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Milho massa, koshma e caiçuma : um percusso etnográfico no desenvolvimento sustentável dos Manxineru : do passado ao presenteManchineri, Lucas Artur Brasil 26 May 2017 (has links)
Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Centro de Desenvolvimento Sustentável, 2017. / Submitted by Raquel Almeida (raquel.df13@gmail.com) on 2017-12-05T19:36:03Z
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Previous issue date: 2018-02-07 / Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR). / Nesta dissertação apresento uma descrição do desenvolvimento sustentável tradicional do povo Manxineru, que é um povo de origem Aruák, cujo habitat situa-se no sudeste do Estado do Acre, na fronteira do Brasil com o Peru e a Bolívia. Os dados que compõem esta dissertação vêm sendo coletados, organizados, analisados e sistematizados desde minha pesquisa realizada durante a minha formação no Ensino Médio, realizado na Comissão Pro-índio do Acre. A pesquisa continuou durante a minha graduação, na Universidade Federal do Acre, Campus de Cruzeiro do Sul, concluído em 2014, e foi aprofundada durante meus estudos no Mestrado em Sustentabilidade de Povos Tradicionais. Traço um panorama da sustentabilidade do meu povo, mostrando que ela já era vivenciada nas raízes da nossa história mais antiga, como parte indissociável de nossa organização social, do nosso modo de ver e viver nossa cultura, se perpetuando em uma perspectiva coletiva, através de um processo de transmissão em que o que vem pelas palavras é alimentado pela prática, em que prevalece o respeito pela natureza que nos dá a água e a vida. Mostro que os animais foram os grandes mestres do ensinamento de nossa cultura e que as fronteiras entre homem e animal muitas vezes se fundem. Finalmente, argumento que, na atualidade, preocupados com o futuro das novas gerações e com a continuidade da sobrevivência física e cultural, nós, os Manxineru, buscamos associar o nosso conhecimento milenar a novas estratégias de sustentabilidade para assegurarmos o nosso futuro. / In this dissertation I present a description of the traditional sustainable development of the Manxineru people, from Aruák origin, whose present day habitat is located at the southeast of the State of Acre, on the borders of Brazil, Peru and Bolivia. The data that compose this dissertation have been collected, organized, analyzed and systematized since my research conducted during my training in High School, held at the Pro-Indian Commission of Acre. The research continued during my graduation, at the Federal University of Acre, Campus of Cruzeiro do Sul, completed in 2014, and was deepened during my studies in the Master in Sustainability of Traditional People. I draw a panorama of the sustainability of my people, showing that it was already lived in the roots of our earliest history, as an inseparable part of our social organization, of our way of seeing and living our culture, perpetuating itself in a collective perspective, through a process of transmission in which what comes from words is nourished by practice. The Manxineru respect for nature prevails, since it gives us water and life. I show that animals were the great masters of the teaching of our culture and that the boundaries between man and animal are often fused. Finally, I argue that, currently, concerned with the future of the new generations and with the continuity of our physical and cultural survival, we, the Manxineru, seek to associate our millenary knowledge with new sustainability strategies to ensure our future. / HKAYAHOXIKOWAKA: Xiye nyonatanru pnete yakaklewatatshri hiwekaklewatatshri wyehiko hwatshrikaka manxinerune hixanukakako, klutshinanu halikaka wuyakaxyawaka harawakwu, há hkanipretshijnekajyawaka hakri tshijne, pero há polihya. Pahixanune halukaluru piranakaka xye yonawahlomta hikakalurupa há rapatjepiranatka, ruhlepokotka, hetjetka hiyrunu ruhle potuktalexikowaka waleni netjepiranaxinitkalu papkoni nyimaka kanatkoklunutka payrine yimaklewleya, Comissão Pro-índio do Acre kamhalerukaka. Há pnute hyapiranaxywaka netjepiranaxywaklu kratowasawo nkamhakanaxinitka honiwesutaxi weterawo hakriya, kampo krosuyro to soya, nikatlu 2014 hwalapni, há hipnute pnutpotu netjexinitkalu nimatkalewaxyawaka meshtratoya pnute yakaklewatatshriya hepixlewatatshri hosha hwatshineya. Nuhlepokpiranatlu hyikhixyawakaplu pnute hyiywakapna nonerune, rekakhitanru wkamhajejekanatanru wutsrukatenni kamhajekanatanru hyinuwaklekawaya runkakletpiranatanruna mitshikawa, psojikaka wkamahjekanatanru wipotshi ptohkakaya, wixannu psojite hiwekle mitshikawni, ralpokokanaxikowakpatka satu kamhapiratkaluru ptowrueneko ptohiya, há hkamhajexikowakaka hakakhitanru wenejikolu há klunerukta wimwa há klunerukta tokantshi hinikatshri há mixkotko hkamhikowakaya halikakpotuko, há hmixkoxikowakapa ho hkahwakpiraxikowakapa hosha honha weneksatjerukaka hiyrunu hiwekluni. Rekakhitanru hosha hwatshine hejnunkaka tsru jimatkalerune rixyawakna há hyimaklewaxyawakna hixa wixannuyako há hejnune yoptoxyawaklu hejnune himatkalu ho yine há hejnune rupalaxyawaka wipoktshikakaya. Hmahlemutka, nixkoxyaplu tshinanu klue, há xawakni , kojwawaktshikakapa xyepnuthohnepatka hinamtshineya maklujine poktshirkakaya reweklekakayapna riwekleyna há rixannuynakaka, wixanuko, manxinerunwu wapanru, wapaxjexyaplu wixako wimatkale mitshikawalutu herotu shinikantshi kamhakalurupa wimwanruko wimiwekanrupa hakashixyawakaplu xye pnute wiwejinrupa.
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Perdas, atitudes e significados de vitalização entre os KyikatêjêBrito, Áustria Rodrigues 24 August 2015 (has links)
Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Letras, Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas, Programa de Pós-Graduação em Linguística, 2015. / Submitted by Fernanda Percia França (fernandafranca@bce.unb.br) on 2016-01-29T10:40:06Z
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2015_ÁustriaRodriguesBrito.pdf: 8087719 bytes, checksum: 85edd068072accc255d044974fba9be0 (MD5) / Partindo de uma perspectiva sociolinguística, nosso objetivo geral é estudar a situação de uso da língua Kyikatêjê na comunidade que a fala, assim como as atitudes linguísticas de seus falantes. O Kyikatêjê é uma variedade Timbira do mesmo nome do povo - família Jê, tronco Macro-Jê (RODRIGUES, 1989, 1999). A comunidade Kyikatêjê encontra-se localizada no km 25 da BR 222, do município de Bom Jesus do Tocantins, no sudeste do Pará. Analisamos o modo como representantes do povo Kyikatêjê se posicionam em relação às duas línguas em contato: o Português e o Kyikatêjê. Um dos objetivos específicos é o de reunir elementos que caracterizem as atitudes dos indígenas para alimentar as discussões sobre o ensino das duas línguas nas escolas das aldeias. Consoante, partimos da premissa de que as atitudes sociolinguísticas dos falantes são determinantes para o favorecimento do uso de uma ou outra língua conforme situações em que a atitude sociolinguística dos falantes se mostra favorável ao uso de uma ou outra língua, destacando dessa maneira à perspectiva sociocultural (valores ideológicos e culturais) das diferentes comunidades de fala, grupos sociais, ou indivíduos (cf. MELLO, 1999). Para obter os dados relevantes, optamos por utilizar os questionários de Maher (2007). A presente tese orientou-se por estudos de diferentes autores que de uma forma ou de outra contribuíram para a discussão dos temas centrais da pesquisa, como morte de línguas, vitalização linguística, planejamentos e políticas linguísticas, como Calvet (2007), Maher (2007, 2008), Hinton, (2001a, 2001b, 2001c), Fishman (1999), Thomason (2001), Crystal (2000), Rodrigues (2000), Monserrat (2006), Seky (1984), Pimentel da Silva (2009). ______________________________________________________________________________________________ ABSTRACT / Starting from a sociolinguistic perspective, our main purpose the Kyikatêjê language use and the linguistic attitudes of its speakers. Kyikatêjê is a variety of the Timbira language, which belongs to the Jê family, Macro-Jê stock (RODRIGUES, 1989, 1999). The Kyikatêjê people live at km 25 of Road 222, at Bom Jesus do Tocantins district, Southeast of Pará. We analyze how representatives of Kyikatêjê community are positioned in relation to the two languages in contact: the Portuguese and the Kyikatêjê languages. The main premise underlining the present work is that sociolinguist’s attitudes of the speakers are fundamental in favoring the use of one or other language in a contact situation (MELLO, 1999). Maher’s questionnaires (2007) were the main instruments used in the data analysis. This thesis have also benefited from the work of different authors working on connected relevant issues such as language loss, vitalization, language policies, and language planning, as Calvet (2007), Maher (2007, 2008), Hinton (2001a, 2001b, 2001c), Fishman (1999), Thomason (2001), Crystal (2000), Rodrigues (2000), Montserrat (2006), Seky (1984), and Pimentel da Silva (2009).
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"Projeto é como branco trabalha; as lideranças que se virem para aprender e nos ensinar" : experiências dos povos indígenas do alto rio NegroLuciano, Gersem José dos Santos 28 April 2006 (has links)
Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Sociais, Departamento de Antropologia, Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, 2006. / Submitted by Érika Rayanne Carvalho (carvalho.erika@ymail.com) on 2010-09-08T22:42:19Z
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Previous issue date: 2006-04-28 / Este trabalho é resultado de dois anos de inserção no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade de Brasília, no nível de Mestrado. É uma tentativa de organizar as principais idéias e práticas vividas dentro e fora da academia, consciente dos limites que um trabalho escrito deste gênero impõe, por sua finitude, à riqueza experimentada. Analiso as experiências das lideranças indígenas do alto rio Negro e, em particular, das lideranças baniwas, com projetos de etnodesenvolvimento denominados por eles de projetos de alternativas econômicas, que articulam diferentes campos de forças institucionais e atores sociais como índios, antropólogos, missionários, indigenistas, agências do governo brasileiro, organizações não-governamentais e agências multilaterais. Constato que os projetos, malgrado estarem orientados pelas noções reformistas de desenvolvimento - desenvolvimento sustentável e etnodesenvolvimento ?, estão longe de ser, aos olhos dos povos indígenas, o tipo desejado de intervenção, do ponto de vista conceitual e metodológico. Não obstante, eles representam possibilidades e oportunidades reais de recuperação de auto-estima e visibilidade étnicas diante do mundo globalizado. Concluo que os projetos são uma forma de sair do confinamento cultural, econômico e político a que foram submetidos por séculos de devastadora dominação colonial, ao tempo em que representam também um processo de apropriação ativa e reativa dos instrumentos de poder do mundo globalizado em favor de seus direitos, desejos e projetos étnicos. _____________________________________________________________________________ ABSTRACT / This dissertation is the outcome of two years of association with the Graduate Program in Social Anthropology of the University of Brasília, at its Master’s course. It is a tentative organization of the main ideas, and pratices lived within and outside academia, conscious of the limits this genre of written finite work impose on a rich experience. I examine the experiences of the upper Negro River indigenous leaders, mainly of the Baniwa people, with ethnodevelopment projects, refered to by them as economic alternatives projects. These initiatives link diverse instituional power fields, and social actors, like indians, anthropologists, missionaries, indigenistas, gorvenment agencies and officials, non-governmental organizations, and multilateral institutions. I show that, though being guided by revised notions of development, like sustainable development, and ethnodevelopment, these projects are far from represeting the desired kind of intervention, from the perspective of the affected indigenous peoples. In spite of this, these projects represent actual possibilities, and opportunities to regain self-esteem, and ethnic visibility in a globalized world. I end up asserting that ethnodevelopment projects are a way of breaking away from the cultural, political, and economic confinement resultant from centuries of devastating cultural domination, alongside representing a process of active and reactive appropriation of the means of power of the globalized world in support of the ethnic rights, desires, and projects of the upper Negro River indigenous peoples.
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Unatí yapey! : aspectos da vida Terena em Araribá /Adsuara, Carmen Hannud Carballeda. January 2016 (has links)
Orientador: Paulo José Brando Santilli / Banca: Graziele Acçolini / Banca: Edmundo Peggion / Resumo: Os Terena de Araribá, Terra Indígena no Estado de São Paulo, reconhecem o Mato Grosso do Sul como seu território de origem, de onde saíram em 1930, por meio de uma ação do Serviço de Proteção aos Índios. A partir dessa mudança, seu ideal de vida plena vem sendo reinventado na perspectiva unatí yapey, inspirada e motivada por referências cotidianas das aldeias onde até hoje vivem seus parentes. Nesse contexto, este trabalho estudou a concepção de bem viver Terena em Araribá, em sua intersecção com uma construção de corpo e de pessoa. Partindo das relações cotidianas, o método etnográfico possibilitou identificar alguns estados considerados indesejáveis e encaminhados a especialistas pelos próprios Terena. Assim, foi possível esmiuçar um pouco da cosmovisão Terena e suas matizes no âmbito do bem viver, das relações de cuidado e cura / Abstract: The Terena Araribá, an indigenous land in the State of São Paulo, recognize Mato Grosso do Sul as their original territory, which was left in 1930 because of an action of Indian Protection Service. Since this change, their ideal of full life has been reinvented through the so-called unatí yapey perspective, which is inspired and motivated by everyday references of villages where their relatives currently live. In this context, this paper studied the design of living well in Terena Araribá and its intersection with building of body and individual. Starting from everyday relationships, a range of ethnographic tools made it possible to identify some states considered undesirable and as requiring specialists by Terena people themselves. It was possible to scrutinize some of the Terena worldview and its nuances concerning good life and care and healing relations / Mestre
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O movimento indígena e a luta emancipatóriaSouza, Catiúscia Custódio de January 2015 (has links)
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política, Florianópolis, 2015 / Made available in DSpace on 2016-10-19T12:45:02Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2015 / As organizações indígenas no Brasil apresentam um quadro de redes de articulação e mobilização política equivalencial que abarcam demandas indígenas por todo o território. As inúmeras organizações existentes compõem e convergem na APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) e o foco de nossa pesquisa concentra-se na Articulação dos Povos Indígenas do Sul (ARPINSUL) e na Comissão Guarani Yvy Rupa (CGY). Estas formas organizacionais estão calcadas e orientadas por políticas de direitos à terra, à autodeterminação, ao exercício da tradicionalidade, à cidadania, à participação política e outros direitos assegurados pela Constituição Federal (988), na Convenção 69 da Organização Internacional do Trabalho e pela Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas e Minorias (ONU,2007). Assim, importa investigar como as organizações indígenas no sul do Brasil se organizam politicamente, como articulam suas demandas, estratégias, ações e mobilizações a partir de seus elementos tradicionais na interface com a política institucional e estatal. As relações entre o Movimento Indígena e o Estado Nação são analisadas à luz dos espaços institucionais de discussão política. Neste sentido, a representação indígena é uma questão chave deste trabalho. Sobretudo, o objetivo está em dar visibilidade e propiciar um canal de expressão para as lideranças, organizações, comunidades e o Movimento Indígena como um todo. <br> / Abstract : The indigenous political organizations in Brazil present a networkof articulation and political mobilization that is equivalently andcover the indigenous demands through all brazilian territory. Thenumerous organizations are composed and converged in APIB(Association of Indigenous Peoples of Brazil) and the focus of ourresearch is upon the Articulation of Indigenous Peoples of theSouth (ARPINSUL) and the Commission Guarani Yvy Rupa(CGY). These organizational forms are based and guided by theland rights policies, self-determination, the exercise of traditionalindigenous social organization, general citizenship, politicalparticipation and other rights guaranteed by the Brazilian FederalConstitution (988), the Convention 69 of the International LabourOrganization and the Declaration of the Rights of IndigenousPeoples and Minorities (United Nations, 2007). It is thereforedemanded to investigate how indigenous organizations insouthern Brazil are formed politically, how they articulate theirdemands, strategies, actions and mobilizations from theirtraditional elements in the interface with the institutional policyand the brazilian State. Relations between the IndigenousMovement and the National State are analyzed in light of theinstitutional places for political discussion. In this regard,indigenous representation is a key issue of this work. The maingoal is to give visibility and provide a channel of expression forthe leaders, organizations, communities and the IndigenousMovement as a whole.
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Mulheres indígenas xerentes : narrativas culturais e construção dialógica da identidadeSifuentes, Thirza Reis 25 June 2007 (has links)
Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, 2007. / Submitted by Fabrícia da Silva Costa Feitosa (fabriciascf@gmail.com) on 2010-01-14T22:48:24Z
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Previous issue date: 2007-06-25 / Grande parte dos estudos hoje disponíveis, que abordam a relação entre gênero, identidade e cultura, refere-se às sociedades urbanizadas. Grupamentos que se caracterizam por outro de tipo de organização e contexto de vida, como os indígenas, permanecem praticamente fora do escopo das investigações, especialmente na Psicologia. Sendo o presente estudo apoiado na abordagem dialógica dos fenômenos psicológicos, concebe-se o desenvolvimento do self e da identidade como fenômeno relacional que apresenta uma face intrapessoal e outra interpessoal, entendendo que essas faces concorrem para a construção de um senso de si coerente, ao longo do tempo. Este trabalho busca contribuir para reverter o cenário acima delineado, investigando como mulheres da comunidade indígena xerente, situada ao norte de Tocantins, posicionam-se sobre a construção de sua identidade e condição feminina, em narrativas sobre suas histórias pessoais e acerca das transformações da cultura de seu povo. Os xerentes passaram a ter contato com elementos da cultura "branca", trazidos especialmente por missões evangelizadoras, há cerca de 200 anos. Hoje, os sistemas semióticos em que se inserem as atividades e valores sociais do grupo aglutinam elementos das duas esferas culturais, caracterizando a cultura xerente como cultura híbrida, em transformação. Participaram da pesquisa, de modo particular, seis mulheres dessa comunidade, com idades de 34 a 48 anos. Foram realizadas observações em contexto e entrevistas narrativas episódicas, que exploraram temas relativos à história cultural (mitos e ritos), ao casamento, ao trabalho, à educação, ao consumo e às perspectivas futuras do grupo a partir das vozes das mulheres. As narrativas das mulheres e os registros de observação foram analisados a partir das "zonas de sentido" identificadas e das vozes que emergiram do diálogo entre pesquisadora e participantes de pesquisa. Os resultados apontam que o processo de construção das identidades e posicionamentos de self das mulheres xerentes assume contornos particulares, no limiar entre as marcas culturais a que estão expostas. De um lado, fatores como a maior escolarização e a assunção de novos papéis políticos, no trabalho, na economia familiar e na relação com o consumo abrem novas zonas de possibilidades para a condição feminina, ao mesmo tempo em que a condição masculina se fragiliza, quando problemas como o desemprego e o alcoolismo passam a afetar os homens do grupo. Essas novas possibilidades, por outro lado, convivem com a reafirmação de posições de gênero bastante tradicionais no discurso das mulheres, no qual os papéis masculinos mais tradicionais são reafirmados, na mesma proporção em que a crescente importância das mulheres na organização social e política presente do grupo tende a ser minorada. Identificam-se potencialidades e desdobramentos futuros deste trabalho, que fornecem uma contribuição à compreensão mais acurada da relação entre aspectos sociais e subjetivos da identidade, das questões de gênero e dos posicionamentos de self em culturas não-hegemônicas; para a maior aproximação entre a psicologia e o contexto sociocultural indígena brasileiro; e a ampliação da compreensão acerca das questões de gênero fora dos centros urbanos.
_________________________________________________________________________________ ABSTRACT / Great part of the available studies that approach the relationship between gender, identity and culture refer solely to urban societies. Groups characterized by other forms of organization and life context, such as the indigenous societies, remain nearly out of the target of researchers, especially in Psychology. The present study is grounded on the dialogical perspective in the approach of psychological phenomena. In this perspective, the development of the self and identity is conceived as a relational construction in which intra and interpersonal aspects are involved. These aspects concur for the construction of a coherent sense of self, throughout lifetime. This work aims to contribute to overlap some of the inquiries above described. It investigates how women from the Sherente indigenous community – situated in the north of Tocantins – position themselves regard to the construction of their identity and feminine condition, while narrating their personal stories and stories about the cultural transformations that they took part of. The Sherente has been in touch with elements of “the white” culture for more than 200 years, especially by means of Christian missions. Now, the semiotic systems where the activities and social values of the group are inserted agglutinate elements of the two cultural spheres, characterizing the Sherente culture as a transitional hybrid culture. Specifically, six women of the Sherente community from 34 to 48 years old were participants of the research. Observations in context and narrative episodic interviews were the used methods. Through the interviews, this research explored topics related to cultural history (myths and rites), marriage, work, education, and consumption and future perspectives of the group voiced by women. The narratives of the women and the field notes (observations) were analyzed according to the “meaning zones” identified, as well as by the voices emerged in the dialogue between the researcher and the participants. The results lead to the comprehension of the Sherente women process of identity construction and self positioning as assuming particular contours in the threshold of the cultural marks they are exposed to. On one hand, factors as increasing exposure to formal education, as well as the assumption of new political and economical roles in work and family; and the relation with the consumption culture open new zones of possibilities for the feminine condition. At the same time, masculine condition tends to become weaker, when problems as unemployment and alcoholism start to affect the men of the group. These changes, on the other hand, coexist with some of the most traditional gender positions that are now and then reaffirmed in women speeches. Despite the increasing importance of women in social political organization, their positions tend to be less valued than men’s. Potentialities and future possible unfolding were identified in this work: it contributes to the understanding of the relationship between social and subjective aspects of identity, gender issues and self positioning in nonhegemonic cultures, as well as a more intimate link between psychology and Brazilian indigenous social cultural context; and lastly, it stakes for a broader comprehension of gender issues in other contexts than urban centers.
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O médio Rio Negro indígena : aspectos históricos, socioculturais e panorama antropológico contemporâneoSarmento, Francisco da Silva 22 February 2018 (has links)
Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Sociais, Departamento de Antropologia, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, 2018. / Submitted by Fabiana Santos (fabianacamargo@bce.unb.br) on 2018-09-14T18:04:40Z
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Previous issue date: 2018-09-14 / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). / Este trabalho faz uma revisão bibliográfica da etnologia e de estudos interdisciplinares da região do Alto Rio Negro apresentando seus grupos étnicos com características que os definem num único complexo sociocultural formado pelos povos Aruak, Tukano Oriental e Nadahup; estuda também seu período pré-colonial, o cenário histórico dos últimos séculos implantado pelas forças externas, focando especialmente no médio rio Negro, em que são localizados seus povos no período de avanço daquelas forças coloniais e o movimento de grupos do alto para essa intermediação. Busca envolver também a visão dos povos indígenas da região, no que se refere ao entendimento do seu processo de formação e concepção territorial. Ao final, afirma que há uma configuração étnica no médio rio Negro predominantemente indígena de diversas origens, tanto advinda de grupos ancestrais da área como dos grupos que chegaram nos últimos séculos da parte alta e que opera pelos mesmos princípios e conhecimentos que os grupos que estão região acima. Estes elementos comuns abrangem concepções alicerçadas nos ensinamentos dos antigos sobre uso do território e organização social. / This thesis presents a bibliographical review of ethnographic and interdisciplinary works on the Upper Uaupés region whose ethnic groups share features that define them as a unique sociocultural cluster made up of Arawak, Tukanoan and Nadahup peoples. It also analyses the region’s pre-colonial period, the historical scenario in the past centuries imposed by external forces. It focuses mostly on the mid-course of the Rio Negro, these peoples’ homeland during the assault of colonial forces and the arrival of other indigenous peoples from upriver. The thesis highlights the perspective of these peoples on the process of territorial conception and formation. Lastly, it sustains the existence of an ethnic configuration proper to the Mid Rio Negro, which is predominantly indigenous from various origins. These peoples originate from the region’s ancestral groups as well as from those who arrived from upriver in the past centuries. All of them share the same principles and knowledge systems, which together embrace conceptions moored in the teachings of the ancestors about social organization and land use.
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Sem a floresta os Ka’apor não existem, sem os Ka’apor a floresta não existiria : o pensamento político Ka’apor e a política interétnicaLópez Palomino, Cristabell 06 March 2017 (has links)
Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Sociais, Departamento de Estudos LatinoAmericanos, Programa de Pós-Graduação em Estudos Comparados Sobre as Américas, 2017. / Submitted by Raquel Almeida (raquel.df13@gmail.com) on 2017-05-05T20:09:29Z
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Previous issue date: 2017-08-11 / No presente trabalho é analisada a política Ka’apor, descrita a partir das explicações feitas pelas lideranças e membros da comunidade através de suas próprias percepções e narrativas históricas e cotidianas. A política interna em continua inter-relação com o mundo de fora, ou karai1, torna importante analisar a política interétnica ao redor dos antecedentes históricos sobre as políticas extrativistas impulsadas em pro do desenvolvimento do Estado Nação Brasileiro, que provocaram a invasão e o desmatamento na região onde está localizada a Terra Indígena Alto Turiaçú, no estado de Maranhão- Brasil, causantes na sua vez da uma fricção interétnica entre os Ka’apor e os madeireiros. Analisa-se a incidência na política Ka’apor, dos diferentes tipos de relacionamentos interétnicos atuais, inseridos dentro da longa trajetória do poder tutelar estatal através do qual o índio é olhado, desde os diferentes frentes. / The present work is an analysis of Ka’apor politics, drawing on explanations provided by Ka’apor political leaders and members of the community, according to their own perceptions and narratives, both historical and quotidian. The fact that the political life of the Ka’apor takes place within a context of ongoing interrelationship with the outside world, or Karai, makes it important to analyze interethnic politics, taking into account historical antecedents having to do with extractive policies enacted in favor of the interests of the Brazilian nation-state. These policies lead to the invasion and deforestation of the region where the Alto Turiaçú Indigenous Territory is located in the Brazilian state of Maranhão, which in turn caused interethnic friction between the Ka’apor and loggers. The incidence in Ka’apor politics of different types of interethnic relationship is analyzed in the context of the long trajectory of the “guardianship” (tutela) power of the state, through which the state has employed a variety of means to keep watch over indigenous people.
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Awetýza tiʔíngatú : construindo uma gramática da língua Awetý, com contribuições para o conhecimento do seu desenvolvimento históricoSabino, Wary Kamaiurá 08 June 2016 (has links)
Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Letras, Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas, Programa de Pós-Graduação em Linguística, 2016. / Submitted by Raquel Almeida (raquel.df13@gmail.com) on 2017-06-23T16:56:13Z
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Previous issue date: 2017-08-17 / Esta tese de doutorado é um estudo descritivo de aspectos da fonologia segmental, da morfologia e da morfossintaxe e sintaxe da língua Awetý, que pertence à família Awetý, uma das 10 famílias do tronco linguístico Tupí (RODRIGUES, 1951, 1952, 1953, 1964, 1981,1984- 1985, 1996, 1997, 1998, 2005, 2007, 2012; RODRIGUES e CABRAL2012). Foi construída à luz de uma linguística antropológica, em que a língua é concebida como instrumento da cultura e moldada por ela. Foram utilizados procedimentos de análise de descrição linguística básica, fundamentada em dados de situações de fala natural. As análises dos dados procuraram estabelecer contrastes de estruturas e padrões, observando critérios distribucionais dos elementos analisados. Esta tese foi orientada por estudos clássicos sobre línguas Tupí, principalmente pelos estudos de Rodrigues (1951, 1952, 1953, 1985, [1981] 2012, 1986, 1990, 1996, 2001, 2005, 2010,), Rodrigues e Dietrich (1977) Rodrigues e Cabral (2012), Rodrigues, Cabral e Corrêa da Silva (2006), Cabral, Rodrigues e Franceschini (2013), Franceschini (2009a, 2009b, 2010a, 2010b ), Seki (1982, 1990, 2000), Monserrat (1976, 1977, 2001, 2002a, 2002b, 2007a, 2007b, 2009), e Cabral (2001), Cabral e Rodrigues (2005). Os resultados aqui reunidos deverão contribuir para o conhecimento da língua Awetý, mas, fundamentalmente, deve servir à comunidade Awetý nos seus projetos de ensino da língua nativa nas escolas das aldeias, na formação de professores pesquisadores Awetý, e em suas demais ações de fortalecimento de sua língua e cultura. / This dissertation is a descriptive study of aspects of the segmental phonology, morphology, morphosyntax and syntax of the Awetý language, which belong to the Awetý family, one of the ten families of the Tupian linguistic stock (RODRIGUES, 1951, 1952, 1953, 1964, 1981, 1984 1985, 1996, 1997, 1998, 2005, 2007, 2012; RODRIGUES e CABRAL 2012). It has been conceived in the light of an antropological linguistic approuch that sees language as a cultural instrument, whose reference is the culture of its speakers. Procedures of a basic descriptive analysis have been applied by a native speaker of the language on natural data of his language, who’s choise was the stablishment of contrasts and the observation of distributional criteria. This dissertation has been oriented by classical studies on the Tupian languages, mainly by the studies by Rodrigues (1951, 1952, 1953, 1985, [1981] 2012, 1986, 1990, 1996, 2001, 2005, 2010,), Rodrigues e Dietrich (1977) Rodrigues e Cabral (2012), Rodrigues, Cabral e Corrêa da Silva (2006), Cabral Rodrigues e Franceschini (2013), Dietrich (1977, 1990, 1996, 2000, 2001, 2006), Franceschini (209a, 2009b, 2010a 2010b ), Seki (1982, 1990, 2000) e Monserrat (1976, 1977, 2001, 2002ª, 2002b, 2007a, 2007b). The results reunated here, shall to contribute to the inguistic knowledge on theAwetý languages, to the Awetý comunity, to their language teaching projects at Awetý schools, and to the linguistic formation of native speakers of Awetý.
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O prazer pela carne : antropologia ritual dos povos Tupinambá nas cartas jesuíticas de meados do século XVICampos, Fernanda de Freitas 31 December 2016 (has links)
Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Humanas, Departamento de História, Programa de Pós-graduação em História, 2016. / Submitted by Raquel Almeida (raquel.df13@gmail.com) on 2017-07-18T20:36:27Z
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Previous issue date: 2017-07-26 / A historiografia há muito vem salientando que as sociedades tupinambá tinham a guerra como sua principal atividade. O combustível da guerra desses povos era a vingança, que era multiplicada a cada vez que se realizava: não acabava com o ódio pelo inimigo, mas o confirmava. As guerras terminavam no que se pode considerar como o principal ritual da sociedade tupinambá: a antropofagia. Comiam seus inimigos para vingar seus antepassados mortos. Vão à guerra com o objetivo específico de capturar inimigos e comê-los dentro de um ritual. Os missionários jesuítas, em suas cartas, tratam com horror dessa prática dos indígenas, e dizem trabalhar arduamente para tirar-lhes tal costume. Utilizamos uma compilação de cartas jesuíticas, denominada “Cartas Avulsas” para análise da percepção dos padres acerca de tal ritual. Além disso, utilizamos cópia microfilmada das cartas jesuíticas originais. Através desse método de análise, trabalhamos com o objetivo de entender o ritual antropofágico dos grupos tupinambá, com enfoque na possibilidade de que os indígenas sentissem prazer ao comer a carne de seus inimigos, não apenas pela saciedade do sentimento de vingança, mas o prazer pelo alimento. Buscamos isso através do olhar carregado de significado do jesuíta, que está ali cumprindo missão evangelizadora e, além disso, civilizadora. / Historiography has been for long reaffirming the fact that tupinambá’s societies had war as their main activity.Vengence was the fuel to these people’s urge to war, which was multiplied each time they enganged into it: hatred for the enemy was not the end, it rather confirmed it. These wars ended in what can be considered as the main ritual of tupinambá’s society: the anthropophagy. They would eat their enemies as a vendetta for their dead ancestors. They go to war with the specific goal of capturing enemies and eat them in a ritual. As they wrote their letters, the Jesuit missionaries describe with horror this indigenous practice and claimed to wipe out such behaviour. By researching in a compilation of Jesuit’s letters, known as Loose Letters, we seek to analyse these preachers’ perception of such ritual. Besides that, we used a microfilmed copy of Jesuit’s original letters. Through this method of analysis, we worked aiming to understanding the tupinambá’s anthropophagic ritual, with the approach in the possibility that these indigenous would feel pleasure by eating the flesh of their enemies, not only seeking to satisfy their need to revenge, but also the pleasure of nurturing. We seek to see this through the Jesuit’s sigh, which was full of meaning, of a man who was there fulfilling his evangelising mission and, more than that, civilizing mission.
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