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Pelas palavras livres de gramáticas: reflexões sobre a formação dos trabalhadores de saúde mental / For the free words of grammars: reflections on the training of the workers of mental health

Daniela Albrecht Marques Coelho 23 June 2008 (has links)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Este trabalho se ocupa da discussão e reflexão sobre a formação do trabalhador de saúde mental no contexto da Reforma Psiquiátrica brasileira. A formação é entendida como um importante dispositivo no sentido de manter vivo o caráter instituinte de uma proposta de transformação quando ela se torna política pública, como é o caso da assistência pública em saúde mental a partir do movimento de Reforma Psiquiátrica. Inicialmente, a dissertação apresenta algumas formulações de Antonio Gramsci, uma das principais matrizes do pensamento basagliano, na crença de que potencializa o entendimento construído sobre o processo de Reforma, de modo a melhor situá-la enquanto elemento na luta democrática em um sentido ampliado, politizando tal processo. Apresenta, em seguida, algumas linhas constitutivas do movimento no cenário brasileiro e a noção de desinstitucionalização, cunhada por Franco Basaglia, principal marco a partir do qual o processo de Reforma é analisado. A formação é pensada no plano daquilo que o processo de trabalho, refletido, produz enquanto conhecimento para o trabalhador, enquanto saber sobre o seu próprio trabalho. Formação e assistência são analisadas, assim, em um plano de imanência, o serviço é tomado como o lócus da formação do trabalhador e a discussão sobre os processos de trabalho adquire centralidade. Considera que a ética que rege as relações com a loucura não se apresenta destacada da ética que rege as relações de trabalho neste campo. Também leva em conta que há uma dimensão afetiva nos processos de formação normalmente negligenciada e que a dissertação procura afirmar, dotando as relações de trabalho de relevância também no âmbito da formação. Defende que a restauração da reciprocidade nas relações com a loucura, como pressupõe um projeto de desinstitucionalização, não pode estar separada da possibilidade de os próprios trabalhadores estabelecerem relações também mais recíprocas. Neste sentido, os espaços de reflexão e auto-questionamento, que possibilitam aos trabalhadores se apropriarem de seu trabalho, e as relações entre a equipe são valorizados. Foram entrevistados trabalhadores de dois serviços de saúde mental públicos do Rio de Janeiro: um CAPS e um Serviço Residencial Terapêutico, modalidades escolhidas pelo entendimento de se tratarem de serviços de ponta da Reforma Psiquiátrica no Brasil hoje. Suas falas são tomadas enquanto forças presentes no campo, que se expressam através delas, mas que não se circunscrevem àqueles que as emitem. As entrevistas são analisadas segundo seis eixos principais para a análise, a partir da percepção de forças que se fizeram mais presentes neste campo, entendendo que todos eles constituem e são atravessados pelo tema da formação. Assim, são abordadas as trajetórias, a interdisciplinaridade, a supervisão, os processos de trabalho, as concepções de serviços substitutivos e as formulações sobre clínica/política. / This paper aims at examining and discussing the training of health workers in the Brazilian Psychiatric Reform context. Training in this sense is understood as an important measure geared to maintaing alive the disciplinary character of a transformation proposal turned into public policy, as is the case of the public assistance in mental health resulting from the Psychiatric Reform movement. The dissertation opens with some formulations by Antonio Gramsci, one of the main matrixes of the Basaglian thought, in the belief that this will add to the understanding of the Reform process inasmuch as it introduces it in a broader and more political sense as an element in the democratic struggle. This is followed by some reflections regarding both the movement in the Brazilian scenery and the concept of deinstitutionalization, coined by Franco Basaglia, main landmark for analyzing the Reform process. The training itself is perceived on the basis of the results obtained by workers from the work process itself, in the sense of the learning and knowledge gained by them after reflection over the work accomplished. Training and assistance are analyzed within a domain of immanence. In other words, the service itself is seen as the locus of the workers training, and discussions surrounding the work process are, therefore, the central issue. Ethics involved in relations referring to madness are considered inseparable from the ethics ruling work-related issues in this field. Furthermore, the normally neglected affective level present in training processes is both taken into account and asserted by the dissertation, as work relations are viewed as relevant in the training context as well. In coherence with a deinstitutionalization project, the study also supports the fact that restoring reciprocity in relations involving madness cannot be separated from allowing workers to, in the same manner, establish more reciprocal relations. In that sense, furthermore, periods for self-questioning and reflection, which help workers to effectively occupy their work place, added to possibilities for exchanges among team members, are important aspects to consider. Workers from the following two public mental health services in Rio de Janeiro were interviewed: those from CAPS and those from the Therapeutic Residential Service. These two services were chosen because in Brazil they are considered outstanding modalities in the contemporary Psychiatric Reform. The statements by workers, though taken as a strong expression of their presence in the field, are not restricted to those emitting them. The interviews are analyzed according to six main axes for the analysis, as well as on the basis of what was perceived as the strongest manifestations in this field. It is important to stress that training, as a theme, both constitutes and runs through each of these axes. Thus, pathways, interdisciplinarity, supervision, work processes, conceptions of substitutive services and formulations regarding clinic/policies, are among the topics covered.
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Contrarreforma psiquiátrica: o modelo hospitalocêntrico nas políticas públicas em saúde mental no Rio Grande do Sul

Souza, Vinícius Rauber e January 2012 (has links)
Made available in DSpace on 2013-08-07T18:44:54Z (GMT). No. of bitstreams: 1 000438729-Texto+Completo-0.pdf: 915639 bytes, checksum: 064694b05293258b7109e5fb99a2b1dc (MD5) Previous issue date: 2012 / The work adresses the process of psychiatric reform in Rio Grande do Sul. It focuses in the psychiatric counter-reform, with the return to the hospital-centered model – centered on internation and on care in general hospitals – to the mental health policies in place of the psychosocial model, based on outpatient and community treatment. It seeks to scan the conflicts, the disputes, the resources used by the groups, the main types of capital in the field, the current configuration, the participation of those involved in public debates and your main strategies and mechanisms of action. It emphasizes the formation of alliances and coalitions in the field of mental health in Rio Grande do Sul. The analysis focuses on groups that resist to the psychiatric reform, topic that remains largely untouched by the academic literature, examines their relationships and their role in the political arena in mental health. The empirical research, that has supported the work, was done from the observation of public debates and events on mental health, interviews with the agents in the field and from the reading of minutes of meetings, newspapers, blogs, theses and dissertations on the subject. We conclude that the model of mental health care for psychosocial base has been losing ground in public policy in recent years for the hospital-centered model, which has established itself as the dominant paradigm in the field of mental health mainly from the crack epidemic. / O trabalho aborda processo de reforma psiquiátrica no Rio Grande do Sul. Focaliza a contrarreforma psiquiátrica, com o retorno de um modelo hospitalocêntrico – centrado na internação e no atendimento em hospitais gerais – às políticas públicas de atenção à saúde mental em detrimento do modelo psicossocial, que é baseado no atendimento ambulatorial e comunitário. Procura mapear os conflitos, as disputas, os recursos utilizados pelos grupos, os principais tipos de capital valorizados no campo, a atual configuração, a participação dos envolvidos nos debates públicos e suas principais estratégias e mecanismos de ação. Salienta a formação de alianças e coalizões no campo da saúde mental no Rio Grande do Sul. Foca a análise nos grupos que resistem à reforma psiquiátrica, tema de pesquisa que permanece praticamente intocado pela literatura acadêmica, examina suas relações e sua atuação na arena política em saúde mental. A pesquisa empírica que deu suporte ao trabalho foi feita a partir da observação de debates públicos e eventos na área da saúde mental, de entrevistas realizadas com agentes no campo e da leitura de atas de reuniões, jornais, blogs, teses e dissertações sobre o assunto. Conclui que o modelo de atenção à saúde mental de base psicossocial vem perdendo espaço nas políticas públicas nos últimos anos para o modelo hospitalocêntrico, que se consolidou como o paradigma dominante no campo da saúde mental principalmente a partir da epidemia de crack.
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Motivos que levam jovens a recusar drogas: subsídios a propostas de prevenção à drogatização na escola, com ênfase na saúde cerebral

Flores, Mariel Hidalgo January 2004 (has links)
Made available in DSpace on 2013-08-07T18:52:39Z (GMT). No. of bitstreams: 1 000320750-Texto+Completo-0.pdf: 839455 bytes, checksum: 1ffa7031705030f8e133f0537fc995a7 (MD5) Previous issue date: 2004 / This dissertation was done to investigate the complex drug abuse problem among high school students in the city of Porto Alegre/RS. Different from what is usually studied, this research was done to understand the reality of teenagers who do not use drugs, to identify the reasons why they refuse drugs. For better comprehension of the subject, research was done on the legal aspects of drugs, the function of the nervous system, psychoactive substances and their organic effects, and also the main models on drug abuse prevention, trying to make a commitment to health and education, especially at brain level. The information collected from students, in statements and interviews, were analyzed in terms of quality, and served as a basis for planning some interdisciplinary activities to promote prevention on drug abuse in the school “Colégio Estadual Julio de Castilhos”.With these activities, a process of awareness on the conditions for a life of better quality and mental health takes place. Youngsters with mental vigor, may have higher reflexive potential and better critical ability to promote changes in the social context in which they are, contributing towards the development and progress of the country. This research may serve as an aid for the construction of a drug prevention program in high schools, and also, in training teachers, in a process of continued education, giving emphasis to the reality of the world of drugs during adolescence. / Esta dissertação investigou a complexa problemática das drogas entre os estudantes de uma escola de nível médio na cidade de Porto Alegre/RS. Ao contrário do que se focaliza comumente, busquei nessa pesquisa conhecer a realidade dos adolescentes não usuários de drogas, na expectativa de identificar os motivos que levam esses jovens a recusá-las. Assim, para melhor compreensão dessa temática, pesquisei os aspectos legais sobre drogas, a funcionalidade do sistema nervoso, as substâncias psicoativas e seus efeitos orgânicos e, ainda, os principais modelos de prevenção ao uso de drogas, buscando engajar educação e saúde, principalmente no nível cerebral. As informações coletadas junto aos alunos, em depoimentos e entrevistas, foram analisadas qualitativamente, servindo de base para planejar algumas atividades interdisciplinares para prevenção ao uso de drogas, no Colégio Estadual Júlio de Castilhos .Com essas atividades, será promovido um processo de conscientização quanto às condições para uma vida com maior qualidade e saúde cerebral. O jovem com vigor mental poderá desenvolver um potencial reflexivo mais elevado, bem como melhor capacidade crítica para promover modificações no contexto social em que se encontra inserido, contribuindo para o crescimento e progresso do país. Portanto, esta pesquisa poderá servir como subsídio para a construção de uma proposta de prevenção às drogas em escolas de ensino médio, e também para trabalhar com a capacitação de professores, num processo de educação continuada, ressaltando a realidade do mundo das drogas na adolescência.
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Uma clínica da escrita : experimentações ateliais

Garavelo, Leonardo Martins Costa January 2016 (has links)
A pesquisa que embasa nossa tese interroga sobre a potência clínica da escrita junto a frequentadores do Ateliê de Escrita da Oficina de Criatividade do Hospital Psiquiátrico São Pedro. Toma como pressuposto que o ato de escrever porta tendências desterritorializantes aos sujeitos portadores de sofrimento mental, como de resto a qualquer um outro, colocando-se como dispositivo da invenção de si e de mundos. Trata-se, nesse caso, de virmos a cartografar algumas experimentações realizadas junto ao Ateliê de Escrita, mapeando agenciamentos coletivos que se tornam acontecimentos no decorrer do processo. Assume-se que as escritas produzidas nesse âmbito possam ser tomadas como testemunhos de vidas infames que experimentam inéditas experiências de falar de si a partir de sua loucura e dos estigmas sociais que lhes são impostos pela discursividade hegemônica. Dessa forma, confia-se que tais testemunhos possam operar, no seio do arquivo da história da loucura, como efeitos a contrapelo aos seus desígnios de exclusão e de incapacitação. Nossos procedimentos metodológicos inscrevem-se no escopo das pistas cartográficas, nas quais assumimos a posição ativa de narrar, através de gestos biografemáticos, alguns processos de deslocamentos dos sujeitos implicados, em direção à diferenciação e expansão da vida. Buscamos produzir um mapa de deslocamentos subjetivos que, em sua efemeridade e aparição, não atestam a cura de ninguém, mas se colocam como expansores de vidas encolhidas socialmente e marcadas pelas práticas sociais de sua exclusão e apagamento. Referenciais oriundos da Filosofia da Diferença e da literatura servirão como ferramentas conceituais para a nossa problematização e direção ética enquanto pesquisadores.
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Vozes no corpo, territórios na mão : loucura, corpo e escrita no PesquisarCOM

Silveira, Marília January 2013 (has links)
Este trabalho é um convite a um passeio pelos litorais de uma pesquisa. Toma o narrar como método, e um método de pesquisa qualitativo, o PesquisarCOM, como objeto. Propõe um passeio desse método por alguns litorais. Com ajuda da literatura, o leitor é levado, a cada capítulo, pelas narrativas da experiência de pesquisarCOM usuários de saúde mental, a deslizar pelos litorais da loucura, do corpo e da escrita marcando as fronteiras entre esses territórios. Uma trama que mistura método, objeto, pesquisador e pesquisado, com o objetivo de problematizar a pesquisa qualitativa em saúde. Esta dissertação esteve imersa no projeto multicêntrico Gestão Autônoma da Medicação, do qual intenta desemaranhar-se a cada capítulo a fim de disseminar essa experiência e inspirar outros pesquisadores a fazer mais pesquisas COM as pessoas e não SOBRE as pessoas. / This study is an invitation to a walk through the coastlines of a research. It takes the narrate as a qualitative research method and ResearchWITH as object. Proposes a walk of this method by some coastlines. With the help of the literature, the reader is led to each chapter by the narratives of the experience of researchWITH users of mental health, to slide the coastlines of madness, body and writing marking the boundaries of these territories. A plot that mixes method, object, researcher and researched, in order to discuss the qualitative health research. This dissertation was immersed in multicentric project Autonomous Management of Medication, which attempts to unravel in each chapter in order to disseminate this experience and inspire other researchers to do more research WITH people and not ABOUT people.
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Homens cuidados por mulheres : entre cuidado e interdição, o que escapa?

Tinoco, Stelamaris Glück January 2013 (has links)
Tomando o conto de Machado de Assis, o Alienista, como inspiração, este trabalho olha para as construções de masculinidades de homens usuários de serviços de saúde mental da rede substitutiva, egressos de longa permanência em hospital psiquiátrico e suas itinerâncias no espaço urbano. Entre o cuidado, exercido predominantemente por mulheres e o duplo interdito que recai sobre os mesmos, interdito diagnóstico e o interdito legal, homens perambulam pela cena urbana, ganhando chão e tecendo redes. Redes de vizinhança e de troca que lhes colocam a possibilidade de serem mais um, perdendo-se na indiferença, no anonimato que os torna cabíveis. Em suas andarilhanças se fazem viáveis redesenhando lugares e nomeações. Morar, escolher, trabalhar, prover a casa, exercer a conjugalidade, provar sua honra e virilidade, ser depositário da confiança do dono do armazém e comprar no caderno, dizem de frestas que se abrem no social. Olhares que se deseducam, ressignificando masculinidades. Num recorte de território e de subjetivações, inseridos em serviços residenciais terapêuticos, perdidos/achados numa vila, que poderia ser a do conto Machadiano, alforriados pelos muitos doutores Bacamartes que lhes selaram caminhos, homens experimentam a potência dos encontros como produção de saúde. / Taking the tale of Machado de Assis, the Alienist, as inspiration, this work looks at the construction of masculinities of male users of mental health services network replacement. Men are emerging from long stay in a psychiatric hospital and its itinerancies in urban space. Among the care exercised predominantly by women and the double injunction that falls on them, diagnosis and interdict interdict legal, men roam the urban scene, gaining ground and weaving networks. Neighborhood networks and exchange them put the possibility of another, losing himself in indifference, anonymity makes them reasonable. In his itinerancies make themselves viable redesigning seats and appointments. Living in a home, choose to work, provide for the household, marital exercise, prove your honor and manhood, be custodian of the trust of the owner of the store and buy the book, say the cracks that open in social. In a clipping territory and subjectivation, inserted in residential care homes, lost / found in a village, which could be the tale Machado, men experience the power of the encounters as health production.
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A loucura interroga a gestão : subjetividade e saúde mental na era do trabalho imaterial

Nogueira, Cássio Streb January 2014 (has links)
O presente trabalho nasce das inquietações produzidas a partir de uma experiência disparadora, em um serviço substitutivo de Saúde Mental no litoral norte do Rio Grande do Sul. Para acompanhar os processos em produção e desdobrar o que pode ser visualizado ali, utilizamos uma inspiração cartográfica, método criado por Gilles Deleuze e Félix Guattari. Discutimos, assim, as possibilidades da loucura como potência intercessora dos processos de trabalho presentes no capitalismo tardio, especialmente o trabalho em saúde mental. Primeiramente, passamos em revista nosso conceito de saúde e como este se chocava frontalmente com o entendimento hegemônico tradicional ainda presente no nosso campo de atuação; discutimos os paradigmas biomédicos e psicossociais, o nascimento da medicina moderna em Foucault e as formas de tutela, dominação e controle sobre os corpos nascidas destas, contrastando com o entendimento de saúde como capacidade normativa e de assumir riscos de adoecimento de Canguilhem. Em seguida, teorizamos a transição no mundo do trabalho, que passa do modelo de gestão taylorista ao modelo imaterial, este típico do Império; se no taylorismo corpos eram dominados invisibilizando a subjetividade presente na atividade, na era imaterial, por outro lado, é a subjetividade que é posta a trabalhar biopoliticamente; teorizamos, ainda, as formas de poder e resistência possíveis neste processo, que tem a guerra permanente como modelo de gestão do biopoder imperial; buscando juntar forças à loucura, agregamo-nos com os conceitos de multidão, forma imanente ao Império e o Nomadismo e forma imanente à dominação estatal. No terceiro capítulo, ampliamos a noção de gestão do trabalho e da atividade da vida, entendendo-a como uma dobra pensada não somente como as prescrições inerentes ao trabalho, mas como o laborioso uso de si entre as dobras presentes na produção subjetiva do trabalhador e do trabalho embaralhada com a potência intercessora da loucura. No último capítulo retornamos ao campo do trabalho em saúde mental para ver como o trabalho, que opera diretamente com a loucura, estabelece essa relação no espaço, mesmo desta transição do mundo do trabalho e da mudança de paradigma do cuidado em saúde. Concluímos que há de se cuidar, nessa passagem do taylorismo ao imaterial, das sociedades disciplinares às de controle, para escaparmos da serialização massificante das formas hegemônicas tradicionais e da constituição de redes frias, produtoras do mesmo na lógica imaterial. Trabalhar com a loucura é um trabalho afetivo, que permite desburocratizar e esquentar as redes de cuidado. / This work arises from concerns produced from a triggering experience in a substitute Mental Health service on the northern coast of Rio Grande do Sul. In order to monitor production processes and unfold which can be viewed here, use a cartographic inspiration, method created by Gilles Deleuze and Félix Guattari. Thus, we discuss the possibilities of madness as intercessory power of work processes present in late capitalism, especially the mental health work . First, we review our concept of health and how it clashed sharply with the traditional hegemonic understanding still present in our field; discussed the biomedical and psychosocial paradigms, the birth of modern medicine in Foucault and the forms of tutelage and domination control over the bodies of those born, contrasting with the understanding of health as a normative and capacity to take risks of illness with Canguilhem. Then we theorize the transition of the work in the world, which passes from the Taylor model to the immaterial model, this typical of the Empire; if the bodies were dominated in the Taylorism making the subjectivity invisible in the activity, at the immaterial era, on the other hand, is the subjectivity that is put to work biopolitically; we also theorize the forms of power and the possible resistance to this process which has permanent war as management of imperial biopower model, seeking to join forces to madness, add us to the concepts of Crowd, immanent to Empire and Nomadism the immanent way to the state domination. In the third chapter, we extend the notion of managing work and life activity, understanding it as a fold designed not only as the requirements inherent in the job, but as the laborious use of themselves into the folds present in worker output and subjective work, shuffled with the intercessory power of madness. In the last chapter we return to the field of mental health work to see how the work that operates directly with madness establishes this relationship, even within this transition from the working world and paradigm shift in healthcare. We conclude that we have to take care in this passage from Taylorism to the Immaterial, from disciplinary to control societies, intending to escape the massifying serialization of traditional hegemonic forms and establishment of cold chains, producing the same, as shown in the immaterial logic. Working with madness is an affective labor, which allows heat and less bureaucratic networks of care.
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Receituário mais que especial : uma intervenção urbana para disseminar modos de pensar a saúde no contexto de medicalização da vida / Receituário mais que especial : an urban intervention to spread other ways of thinking health-care facing the context of life’s medicalization

Zanchet, Livia January 2014 (has links)
Este trabalho constitui-se como uma narrativa de experiência que busca mostrar os efeitos de uma intervenção urbana construída para disseminar outros modos de pensar a saúde, diante de um contexto de transformação de comportamentos tidos como indesejáveis em transtornos que requerem cuidados médicos, acarretando um uso crescente de medicamentos controlados. Embora o propósito inicial da intervenção pretendesse alcançar a temática do estigma carregado pela loucura, terminou por incidir sobre as práticas medicalizadas – entende-se que este deslocamento, se diz respeito a uma troca de posição, expressa um mesmo lugar de desvalia e clausura direcionado às manifestações da diferença – antes entregues aos espaço manicomial, hoje contidas por meio de diagnósticos e do uso de psicofármacos. Percebe-se que as marcas da loucura seguem necessitando ser silenciadas. A intervenção chamada Receituário Mais que Especial foi criada a partir do encontro da pesquisadora com o Espaço Liso, projeto de extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, constituído como um grupo interdisciplinar de arte e experimentação envolvendo produções de Arte na sua interface com a Saúde e a Educação. As prescrições que se produziram por meio do Receituário eram lúdicas e as mais inusitadas, direcionadas a crianças, adolescentes, adultos e idosos, com o objetivo de, por meio da delicadeza, da ocupação do espaço público e do cuidado, permitir aos sujeitos experimentar o lugar da fala e da escuta e, diante da velocidade e atropelamento do cotidiano, buscar olhar para seus próprios movimentos de vida e para aquilo que lhes incita prazer. Num mundo marcado pelo crescente aumento da medicalização, o que se quis com esta atividade foi a criação de um espaço de conversa onde os aspectos de saúde fossem colocados em primeiro plano e, desta forma, a busca por alisar o espaço estriado do discurso medicalizado. / The present document compiles a narrative of experiences to present the effects of a urban intervention built, transforming some called undesired behaviors in disorders that require medical attention where the common treatment is to increase the dosage of controlled drugs. Despite the initial proposal of the happening was to reach the stigma of mental illness audience, it ended up to influence other medicalization practices – we understand that this shift is related to a swap of places, expressing the same felling of depreciation and enclosure targeting of the difference manifestations - before delivered to manicomial spaces, today inside medical diagnosis and the usage of psychiatric drugs. We realize that the marks of crazyness still need to be sillenced. The urban intervantion called: “Receituário Mais que Especial” (meaning “A More Than Especial Prescription Pad”, in english) results from a meeting of “Espaço Liso” (meaning “Smooth Space”, in english) initiative, an extension project of Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) proposing an interdisciplinary research group on the experimentation of art as an interface to health-care and education. Prescriptions of “The Pad” are ludic and very unusual, directed to children, teenagers, adults, and elders, the goal is, through kindness, ocupation of public spaces, and care, to allow people experience the process of talking and being listened, against the speed and rush of the day-by-day life. With that we invite people to search for their own moves that encourage pleasure, in a world marked by the increasing of medicalization, with this activity we create an open dialog where health-care aspects are put first, through that we search to smooth the striated space of the medicalized speech.
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Autonomias errantes : entre modos de ser autoimpostos e possibilidades de invenção de si

Zambillo, Marciana January 2015 (has links)
No Brasil, o campo da saúde, em especial a saúde mental, adota o conceito de ‘autonomia’ e tem por ele muito apreço, conforme explicitado em grande parte das políticas públicas da área, sem, no entanto, descrevê-lo ou problematizá-lo. Em geral, as pesquisas de campo voltadas ao contexto da saúde mental pressupõem um entendimento a priori ou naturalizado de autonomia. O objetivo desta pesquisa de mestrado é abordar a autonomia em três ênfases: conceito, exercício e ato. Como conceito, traçamos um breve percurso histórico-filosófico a fim de clarear, problematizar e atualizar o termo ‘autonomia’. Como exercício, buscamos elucidar, a partir da pesquisa e estratégia da Gestão Autônoma da Medicação (GAM) em seus cinco anos de existência e atuação, exercícios do conceito, êxitos, tropeços e capturas. E, como ato/performance, apresentamos a experiência de um laboratório de imersão. Tratamos, como laboratório, uma viagem a Montreal-CA durante 15 dias em novembro de 2013, realizada por dez pessoas que participaram como pesquisadores no projeto GAM (usuários de saúde mental e discentes das universidades envolvidas). A GAM aposta numa metodologia participativa de se fazer pesquisa e saúde mental, considerando todos os envolvidos como pesquisadores e esfumaçando o lugar de sujeitos de pesquisa. Em afinidade com tal proposta, adotamos para esta dissertação a metodologia cartográfica, a dissolução do lugar do pesquisador, a valorização da experiência. O trabalho que segue é composto também de fotografias, links para vídeos e blog, uma narrativa, todos feitos coletivamente. Trata-se de uma produção que não passa somente pela escrita, tão pouco unicamente pelas mãos da mestranda. / In Brazil, the health field, and mental health, particularly, uses the concept of ‘autonomy’ and is very esteem about it, as explained on a greatest part of public policies area, without, however, describe or questioning the term. In general, the field researches regarding to the mental health context assume an understanding a priori or naturalized as autonomy. The purpose of this master's research is to address the autonomy in three emphasis: concept, exercise and act. As a concept, we draw a brief historical-philosophical route in order to lighten, discuss and update the term 'autonomy'. As an exercise, we seek to elucidate, from the research and strategy of the Autonomous Medication Management (GAM) in its five years of existence and operation, concept exercises, successes, trips and catches. As an act / performance, we present the experience of an immersion lab. We consider as a laboratory, a trip to Montreal-CA for 15 days in November 2013, performed by ten people who participated as researchers in the GAM project (mental health users and students of the universities involved). GAM bets on a participatory methodology of doing research and mental health, considering all its participants as researchers and smudging the place of research subjects. In affinity with this proposal, we have adopted for this thesis the cartographic methodology, the dissolution of the place of the researcher, the appreciation of the experience. The work that follows also consists of photographs, links to videos and to the blog, a narrative, all made collectively. This is a production that not only goes through writing, and also not only by the hands of the master's degree.
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Variáveis individuais e familiares e sua relação com autoestima e saúde mental na adolescência

Paixão, Raquel Fortini January 2014 (has links)
Este estudo investigou relações entre variáveis familiares (configuração familiar, violência intrafamiliar, clima familiar), autoestima e saúde mental em adolescentes. Foram realizados dois estudos empíricos a partir do banco de dados da pesquisa “Adolescência em diferentes contextos: Família e institucionalização”, desenvolvida pelo Núcleo de Estudos e Pesquisa em Adolescência - NEPA. No primeiro estudo, foi investigada a relação entre autoestima e saúde mental de 359 adolescentes, considerando diferenças por sexo, idade e tipo de configuração familiar. Os meninos apresentaram melhor saúde mental do que as meninas, mas não há diferenças por sexo, idade ou configuração familiar quanto à autoestima. Observou-se, também, uma correlação significativa entre saúde mental e autoestima. No segundo estudo, investigaram-se as relações entre violência intrafamiliar, clima familiar e saúde mental na adolescência. Os resultados indicaram que as variáveis violência, conflito e apoio na família estão independentemente associadas aos sintomas de transtornos mentais nos adolescentes. Assim, o apoio da família pode ser considerado um fator de proteção e moderador de problemas relacionados à saúde mental na adolescência. Estratégias de intervenção voltadas à família e aos jovens são importantes. / This study investigated relationships between family variables (family configuration, family violence, family climate), self-esteem and mental health in adolescents. Two empirical studies were conducted from the database search “Adolescence in different contexts: Family and institutionalization”, developed by the Center of Studies and Research on Adolescence – NEPA. In the first study we investigated relations between self-esteem and mental health of 359 adolescents, considering differences by sex, age and type of family configuration. Boys had better mental health than girls, but there are no differences by gender, age or family settings as the self esteem. Also was observed a significant correlation between mental health and self-esteem. In the second study, we investigated the relationship between domestic violence, family environment and mental health in adolescence. The results indicated that the variables violence, conflict and support in the family are independently associated with symptoms of mental disorders among adolescents. Thus, the support of family can be considered a protective factor and moderator of problems related to adolescent mental health. Intervention strategies directed to families and young people are important.

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