction of the argumentative text, such as: quotes in different compositional stages of the dissertation, paraphrases associated with synthesis, copy and imitation of the texts from the collection, characterization of Brazil as the use of slogans, the mobilization of historical allusions and narrative of colonization. These procedures were used to take controversial positions and not controversial ones, some employed with the tendency to reproduce the alien word and others with the tendency to remake them. Under a dialogical axiological perspective, the analysis of the comprehension of the inside and outside discourses of the collection found not only the active gendering of the subjects in the production of meanings, but their directions for the presumed actors and to the institutional voices within the network relationships of the writing project on the assessment of Enem. The responses could show discursive routes constructed in dialogue with different social, cultural and linguistic repertoires, signaling that the work with writing is not disconnected from the socio historical contexts of the student´s literate practices, reflecting and refracting the normative models.
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Formação e interpretação dos verbos denominais do português do Brasil / Training and interpretation of the denominal verbs of the portuguese of Brazil

Bassani, Indaiá de Santana 01 July 2009 (has links)
Em uma visão etimológica, o Verbo Denominal (VD) é aquele verbo que surgiu historicamente a partir de uma base nominal. Os dicionários consideram que um verbo é denominal quando sua forma nominal cognata tem uma datação anterior nos registros da língua. Há, dessa forma, duas maneiras de tratar a relação entre nome e verbo: em uma perspectiva sincrônica ou diacrônica. Como há certa mistura no tratamento do fenômeno, faz-se necessária uma distinção entre critérios etimológicos e sincrônicos para a determinação do que é um verbo denominal. No presente trabalho, buscamos encontrar critérios formais e sincrônicos para saber quais verbos diacronicamente considerados como denominais podem também ser assim considerados em uma análise sincrônica de formação das palavras e em quais casos há razões comprovadas para propor o abandono do rótulo denominal. Partimos de uma amostra de 4.548 verbos etimologicamente denominais do português, retirados do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, e a restringimos por critérios de frequência a 95 verbos, que constituíram de fato o objeto de análise do estudo. Submetemos todos os verbos a testes estruturais de formação de sentenças sugeridos por Kyparsky (1987), Hale & Keyser (2002) e Arad (2003), a saber: Alternância Causativo-incoativo (Teste1); Alternância Média (Teste 2); Presença de Expressão Perifrástica (Teste 3); Presença de Objeto Cognato (Teste 4); Presença de Adjunto Cognato (Teste 5); Presença de Adjuntos Hipônimos e Hiperônimos (Teste 6). As sentenças foram submetidas a julgamento de 40 falantes nativos de português brasileiro. Os resultados apontaram para uma heterogeneidade no comportamento da classe geral dos VDs. Em suma, há um grupo para os quais os testes indicam uma etapa nominal (gramaticalidade para testes 3,(4),5 e 6) e um outro grupo para os quais os testes não indicam a presença de uma etapa nominal na formação (agramaticalidade para testes 3,5 e 6). Há verbos que participam e não participam de alternâncias (gramaticalidade e agramaticalidade para testes 1 e 2) e, por fim, há um grupo de verbos em que uma acepção remete a uma etapa nominal e outra acepção remete a ausência de etapa nominal. Após observar alternativas de análise em teorias lexicalistas de regras de formação de palavras (Basílio, 1993) e sintaxe-lexical (Hale & Keyser, 2002), conseguimos diferenciar estruturas com uma etapa nominal (denominais) de estruturas derivadas diretamente da raiz com base nos pressupostos da teoria da Morfologia Distribuída (Halle & Marantz, 1993; Harley & Noyer, 1999), mais especificamente Arad (2003), Marantz (2008) e Harley (2005). Conseguimos representar estruturalmente os diferentes tipos de (supostos) VDs no que se refere ao seu comportamento sintático e sua relação semântica com os (supostos) nomes formadores. Em primeiro lugar, tratamos dois grandes grupos: o primeiro contém os verbos que são formados a partir da categorização de uma raiz por um nome (n) e, em seguida, por um verbo (v) (estruturas denominais sincrônicas) e o segundo por verbos que são formados pela categorização direta de uma raiz () por um verbo (v) (estruturas não-denominais). No primeiro grupo, o dos denominais, observamos diferenças no comportamento sintático e sugerimos para eles diferentes tipos de estruturas: de alternância, de não-alternância e location/locatum. Em seguida, discutimos dois tipos de fenômenos que culminam na formação tanto de verbos denominais quanto de verbos derivados diretamente da raiz para aqueles que parecem, em princípio, tratar-se de um só verbo (verbos com estruturas denominais e estruturas de maneira e Mesmo verbo com comportamentos opostos). Por fim, a maior contribuição teórica deste trabalho está em que avançamos no esclarecimento da diferença entre uma formação sincrônica e diacrônica de palavras, mostrando que nem sempre a explicação histórica é a única possível. / From an etymologycal point of view, the Denominal Verb is the one that derives historically from a nominal base. Dictionaries consider a verb as denominal when its cognate nominal form is older than the verbal one in language records. Thus, there are two ways of treating what is called denominal verb, regarding the relation between the noun and the verb: from a synchronic or from a dyachronic perspective. Since the description of this class is rather misleading, it is necessary to make a distinction between etymological and synchronic criteria in the definition of what a denominal verb is. For these reasons, the aim of this work is i) to find out synchronic and formal criteria to know which denominal verbs, from a diachronic point of view, can also be considered as such under a synchronic analysis of word formation and ii) in which cases can real reasons be found for the abandonment of the label denominal. We started from a sample of 4.548 etymologically denominal verbs in Portuguese, collected from Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, and, due to a frequency criteria, we reduced it to 95 verbs that constitute, in fact, the object of this study. We submmited all the verbs to structural tests of sentence formation suggested by Kyparsky (1987), Hale & Keyser (2002) and Arad (2003), namely: Inchoative- Causative Alternation (Test 1); Middle Alternation (Test 2); Presence of Periphrastic Expression (Test 3); Presence of Cognate Object (Test 4); Presence of Cognate Adjunct (Test 5); Presence of Hiponimous and Hiperonimous Adjunction (Test 6).The sentences were submitted to the judgement of 40 native speakers of Brazilian Portuguese. The results pointed to heterogeneity in the behaviour of the general class of denominal verbs. To sum up, there is a group of verbs to which the tests indicated a nominal stage in the derivation of the verb (grammaticality for tests 3 (4), 5 and 6) and another group of verbs to which the tests did not indicate the presence of that nominal stage (agrammaticality for tests 3, 5 and 6). There are verbs that do and do not participate in alternations (gramaticality and agramaticality for tests 1 and 2) and, finally, there is a group of verbs for which one meaning indicates a nominal stage and the other meaning indicates the absence of such a nominal stage. After observing some analysis under lexicalist theories based on word formation rules (Basílio, 1993) or under lexico-syntactic approaches such as Hale & Keyser (2002), we could offer an analysis under which it is possible to distinguish the so-called denominal verbs in two classes: i) those represented by structures that include a nominal stage in the derivation (denominals), ii) those represented by structures in which the verb is derived directly from roots. This analysis is based on the Distributed Morphology model (Halle & Marantz, 1993; Harley & Noyer, 1999), more specifically, on Arad (2003), Marantz (2008) and Harley (2005). Our first step was to separate the two big groups: the first containing verbs that are derived from the categorization of a root () by a noun (n) and, then, by a verb (v) (synchronic denominal structures), and the second group containing verbs that are derived from the direct categorization of a root () by a verb (v) (non-denominal structures). In the first group, the denominal one, we observed that the sentences containing such verbs presented different syntactic behaviors and we suggested different kinds of structures: alternating, non-alternating and location/locatum. In sequence, we discussed some verbs that led us to suggest that they can be formed either as denominal verbs or as root-derived ones. We could then represent the structure of different types of so-called denominal verbs regarding their syntactic behavior and the relation they establish with the noun formed by the same root. Finally, the major theoretic contribution of this work is that we improved in clarifying the difference between a synchronic and a dyachronic word formation process, showing that the historical explanation is not always the single possibility.
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The explanatory gap problem

Kostic, Daniel 09 January 2012 (has links)
Diese Arbeit bewertet verschiedene Argumente, die nicht nur leugnen, dass Gehirnzustände und bewusste Zustände ein und dasselbe sind, sondern auch behaupten, dass eine solche Identität unverständlich bleibt. Ich argumentiere, dass keiner der Ansätze einen Physikalismus unterminieren, da sie für ihre stillschweigenden Annahmen über die Verbindung zwischen Arten der Präsentation und ihrer Erklärung keine direkte oder unabhängige Begründung liefern. Meiner Ansicht nach sollte die Intelligibilität psychologischer Identität nicht ausschließlich auf einer Meinungsanalyse basieren. Der Haupteinwand sollt dann sein, warum man annehmen sollte, dass eine vollständig intelligible Erklärung auf Beschreibungen der kausalen Rollen als Modi von Präsentationen beruhen sollte. Ich schlage dazu vor, den Blick auf “psychologische Konzepte” zu werfen. Psychologische Konzepte sind Konzepte, die eine Beschreibung von funktionalen Rollen benutzen aber von Erfahrungsqualitäten handeln. Ich schlage vor, diese in Qualitätsraum-Modellen zu analysieren um aufzuklären, warum von phänomenalen Konzepten erwartet wird, dass diese sich durch Beschreibungen der kausalen bzw. funktionalen Rollen auf etwas beziehen sollten. Der Qualitätsraum soll hier verstanden werden als multidimensionaler Raum, der aus mehreren Achsen relativer Ähnlichkeit und Unterschieden in den Anordnungsstrukturen verschiedener Modalitäten bewusster Erfahrung besteht. In meinem Vorschlag ist es möglich, dass einige Achsen des Qualitätsraumes selbst aus ihrem eigenen Qualitätsraum bestehen, so dass wir in die Beschreibungen der funktionalen Rollen “hinein zoomen” und “heraus zoomen” können und damit klarer sehen, wie die Erklärung eines bestimmten Bewusstseinsaspekts gestaltet ist, wenn man ihn in Begriffen psychologischer Konzepte betrachtet. / This thesis evaluates several powerful arguments that not only deny that brain states and conscious states are one and the same thing, but also claim that such an identity is unintelligible. I argue that these accounts do not undermine physicalism because they don’t provide any direct or independent justification for their tacit assumptions about a link between modes of presentation and explanation. In my view intelligibility of psychophysical identity should not be based exclusively on the analysis of meaning. The main concern then should be why expect that fully intelligible explanation must be based on the descriptions of the causal roles as modes of presentation. To this effect I propose that we examine "psychological concepts". The psychological concepts are concepts that use descriptions of the functional roles but are about qualities of our experiences. I propose to analyze them in quality space models in order to unveil why phenomenal concepts are expected to refer via descriptions of the causal or functional roles. The quality space should be understood here as a multidimensional space consisting of several axes of relative similarity and differences among the structures of ordering in different modalities of conscious experience. On my proposal it is possible that some axes in the quality space consist of their own quality spaces so we could “zoom in” and “zoom out” into the descriptions of the functional roles and see more clearly what the explanation of certain aspects of consciousness looks like when thought of in terms of psychological concepts.
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Eutanasi : Huruvida eutanasi är moraliskt tillåtligt inom samtida moralfilosofi / Euthanasia : On the Permissibility of Euthanasia in Contemporary Moral Philosophy

Pettersson, Ellinor January 2019 (has links)
Euthanasia has been subject of controversy since antiquity, but 3000 years later it still seems to be highly debated among contemporary ethicists and philosophers. The main purpose of this essay is to investigate under which circumstances euthanasia could be morally permissible, by highlighting and discussing the most debated objections against it. The first objection brings up the problem of how we can be sure that a wish to die is confident and final. This objection is followed by a discussion about the risks of administering euthanasia incorrectly. The second objection concerns whether voluntary euthanasia and physician-assisted suicide really is necessary. Here, the main question is whether people about to die would be harmed rather than helped if they had euthanasia and physician-assisted suicide available as an alternative. The third section discusses the doctrine of double effect. Here, the main purpose is to investigate where DDE stands in relation to cases of euthanasia and physician-assisted suicide. Furthermore, the final two objections concern the parallel between killing and letting die, and second of all the slippery-slope argument in connection with euthanasia. The essay concludes with a discussion about the ways in which practicing euthanasia can be harmful, as well as a more detailed debate about the sustainability of the objections mentioned above.
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A estrutura argumental da língua karitiana: desafios descritivos e teóricos / Argument structure in Karitiana: theoretical and descriptive challenges

Silva, Ivan Rocha da 13 September 2011 (has links)
Esta dissertação tem por objetivo descrever a estrutura argumental da língua Karitiana (grupo Tupi, família Arikém, aproximadamente 400 falantes) em uma perspectiva descritiva e teórica. Nesse trabalho, buscou-se o desafio de descrever as classes verbais da língua com base em uma teoria formal: a teoria de estrutura argumental de Hale e Keyser (2002). O trabalho encontra-se dividido em duas partes. Na parte I, descreve-se a morfossintaxe das classes verbais. Na parte II, foram analisadas, em termos de estrutura argumental, as evidências morfossintáticas notadas no padrão verbal. A segunda parte, ainda, oferece uma análise preliminar para a estrutura passiva impessoal em Karitiana, dentro da teoria Gerativa. A transitivização, a passivização, a construção de cópula e o padrão de concordância funcionam como evidências morfossintáticas para descrever classes verbais na língua. Todos os verbos intransitivos podem ser afetados pela causativização sintética (transitivização) através de um morfema causativo que permite a adição de um argumento externo (o sujeito agente ou causa) a uma sentença intransitiva, tornando-a transitiva. Através do morfema de passiva impessoal em Karitiana, é possível transformar um verbo biargumental em monoargumental, apagando o sujeito original da sentença transitiva. O morfema de passiva é adicionado apenas a um verbo minimamente biargumental ou a um verbo intransitivo que tenha sido antes transitivizado via . A construção de cópula nesta língua apresenta uma estrutura bioracional (S Copula minioração) em que a cópula toma como complemento uma minioração. No núcleo desta minioração, pode entrar apenas um verbo intransitivo, um adjetivo ou um nome. O padrão de concordância ergativo-absolutiva é o último diagnóstico utilizado como evidência de valência na língua. Com base nestas evidências, foram descritas três classes verbais: uma classe de verbos intransitivos (formada por 3 subclasses: composta de intransitivos comuns, de intransitivos com objeto oblíquo e sujeito experienciador e, por último, a subclasse de intransitivos locativos), uma classe de verbos transitivos e uma terceira classe composta por verbos bitransitivos. Esta última tem um objeto direto com papel semântico ALVO e um objeto indireto, marcado obliquamente (com a posposição ty) com papel TEMA. Os verbos intransitivos com objeto oblíquo apresentam um comportamento especial, comportando-se, morfossintaticamente e em termos de alternância, como os demais intransitivos, mas projetando em sua estrutura um complemento oblíquo, o que leva a considerar que eles são sintaticamente intransitivos e semanticamente transitivos. Concluimos que todos os verbos intransitivos nesta língua têm o comportamento de verbos inacusativos do tipo alternante. Na proposta de Hale e Keyser, os verbos são formados, estrutural e hierarquicamente, a partir de duas estruturas básicas (monádica e diádica) nucleadas pelos núcleos verbais (V1 e V2). Deste modo, os verbos do Karitiana descritos como intransitivos são analisados como verbos diádicos compostos, em conformidade com suas propriedades alternantes. Os verbos intransitivos com objeto oblíquo e aqueles verbos intransitivos locativos foram analisados como verbos diádicos compostos com complemento oblíquo (P-complemento). Os verbos bitransitivos são analisados como diádicos básicos. Apenas os verbos transitivos em Karitiana podem ser analisados como verbos monádicos. / This masters thesis aims to describe the argument structure in Karitiana (Tupi branch, Arikém family, about 400 speakers) both in a theoretical and in a descriptive perspective. In this work, the challenge is to describe the verb classes identified in Karitiana in the formal theory of argument structure proposed by Hale and Keyser (2002). The work is divided in two parts. In Part I, the morphosyntax of the verb classes is described. In Part II, the verb patterns were analyzed in terms of their argument structure. Still in this part, a preliminary analysis of the structure of the impersonal passive is presented, inside the Generativist framework. All instransitive verbs may be affected by the synthetic causativization (transitivization) in which a causative morpheme allows the addition of an external argument (the subject) to an intransitive sentence, transitivizing it. By the use of the impersonal passive in Karitiana it is possible to turn a bi-argumental verb into a mono-argumental one, causing the demotion of the initial subject and the promotion of the initial object to subject of the passive. The passive morpheme is added only to a transitive verb or to an intransitive verb which has been first transitivized via . The copular construction in Karitiana presents a biclausal structure (Subject + copular verb + small clause) in which the copular verb selects a small clause as its complement. Copular verbs can only select complements headed by nouns, adjectives or intransitive verbs. If a transitive verb is added to the head of the small clause, the sentence is ungrammatical. However, if a transitive verb has undergone a passivization process via , that verb may be the head of the small clause. The ergative-absolutive agreement pattern is also used as evidence of valency in Karitiana. Based on this evidence, three verbal classes were described: a large class of intransitive verbs (with three subclasses, one of common intransitive verbs, another of intransitive verbs with oblique objects and experiencer subjects, and one of intransitive locatives), a class of transitive verbs, and a third class of ditransitive verbs. The latter presents a direct object with the semantic role GOAL, whereas the indirect object is a THEME, marked as oblique (with the postposition ty). These intransitive verbs with an oblique object are part of a special subclass of intransitives because they behave, in terms of morphosyntax and valency, as other intransitive verbs, but they also project in their structure an oblique complement; it seems to be the case that they are syntactically intransitive and semantically transitive. We conclude that all intransitive verbs in Karitiana have the behavior of unaccusative verbs that may alternate. In Hale and Keysers proposal, verbs are formed, in structural and hierachical terms, from two basic structures (monadic and dyadic) headed by the verbal heads (V1 and V2). Thus, the Karitiana verbs described as common intransitives are analyzed as dyadic because of their alternation properties. The intransitives with oblique objects and the locative intransitives were analyzed as composite dyadic with oblique complements (P-complements). The ditransitive verbs are analyzed as basic dyadic, and only the transitive verbs in Karitiana may be analyzed as projecting monadic argument structures.
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Formação e interpretação dos verbos denominais do português do Brasil / Training and interpretation of the denominal verbs of the portuguese of Brazil

Indaiá de Santana Bassani 01 July 2009 (has links)
Em uma visão etimológica, o Verbo Denominal (VD) é aquele verbo que surgiu historicamente a partir de uma base nominal. Os dicionários consideram que um verbo é denominal quando sua forma nominal cognata tem uma datação anterior nos registros da língua. Há, dessa forma, duas maneiras de tratar a relação entre nome e verbo: em uma perspectiva sincrônica ou diacrônica. Como há certa mistura no tratamento do fenômeno, faz-se necessária uma distinção entre critérios etimológicos e sincrônicos para a determinação do que é um verbo denominal. No presente trabalho, buscamos encontrar critérios formais e sincrônicos para saber quais verbos diacronicamente considerados como denominais podem também ser assim considerados em uma análise sincrônica de formação das palavras e em quais casos há razões comprovadas para propor o abandono do rótulo denominal. Partimos de uma amostra de 4.548 verbos etimologicamente denominais do português, retirados do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, e a restringimos por critérios de frequência a 95 verbos, que constituíram de fato o objeto de análise do estudo. Submetemos todos os verbos a testes estruturais de formação de sentenças sugeridos por Kyparsky (1987), Hale & Keyser (2002) e Arad (2003), a saber: Alternância Causativo-incoativo (Teste1); Alternância Média (Teste 2); Presença de Expressão Perifrástica (Teste 3); Presença de Objeto Cognato (Teste 4); Presença de Adjunto Cognato (Teste 5); Presença de Adjuntos Hipônimos e Hiperônimos (Teste 6). As sentenças foram submetidas a julgamento de 40 falantes nativos de português brasileiro. Os resultados apontaram para uma heterogeneidade no comportamento da classe geral dos VDs. Em suma, há um grupo para os quais os testes indicam uma etapa nominal (gramaticalidade para testes 3,(4),5 e 6) e um outro grupo para os quais os testes não indicam a presença de uma etapa nominal na formação (agramaticalidade para testes 3,5 e 6). Há verbos que participam e não participam de alternâncias (gramaticalidade e agramaticalidade para testes 1 e 2) e, por fim, há um grupo de verbos em que uma acepção remete a uma etapa nominal e outra acepção remete a ausência de etapa nominal. Após observar alternativas de análise em teorias lexicalistas de regras de formação de palavras (Basílio, 1993) e sintaxe-lexical (Hale & Keyser, 2002), conseguimos diferenciar estruturas com uma etapa nominal (denominais) de estruturas derivadas diretamente da raiz com base nos pressupostos da teoria da Morfologia Distribuída (Halle & Marantz, 1993; Harley & Noyer, 1999), mais especificamente Arad (2003), Marantz (2008) e Harley (2005). Conseguimos representar estruturalmente os diferentes tipos de (supostos) VDs no que se refere ao seu comportamento sintático e sua relação semântica com os (supostos) nomes formadores. Em primeiro lugar, tratamos dois grandes grupos: o primeiro contém os verbos que são formados a partir da categorização de uma raiz por um nome (n) e, em seguida, por um verbo (v) (estruturas denominais sincrônicas) e o segundo por verbos que são formados pela categorização direta de uma raiz () por um verbo (v) (estruturas não-denominais). No primeiro grupo, o dos denominais, observamos diferenças no comportamento sintático e sugerimos para eles diferentes tipos de estruturas: de alternância, de não-alternância e location/locatum. Em seguida, discutimos dois tipos de fenômenos que culminam na formação tanto de verbos denominais quanto de verbos derivados diretamente da raiz para aqueles que parecem, em princípio, tratar-se de um só verbo (verbos com estruturas denominais e estruturas de maneira e Mesmo verbo com comportamentos opostos). Por fim, a maior contribuição teórica deste trabalho está em que avançamos no esclarecimento da diferença entre uma formação sincrônica e diacrônica de palavras, mostrando que nem sempre a explicação histórica é a única possível. / From an etymologycal point of view, the Denominal Verb is the one that derives historically from a nominal base. Dictionaries consider a verb as denominal when its cognate nominal form is older than the verbal one in language records. Thus, there are two ways of treating what is called denominal verb, regarding the relation between the noun and the verb: from a synchronic or from a dyachronic perspective. Since the description of this class is rather misleading, it is necessary to make a distinction between etymological and synchronic criteria in the definition of what a denominal verb is. For these reasons, the aim of this work is i) to find out synchronic and formal criteria to know which denominal verbs, from a diachronic point of view, can also be considered as such under a synchronic analysis of word formation and ii) in which cases can real reasons be found for the abandonment of the label denominal. We started from a sample of 4.548 etymologically denominal verbs in Portuguese, collected from Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, and, due to a frequency criteria, we reduced it to 95 verbs that constitute, in fact, the object of this study. We submmited all the verbs to structural tests of sentence formation suggested by Kyparsky (1987), Hale & Keyser (2002) and Arad (2003), namely: Inchoative- Causative Alternation (Test 1); Middle Alternation (Test 2); Presence of Periphrastic Expression (Test 3); Presence of Cognate Object (Test 4); Presence of Cognate Adjunct (Test 5); Presence of Hiponimous and Hiperonimous Adjunction (Test 6).The sentences were submitted to the judgement of 40 native speakers of Brazilian Portuguese. The results pointed to heterogeneity in the behaviour of the general class of denominal verbs. To sum up, there is a group of verbs to which the tests indicated a nominal stage in the derivation of the verb (grammaticality for tests 3 (4), 5 and 6) and another group of verbs to which the tests did not indicate the presence of that nominal stage (agrammaticality for tests 3, 5 and 6). There are verbs that do and do not participate in alternations (gramaticality and agramaticality for tests 1 and 2) and, finally, there is a group of verbs for which one meaning indicates a nominal stage and the other meaning indicates the absence of such a nominal stage. After observing some analysis under lexicalist theories based on word formation rules (Basílio, 1993) or under lexico-syntactic approaches such as Hale & Keyser (2002), we could offer an analysis under which it is possible to distinguish the so-called denominal verbs in two classes: i) those represented by structures that include a nominal stage in the derivation (denominals), ii) those represented by structures in which the verb is derived directly from roots. This analysis is based on the Distributed Morphology model (Halle & Marantz, 1993; Harley & Noyer, 1999), more specifically, on Arad (2003), Marantz (2008) and Harley (2005). Our first step was to separate the two big groups: the first containing verbs that are derived from the categorization of a root () by a noun (n) and, then, by a verb (v) (synchronic denominal structures), and the second group containing verbs that are derived from the direct categorization of a root () by a verb (v) (non-denominal structures). In the first group, the denominal one, we observed that the sentences containing such verbs presented different syntactic behaviors and we suggested different kinds of structures: alternating, non-alternating and location/locatum. In sequence, we discussed some verbs that led us to suggest that they can be formed either as denominal verbs or as root-derived ones. We could then represent the structure of different types of so-called denominal verbs regarding their syntactic behavior and the relation they establish with the noun formed by the same root. Finally, the major theoretic contribution of this work is that we improved in clarifying the difference between a synchronic and a dyachronic word formation process, showing that the historical explanation is not always the single possibility.

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