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No país dos Cinta Larga: uma etnografia do ritual / In the land of the Cinta Larga: the ethnography of a ritualJoao Dal Poz Neto 27 August 1991 (has links)
O foco da dissertação é o ritual no qual os Cinta Larga, povo de língua Tupi-Mondé que habita o noroeste de Mato Grosso e sudeste de Rondônia, dançam, cantam, bebem e, ao fim, sacrificam uma vítima animal. Apresenta-se uma descrição extensa das etapas do ritual, e procura-se decifrar o código simbólico que aciona, recorrendo ao contexto etnográfico, mitológico e escatológico. Para isto, a parte inicial do trabalho traz dados sobre a história e a sociedade Cinta Larga, indicando as principais questões. Este ritual ou festa é o evento social mais significativo nesta sociedade, o único capaz de mobilizar um grande contingente de pessoas e também de recursos. Neste sentido, o ritual revela-se um tema privilegiado para compreender a sociedade Cinta Larga. O método aqui assumido toma o ritual enquanto um instante privilegiado no continuum da vida social, que se distingue pela dramatização de temas e questões fundamentais para a sociedade. Os dados para esta dissertação provêm de inúmeros períodos de campo, distribuídos entre os anos de 1980 e 1988, e pesquisas bibliográficas exaustivas. / This dissertation focuses a great feast celebrated by the Cinta Larga, a Tupi-Mondé people that inhabits the northwestern Mato Grosso and southeastern Rondônia, Brazil. By an extensive description of the ritual steps, whose climax is the sacrifice of an animal victim, the study elucidates the ethnographic context and the symbolic codes to provide a privileged insight of Cinta Larga society.
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De índios para índios: a escrita indígena da história / Of Indians for Indians: the writing Indian of historyIgor Alexandre Badolato Scaramuzzi 06 October 2008 (has links)
No decorrer das últimas décadas, muitos grupos indígenas vêm progressivamente intensificando e ampliando a gama de relações com os mais variados setores da sociedade nacional. Nesse contexto, assumem a tarefa de elaborar discursos em que devem se apresentar, enquanto grupos diferenciados, para o \"outro\'\'. Na construção desse diálogo, as experiências de escolarização, especialmente na sua vertende \"diferenciada\", constituem um rico espectro de produção discursiva que esta dissertação pretende enfocar. É, de fato, no âmbito dessas experiências de ensino formal, que muitos grupos indígenas estão refletindo e recriando através da escrita em línguas indígenas e em língua portuguesa suas formas de produzir e transmitir experiências históricas. Tendo como enfoque o processo de escolarização e letramento em andamento em vários contextos indígenas no país, a presente dissertação tem como objetivo analisar dez materiais didáticos cuja proposta é a escrita de narrativas sobre reflexões e experiências históricas e sobre conhecimentos entendidos como \"tradicionais\" elaboradas no ambito de cinco experiências de escolarização (Acre, Amazonas, Espírito Santo Xingu, Mato Grosso e Minas Gerais). Busca-se averiguar através da análise dos materiais didáticos, como professores e lideranças indígenas vinculados a essas cinco experiências estão utilizando a linguagem escrita para construir representações de si mesmos, nas quais procuram articular seus saberes tradicionais e as concepções ocidentais de conhecimento e transmissão de experiências históricas. / During the last decades, many indigenous groups have progressively intensified and increased the span of relations with various sectors of national society. In this context, they have assumed the task of elaborating discourses in which they present themselves to the other as differentiated groups. In constructing this dialogue, experiences in schooling, specially of the differentiated kind, constitute a rich spectrum of discursive production, which this thesis seeks to focus upon. In fact, it is within these experiences of formal education that many indigenous groups are reflecting and recreating through the use of writing in the native and Portuguese languages their forms of producing and transmitting historical experiences. Focusing on the process of schooling and literacy in progress in various indigenous contexts throughout the country, this thesis seeks to analyze ten examples of educational material, produced in five different school programs (Acre, Amazonas, Espírito Santo, Xingu, Mato Grosso and Minas Gerais), that have as an objective the written production of narratives concerning historical experiences and reflections and that which is understood to be traditional knowledge. The objective of this research is to understand, by means of the analysis of this educational material, how indigenous leaders and teachers connected to these five school programs are using the written language to produce representations of themselves, in which they seek to articulate their traditional knowledge and occidental conceptions of knowledge and transmission of historical experiences.
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Da instabilidade e dos afetos : pacificando relações, amansando outros : cosmopolítica guarani-mbyá (Lago Guaíba/RS-Brasil)Machado, Maria Paula Prates January 2013 (has links)
Dans cette thèse, je propose d'envisager comment les Guarani-Mbyá donnent sens et établissent des relations avec leurs Autres. À partir du langage théorique de la prédation, qui trouve à s'exprimer chez les Mbyá dans une politique de refus du conflit, je focalise mon attention sur les couples mbyá/juruá (non-indigène), féminin/masculin, vivants/morts et, d'une façon générale, proie/prédateur, au sein d'une scène qui s'étend aux ouvertures et aux fermetures du « système du juruá ». L'instabilité de la relation entre vivants et morts se joue dans ñe'ë (principe vital) et ãngue (ombre, spectre) en passant par ete (corps), à l'interstice du risque et de la capture avérée, dans lequel résident les Autres. La propagation de la production de la différence entre morts et vivants implique la nécessité d'une distance qui ne nie pas pour autant l'intensité de la relation. Les mêmes réflexions s'appliquent au couple mbyá/juruá. Les seconds, pour être eux aussi des Autres distants, fragilisent le corps des premiers en raison de leur mode de vie, leur nourriture et leurs attitudes. Alors que la médiation avec les morts implique les chamans, ce sont ici les alliés juruá qui font office de médiateurs prédateurs entre les Mbyá et les Juruá en général. Quant à la relation des Mbyá avec leurs affins, celle-ci exige déjà une tentative de transformation qui fasse de ces Autres proches des sujets approchants, selon la limite d'un principe de négativité. Il ne s'agit pas de transformer cet Autre en égal, car celui-ci perdrait alors tout entier son statut d'autre. En m'inspirant de la thèse de plusieurs auteurs américanistes, je développe l'argument selon lequel la femme Mbyá est intrinsèquement constituée par deux beaux-frères, le premier étant son frère réel et le second son « frère » animal, de telle sorte qu'elle se trouve déjà être, en elle-même, proie. La prédation, dans cette configuration, s'inscrit dans une relation entre sexes opposés ; elle n'est plus ici réversible, car la différence entre les termes est relancée. Proie, la femme occupe une position défavorisée face aux hommes, étant objet, sans être sujet, d'une tension prédatrice. Je considère enfin les ja (maîtres) qui, comme les morts et les Juruá, ne sont pas affins mais ennemis dans toute leur puissance. Si chacun a son maître, si chacun a son « âme », le maître a fonction de sujet. Le ja est seulement maître face à l'Autre ; il n'est jamais maître de quelqu'un/quelque chose en soi. Envisagé ainsi en tant que personne/sujet du réseau de relations sociocosmologiques, le ja est également un médiateur du mode relationnel de la prédation. En conclusion, j'avance que les morts sont pour les Juruá ce que les ja sont pour les affins proches. Si les deux premiers doivent être le point distant du noeud relationnel, les deux derniers sont les proies vitales pour la constitution fondamentale de soi. Et entre ces deux extrêmes, les médiateurs nous suggèrent assumer une fonction paradoxale. Cette recherche est circonscrite à une région composée de plusieurs affluents du lac Guaíba, localisée à l'extrême sud du Brésil, dans laquelle j'ai réalisé des études ethnographiques ces dix dernières années. / Nesta tese proponho pensar como os Guarani-Mbyá significam e estabelecem relações com seus Outros. A partir do idioma teórico da predação, que parece encontrar seu lugar entre os Mbyá em uma política de recusa ao conflito, faço atenção aos pares mbyá/juruá (não indígenas), feminino/masculino, vivos/mortos e, de modo geral, presa/predador em um horizonte delineado em aberturas e fechamentos ao “sistema do juruá”. No que concerne à qualidade da relação entre vivos e mortos, a instabilidade se encontra em ñe’ë (principio vital) e ãngue (sombra, espectro) transpassada por ete (corpo), no interstício do risco e da captura de fato. A propagação da produção da diferença entre ambos inclui a necessidade da distância sem a negação de uma relação intensa. O mesmo ocorre no par mbyá/juruá, que por serem estes últimos também Outros distantes, enfraquecem o corpo dos primeiros em razão de seu modo de ser, por sua comida e suas atitudes. Se a mediação com os mortos passa pelos xamãs, com os Juruá em geral os mediadores predadores são os aliados juruá. Já a relação com Outros próximos, os afins, exige uma tentativa de transformação para que venham a ser como o sujeito que os aproxima, com um limite de negatividade. Não se quer transformar realmente esse Outro em igual, pois se perderia por inteiro sua outridade. Inspirada em alguns autores americanistas, sigo o argumento de que a mulher mbyá é intrinsecamente feita de dois cunhados: o primeiro trata-se de seu irmão real e o segundo de seu “irmão” animal, já que ela em si é uma presa. A predação, nessa direção, se inscreve em uma relação de sexos opostos; ela deixa de ser reversível, já que a diferença entre os termos é relançada. Assim como a presa, a mulher ocupa uma posição desfavorecida face aos homens, sendo objeto e não sujeito de uma tensão predatória. No que diz respeito aos ja (donos-mestres), que assim como os mortos e os Juruá não são afins mas inimigos em toda sua potência, tratam-se de um aspecto de pessoa/sujeito da rede de relações sociocosmológicas. Se tudo tem seu dono, tem sua “alma”, o dono tem função de eu. O ja só se torna dono diante de Outro e jamais diante daquilo que é intitulado dono. Ele também é um mediador do modo relacional da predação. Sendo assim, sugiro para fins de reflexão que os mortos estão para os Juruá assim como os ja estão para os afins próximos. Pois se os dois primeiros devem ser o ponto distante do laço relacional, os dois últimos são as presas vitais para a constituição primeira de si. E entre esses dois extremos, os mediadores indicam assumir função paradoxal. O cenário da presente pesquisa está circunscrito a uma dada região de arroios afluentes ao Lago Guaíba, localizada no extremo sul do Brasil e na qual nos últimos dez anos tenho me dedicado a desenvolver estudos de cunho etnográfico.
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Da instabilidade e dos afetos : pacificando relações, amansando outros : cosmopolítica guarani-mbyá (Lago Guaíba/RS-Brasil)Machado, Maria Paula Prates January 2013 (has links)
Dans cette thèse, je propose d'envisager comment les Guarani-Mbyá donnent sens et établissent des relations avec leurs Autres. À partir du langage théorique de la prédation, qui trouve à s'exprimer chez les Mbyá dans une politique de refus du conflit, je focalise mon attention sur les couples mbyá/juruá (non-indigène), féminin/masculin, vivants/morts et, d'une façon générale, proie/prédateur, au sein d'une scène qui s'étend aux ouvertures et aux fermetures du « système du juruá ». L'instabilité de la relation entre vivants et morts se joue dans ñe'ë (principe vital) et ãngue (ombre, spectre) en passant par ete (corps), à l'interstice du risque et de la capture avérée, dans lequel résident les Autres. La propagation de la production de la différence entre morts et vivants implique la nécessité d'une distance qui ne nie pas pour autant l'intensité de la relation. Les mêmes réflexions s'appliquent au couple mbyá/juruá. Les seconds, pour être eux aussi des Autres distants, fragilisent le corps des premiers en raison de leur mode de vie, leur nourriture et leurs attitudes. Alors que la médiation avec les morts implique les chamans, ce sont ici les alliés juruá qui font office de médiateurs prédateurs entre les Mbyá et les Juruá en général. Quant à la relation des Mbyá avec leurs affins, celle-ci exige déjà une tentative de transformation qui fasse de ces Autres proches des sujets approchants, selon la limite d'un principe de négativité. Il ne s'agit pas de transformer cet Autre en égal, car celui-ci perdrait alors tout entier son statut d'autre. En m'inspirant de la thèse de plusieurs auteurs américanistes, je développe l'argument selon lequel la femme Mbyá est intrinsèquement constituée par deux beaux-frères, le premier étant son frère réel et le second son « frère » animal, de telle sorte qu'elle se trouve déjà être, en elle-même, proie. La prédation, dans cette configuration, s'inscrit dans une relation entre sexes opposés ; elle n'est plus ici réversible, car la différence entre les termes est relancée. Proie, la femme occupe une position défavorisée face aux hommes, étant objet, sans être sujet, d'une tension prédatrice. Je considère enfin les ja (maîtres) qui, comme les morts et les Juruá, ne sont pas affins mais ennemis dans toute leur puissance. Si chacun a son maître, si chacun a son « âme », le maître a fonction de sujet. Le ja est seulement maître face à l'Autre ; il n'est jamais maître de quelqu'un/quelque chose en soi. Envisagé ainsi en tant que personne/sujet du réseau de relations sociocosmologiques, le ja est également un médiateur du mode relationnel de la prédation. En conclusion, j'avance que les morts sont pour les Juruá ce que les ja sont pour les affins proches. Si les deux premiers doivent être le point distant du noeud relationnel, les deux derniers sont les proies vitales pour la constitution fondamentale de soi. Et entre ces deux extrêmes, les médiateurs nous suggèrent assumer une fonction paradoxale. Cette recherche est circonscrite à une région composée de plusieurs affluents du lac Guaíba, localisée à l'extrême sud du Brésil, dans laquelle j'ai réalisé des études ethnographiques ces dix dernières années. / Nesta tese proponho pensar como os Guarani-Mbyá significam e estabelecem relações com seus Outros. A partir do idioma teórico da predação, que parece encontrar seu lugar entre os Mbyá em uma política de recusa ao conflito, faço atenção aos pares mbyá/juruá (não indígenas), feminino/masculino, vivos/mortos e, de modo geral, presa/predador em um horizonte delineado em aberturas e fechamentos ao “sistema do juruá”. No que concerne à qualidade da relação entre vivos e mortos, a instabilidade se encontra em ñe’ë (principio vital) e ãngue (sombra, espectro) transpassada por ete (corpo), no interstício do risco e da captura de fato. A propagação da produção da diferença entre ambos inclui a necessidade da distância sem a negação de uma relação intensa. O mesmo ocorre no par mbyá/juruá, que por serem estes últimos também Outros distantes, enfraquecem o corpo dos primeiros em razão de seu modo de ser, por sua comida e suas atitudes. Se a mediação com os mortos passa pelos xamãs, com os Juruá em geral os mediadores predadores são os aliados juruá. Já a relação com Outros próximos, os afins, exige uma tentativa de transformação para que venham a ser como o sujeito que os aproxima, com um limite de negatividade. Não se quer transformar realmente esse Outro em igual, pois se perderia por inteiro sua outridade. Inspirada em alguns autores americanistas, sigo o argumento de que a mulher mbyá é intrinsecamente feita de dois cunhados: o primeiro trata-se de seu irmão real e o segundo de seu “irmão” animal, já que ela em si é uma presa. A predação, nessa direção, se inscreve em uma relação de sexos opostos; ela deixa de ser reversível, já que a diferença entre os termos é relançada. Assim como a presa, a mulher ocupa uma posição desfavorecida face aos homens, sendo objeto e não sujeito de uma tensão predatória. No que diz respeito aos ja (donos-mestres), que assim como os mortos e os Juruá não são afins mas inimigos em toda sua potência, tratam-se de um aspecto de pessoa/sujeito da rede de relações sociocosmológicas. Se tudo tem seu dono, tem sua “alma”, o dono tem função de eu. O ja só se torna dono diante de Outro e jamais diante daquilo que é intitulado dono. Ele também é um mediador do modo relacional da predação. Sendo assim, sugiro para fins de reflexão que os mortos estão para os Juruá assim como os ja estão para os afins próximos. Pois se os dois primeiros devem ser o ponto distante do laço relacional, os dois últimos são as presas vitais para a constituição primeira de si. E entre esses dois extremos, os mediadores indicam assumir função paradoxal. O cenário da presente pesquisa está circunscrito a uma dada região de arroios afluentes ao Lago Guaíba, localizada no extremo sul do Brasil e na qual nos últimos dez anos tenho me dedicado a desenvolver estudos de cunho etnográfico.
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Da instabilidade e dos afetos : pacificando relações, amansando outros : cosmopolítica guarani-mbyá (Lago Guaíba/RS-Brasil)Machado, Maria Paula Prates January 2013 (has links)
Dans cette thèse, je propose d'envisager comment les Guarani-Mbyá donnent sens et établissent des relations avec leurs Autres. À partir du langage théorique de la prédation, qui trouve à s'exprimer chez les Mbyá dans une politique de refus du conflit, je focalise mon attention sur les couples mbyá/juruá (non-indigène), féminin/masculin, vivants/morts et, d'une façon générale, proie/prédateur, au sein d'une scène qui s'étend aux ouvertures et aux fermetures du « système du juruá ». L'instabilité de la relation entre vivants et morts se joue dans ñe'ë (principe vital) et ãngue (ombre, spectre) en passant par ete (corps), à l'interstice du risque et de la capture avérée, dans lequel résident les Autres. La propagation de la production de la différence entre morts et vivants implique la nécessité d'une distance qui ne nie pas pour autant l'intensité de la relation. Les mêmes réflexions s'appliquent au couple mbyá/juruá. Les seconds, pour être eux aussi des Autres distants, fragilisent le corps des premiers en raison de leur mode de vie, leur nourriture et leurs attitudes. Alors que la médiation avec les morts implique les chamans, ce sont ici les alliés juruá qui font office de médiateurs prédateurs entre les Mbyá et les Juruá en général. Quant à la relation des Mbyá avec leurs affins, celle-ci exige déjà une tentative de transformation qui fasse de ces Autres proches des sujets approchants, selon la limite d'un principe de négativité. Il ne s'agit pas de transformer cet Autre en égal, car celui-ci perdrait alors tout entier son statut d'autre. En m'inspirant de la thèse de plusieurs auteurs américanistes, je développe l'argument selon lequel la femme Mbyá est intrinsèquement constituée par deux beaux-frères, le premier étant son frère réel et le second son « frère » animal, de telle sorte qu'elle se trouve déjà être, en elle-même, proie. La prédation, dans cette configuration, s'inscrit dans une relation entre sexes opposés ; elle n'est plus ici réversible, car la différence entre les termes est relancée. Proie, la femme occupe une position défavorisée face aux hommes, étant objet, sans être sujet, d'une tension prédatrice. Je considère enfin les ja (maîtres) qui, comme les morts et les Juruá, ne sont pas affins mais ennemis dans toute leur puissance. Si chacun a son maître, si chacun a son « âme », le maître a fonction de sujet. Le ja est seulement maître face à l'Autre ; il n'est jamais maître de quelqu'un/quelque chose en soi. Envisagé ainsi en tant que personne/sujet du réseau de relations sociocosmologiques, le ja est également un médiateur du mode relationnel de la prédation. En conclusion, j'avance que les morts sont pour les Juruá ce que les ja sont pour les affins proches. Si les deux premiers doivent être le point distant du noeud relationnel, les deux derniers sont les proies vitales pour la constitution fondamentale de soi. Et entre ces deux extrêmes, les médiateurs nous suggèrent assumer une fonction paradoxale. Cette recherche est circonscrite à une région composée de plusieurs affluents du lac Guaíba, localisée à l'extrême sud du Brésil, dans laquelle j'ai réalisé des études ethnographiques ces dix dernières années. / Nesta tese proponho pensar como os Guarani-Mbyá significam e estabelecem relações com seus Outros. A partir do idioma teórico da predação, que parece encontrar seu lugar entre os Mbyá em uma política de recusa ao conflito, faço atenção aos pares mbyá/juruá (não indígenas), feminino/masculino, vivos/mortos e, de modo geral, presa/predador em um horizonte delineado em aberturas e fechamentos ao “sistema do juruá”. No que concerne à qualidade da relação entre vivos e mortos, a instabilidade se encontra em ñe’ë (principio vital) e ãngue (sombra, espectro) transpassada por ete (corpo), no interstício do risco e da captura de fato. A propagação da produção da diferença entre ambos inclui a necessidade da distância sem a negação de uma relação intensa. O mesmo ocorre no par mbyá/juruá, que por serem estes últimos também Outros distantes, enfraquecem o corpo dos primeiros em razão de seu modo de ser, por sua comida e suas atitudes. Se a mediação com os mortos passa pelos xamãs, com os Juruá em geral os mediadores predadores são os aliados juruá. Já a relação com Outros próximos, os afins, exige uma tentativa de transformação para que venham a ser como o sujeito que os aproxima, com um limite de negatividade. Não se quer transformar realmente esse Outro em igual, pois se perderia por inteiro sua outridade. Inspirada em alguns autores americanistas, sigo o argumento de que a mulher mbyá é intrinsecamente feita de dois cunhados: o primeiro trata-se de seu irmão real e o segundo de seu “irmão” animal, já que ela em si é uma presa. A predação, nessa direção, se inscreve em uma relação de sexos opostos; ela deixa de ser reversível, já que a diferença entre os termos é relançada. Assim como a presa, a mulher ocupa uma posição desfavorecida face aos homens, sendo objeto e não sujeito de uma tensão predatória. No que diz respeito aos ja (donos-mestres), que assim como os mortos e os Juruá não são afins mas inimigos em toda sua potência, tratam-se de um aspecto de pessoa/sujeito da rede de relações sociocosmológicas. Se tudo tem seu dono, tem sua “alma”, o dono tem função de eu. O ja só se torna dono diante de Outro e jamais diante daquilo que é intitulado dono. Ele também é um mediador do modo relacional da predação. Sendo assim, sugiro para fins de reflexão que os mortos estão para os Juruá assim como os ja estão para os afins próximos. Pois se os dois primeiros devem ser o ponto distante do laço relacional, os dois últimos são as presas vitais para a constituição primeira de si. E entre esses dois extremos, os mediadores indicam assumir função paradoxal. O cenário da presente pesquisa está circunscrito a uma dada região de arroios afluentes ao Lago Guaíba, localizada no extremo sul do Brasil e na qual nos últimos dez anos tenho me dedicado a desenvolver estudos de cunho etnográfico.
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Os Kalankó, Karuazu, Koiupanká e Katokinn : resistência e ressurgência indígena no alto sertão Alagoano / The Kalanko, Karuazu, Koiupanka and Katokinn: resistence and resurgence in the High Sertão Alagoano, BrasilAmorim, Siloé Soares de January 2010 (has links)
Os Kalankó, Karuazu, Katokinn e Koiupanka. desde 1998 vem reaparecendo no cenário étnico-político como índios resistentes. Como tais, demandam do Órgão indigenista oficial, a FUNAI, reconhecimento, delimitação e demarcação etnicoterritorial. A forma particular como reapareceram marcou os quatro povos: uma aparição pública coletiva chamada "festa do ressurgimento". Apresentando-se de forma similar, mas em espaço físico e temporal distintos, o reaparecimento étnico dos KKKK tem como pano de fundo o processo hist6rico e a trajet6ria (dispersão e reagrupamento) desses grupos como "rama" e "ponta de rama" (dos Pankararu, seus ascendentes) no Alto Sertão alagoano. A pesquisa de campo desenvolve-se, paralelamente, no registro fílmico-fotográfico desses eventos e na reconstrução de seus etnônimos e observa, em seu conjunto, as relações entre a representação indígena e a imagem "como um retorno a si mesmo" como uma forma de entrever o passado desses povos em imagens do presente, nas quais os indivíduos e suas comunidades compõem sua própria forma de "mostrar-se" ao mundo com "novas" especificidades étnicas, numa tentativa de restaurar também sua memória, o que permite, nesta pesquisa, caracterizar o tratamento hist6rico atribuído aos índios, enquanto que, paralelamente, o registro imagético possibilita também formar arquivos dos mesmos no Brasil. / Since 1998 the Kalankó, Karuazu, Katokinn and Koiupanka have been reappearing throughout the ethnic-political scene as resistant Indians. As such, they have demanded from Funai, the official indigenist office, their official recognition, as well as the measurement and official establishment of their ethnic territories. The singular way in which they have reappeared has marked the four peoples: a collective public appearance named the reappearance feast". Showing themselves in a similar way, but in distinct physical and temporal spaces, the ethnic reappearance of the KKKK branch has had as backdrop the historical process and journey (breaking up and regrouping) of these groups as "branch" and "end of branch" (from their ascendants, the Pankararu) in the highlands of Alagoas state. Meanwhile, in the same time frame, fieldwork is developed, overall, using filmic-photographic register of these events observing as well the reconstruction of their ethnic-names, including the relationships between indigenous self-presentation and image "as a return upon oneself'. This is a way to see the past of these peoples and the images of their actuality, in which individuals and their communities compose their own form of "showing themselves off' to the world with "new" ethnic specificities, as an attempt to bring back their memories. All of this allows this research to characterize the historical treatment given to the Indians while, at the same time, the imagetic registration also allows the formation of archives about them in Brazil.
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Os Kalankó, Karuazu, Koiupanká e Katokinn : resistência e ressurgência indígena no alto sertão Alagoano / The Kalanko, Karuazu, Koiupanka and Katokinn: resistence and resurgence in the High Sertão Alagoano, BrasilAmorim, Siloé Soares de January 2010 (has links)
Os Kalankó, Karuazu, Katokinn e Koiupanka. desde 1998 vem reaparecendo no cenário étnico-político como índios resistentes. Como tais, demandam do Órgão indigenista oficial, a FUNAI, reconhecimento, delimitação e demarcação etnicoterritorial. A forma particular como reapareceram marcou os quatro povos: uma aparição pública coletiva chamada "festa do ressurgimento". Apresentando-se de forma similar, mas em espaço físico e temporal distintos, o reaparecimento étnico dos KKKK tem como pano de fundo o processo hist6rico e a trajet6ria (dispersão e reagrupamento) desses grupos como "rama" e "ponta de rama" (dos Pankararu, seus ascendentes) no Alto Sertão alagoano. A pesquisa de campo desenvolve-se, paralelamente, no registro fílmico-fotográfico desses eventos e na reconstrução de seus etnônimos e observa, em seu conjunto, as relações entre a representação indígena e a imagem "como um retorno a si mesmo" como uma forma de entrever o passado desses povos em imagens do presente, nas quais os indivíduos e suas comunidades compõem sua própria forma de "mostrar-se" ao mundo com "novas" especificidades étnicas, numa tentativa de restaurar também sua memória, o que permite, nesta pesquisa, caracterizar o tratamento hist6rico atribuído aos índios, enquanto que, paralelamente, o registro imagético possibilita também formar arquivos dos mesmos no Brasil. / Since 1998 the Kalankó, Karuazu, Katokinn and Koiupanka have been reappearing throughout the ethnic-political scene as resistant Indians. As such, they have demanded from Funai, the official indigenist office, their official recognition, as well as the measurement and official establishment of their ethnic territories. The singular way in which they have reappeared has marked the four peoples: a collective public appearance named the reappearance feast". Showing themselves in a similar way, but in distinct physical and temporal spaces, the ethnic reappearance of the KKKK branch has had as backdrop the historical process and journey (breaking up and regrouping) of these groups as "branch" and "end of branch" (from their ascendants, the Pankararu) in the highlands of Alagoas state. Meanwhile, in the same time frame, fieldwork is developed, overall, using filmic-photographic register of these events observing as well the reconstruction of their ethnic-names, including the relationships between indigenous self-presentation and image "as a return upon oneself'. This is a way to see the past of these peoples and the images of their actuality, in which individuals and their communities compose their own form of "showing themselves off' to the world with "new" ethnic specificities, as an attempt to bring back their memories. All of this allows this research to characterize the historical treatment given to the Indians while, at the same time, the imagetic registration also allows the formation of archives about them in Brazil.
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Os Kalankó, Karuazu, Koiupanká e Katokinn : resistência e ressurgência indígena no alto sertão Alagoano / The Kalanko, Karuazu, Koiupanka and Katokinn: resistence and resurgence in the High Sertão Alagoano, BrasilAmorim, Siloé Soares de January 2010 (has links)
Os Kalankó, Karuazu, Katokinn e Koiupanka. desde 1998 vem reaparecendo no cenário étnico-político como índios resistentes. Como tais, demandam do Órgão indigenista oficial, a FUNAI, reconhecimento, delimitação e demarcação etnicoterritorial. A forma particular como reapareceram marcou os quatro povos: uma aparição pública coletiva chamada "festa do ressurgimento". Apresentando-se de forma similar, mas em espaço físico e temporal distintos, o reaparecimento étnico dos KKKK tem como pano de fundo o processo hist6rico e a trajet6ria (dispersão e reagrupamento) desses grupos como "rama" e "ponta de rama" (dos Pankararu, seus ascendentes) no Alto Sertão alagoano. A pesquisa de campo desenvolve-se, paralelamente, no registro fílmico-fotográfico desses eventos e na reconstrução de seus etnônimos e observa, em seu conjunto, as relações entre a representação indígena e a imagem "como um retorno a si mesmo" como uma forma de entrever o passado desses povos em imagens do presente, nas quais os indivíduos e suas comunidades compõem sua própria forma de "mostrar-se" ao mundo com "novas" especificidades étnicas, numa tentativa de restaurar também sua memória, o que permite, nesta pesquisa, caracterizar o tratamento hist6rico atribuído aos índios, enquanto que, paralelamente, o registro imagético possibilita também formar arquivos dos mesmos no Brasil. / Since 1998 the Kalankó, Karuazu, Katokinn and Koiupanka have been reappearing throughout the ethnic-political scene as resistant Indians. As such, they have demanded from Funai, the official indigenist office, their official recognition, as well as the measurement and official establishment of their ethnic territories. The singular way in which they have reappeared has marked the four peoples: a collective public appearance named the reappearance feast". Showing themselves in a similar way, but in distinct physical and temporal spaces, the ethnic reappearance of the KKKK branch has had as backdrop the historical process and journey (breaking up and regrouping) of these groups as "branch" and "end of branch" (from their ascendants, the Pankararu) in the highlands of Alagoas state. Meanwhile, in the same time frame, fieldwork is developed, overall, using filmic-photographic register of these events observing as well the reconstruction of their ethnic-names, including the relationships between indigenous self-presentation and image "as a return upon oneself'. This is a way to see the past of these peoples and the images of their actuality, in which individuals and their communities compose their own form of "showing themselves off' to the world with "new" ethnic specificities, as an attempt to bring back their memories. All of this allows this research to characterize the historical treatment given to the Indians while, at the same time, the imagetic registration also allows the formation of archives about them in Brazil.
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