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A invenção platônica da dialética / The platonic invention of dialectic

Rachid, Rodolfo José Rocha 14 November 2008 (has links)
O trabalho investiga a constituição da figura do filósofo e sua oposição aos outros produtores de discurso existentes na pólis clássica ateniense, como o retor, o sofista e o poeta. O propósito principal é salientar as diferenças substanciais entre a real ciência dialética e suas artes opostas. O termo filósofo foi empregado por Platão no século IV a.C. no estrito senso de um saber privilegiado, que apreende as Formas inteligíveis, incorpóreas e invisíveis. A atividade escrita de Platão ressalta a coexistência entre os discursos figurativo e racional, pela qual ele concebe a natureza mítica e filosófica do ser e do não-ser, da opinião, descrita como um intermediário entre o ser imiscido e o não-ser absoluto. A dialética é determinada como a arte originada da elevada Musa, sendo um saber psicagógico, não meramente um método, mas a elevada ciência que articula a unidade e a multiplicidade fenomênica, e o filósofo o amante das Musas, analisando a natureza da arte idolopéica e suas conseqüências políticas e epistemológicas. A dialética é ciência própria da alma dianoética e mnemônica. Se o sofista e o retor elaboram uma imitação doxástica, fundamentada na arte antilógica, se o poeta realiza uma imitação de aparências, o filósofo produz uma imitação sábia, baseada na ciência da verdade, do conhecimento e ser. O sentido e explicitações desta tese tenta redefinir e repensar o significado do termo dialética nos Diálogos em que esse termo aparece. A tese evita usar categorias modernas de pensamento para entender os Diálogos. A pesquisa se concentra precisamente em Mênon, Fédon, República V, VI, VII, Fedro, Sofista e Filebo / This work investigates the constitution of philosophers portrait and its opposition from others discourses produtors genders living in athenian classic polis, such as the rethor, the sophist and the poet. The main purpose is to underline the substancial differences between the real science of dialectic and its opposites. The term philosophy was employed by Plato on IV century b.C. in a strict sense of an accurate knowledge, which aprehend the inteligible, incorporeal and invisible Forms. Platos written activity points out the coexistence between figurative and rational discourses, in which he conceives the mythical and philosophical nature of being and no-being, of opinion, described as an intermediate of unmixed being and absolute no-being, and science. Dialectic is determinated as the art originated from the supreme Muses, being a psicagogic wisdom, not merely a method, but the highest science, which articulates unity and phaenomenic plurality, and the philosopher as Museslover, analysing the nature of idolopeic art and its political and epistemological consequences. Dialectic is the proper science of a dianoetic and mnemonic soul. If the sophist and the rethor begget a doxastic imitation, based on antilogic art, if poet realizes an imitation of appearances, the philosopher produces a wisdom imitation, based on the science of truth, knowledge and being. The meaning and explicitation of this thesis try to redefine and rethink the significance of dialectic on the Dialogues, in which this term appears. This research avoids to use modern categories of thought to understand the Dialogues. This study focuses precisely on Meno, Phaedo, Republic V, VI, VII, Phaedrus, Sophist and Philebus
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Estudo do movimento sofista, com ênfase no ensino da virtude

CURADO, Eliana Borges Fleury 27 August 2010 (has links)
Made available in DSpace on 2014-07-29T15:13:44Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Dissertacao Eliana Borges Fleury Curado.pdf: 698254 bytes, checksum: 2a4de047c8260581a954739460417801 (MD5) Previous issue date: 2010-08-27 / Os sofistas gregos, que viveram no século V a.C., intitulavam-se mestres de virtude ou, mais propriamente, mestres de areté . O propósito desta pesquisa é investigar o termo areté em suas acepções possíveis, seu significado específico no movimento sofista e o sentido restritivo que lhe confere o filósofo Platão. Por fim, discutir-se-á a possibilidade do ensino da areté. Assim, demonstrar-se-á que o termo recebeu sentidos diversos ao longo da história da Grécia, o que resultou, no século V a.C., em duas acepções fundamentais: a sofística, em conformidade com a herança cultural de Homero e Hesíodo, de excelência cívica e excelência moral ligada ao esforço pessoal e o valor atribuído ao trabalho, e o filosófico, de defesa de virtudes como a verdade e a bondade. Intitulando-se mestres de virtude, os sofistas afirmavam, por extensão, que o ensino de virtude não somente é possível, como também é desejável. Por outro lado, Platão defendia que não se pode ensinar alguém a ser uma boa pessoa. Minha intenção é mostrar que o conceito de areté, no movimento sofista e na tradição filosófica, não tinha o mesmo campo semântico. Os sofistas atribuíram, ao mesmo tempo, um sentido geral do termo areté e entendimentos distintos do tipo específico de excelência que os jovens deveriam desenvolver, ligados a modos distintos de apreender a educação e o que convinha ensinar. Platão compreendeu a areté como unidade, o que o levou a criticar a tradição homérica e sua influência no movimento. Quando os sofistas afirmavam ser possível ensinar alguém a ser melhor, não tinham em vista uma acepção moral de areté, conforme a escola socrática, mas sim a aplicação prática do conceito, a saber, o sucesso pessoal. Pode-se afirmar, a título de conclusão, que a crítica de Platão aos sofistas, embora procedente per se, permanece externa ao movimento, pois afirma um sentido de areté que não está presente nele, e não poderia estar.
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A invenção platônica da dialética / The platonic invention of dialectic

Rodolfo José Rocha Rachid 14 November 2008 (has links)
O trabalho investiga a constituição da figura do filósofo e sua oposição aos outros produtores de discurso existentes na pólis clássica ateniense, como o retor, o sofista e o poeta. O propósito principal é salientar as diferenças substanciais entre a real ciência dialética e suas artes opostas. O termo filósofo foi empregado por Platão no século IV a.C. no estrito senso de um saber privilegiado, que apreende as Formas inteligíveis, incorpóreas e invisíveis. A atividade escrita de Platão ressalta a coexistência entre os discursos figurativo e racional, pela qual ele concebe a natureza mítica e filosófica do ser e do não-ser, da opinião, descrita como um intermediário entre o ser imiscido e o não-ser absoluto. A dialética é determinada como a arte originada da elevada Musa, sendo um saber psicagógico, não meramente um método, mas a elevada ciência que articula a unidade e a multiplicidade fenomênica, e o filósofo o amante das Musas, analisando a natureza da arte idolopéica e suas conseqüências políticas e epistemológicas. A dialética é ciência própria da alma dianoética e mnemônica. Se o sofista e o retor elaboram uma imitação doxástica, fundamentada na arte antilógica, se o poeta realiza uma imitação de aparências, o filósofo produz uma imitação sábia, baseada na ciência da verdade, do conhecimento e ser. O sentido e explicitações desta tese tenta redefinir e repensar o significado do termo dialética nos Diálogos em que esse termo aparece. A tese evita usar categorias modernas de pensamento para entender os Diálogos. A pesquisa se concentra precisamente em Mênon, Fédon, República V, VI, VII, Fedro, Sofista e Filebo / This work investigates the constitution of philosophers portrait and its opposition from others discourses produtors genders living in athenian classic polis, such as the rethor, the sophist and the poet. The main purpose is to underline the substancial differences between the real science of dialectic and its opposites. The term philosophy was employed by Plato on IV century b.C. in a strict sense of an accurate knowledge, which aprehend the inteligible, incorporeal and invisible Forms. Platos written activity points out the coexistence between figurative and rational discourses, in which he conceives the mythical and philosophical nature of being and no-being, of opinion, described as an intermediate of unmixed being and absolute no-being, and science. Dialectic is determinated as the art originated from the supreme Muses, being a psicagogic wisdom, not merely a method, but the highest science, which articulates unity and phaenomenic plurality, and the philosopher as Museslover, analysing the nature of idolopeic art and its political and epistemological consequences. Dialectic is the proper science of a dianoetic and mnemonic soul. If the sophist and the rethor begget a doxastic imitation, based on antilogic art, if poet realizes an imitation of appearances, the philosopher produces a wisdom imitation, based on the science of truth, knowledge and being. The meaning and explicitation of this thesis try to redefine and rethink the significance of dialectic on the Dialogues, in which this term appears. This research avoids to use modern categories of thought to understand the Dialogues. This study focuses precisely on Meno, Phaedo, Republic V, VI, VII, Phaedrus, Sophist and Philebus
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"Recontar as coisas antigas com novidade e as novas de uma forma antiga". O kairós na philosophía de Isócrates : filosofia grega e historiografia contemporânea

Quirim, Diogo Jardim January 2014 (has links)
Neste estudo, meu objetivo é investigar a influência da idéia de kairós na philosophía de Isócrates. Defendo que, a partir da noção de kairós, considerada tanto como oportunidade quanto como a particularidade de uma circunstância, Isócrates propõe uma philosophía que valoriza as opiniões (dóxai) em detrimento de um conhecimento seguro (epistḗmē), inalcançável para a natureza humana. Por fim, busco traçar relações entre a philosophía isocrática e questões da historiografia contemporânea, assim como refletir sobre a posição de Isócrates dentro da nossa tradição filosófica. / In this study I aim to research the influence of the idea of kairós in Isocrates’ philosophía. I argue that, considering the notion of kairós both as an opportunity and particularity of a circumstance, Isocrates proposes a philosophía that values the opinions (dóxai) instead of a secure knowledge (epistḗmē), unreachable to human nature. Finally, I seek to elaborate relations between the isocratic philosophía and issues of contemporary historiography, as well as meditate about Isocrates’ setting within our philosophical tradition.
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"Recontar as coisas antigas com novidade e as novas de uma forma antiga". O kairós na philosophía de Isócrates : filosofia grega e historiografia contemporânea

Quirim, Diogo Jardim January 2014 (has links)
Neste estudo, meu objetivo é investigar a influência da idéia de kairós na philosophía de Isócrates. Defendo que, a partir da noção de kairós, considerada tanto como oportunidade quanto como a particularidade de uma circunstância, Isócrates propõe uma philosophía que valoriza as opiniões (dóxai) em detrimento de um conhecimento seguro (epistḗmē), inalcançável para a natureza humana. Por fim, busco traçar relações entre a philosophía isocrática e questões da historiografia contemporânea, assim como refletir sobre a posição de Isócrates dentro da nossa tradição filosófica. / In this study I aim to research the influence of the idea of kairós in Isocrates’ philosophía. I argue that, considering the notion of kairós both as an opportunity and particularity of a circumstance, Isocrates proposes a philosophía that values the opinions (dóxai) instead of a secure knowledge (epistḗmē), unreachable to human nature. Finally, I seek to elaborate relations between the isocratic philosophía and issues of contemporary historiography, as well as meditate about Isocrates’ setting within our philosophical tradition.
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Sofistas e filósofos na administração imperial: o olhar de Eunápio sobre a unidade política do império Romano no século IV D. C

Farias Júnior, José Petrúcio de [UNESP] 02 August 2007 (has links) (PDF)
Made available in DSpace on 2014-06-11T19:26:34Z (GMT). No. of bitstreams: 0 Previous issue date: 2007-08-02Bitstream added on 2014-06-13T18:54:48Z : No. of bitstreams: 1 fariasjunior_jp_me_fran.pdf: 923250 bytes, checksum: 4358983107e7b0fd7290c13360ae2fe6 (MD5) / Pretendemos, com essa pesquisa, analisar a obra Vidas dos filósofos e sofistas, redigida pelo historiador e sofista grego Eunápio, em 399, o qual retrata as vidas de neoplatônicos pertencentes à Ásia Menor, em especial, Sardes, cidade na qual nasceu. No interior dessa obra, evidenciaremos a questão administrativa do Império Romano por meio da atuação profissional de filósofos e sofistas neoplatônicos que ocuparam cargos administrativos sob a vigência dos imperadores cristãos. Propornos- emos, dessa forma, discorrer sobre a maneira como Eunápio, por meio dos artifícios retóricos mobilizados pela filosofia neoplatônica, avalia o exercício do poder imperial ocupado pelas elites cristãs e, em contrapartida, constrói, em nível literário, a imagem de filósofos e sofistas neoplatônicos na sociedade romana oriental tardia com a finalidade de evidenciar a representatividade política das elites locais neoplatônicas da Ásia Menor, uma vez que, gradativamente, as famílias abastadas não-cristãs eram preteridas dos ofícios públicos por conta da orientação políticoreligiosa instituída, conforme sugere Eunápio, por Constantino e culmina em Teodósio / We intend, with this research, to analyze the work Lives of the Philosophers and Sophists written by the historian and sophist Eunapius, in 399, which portrays the lives of the neoplatonicals belonging to Asia Minor , especially, Sardes, city in which he was born. In these work, we will put in evidence the administrative question of the Roman Empire through professional performance of neoplatonical sophists and philosophers that held administrative positions under the power of the Christian emperor. We propose, this way, to discourse how Eunapius, through rhetoric strategics, mobilized by neoplatonical philosophy, evaluates the exercise of the imperial power occupied by Christian elites and, in counterpoint, constructs, in literary level, the image of neoplatonical sophists and philosophers in the late eastern roman society to elucidate the political representative of the neoplatonical local elites of the Asia Minor, once, gradually, the non-Christian well-off families were far from public positions because of the religious-political orientation instituted, as suggests Eunapius, by Constantine and finalizes in Teodosian
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"Recontar as coisas antigas com novidade e as novas de uma forma antiga". O kairós na philosophía de Isócrates : filosofia grega e historiografia contemporânea

Quirim, Diogo Jardim January 2014 (has links)
Neste estudo, meu objetivo é investigar a influência da idéia de kairós na philosophía de Isócrates. Defendo que, a partir da noção de kairós, considerada tanto como oportunidade quanto como a particularidade de uma circunstância, Isócrates propõe uma philosophía que valoriza as opiniões (dóxai) em detrimento de um conhecimento seguro (epistḗmē), inalcançável para a natureza humana. Por fim, busco traçar relações entre a philosophía isocrática e questões da historiografia contemporânea, assim como refletir sobre a posição de Isócrates dentro da nossa tradição filosófica. / In this study I aim to research the influence of the idea of kairós in Isocrates’ philosophía. I argue that, considering the notion of kairós both as an opportunity and particularity of a circumstance, Isocrates proposes a philosophía that values the opinions (dóxai) instead of a secure knowledge (epistḗmē), unreachable to human nature. Finally, I seek to elaborate relations between the isocratic philosophía and issues of contemporary historiography, as well as meditate about Isocrates’ setting within our philosophical tradition.
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Luciano de Samósata e a teoria clássica do riso / Lucian of Samosata and the classical theory of laughter

Mishima, Mônica 17 August 2018 (has links)
Orientador: Trajano Augusto Ricca Vieira / Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem / Made available in DSpace on 2018-08-17T19:29:04Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Mishima_Monica_M.pdf: 782171 bytes, checksum: bb2993137c39da78a010d4647e1830a0 (MD5) Previous issue date: 2011 / Resumo: Ao percorrer as obras satíricas de Luciano de Samósata, notamos a incongruência entre as falas e as ações de algum personagem (ou de muitos) como motivo de riso. De acordo com Quentin Skinner e Verona Alberti, diversos pensadores da Antiguidade Clássica estabelecem tal contraste entre o que se é e o que se aparenta ser como única causa do humor. Pretendemos, com o presente estudo, esboçar como essa teoria clássica do riso se apresenta na obra O Banquete ou os Lápitas, sátira aos filósofos do autor supracitado / Abstract: Going through the satirical works of Lucian of Samosate, we may notice the incongruence between the speech and the actions of one or many characters as the reason for laughter. According to Quentin Skinner and Verona Alberti, some thinkers from the Classical Antiquity stablished the contrast of what one is and what one appears to be as the sole motive for laughing. Through this research, we intend to sketch how the classical theory of laughter is presented in Symposium or the Lapiths, a satire on philosophers by the aforementioned author / Mestrado / Linguistica / Mestre em Linguística
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Plutarco e Roma: o mundo grego no Império / Plutarch and Rome: the Greek world in the empire

Silva, Maria Aparecida de Oliveira 27 September 2007 (has links)
Diferentemente das recorrentes assertivas sobre o comprometimento político dos intelectuais gregos no Império, a nosso ver, a partir do século II d.C., a chamada Segunda Sofística é um indicativo do movimento cultural grego iniciado no século I d.C. Embora seus integrantes apresentem intenções distintas em seus escritos, os intelectuais gregos do Império participam de estilos e temáticas narrativas semelhantes. No caso de Plutarco, e essa é a nossa tese central, demonstramos que nosso autor não compôs sua obra para exaltar ou glorificar o Império romano ou ainda a cultura grega. Sendo assim, seus escritos representam a expressão da singularidade e da utilidade da tradição cultural grega para o fortalecimento político do Império. O objetivo principal de Plutarco está, pois, em construir uma identidade grega no Império, pautada na história de seu povo e em sua tradição cultural, para exibir ao mundo romano a contribuição dos gregos para a formação do Império. / Differently from the usual assertions about the Greek intellectuals\' political compromise with the Empire, in our perspective, as from the second century A.D., the so called Second Sophistic is an indicative of the Greek cultural movement started in the first century A.D. Although its members present distinct intentions of their writings, the Greek intellectuals of the Empire develop similar styles and themes through their narratives. Considering Plutarch\'s case, and this is the core of our thesis, we demonstrate that our author did not write his work to exalt nor to glorify the Roman Empire nor the Greek culture. His writings represent the expression of the singularity and the usefulness of the Greek cultural tradition for the political strength of the Empire. Plutarch\'s main objective is to build a Greek identity in the Empire, based on the history of the people and their cultural tradition to exhibit the Greeks\' contribution to the formation of the Roman Empire.
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A história em disputa : sofística, linguagem e historiografia : uma análise dos discursos escandalizados com o narrativismo de Hayden White na historiografia contemporânea

Moreira, Veridiano Koeffender January 2016 (has links)
Nas últimas décadas, assistimos a uma verdadeira reabilitação da autoconsciência retórica – com Hayden White no papel de arauto – no âmbito da historiografia. Contudo, embora o trabalho de White tenha se mostrado para muitos – entre os quais me incluo – como uma tentativa de ―avanço‖ em nossa autoconsciência, ele foi, paradoxalmente, muitas vezes visto e apresentado em discursos escandalizados como sinônimo de ―retrocesso‖ e ―obscurantismo‖. Persuadido do contrário – de que o ―ceticismo‖ de White não é um mal – prejudicial, contraproducente ou pernicioso ao nosso ofício –, eu analiso críticas desferidas ao dito ―relativismo linguístico‖. Tendo em vista a controvérsia filosófica da linguagem como portadora de referencialidade ocorrida entre a primeira sofística e Platão no Mundo Antigo, demonstro como as censuras de Carlo Ginzburg – o mais virulento de seus críticos – buscaram fundamento na argumentação platônico-aristotélica contra o relativismo da primeira sofística. Reapresento também argumentos de outros historiadores escandalizados com o trabalho de White para evidenciar que um tópos comum na argumentação desses críticos constitui-se como platonismo: a noção de que o ―narrativismo‖ conduz ao dilema teórico da impossibilidade de dizer o falso, tese atribuída por Platão à primeira sofística, para quem os múltiplos discursos arruinariam a própria noção de verdade. Paralelamente, a fim de demonstrar que esse dilema existe apenas no horizonte platônico (que compartimenta verdade e ficção em dois blocos distintos e separados), reavalio a relação entre história, verdade e ficção. Por fim, e considerando a linguagem como um elemento inexpugnável do discurso nas ciências humanas, defendo as perspectivas de White e da primeira sofística contra o voo platônico de superação da nossa inevitável condição humana. / In the last decades, we have witnessed a true rehabilitation of rhetorical self-conscience – with Hayden White in the Herald paper – in the context of historiography. However, while White's work has been shown for many – including myself – as an attempt to ―advance‖ in our self-consciousness, he was, paradoxically, often seen and presented in scandalized discourses as a synonym for ―setback‖ and ―obscurantism‖. Persuaded otherwise – that the White‘s ―skepticism‖ is not an evil – harmful, counterproductive or pernicious to our craft – i analyze the criticisms triggered to the so-called ―linguistic relativism.‖ Considering the philosophical controversy of language as ―carrier of referentiality‖ occurred between the first sophistic and Plato in the Ancient World, I demonstrate how the reproaches of Carlo Ginzburg – the most virulent of his critics – sought essentials in the platonic-aristotelian arguments against the relativist of the first sophistry. I evaluate as well arguments of other scandalized historians with White's work to show that a common topos in the argument of these critics constitutes itself as Platonism: the notion that the ―narrativism‖ leads to the theoretical dilemma of the impossibility of say the false, argument given by Plato to first sophistic, and to whom the multiple discourses would undermine the very notion of truth. In parallel, in order to demonstrate that this dilemma exists only in the platonic horizon (which compartmentalize truth and fiction in two distinct and separate blocks), i evaluate again the relation between history, truth and fiction. Finally, and considering the language as an inexpugnable element of discourse in the human sciences, I advocate the prospects of White and the first sophistic against platonic flight overcoming our inevitable human condition.

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