Esta tese tem por objetivo narrar as dimensões relevantes no combate a tuberculose que resultaram da interação elites-Estado-opinião pública e, de outro lado, indicar o alcance limitado, no sentido de práticas efetivas da ação destes atores sociais e políticos.O trabalho procura delimitar dois tempos básicos de mudança: o primeiro, anterior a 1920, é um tempo em que a tuberculose emerge como questão pública e não estatal. 0 segundo tempo é demarcado pelo aparecimento dos primeiros sinais de que a tuberculose passava a ser, ainda que de modo limitado, uma questão de Estado. O texto está dividido em três capítulos. O primeiro capítulo aponta o debate científico acerca da doença, localizando o momento em que a concepção social da doença supera a concepção hereditária. O segundo capítulo mostra como as elites médicas e intelectuais posicionam-se e atuam frente ao problema da tuberculose. O terceiro capítulo ocupa-se com a tuberculose como Questão do Estado, entendendo que esta nova dimensão da doença é dada pela criação de um órgão específico para o seu combate dentro da burocracia estatal. Este órgão foi a Inspetoria de Profilaxia da Tuberculose, criada no bojo de uma reestruturação dos serviços federais de saúde publica.

O objetivo desta dissertação é, a partir de um estudo transversal ("survey") realizado numa amostra de estudantes secundaristas, estabelecer taxas de prevalência para qualquer consumo e consumo, nos últimos trinta dias anteriores ao momento da entrevista, de substâncias psicoativas ilícitas (maconha, cocaína, solventes, entre outras) e lícitas (medicamentos, álcool e cigarro de tabaco. Além disto foram testadas, através de análise multivariada, possíveis associações entre maior consumo das substâncias estudadas e algumas variáveis sócio-demográficas. Para a concretização deste objetivo foi elaborado um instrumento (questionário) de auto-preenchimento que foi aplicado a uma amostra de 2114 estudantes, regularmente matriculados em estabelecimentos de ensino da rede pública e privada do Município do Rio de Janeiro. Foi feito uma amostragem por conglomerados, igualmente distribuída entre as escolas públicas e privadas. A taxa de prevalência para qualquer consumo de substâncias psicoativas, excluindo-se álcool e cigarro de tabaco, foi de 20,3% (dp 1,71). Em relação ao álcool esta taxa foi de 91,27 e para o cigarro de tabaco 44,7%. Para consumo nos últimos trinta dias, estas taxas foram: 3,12% (dp 0,74) para qualquer droga (excluindo álcool e cigarro de tabaco) e 34,8% e 5,5% para álcool e cigarro de tabaco respectivamente. Quando comparados a estudos anteriormente feitos no Brasil, os dados indicam que houve um aumento significativo nas taxas de prevalência de consumo de algumas substâncias, tanto no consumo ao longo da vida quanto nos últimos trinta dias. Tal incremento pelo menos o dobro em relação as taxas anteriores. Esta avaliação envolve um período de aproximadamente dez anos. Foi constatado que a natureza dinâmica do fenômeno abuso de drogas, sua etiologia múltipla e a complexa combinação de fatores predisponentes, dificulta o estabelecimento de associações entre o maior consumo de drogas nos últimos trinta dias anteriores a aplicação do instrumento de pesquisa e as variáveis sócio-demográficas estudadas. A partir dos resultados são apresentadas algumas sugestões para implementação de medidas de prevenção ao abuso de substâncias psicoativas.

No período de 1979 a 1981, os óbitos por câncer representaram 10,84% do total de óbitos do Estado Rio de Janeiro. Isto evidencia a importância desta patologia no Estado e o coloca num estágio intermediário entre o apresentado por países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Este estudo analisa a distribuição geográfica da mortalidade por câncer no Estado do Rio de Janeiro utilizando as informações sobre os óbitos do Subsistema de Informações de Mortalidade relativos aos anos de 1979 a 1981 e os dados populacionais do Censo Demográfico de 1980. As taxas de mortalidade por sexo e idade para o câncer em geral e para suas diferentes localizações foram obtidas para o Estado, suas Regiões e seus 64 Municípios. A distribuição dos tumores malignos no Estado do Rio de Janeiro, tendo em conta suas principais localizações primárias, reforça a hipótese do fenômeno da adição nosológica. Observou-se que as localizações bem mais frequentes foram pulmão nos homens e mama nas mulheres, cânceres típicos de sociedades desenvolvidas. Num segundo posto, para os dois sexos, esteve estômago, um câncer que mostra associações com regiões menos desenvolvidas. O Município do Rio de Janeiro e a Região Metropolitana foram os que apresentaram as taxas de mortalidade mais altas para os cânceres em geral enquanto a Região das Baixadas Litorâneas e a da Baia da Ilha Grande mostraram as taxas mais baixas. 0 mapeamento da mortalidade por câncer no Estado não apresentou um comportamento homogêneo mas mostrou-se, em geral, consistente com a distribuição tanto geográfica como sócio-econômicas observados, reforçando a importância dos fatores ambientais na etiologia do câncer. Os resultados encontrados revelam situações que apontam para a necessidade do desenvolvimento de pesquisas que analisem os diferentes padrões de risco aos quais a população deste Estado esta submetida. A informação gerada par este trabalho tem seu papel no diagnóstico de saúde do Estado fornecendo indicadores que podem contribuir para aperfeiçoamento das políticas de prevenção e controle do câncer.

São analisados aspectos relativos a valores, representações, percepções e sentimentos manifestos por indivíduos de classes subalternas, através de suas histórias de vida, buscando uma perspectiva do idoso como elemento detentor de um conhecimento que precisa ser preservado. Foi realizado um estudo de histónas de vida, tendo como fio condutor as memórias do trabalho de 14 indivíduos acompanhados pela equipe multidisciplinar do Núcleo de Atenção ao Idoso (Hospital Universitário Pedro Ernesto - UERJ). Foram utilizadas as seguintes categorias para a análise, trabalho, velhice, memória, submissão, resistência, dignidade, autonomia e sabedoria. Concluiu-se que os indivíduos que não conseguiram encontrar outra motivação para o trabalho além da "luta pela sobrevivência" apresentaram uma acentuada conotação de perda relacionada a velhice. Quando seu trabalho possibilitou o desenvolvimento de áreas do conhecimento ou da atividade, o sentimento de utilidade, dignidade e autonomia encontram-se preservados na velhice. Embora a velhice seja definida pelo grupo como perda, todos apontam formas de resistência. A representação da velhice associada a perda da saúde engloba aspectos evidenciados por alguns indivíduos como independentes de determinação etária e relacionados as condições de vida a que o indivíduo foi submetido. A memória e utilizada frequentemente como instrumento de resistência a velhice socialmente produzida. Ficou evidente o valor testemunhal das memórias do trabalho. No entanto, poucos indivíduos demonstram consciência deste valor. Aqueles que apresentam a auto-estima mais elevada, mantém-se ativos socialmente e demonstram valorizar sua experiência vivida, assumindo sua sabedoria.

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Esse estudo tenciona discutir o problema da depressão na contemporaneidade, levando em conta o interesse crescente que o tema vem despertando no campo da saúde mental e na sociedade em geral. Pretende-se delinear o mosaico composto por alguns dos discursos que prevalecem nos debates atuais, visando contrastar versões universalistas e contextualistas da depressão. As versões universalistas apresentadas atribuem a maior visibilidade da depressão ao aperfeiçoamento das classificações psicopatológicas e aos progressos da psicofarmacologia, ou, inversamente, a difusão maciça do vocabulário psiquiátrico, sustentada pela indústria farmacêutica. Tomando o conceito de distimia como principal objeto de análise, a ênfase do trabalho incide sobre as versões contextualistas da depressão. Dessa perspectiva, são assinaladas as afinidades existentes entre dois tipos clínicos - a distimia e a personalidade narcísica - e urn tipo cultural - o individuo pós-modeno -, enfatizando-se as transformações normativas que parecem favorecer a emergência dos quadros depressivos de baixa intensidade.

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Partindo da premissa de que o paciente em coma é um sujeito, e que o seu processo comatoso é uma alteração do estado de vida, em contraposição ao imaginário social que lhe atribui estereótipos de sono próximo a morte, inércia, suspensão de sua vida mental e impotência. Esta dissertação tem como objetivo demonstrar que o coma é demarcado no limite entre o caos e o desejo na medida em que cada paciente vivencia o processo comatoso de forma singular e demarcado conforme sua experiência subjetiva, implementando movimentos em direção a processos de vida ou de morte. Para tanto foram utilizados análise de casos clínicos, entrevistas com médicos, familiares e pacientes que saíram do coma, além de pesquisa bibliográfica, utilizando a psicanálise como arcabouço teórico que fundamenta as inferências e conclusões propostas nesta dissertação. / Assuming that the comatose patient is a human been, and that his comatose process is an altered state of life, in contrast to the picture that gives you social stereotypes sleep near death, inertia, suspension of your mental life and impotence. This dissertation aims to demonstrate that the coma is demarcated the border between chaos and desire in that each patient experiences the process of natural Comatose shape and marked according to their subjective experience, moves toward implementing processes of life or death . For this analysis of clinical cases, interviews with doctors, patients and family members who came out of the coma were used in addition to literature, using psychoanalysis as a theoretical framework that underlies the inferences and conclusions proposed in this dissertation.

Este trabalho visa contar o percurso de um setor criado por psicanalistas da rede pública, denominado Ambulatório de Crise, que funcionou de 1970 a 1979 no Hospital Pinel, hospital psiquiátrico do Ministério da Saúde, com a proposta de oferecer psicoterapia breve e focal a comunidade. É dividido em duas partes: a primeira enfoca os anos da ditadura militar, a situação cultural e do campo da saúde mental na década, baseada em bibliografia existente; a segunda enfoca o percurso do setor, sua criação, crescimento e término, seus diretores e o trabalho proposto. Para a realização desta segunda parte foram feitas entrevistas-testemunhais com ex-participantes, e obtidas fontes documentais no Instituto Pinel e com colaboradores. O trabalho foi norteado, em primeiro lugar, no sentido de estabelecer relações entre as ideologias das pessoas e da instituição com o contexto político, cultural e ideológico vigente; em segundo, reconhecer aquelas pessoas e suas propostas; e, em terceiro lugar, refazer a história propriamente dita.

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / No presente trabalho, tomou-se como objeto de pesquisa a análise dos componentes da mortalidade infantil; em particular, a natimortalidade e mortalidade neonatal precoce, estimadas a partir do Sistema de lnformações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SH/SUS). Na primeira parte da pesquisa, o objetivo principal foi investigar a SIH/SUS como fonte para estimar a natimortalidade e a mortalidade neonatal para alguns estados da Federação para o ano de 1995. Desenvolveu-se uma metodologia para cálculo das referidas taxas a partir do SIHISUS e, para fins comparativos, foi utilizado o Sistema de Mortalidade (SIM). Observou-se que a SIH/SUS forneceu mais óbitos fetais e neonatais precoces do que a SIM/MS em grande parte das unidades federadas da região Nordeste. As estimativas das taxas sob estudo, pelos dois sistemas de informação para as regiões Sul e Sudeste, foram semelhantes. Na segunda parte, estimaram-se as taxas de natimortalidade e dos componentes da mortalidade neonatal a partir do SIH/SUS para todas unidades federadas, utilizando-se a metodologia proposta na parte anterior. As diferenças regionais foram analisadas quanta à associação com indicadores de cobertura, de utilização e de acesso aos serviços do SUS. As taxas estimada foram comparadas as obtidas para alguns países desenvolvidos que possuem melhores condições de assistência neonatal. Conforme as anáises realizadas, observou-se predominância de taxas elevadas no período neonatal precoce para as regiões Sul e Sudeste e, valores muito baixos nos estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Além disso, observou-se que a baixa oferta e o acesso limitado aos serviços do SUS constituem restrições relevantes a população residente nestas macrorregiões. A comparação das taxas de mortalidade neonatal precoce de algumas das unidades federadas com aquelas de outros países coloca o Brasil em lugar desfavorável.

A incidência de doenças diarréiças foi estudada em menores de 5 anos, residentes na Ilha de Paquetá, para os anos de 1995 a 1999. Os dados foram obtidos dos boletins de emergência da Unidade Integrada de Saúde Manoel Arthur Villaboim. Com o objetivo de identificarmos possíveis aglomerados de casos, dividimos a ilha em três áreas, considerando questões geográficas e históricas de ocupação. Devido ao pequeno número de casos, os mesmos foram agregados mensalmente, segundo área e para a ilha como um todo. Para análise, utilizamos o estudo ecológico de tendências temporais, considerando as incidências anual e mensal de doenças diarréicas anos estudados e a mudança do nível de exposição, para as áreas e para a ilha. A referida mudança do nível de exposição se deu em função das obras do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, quando todos os domicílios passaram a dispor de água tratada e esgotamento sanitário. Os resultados mostram que ao final do período de estudo, houve mudanças significativas nos padrões de incidência de doenças diarréicas nas áreas por nós determinadas e na ilha como um todo. Os resultados encontrados contudo, estão aquém daqueles esperados em literatura, nos indicando a necessidade aprofundarmos o estudo sobre causalidade das doenças diarréicas, para que possamos instituir ações, que ao lado das necessárias mudanças de infra-estrutura, sejam capazes de contribuir para a diminuição dessas doenças, que ainda exercem um importante papel no perfil de morbimortalidade de nossa população.

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Neste trabalho, resolvemos conhecer o professor médico no que diz respeito aos seus valores e comportamentos, visando a um melhor entendimento dos processos de mudanças no âmbito do ensino. Pressupõe-se, sobretudo, que tais elementos apresentem estreita relação com a formação médica, compondo, ao final, uma cultura médica, já adquirida, inclusive, na escola. Objetivou-se analisar: as condições de exercício profissional, pautas de valores e auto-imagem do professor médico; os problemas manifestos pelos docentes relacionando-os ao sistema de valores profissionais. Optou-se pela história oral obtida de entrevistas com docentes de diferentes especialidades, na FCM, UERJ. As análises foram realizadas através de categorias clássicas da Sociologia das Profissões. A autonomia constitui-se valor fundamental, associada a condições de exercício profissional adequadas. Fator importante de desgaste profissional, os problemas identificados referiram-se geralmente à perda de autonomia técnica e pedagógica nas decisões do ensino. A resistência a reformas no ensino médico relaciona-se ao sistema de valores profissionais, visto que as modificações avaliadas como indesejáveis confrontam diretamente tal sistema. O professor traz para dentro da FCM / H.U. o mesmo padrão de pensamento e comportamento característicos da profissão.