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A medicalização do sofrimento psíquico: uma análise sob a perspectiva da teoria da subjetividadeVera, Mariana dos Reis 25 August 2017 (has links)
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Previous issue date: 2017 / Esta dissertação teve como objetivo compreender as produções subjetivas relacionadas ao processo de medicalização do sofrimento psíquico a partir do referencial teórico da Teoria da Subjetividade, postulada por González Rey (2003). Trata-se de uma alternativa aos modelos hegemônicos atuais de atenção à saúde na compreensão complexa das questões implicadas nos processos de saúde e doença, a partir da concepção de subjetividade em uma perspectiva histórico-cultural. A análise das informações se deu por meio de um estudo de caso, apoiada nos princípios da Epistemologia Qualitativa, que concebe a produção de conhecimento enquanto processo construtivo-interpretativo, singular e dialógico. O estudo foi realizado em uma clínica de psicologia da rede privada do Distrito Federal. Nesse estudo, por meio de sistemas conversacionais e completamento de frases, foi possível explicar os processos subjetivos que se organizam no desenvolvimento de um transtorno psíquico e avançar na compreensão do caráter subjetivo da medicalização e na representação do medicamento enquanto produção subjetiva. Com base na construção das informações, avançamos na compreensão do transtorno mental como uma configuração subjetiva de sentidos diversos, relacionados à história de vida, ao contexto atual e à cultura na qual a pessoa se desenvolve e não como condição da pessoa. Entendemos que a construção teórica como forma de representar o transtorno mental pode favorecer a elaboração de estratégias na prática psicoterápica, que permitam ao sujeito novas produções subjetivas por meio de reflexões e ações direcionadas à reconfiguração subjetiva de seu mal-estar. A partir das informações e construções do estudo de caso, reconhecemos a emergência do sujeito e a mudança no modo de vida como fatores essenciais na evolução favorável do adoecimento psíquico e de importante contribuição à saúde. A medicalização está configurada na condição subjetiva da pessoa que sofre o adoecimento psíquico e na subjetividade social dos processos de saúde e doença nos espaços em que a pessoa está inserida. No curso da pesquisa, foi possível analisar que o medicamento aparece subjetivado através de múltiplos sentidos subjetivos, que se integram na experiência do adoecimento. Na compreensão do caráter subjetivo da medicalização, avançou-se em uma representação do medicamento enquanto produção subjetiva. O valor heurístico do modelo teórico desenvolvido na pesquisa reside na inteligibilidade sobre as formas concretas em que o processo de medicalização repercute na vivência do sujeito.
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A medicalização do sofrimento psíquico: uma análise sob a perspectiva da teoria da subjetividadeVera, Mariana dos Reis 25 August 2017 (has links)
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Previous issue date: 2017 / Esta dissertação teve como objetivo compreender as produções subjetivas relacionadas ao processo de medicalização do sofrimento psíquico a partir do referencial teórico da Teoria da Subjetividade, postulada por González Rey (2003). Trata-se de uma alternativa aos modelos hegemônicos atuais de atenção à saúde na compreensão complexa das questões implicadas nos processos de saúde e doença, a partir da concepção de subjetividade em uma perspectiva histórico-cultural. A análise das informações se deu por meio de um estudo de caso, apoiada nos princípios da Epistemologia Qualitativa, que concebe a produção de conhecimento enquanto processo construtivo-interpretativo, singular e dialógico. O estudo foi realizado em uma clínica de psicologia da rede privada do Distrito Federal. Nesse estudo, por meio de sistemas conversacionais e completamento de frases, foi possível explicar os processos subjetivos que se organizam no desenvolvimento de um transtorno psíquico e avançar na compreensão do caráter subjetivo da medicalização e na representação do medicamento enquanto produção subjetiva. Com base na construção das informações, avançamos na compreensão do transtorno mental como uma configuração subjetiva de sentidos diversos, relacionados à história de vida, ao contexto atual e à cultura na qual a pessoa se desenvolve e não como condição da pessoa. Entendemos que a construção teórica como forma de representar o transtorno mental pode favorecer a elaboração de estratégias na prática psicoterápica, que permitam ao sujeito novas produções subjetivas por meio de reflexões e ações direcionadas à reconfiguração subjetiva de seu mal-estar. A partir das informações e construções do estudo de caso, reconhecemos a emergência do sujeito e a mudança no modo de vida como fatores essenciais na evolução favorável do adoecimento psíquico e de importante contribuição à saúde. A medicalização está configurada na condição subjetiva da pessoa que sofre o adoecimento psíquico e na subjetividade social dos processos de saúde e doença nos espaços em que a pessoa está inserida. No curso da pesquisa, foi possível analisar que o medicamento aparece subjetivado através de múltiplos sentidos subjetivos, que se integram na experiência do adoecimento. Na compreensão do caráter subjetivo da medicalização, avançou-se em uma representação do medicamento enquanto produção subjetiva. O valor heurístico do modelo teórico desenvolvido na pesquisa reside na inteligibilidade sobre as formas concretas em que o processo de medicalização repercute na vivência do sujeito.
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Uso de psicofármacos por idosos cadastrados em unidade de saúde da família da cidade do RecifeMonteiro Navarro Marques de Oliveira, Leila 31 January 2009 (has links)
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Previous issue date: 2009 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / O consumo de psicofármacos vem apresentando crescimento nas últimas décadas, em todo o
mundo. Por tratar-se de substância psicoativa, seu uso na população idosa exige cuidados
redobrados, uma vez que as alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas comuns na
velhice acentuam os riscos de reações adversas. Resulta desse fato a importância de estudos
sobre o assunto, de forma a propiciar o uso racional dessa classe terapêutica na população
geriátrica. O objetivo desse estudo foi conhecer a prevalência de uso, padrão de consumo
destes psicofármacos e sua associação com fatores demográficos e socioeconômicos,
condições de saúde e utilização de serviços de saúde na população residente em área de
abrangência da Estratégia Saúde da Família da cidade do Recife. O estudo foi do tipo
transversal, de base populacional; a amostra foi composta de 310 idosos selecionados por
sorteio aleatório simples e a coleta dos dados feita através de entrevista domiciliar. O
questionário foi elaborado com base no instrumento multidimensional Brazil old age
Schedule Boas. A prevalência de uso de psicofármacos encontrada nesse estudo foi de 20%.
O grupo de psicofármacos mais consumido foi o dos benzodiazepínicos; os idosos, em sua
maioria (66,1%), não tiveram dificuldade para adquirir o medicamento; a prescrição, na
maioria das vezes, foi feita por especialista (59,7%), e a insônia foi o problema de saúde para
o qual houve maior frequência de prescrição. Quanto ao tempo de uso, 79,0% dos idosos
consomem o psicofármaco há pelo menos um ano. Na análise das associações entre o uso de
psicofármacos e as demais variáveis independentes foi verificada associação estatisticamente
significante com sexo, situação previdenciária, avaliação de saúde comparada com as pessoas
da mesma idade, número de doenças referidas, tempo em que apresenta a doença, consultas
médicas realizadas nos últimos seis meses e número de consultas médicas nesse período. Os
resultados reforçam a preocupação com o uso de psicofármacos por essa população e
demonstram a necessidade de um olhar mais aguçado sobre seus problemas de saúde, de
modo a considerar suas dores psíquicas, muitas vezes traduzidas em desconfortos físicos, e a
possibilidade da utilização de outras formas de tratamento em detrimento da terapêutica
medicamentosa
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TDAH: uma doença que se pega na escola / ADHD: a disease that you get on schoolFerreira, Giuliana Sorbara [UNESP] 29 August 2016 (has links)
Submitted by Giuliana Sorbara Ferreira null (gsorbara@hotmail.com) on 2016-10-23T22:06:07Z
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Previous issue date: 2016-08-29 / Ao longo da história médica a definição e, consequentemente, a forma de se firmar o diagnóstico do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) criou um verdadeiro engodo que culminou em uma medicalização excessiva e questionável de crianças participantes de um cenário educacional e social cada vez mais massificado pela sociedade midiática. Essa medicalização da vida, no ambiente escolar, que se realiza aliada a um processo histórico e social de disciplinarização, imposto pela biopolítica e pelo biopoder, levou a um aumento de diagnósticos visando melhorar o desempenho do aluno. Desse modo, quem não se enquadra no padrão idealizado, logo é encaixado no diagnóstico de TDAH e sua terapêutica medicamentosa, o fármaco metilfenidato. O termo diagnóstico é entendido aqui como um dispositivo, foucaultiano, que tem sempre uma função estratégica concreta e se inscreve sempre em uma relação de poder que captura e determina a conduta dos sujeitos. Christoph Türcke (2010b) nos auxilia na compreensão sobre o que se passa com essas crianças vítimas do “não-aprender” ao falar sobre os choques imagéticos; para ele o choque de imagens apresentadas pelos aparatos audiovisuais exerce uma fascinação estética, ao fornecer sempre novas imagens, que penetra em toda a vida cotidiana estabelecendo um espaço mental, em regime de atenção excessiva, nesta nova geração. Como ficará, então, a constituição humana sustentada por imagens, ou melhor, pelo choque de imagens em sua excessiva repetição? Novos padrões de socialização, dessa forma, vão se sedimentando no que se pode denominar de uma mutação subjetiva ligada às imagens, em um regime de atenção colocado em marcha pela cultura multimidiática atual denominado de distração concentrada. A educação, como parte essencial da vida civilizada atual, se tornou, ela mesma, também um desdobramento da sociedade high-tech, cujas tecnologias se sobrepõem aos sujeitos em uma progressiva alienação. Assim, o TDAH encontra-se nesse espaço em que a criança que possui o déficit de atenção é a criança da cultura atual.
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Estratégias de resistência à medicalização: a experiência francesa / Not informed by the authorMutarelli, Andreia 23 March 2017 (has links)
O fenômeno da medicalização organiza, hoje, o modo como as pessoas vivem e se compreendem. Desde os anos 1960, esse tema ganhou destaque em diversos artigos. Entendese que tal processo é complexo e, além de produzir a patologização da vida, também pode ser analisado como uma resposta a diversas necessidades humanas. Na presente pesquisa, o processo de medicalização foi pensado a partir do referencial teórico-metodológico da fenomenologia, compreendendo o homem como ser-no-mundo, cuja humanidade reside na sua essência de ser desvelador de mundo. Nessa perspectiva, a medicalização expressa um modo de compreensão técnico do mundo, um processo que busca controlar, assegurar, padronizar e prever os fenômenos multideterminados do ser humano, submetendo a complexidade deste à disciplina da medicina, que sempre poderá lhe oferecer intervenções e explicações. A resistência a esse processo torna-se um tema importante de pesquisa, dada sua abrangência e profundidade no modo de vida atual. A psiquiatria francesa apresenta resistências singulares ao hiperdiagnóstico do TDAH, uma expressão da medicalização. O trabalho de campo foi realizado na França e buscou formular articulações com o enfrentamento brasileiro. O objetivo geral desta pesquisa é investigar o sentido da resistência à medicalização, de modo a ampliar a compreensão desse fenômeno. Para tanto, dois aportes de dados foram utilizados: a análise documental dos coletivos Pas de Zéro de Conduite pour les enfants de trois ans, Lappel des appels e Stop-DSM e a análise de entrevistas com profissionais da saúde franceses. Para a análise das entrevistas, baseamo-nos na Hermenêutica da Facticidade. As entrevistas foram realizadas em formato de rede: a cada conversa a pesquisadora apresentava elementos que surgiram nas entrevistas anteriores, de modo que a própria pesquisa se tornasse um instrumento de resistência, coletivizando a discussão do tema. Assim, após a etapa de campo na França, entrevistamos Manuel Vallée, da Universidade de Auckland, cujo artigo foi citado em todas as conversas com os profissionais franceses. Como resultado, partindo das estratégias apreendidas em campo, chegamos a quatro fundamentos da resistência à medicalização na França: 1) a concepção de homem como possibilidade de ser, entendendo que ele está sempre aberto para as possibilidades que se apresentam no futuro indeterminado, resistindo à cristalização de um diagnóstico; 2) a pluralidade de práticas e métodos de pesquisa coexistindo de forma a contrapor o monismo metodológico; 3) a construção de redes como estratégia de enfrentamento à individualização/biologização das problemáticas humanas; 4) as intervenções multifocais, com cuidado multidisciplinar, considerando o contexto social, cultural e político dos usuários como enfrentamento à hiperprescrição de medicamentos pautada por interesses financeiros na área da saúde. No processo de medicalização da sociedade, o lugar de convivência entre os homens, a política, perde seu espaço para a ciência, que passa a regulamentar o modo como os homens devem viver, assegurando os resultados dos seus modos de vida. As estratégias de resistência à medicalização apreendidas nesta pesquisa apontam para o fortalecimento do campo político, âmbito em que a verdade plural vigora, como principal direcionamento desse enfrentamento / The phenomenon of medicalization organizes today how people lives and understands themselves. Since the 1960s, this subject has gained prominence in several articles. It is understood that such a process is complex and, in addition to producing the pathologization of life, it can also be analyzed as a response to various human needs. The process of medicalization was thought from the theoretical-methodological referential of the phenomenology, comprising man as a being-in-the-world, whose humanity resides in his essence of being someone who uncovers the world. In this perspective, medicalization expresses a way of technically understanding the world, a process that seeks to control, ensure, standardize, and predict the multi-determinate phenomena of the human being, subjecting its complexity to the discipline of medicine, which can always offer it interventions and explanations. The resistance to this process becomes an important research topic given its scope and depth in the current way of life. French psychiatry has unique resistances to the hyperdiagnosis of ADHD, which is an expression of medicalization. The fieldwork was carried out in France and it seeks to articulate with the Brazilian confrontation. The overall objective of this research is to investigate the meaning of resistance to medicalization, in order to broaden the understanding of this phenomenon. To that end, two data sources were used: the documentary analysis of the collectives Pas de Zéro de Conduite pour les enfants de trois ans, L\'appel des appels and Stop-DSM and the interviews with French healthcare professionals. For the analysis of the interviews, we were based on the Hermeneutics of the Facticity. The interviews were carried out in a network format: at each conversation, the investigator presented elements that were brought up in the previous interviews, so that the research itself became an instrument of opposition, collectivizing the discussion of the subject. Thus, after the field stage in France, we interviewed Manuel Vallée of the University of Auckland, whose article was quoted in all conversations with the French. As a result, we came to four elements of the resistance to medicalization in France: 1) the conception of man as a possibility of being, understanding that he is always open to the possibilities that present themselves in the indeterminate future, resisting to the crystallization of a diagnosis; 2) the plurality of practices and research methods coexisting so as to counter methodological monism; 3) the construction of networks as a strategy to confront the individualization / biologization of human problems; 4) multifocal interventions, with multidisciplinary care considering the social, cultural, and political context of the users as a confrontation with the hyperprescription of medicines guided by financial interests in the healthcare area. In the process of medicalization of society, the place of coexistence between men, the politics, loses its space for science, which governs how men should live, ensuring the results of their ways of life. The elements of the resistance to medicalization observed, point to the strengthening of the political field, in which plural truth prevails, as the main direction of this confrontation
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Estratégias de resistência à medicalização: a experiência francesa / Not informed by the authorAndreia Mutarelli 23 March 2017 (has links)
O fenômeno da medicalização organiza, hoje, o modo como as pessoas vivem e se compreendem. Desde os anos 1960, esse tema ganhou destaque em diversos artigos. Entendese que tal processo é complexo e, além de produzir a patologização da vida, também pode ser analisado como uma resposta a diversas necessidades humanas. Na presente pesquisa, o processo de medicalização foi pensado a partir do referencial teórico-metodológico da fenomenologia, compreendendo o homem como ser-no-mundo, cuja humanidade reside na sua essência de ser desvelador de mundo. Nessa perspectiva, a medicalização expressa um modo de compreensão técnico do mundo, um processo que busca controlar, assegurar, padronizar e prever os fenômenos multideterminados do ser humano, submetendo a complexidade deste à disciplina da medicina, que sempre poderá lhe oferecer intervenções e explicações. A resistência a esse processo torna-se um tema importante de pesquisa, dada sua abrangência e profundidade no modo de vida atual. A psiquiatria francesa apresenta resistências singulares ao hiperdiagnóstico do TDAH, uma expressão da medicalização. O trabalho de campo foi realizado na França e buscou formular articulações com o enfrentamento brasileiro. O objetivo geral desta pesquisa é investigar o sentido da resistência à medicalização, de modo a ampliar a compreensão desse fenômeno. Para tanto, dois aportes de dados foram utilizados: a análise documental dos coletivos Pas de Zéro de Conduite pour les enfants de trois ans, Lappel des appels e Stop-DSM e a análise de entrevistas com profissionais da saúde franceses. Para a análise das entrevistas, baseamo-nos na Hermenêutica da Facticidade. As entrevistas foram realizadas em formato de rede: a cada conversa a pesquisadora apresentava elementos que surgiram nas entrevistas anteriores, de modo que a própria pesquisa se tornasse um instrumento de resistência, coletivizando a discussão do tema. Assim, após a etapa de campo na França, entrevistamos Manuel Vallée, da Universidade de Auckland, cujo artigo foi citado em todas as conversas com os profissionais franceses. Como resultado, partindo das estratégias apreendidas em campo, chegamos a quatro fundamentos da resistência à medicalização na França: 1) a concepção de homem como possibilidade de ser, entendendo que ele está sempre aberto para as possibilidades que se apresentam no futuro indeterminado, resistindo à cristalização de um diagnóstico; 2) a pluralidade de práticas e métodos de pesquisa coexistindo de forma a contrapor o monismo metodológico; 3) a construção de redes como estratégia de enfrentamento à individualização/biologização das problemáticas humanas; 4) as intervenções multifocais, com cuidado multidisciplinar, considerando o contexto social, cultural e político dos usuários como enfrentamento à hiperprescrição de medicamentos pautada por interesses financeiros na área da saúde. No processo de medicalização da sociedade, o lugar de convivência entre os homens, a política, perde seu espaço para a ciência, que passa a regulamentar o modo como os homens devem viver, assegurando os resultados dos seus modos de vida. As estratégias de resistência à medicalização apreendidas nesta pesquisa apontam para o fortalecimento do campo político, âmbito em que a verdade plural vigora, como principal direcionamento desse enfrentamento / The phenomenon of medicalization organizes today how people lives and understands themselves. Since the 1960s, this subject has gained prominence in several articles. It is understood that such a process is complex and, in addition to producing the pathologization of life, it can also be analyzed as a response to various human needs. The process of medicalization was thought from the theoretical-methodological referential of the phenomenology, comprising man as a being-in-the-world, whose humanity resides in his essence of being someone who uncovers the world. In this perspective, medicalization expresses a way of technically understanding the world, a process that seeks to control, ensure, standardize, and predict the multi-determinate phenomena of the human being, subjecting its complexity to the discipline of medicine, which can always offer it interventions and explanations. The resistance to this process becomes an important research topic given its scope and depth in the current way of life. French psychiatry has unique resistances to the hyperdiagnosis of ADHD, which is an expression of medicalization. The fieldwork was carried out in France and it seeks to articulate with the Brazilian confrontation. The overall objective of this research is to investigate the meaning of resistance to medicalization, in order to broaden the understanding of this phenomenon. To that end, two data sources were used: the documentary analysis of the collectives Pas de Zéro de Conduite pour les enfants de trois ans, L\'appel des appels and Stop-DSM and the interviews with French healthcare professionals. For the analysis of the interviews, we were based on the Hermeneutics of the Facticity. The interviews were carried out in a network format: at each conversation, the investigator presented elements that were brought up in the previous interviews, so that the research itself became an instrument of opposition, collectivizing the discussion of the subject. Thus, after the field stage in France, we interviewed Manuel Vallée of the University of Auckland, whose article was quoted in all conversations with the French. As a result, we came to four elements of the resistance to medicalization in France: 1) the conception of man as a possibility of being, understanding that he is always open to the possibilities that present themselves in the indeterminate future, resisting to the crystallization of a diagnosis; 2) the plurality of practices and research methods coexisting so as to counter methodological monism; 3) the construction of networks as a strategy to confront the individualization / biologization of human problems; 4) multifocal interventions, with multidisciplinary care considering the social, cultural, and political context of the users as a confrontation with the hyperprescription of medicines guided by financial interests in the healthcare area. In the process of medicalization of society, the place of coexistence between men, the politics, loses its space for science, which governs how men should live, ensuring the results of their ways of life. The elements of the resistance to medicalization observed, point to the strengthening of the political field, in which plural truth prevails, as the main direction of this confrontation
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Os sentidos do não aprender na perspectiva de alunos do ensino fundamental I, professores e familiares /Marques, Jaqueline Belga. January 2018 (has links)
Orientador: Claudia Regina Mosca Giroto / Banca: Rosimar Bortolini Poker / Banca: Silvia Regina Ricco Lucato Sigolo / Resumo: A heterogeneidade humana tem sido corrompida por um amplo processo de ajustamento e padronização que, no campo da educação, dá visibilidade a uma rede de explicações medicalizadoras que buscam justificar o não aprender. Em alunos na fase inicial do processo de apropriação da linguagem escrita, o não aprender apresenta-se, cada vez mais, associado a diagnósticos de doenças e, como consequência, o processo de medicalização aumenta demasiadamente na escola. Com base em tais ideias, o presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de compreender os sentidos atribuídos ao não aprender por alunos dos anos iniciais do ensino fundamental I, identificados por seus professores como aqueles que apresentam doenças do não aprender, seus familiares e professores. De natureza descritivo-interpretativa, a presente pesquisa, subsidiada pela abordagem qualitativa, foi realizada com nove protagonistas (três alunos, três familiares e três professores). A pesquisa foi realizada com uma aluna do 1º ano, com idade de 6 anos; uma aluna de 2° ano, com 8 anos de idade e um aluno do 3º ano, com 9 anos. Para a geração de dados foi utilizado o discurso livre produzido pelos protagonistas, bem como os prontuários dos alunos. A análise empreendida se deu a partir de duas dimensões: os discursos orais e os discursos escritos, dos quais se depreenderam os seguintes eixos de análise: "Os sentidos do não aprender: implicações na constituição do aluno"; "Rótulos e classificações: implicações nos discursos esti... (Resumo completo, clicar acesso eletrônico abaixo) / Abstract: A broad process of adjustment and standardization that, in the field of education, gives visibility to a network of medicalizing explanations that seek to justify not learning has corrupted human heterogeneity. In students in the initial phase of the process of appropriation of written language, non-learning is increasingly associated with diagnoses of diseases and, as a consequence, the medicalization process increases too much in school. Based on these ideas, the present study was developed with the purpose of understanding the meanings attributed to not learning by students from the initial years of elementary school I, identified by their teachers as those who have not learned diseases, their families and teachers. From a descriptive-interpretative nature, the present research, subsidized by the qualitative approach, was carried out with nine protagonists (three students, three family members and three teachers). The research was carried out with a student of the first year, aged 6 years; a 2 nd year old student with 8 years of age and a 3 year old student with 9 years old. For the generation of data was used the free speech produced by the protagonists, as well as the student records. The analysis was carried out in two dimensions: oral discourses and written discourses, from which the following axes of analysis emerged: "The senses of not learning: implications in the constitution of the student"; "Labels and classifications: implications in stigmatizing discourses"; "T... (Complete abstract click electronic access below) / Mestre
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Medicalização escolar e o processo normatizador da coação adulta : era da palmatória química em uma sociedade hiperativa /Luengo, Fabiola Colombani. January 2016 (has links)
Orientador: Raul Aragão Martins / Banca: Marilene Proença Rebello de Souza / Banca: Elizabeth Piemonte Constantino / Banca: Eliane Giachetto Saravali / Banca: Patrícia Unger Raphael Bataglia / Resumo: Os processos de patologização e medicalização crescente da vida no mundo contemporâneo não perdoam a infância, atravessam os muros da escola e escamoteiam as desigualdades transformando-as em doenças. Respaldados por uma visão hegemônica, tal conduta resulta em tratamentos que individualizam e estigmatizam o aluno. Na procura por solucionar os problemas que emanam do âmbito escolar, desloca-se de uma discussão políticopedagógica e buscam-se soluções rápidas em tratamentos clínicos e medicamentosos, por meio de um reducionismo absoluto que culpabiliza, rotula, estigmatiza e pune o aluno. Assim, este trabalho tem como objetivo discutir de forma crítica essa visão biologizante que se tem do homem como também, analisar a medicalização como um processo proveniente da coação adulta que pode impedir o desenvolvimento moral do aluno a ponto de dificultar o alcance da autonomia. Com a hipótese de que os distúrbios de aprendizagem são invenções oportunistas e estratégicas das indústrias farmacológicas, optamos pelo método da triangulação com o intuito de aumentar a credibilidade ao fazermos uma comparação das diferentes escolas pesquisadas no campo, que inclusive deu origem a uma triangulação que contempla três escolas brasileiras e outra que une Brasil, Chile e França. Tal estratégia metodológica nos possibilitou verificar que somente a escola tradicional opta por encaminhar seus alunos aos profissionais da saúde; as escolas democráticas não cogitam essa ideia e lidam com a prática educacional de forma diferente. Como forma de sustentar a pesquisa como um todo, adotamos uma coerência metodológica ao optar também pela triangulação teórica que colaborou para uma reflexão sobre as práticas sociais e educativas, a partir de apontamentos teóricos existentes nas teorias de Ivan Illich, Michel Foucault e de alguns conceitos consolidados da teoria de Jean Piaget. / Abstract: The pathological processes and increasing medicalization of life in the contemporary world does not forgive a child, go through the school walls and not think inequalities turning them into diseases. Backed by a hegemonic vision, such conduct results in treatments that individualize and stigmatize students. In the search for solving the problems emanating from the school setting, it moves from a political-pedagogical discussion and look up quick solutions in medical and drug treatments through an absolute reductionism that blames, letters, stigmatizes and punishes the student. This work aims to discuss critically this biologizing vision about the man as well as analyze the medicalization as a process from the adult constraint that can prevent moral development of the student as to hinder the achievement of autonomy. With the hypothesis that learning disabilities are opportunistic and strategic inventions of pharmaceutical industries, we chose the triangulation method in order to enhance credibility by doing a comparison of different schools surveyed in the field, which even led to a triangulation which includes three Brazilian schools and another that joins Brazil, Chile and France. Through this triangulation we see that only the traditional school chooses to send their students to health professionals; democratic schools do not set their minds this idea and deal with educational practice differently. As a way of supporting research as a whole, we have adopted a methodological coherence to also opt for theoretical triangulation that contributed to a reflection on the social and educational practices from existing theoretical approaches in the theories of Ivan Illich, Michel Foucault and some concepts consolidated from Jean Piaget's theory. / Doutor
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A formação do psicólogo e a medicalização das dificuldades de aprendizagem /Firbida, Fabíola Batista Gomes. January 2017 (has links)
Orientador: Mário Sérgio Vasconcelos / Banca: Leonardo Lemos de Souza / Banca: Elizabeth Piemonte Constantino / Banca: Rosana Aparecida Albuquerque Bonadio / Banca: Solange Pereira Marques Rossato / Resumo: A medicalização é um processo ideológico que transforma problemas de ordem social em biológicos e tem sido legitimada pela Psicologia em vários momentos históricos, para ocultar desigualdades sociais, colocando sobre o indivíduo a causa e a responsabilidade por seu "fracasso". Atualmente se constata, na área educacional, um crescente número de crianças sendo medicadas com supostos transtornos de aprendizagem, evidenciando, assim, um período denominado de "Era dos Transtornos". Buscando desvelar esse fenômeno, esta pesquisa analisou criticamente a relação do processo de patologização e a apropriação do conhecimento psicológico pela medicina no projeto de modernização da sociedade brasileira, bem como a medicalização da educação a partir do resgate histórico da formação do psicólogo no Brasil. Mais especificamente, o objetivo desta pesquisa foi verificar, junto a cursos de graduação em Psicologia, como os alunos estão sendo instrumentalizados a se posicionarem diante da problemática da medicalização. Nessa perspectiva, este estudo questiona: Os cursos de graduação têm refletido sobre esta temática? Quais eram as vertentes de discussão sobre a medicalização e as dificuldades de aprendizagem? Que abordagens serviram de fundamentação? A fim de responder a estas questões, realizou-se um estudo de campo com professores de cursos de Formação em Psicologia de três universidades públicas do estado do Paraná. Os Planos de Ensino dessas universidades foram analisados e procedeu-se às... (Resumo completo, clicar acesso eletrônico abaixo) / Abstract: Medicalization is an ideological process that transforms social problems into biological issues and has been legitimized by Psychology in several historical moments to hide social inequalities, placing on the individual the cause and the responsibility for its "failure". Currently, in the educational area, an increasing number of children are being medicated with supposed learning disorders, thus evidencing a period called the "Age of Disorders". Seeking to unveil this phenomenon, this research critically analyzed the relationship of the process of pathologization and the appropriation of psychological knowledge by medicine in the modernization project of Brazilian society, as well as the medicalization of education from the historical rescue of the psychologist's training in Brazil. More specifically, the objective of this research was to verify, together with undergraduate courses in Psychology, how students are being instrumented to position themselves in the face of the medicalization problem. From this perspective, this study asks: Do the undergraduate courses reflect on this subject? What were the areas of discussion about medicalization and learning difficulties? What approaches served as a basis? In order to answer these questions, a field study was conducted with teachers of Psychology faculties at three public universities in the state of Paraná. The Teaching Plans of these faculties were analyzed and the interviews with those teachers were carried out... (Complete abstract click electronic access below) / Doutor
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Da criança a matar à morte da criança: reflexões psicanalíticas sobre a medicalização na infância / Not informed by the authorKamers, Michele 18 May 2018 (has links)
A partir da investigação dos determinantes históricos e sociais que transformaram a escola em um dispositivo regulador da inclusão da criança no domínio do saber médico psiquiátrico, busca-se discutir o lugar e a função que a medicalização na infância tem ocupado no laço social, fundamentalmente, para as instituições que se ocupam da criança na atualidade. Para tanto, retoma de que maneira se produziu a constituição de um saber e de discursos psicológicos e psiquiátricos sobre a criança, investigando de que maneira esses discursos produzem obstáculos ao processo educativo e civilizatório, numa lógica em que o mal-estar, quando não reconhecido, retorna ao discurso sob a forma de patologia. Ocasião em que a criança é transformada em objeto de amor eterno ou de pesquisa científica, impedindo a morte da representação narcísica primária do infans no laço social que, organizado a partir do discurso da ciência e do capitalismo, sustenta a promessa do encontro entre o ideal e o sujeito numa lógica em que a medicalização sustenta a possibilidade de realização dessa promessa, mesmo às custas da morte do sujeito / From the investigation of historic and social determinants which have transformed the school into a regulator of the inclusion of the child in the medical psychiatrical knowledge domain, this work seeks to discuss the place and role that medicalization during the childhood has occupied in the social bond, fundamentally, for the institutions that deal with children nowadays. To do this, it revisits the ways that led to the production of a knowledge constitution as well as the psychological and psychiatrical discourses about the child, investigating how these discourses produce obstacles in the educational and civilization process, in a logic in which malaise, when not recognized, returns to the discourse as a pathology. In this occasion, the child is transformed into an object of eternal love or scientific research, preventing the death of the primary narcissistic representation of the infans in the social bond which, when organized by the discourse of science and capitalism, sustains the promise of the encounter between the ideal and the subject in a logic in which medicalization sustains the possibility of the realization of this promise, even at the expense of the subjects death
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