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A pluralidade da verdade em Erasmo / The truth plurality in ErasmusNassaro, Silvio Lucio Franco 05 November 2010 (has links)
Há uma tradição platônica entre os grandes leitores da obra de Erasmo de Rotterdam, o Príncipe dos Humanistas, que se concentra sobre a cuidadosa síntese feita pelo mestre para superar a ruptura entre fé e razão, através da compatibilização da erudição pagã à cristã em uma mesma doutrina que significasse, na polifônica Europa renascentista, uma urgente unidade da verdade nada menos do que o componente estabilizador do amálgama grecoromano, judaico-cristão que hoje define o Ocidente. Em efeito, no Livro dos Antibárbaros, que editou em 1521, a cisão entre fé e razão provocada pelas especulações dos próprios escolásticos é superada por uma solução média entre a noção hebraica de uma divindade arbitrária e a noção grega de deuses inseridos na natureza e suas leis; as histórias grega, judaica e cristã são unificadas pela busca do Sumo Bem; as várias escolas filosóficas e correntes teológicas são reunidas em uma Philosophia Christi; o conhecimento divino e o conhecimento humano são reafirmados como pertencentes à mesma unidade, à mesma natureza e fundados na mesma razão; o conhecimento humano pode ascender gradativamente dos assuntos dos homens aos divinos; os Studia Humanitatis são necessários para a verdadeira evangelização e a correta interpretação da Bíblia e as disciplinas pagãs são assimiladas como descobertas inspiradas pela Divina Providência para a utilidade dos cristãos. No entanto, persistentes leituras da imensa obra de Erasmo abrem um horizonte onde se elevam inúmeros outros temas povoados por argumentos que podem ser agrupados em antíteses desconcertantes, o que dificulta seu tratamento ainda em termos platônicos. Já uma reflexão sobre a escrita erasmiana, a partir das concepções aristotélicas presentes na Retórica, tomadas como reconhecimento e explicação da autonomia e legitimidade da dedução retórica frente à dedução científica e dialética, permite que nos afastemos do cânon da leitura platonizante desta escrita. Como resultado, esta nova reflexão se vê livre para entendê-la não como um discurso irrefutável e imposto por longo exercício dialético, mas como um tecido de argumentos verossímeis, colhidos em uma miríade de fontes, agenciados com eloquência e capazes de constituir o que aparece como unidade totalizante, o efeito de unidade em meio à pluralidade da verdade em que de fato respiram os discursos retóricos. Escrita que almeja para seu autor a glória de obter em geral o assentimento rápido e espontâneo de seus leitores postulando um saber que é, sobretudo, uma pacificação sem armas. De fato, a solução aristotélica, ao reconhecer um status científico para a retórica e superar a complexa comparação e outras especulações indevidas, especialmente entre a retórica e a filosofia, propõe ricas e novas abordagens. Esta solução insere a arte oratória e seus efetivos discursos no quadro histórico das disputas entre os homens, que sob leis isonômicas, e em busca da glória devem agir pela palavra, e no quadro social das deliberações públicas, em que o saber retórico pode ser visto como resultado de um procedimento heurístico reiterado por gerações de retóricos e de um dinamismo uma mútua determinação entre um saber proposto pelo orador e outro detido pelo auditório e entre saberes de oradores concorrentes. Ambos os quadros convidam então a uma análise, respectivamente, da gênese e da natureza da escrita erasmiana a partir de uma perspectiva política. / There is a platonic tradition among the greatest Erasmus of Rotterdam readers, the Prince of the Humanists, that concentrates upon the careful synthesis established by him in order to overpass the detachment between Faith and Reason through the Pagan and Christian eruditions compatibility in a same doctrine capable to offer in the context of polyphonic Renaissance Europe, an urgent truth unity nothing less than the steady component from the Greek-Latin-Jewish-Christian amalgam, what defines today Western World. As a matter of fact, in his Anti-barbarian Book edited in 1521, the rift between Faith and Reason leaded by the scholastics own speculations is overcome by a middle way solution between hebraical arbitrarian divinity notion and the Greek notion of divinities inserted in nature and its laws; the Greek, Jewish and Christian history are unified by the Sumun Bonum quest; the varies of philosophical and theological schools are reunited in a Philosophia Christi; the divine and the human wisdom are reaffirmed as belongings to the same unity, to the same nature and grounded on the same reason; the human wisdom can gradually escalate from manhood to the divine matters; the Studia Humanitatis are necessary for the real evangelization and the correct Bible interpretation and the pagan disciplines are assimilated as discoveries inspired by the Divine Providence for the utility of christians. However, perseverant readings of Erasmus immense work opens a horizon where countless topics populated by arguments appeared that can be assemble in astonishing antitheses, what makes difficult its treatment at a standstill platonic terms. Yet, a reflection towards erasmian writing, from the aristotelian conceptions existing in the Rhetoric, taken as an acknowledgement and explanation of the autonomy and legitimacy of rhetorical deduction in face of scientific and dialectical deduction, allows us to take distance from the platonic reading canon of this writing. As a result, this new reflection awakes to the possibility of understanding it, not as a irrefutable discourse imposed by the enduring dialectical exercises, but as a tissue of plausible arguments, collected in a myriad of sources, articulated with eloquence and able to build what appears as a totalizing unity, the effect of unity in the middle of the truth plurality of rhetorical discourses. Writing that aims, for his author, the glory of obtaining, in general, the quick and spontaneous assertion of its readers, claiming a wisdom that is, at best, an appeasement without arms. Actually, the aristotelian solution, recognizing an epistemological status for rhetoric, and overcoming complex comparison and another inappropriate speculations, specially between Rhetoric and Philosophy, proposing riches and new questions. As a matter of fact, this solution introduces the art of eloquence, and its effective speeches, in the historical frame of struggles between men that, under isonomic laws, and in the search of glory, must act by words, and in the social frame of public deliberations in which the rhetorical wisdom can be seen as the result of a heuristically process repeated by countless rhetors generations, and as a dynamism a mutual determination between the wisdom proposed by the orator and the wisdom diffused in the auditorium; and between the wisdom of opponent orators. Both frames invites, then, to an analysis, respectively, of the genesis and the nature of erasmian writing from a political perspective.
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O estigma retórico da tese-da-única-resposta-correta no debate entre Ronald Dworkin e Richard RortyMELLO, Ricardo Silva Albuquerque 29 August 2008 (has links)
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Previous issue date: 2008-08-29 / Este trabalho estuda os diferentes procedimentos retóricos que se produzem no debate entre o jurista Ronald Dworkin e o filósofo Richard Rorty sobre a relação do Direito com o Pragmatismo, mais precisamente, acerca da defesa da tese-da-única-resposta-correta na interpretação de normas jurídicas e sua justificação. O moralismo da doutrina jurídica de Dworkin será contraposto à filosofia ironista de Richard Rorty, tendo como método a “leitura retórica de textos” e como marco a “Retórica” de Aristóteles. Este “método” aborda os textos do debate retoricamente ao ler os pressupostos teóricos da tese de Dworkin mediante seus componentes persuasivos (pathos, ethos, logos). A pesquisa ainda enfatiza as variações de influência da retórica no cânone que a relaciona com as controvérsias entre Platão e os sofistas, para caracterizar os limites da leitura proposta (de Rorty e Dworkin) e sua dependência para com a técnica retórica de dissociação de termos antitéticos. A linguagem como utensílio de ataque ou defesa, nos contextos de comunicação do direito e da filosofia, é finalmente tratada como um estigma de poder duplo. / This work studies different rhetoric procedures produced in Ronald Dworkin and Richard Rorty debates about the relation between Law and Pragmatism, more specifically, concerning the defense of one-right-answer-thesis in interpretation of law and its justification. Dworkin’s laws doctrine moralism is placed opposite to Richard Rorty ironist philosophy through “rhetoric reading” set as a method and based on Aristotle “Rhetoric”. This “method” approaches texts rhetorically while reads theoretical presuppositions of Dworkin’s thesis, through its persuasive components (pathos, ethos, logos). This research put emphasis upon the study of variations of influence regarding rhetoric into the canon that stress the controversies between Plato and sophists. This helps characterizing some limits of readings elected here (of Rorty and Dworkin works) and its dependence on dissociation of antithetic terms rhetorical technic. Language as an attack or defense utensil, in philosophy and law communication contexts, is portraited as a double power stigma.
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A pluralidade da verdade em Erasmo / The truth plurality in ErasmusSilvio Lucio Franco Nassaro 05 November 2010 (has links)
Há uma tradição platônica entre os grandes leitores da obra de Erasmo de Rotterdam, o Príncipe dos Humanistas, que se concentra sobre a cuidadosa síntese feita pelo mestre para superar a ruptura entre fé e razão, através da compatibilização da erudição pagã à cristã em uma mesma doutrina que significasse, na polifônica Europa renascentista, uma urgente unidade da verdade nada menos do que o componente estabilizador do amálgama grecoromano, judaico-cristão que hoje define o Ocidente. Em efeito, no Livro dos Antibárbaros, que editou em 1521, a cisão entre fé e razão provocada pelas especulações dos próprios escolásticos é superada por uma solução média entre a noção hebraica de uma divindade arbitrária e a noção grega de deuses inseridos na natureza e suas leis; as histórias grega, judaica e cristã são unificadas pela busca do Sumo Bem; as várias escolas filosóficas e correntes teológicas são reunidas em uma Philosophia Christi; o conhecimento divino e o conhecimento humano são reafirmados como pertencentes à mesma unidade, à mesma natureza e fundados na mesma razão; o conhecimento humano pode ascender gradativamente dos assuntos dos homens aos divinos; os Studia Humanitatis são necessários para a verdadeira evangelização e a correta interpretação da Bíblia e as disciplinas pagãs são assimiladas como descobertas inspiradas pela Divina Providência para a utilidade dos cristãos. No entanto, persistentes leituras da imensa obra de Erasmo abrem um horizonte onde se elevam inúmeros outros temas povoados por argumentos que podem ser agrupados em antíteses desconcertantes, o que dificulta seu tratamento ainda em termos platônicos. Já uma reflexão sobre a escrita erasmiana, a partir das concepções aristotélicas presentes na Retórica, tomadas como reconhecimento e explicação da autonomia e legitimidade da dedução retórica frente à dedução científica e dialética, permite que nos afastemos do cânon da leitura platonizante desta escrita. Como resultado, esta nova reflexão se vê livre para entendê-la não como um discurso irrefutável e imposto por longo exercício dialético, mas como um tecido de argumentos verossímeis, colhidos em uma miríade de fontes, agenciados com eloquência e capazes de constituir o que aparece como unidade totalizante, o efeito de unidade em meio à pluralidade da verdade em que de fato respiram os discursos retóricos. Escrita que almeja para seu autor a glória de obter em geral o assentimento rápido e espontâneo de seus leitores postulando um saber que é, sobretudo, uma pacificação sem armas. De fato, a solução aristotélica, ao reconhecer um status científico para a retórica e superar a complexa comparação e outras especulações indevidas, especialmente entre a retórica e a filosofia, propõe ricas e novas abordagens. Esta solução insere a arte oratória e seus efetivos discursos no quadro histórico das disputas entre os homens, que sob leis isonômicas, e em busca da glória devem agir pela palavra, e no quadro social das deliberações públicas, em que o saber retórico pode ser visto como resultado de um procedimento heurístico reiterado por gerações de retóricos e de um dinamismo uma mútua determinação entre um saber proposto pelo orador e outro detido pelo auditório e entre saberes de oradores concorrentes. Ambos os quadros convidam então a uma análise, respectivamente, da gênese e da natureza da escrita erasmiana a partir de uma perspectiva política. / There is a platonic tradition among the greatest Erasmus of Rotterdam readers, the Prince of the Humanists, that concentrates upon the careful synthesis established by him in order to overpass the detachment between Faith and Reason through the Pagan and Christian eruditions compatibility in a same doctrine capable to offer in the context of polyphonic Renaissance Europe, an urgent truth unity nothing less than the steady component from the Greek-Latin-Jewish-Christian amalgam, what defines today Western World. As a matter of fact, in his Anti-barbarian Book edited in 1521, the rift between Faith and Reason leaded by the scholastics own speculations is overcome by a middle way solution between hebraical arbitrarian divinity notion and the Greek notion of divinities inserted in nature and its laws; the Greek, Jewish and Christian history are unified by the Sumun Bonum quest; the varies of philosophical and theological schools are reunited in a Philosophia Christi; the divine and the human wisdom are reaffirmed as belongings to the same unity, to the same nature and grounded on the same reason; the human wisdom can gradually escalate from manhood to the divine matters; the Studia Humanitatis are necessary for the real evangelization and the correct Bible interpretation and the pagan disciplines are assimilated as discoveries inspired by the Divine Providence for the utility of christians. However, perseverant readings of Erasmus immense work opens a horizon where countless topics populated by arguments appeared that can be assemble in astonishing antitheses, what makes difficult its treatment at a standstill platonic terms. Yet, a reflection towards erasmian writing, from the aristotelian conceptions existing in the Rhetoric, taken as an acknowledgement and explanation of the autonomy and legitimacy of rhetorical deduction in face of scientific and dialectical deduction, allows us to take distance from the platonic reading canon of this writing. As a result, this new reflection awakes to the possibility of understanding it, not as a irrefutable discourse imposed by the enduring dialectical exercises, but as a tissue of plausible arguments, collected in a myriad of sources, articulated with eloquence and able to build what appears as a totalizing unity, the effect of unity in the middle of the truth plurality of rhetorical discourses. Writing that aims, for his author, the glory of obtaining, in general, the quick and spontaneous assertion of its readers, claiming a wisdom that is, at best, an appeasement without arms. Actually, the aristotelian solution, recognizing an epistemological status for rhetoric, and overcoming complex comparison and another inappropriate speculations, specially between Rhetoric and Philosophy, proposing riches and new questions. As a matter of fact, this solution introduces the art of eloquence, and its effective speeches, in the historical frame of struggles between men that, under isonomic laws, and in the search of glory, must act by words, and in the social frame of public deliberations in which the rhetorical wisdom can be seen as the result of a heuristically process repeated by countless rhetors generations, and as a dynamism a mutual determination between the wisdom proposed by the orator and the wisdom diffused in the auditorium; and between the wisdom of opponent orators. Both frames invites, then, to an analysis, respectively, of the genesis and the nature of erasmian writing from a political perspective.
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