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A experiência materna no cuidado do filho dependente de tecnologia / Mothers\' experience in care delivery to technology-dependent childrenOkido, Aline Cristiane Cavicchioli 05 April 2013 (has links)
Criança dependente de tecnologia corresponde àquela que necessita de algum dispositivo para compensar a perda de uma função vital. Os avanços da prática médica têm imprimido transformações no cuidado dessas crianças, antes cuidadas e mantidas no ambiente hospitalar, as quais, na atualidade, permanecem em suas casas sob os cuidados de seus pais, os quais assumem um duplo papel: de genitores e profissionais de saúde. Este estudo tem como objetivos: 1- caracterizar as crianças dependentes de tecnologia residentes no município de Ribeirão Preto segundo as variáveis: sexo, idade, condições do nascimento, origem da necessidade especial de saúde e demandas de cuidados; 2- identificar, a partir da construção do genograma e ecomapa, a rede de cuidados às crianças dependentes de tecnologia e 3- compreender a experiência do cuidado às crianças dependentes de tecnologia a partir da vivência das mães. Considerando os objetivos propostos foi necessária sua operacionalização em duas etapas. A primeira, que contemplou o primeiro objetivo, constou de um estudo descritivo exploratório, de abordagem quantitativa, com a participação de 102 mães ou responsáveis, sendo que a coleta de dados foi realizada mediante aplicação de formulário durante visita domiciliar. Como resultados, a faixa etária predominante foi de 1 a 4 anos; 57% do sexo masculino; 7,8% das mães não fizeram pré- natal; 96% nasceram em instituições hospitalares e 63,7% de parto cesárea, sendo que a prematuridade ocorreu em 29,3%. Quanto à origem das necessidades especiais de saúde, 65,7% possuíam problema congênito; 30,4% tiveram intercorrências durante o parto e ou no período neonatal e 30,4% as apresentaram ao longo da vida, definidas como causas adquiridas. Quanto à demanda de cuidados, todas exigiam cuidado tecnológico e habitual modificado, 92 necessitavam de cuidado medicamentoso e 74 de cuidado de desenvolvimento. A segunda etapa contemplou o segundo e terceiro objetivos, utilizando, como base teórica, a antropologia médica e, metodológica, a análise da narrativa. Participaram dessa etapa doze mães de crianças dependentes de tecnologia. Como técnica para obtenção das narrativas, utilizamos a entrevista aberta, também realizada no domicílio. As narrativas foram organizadas em três categorias temáticas: a (re)construção da experiência do adoecimento, na qual identificamos os acontecimentos passados relacionados ao diagnóstico, ao desconforto, à frustração e ao medo do preconceito e a busca por outras explicações, além da biológica, especialmente no que se refere às religiosas; a reorganização da vida e as redes sociais diante dos rearranjos na dinâmica intrafamiliar e extrafamiliar, do itinerário terapêutico, da sobrecarga materna, do impacto da condição nas relações familiares e das redes sociais disponíveis para o cuidado de um filho dependente de tecnologia e a prática de cuidado do filho dependente de tecnologia e suas relações com os subsistemas de cuidados à saúde, discutindo o processo de alta hospitalar, as dificuldades do subsistema familiar no manejo dos dispositivos tecnológicos, a insatisfação em relação ao subsistema profissional, o papel da enfermagem como membro atuante do subsistema profissional e a busca pelo subsistema popular. Este estudo permitiu identificar os limites do modelo biomédico e forneceu subsídios para um projeto de cuidado em saúde que considere os valores morais e as crenças das famílias diante do adoecimento de uma criança dependente de tecnologia. Os resultados encontrados poderão colaborar para mudanças no processo de trabalho em saúde, de forma que sua fundamentação não seja norteada apenas pelo modelo biomédico, possibilitando que as dimensões socioculturais sejam integradas ao movimento de cuidado em saúde. / Technology-dependent children are children who need some device to compensate for the loss of a vital function. Advances in medical practices have caused transformations in care for these children, who used to be cared for and maintained in the hospital context, but today stay at home under their parents\' care, who take on a double role: genitors and health professionals. The aims of this study are to: 1- characterize technology-dependent children in Ribeirão Preto according to the variables: gender, age, birth conditions, origin of special health need and care demands; 2- identify, based on the construction of the genogram and ecomap, the care network for technology- dependent children and 3- understand the care experience for technology-dependent children based on the mothers\' perspective. In view of the proposed objectives, two phases were needed to put the research in practice. In the first, which addressed the first objective, a descriptive and exploratory quantitative study was undertaken, involving 102 mothers or responsible caregivers. Data were collected through the application of a form during a home visit. Results showed that: the predominant age range was between 1 and 4 years; 57% were male; 7.8% of the mothers did not get prenatal consultations; 96% were born in hospitals and 63.7% through caesarean delivery, with 29.3% of cases of premature birth. As regards the origin of the special health needs, 65.7% suffered from a congenital problem; in 30.4%, problems occurred during birth and/or the neonatal period and, in 30.4% across the lifetime, defined as acquired causes. Concerning care demands, all children required technological and modified habitual care, 92 needed medication care and 74 developmental care. The second phase responded to the second and third objectives, using medical anthropology as the theoretical and narrative analysis as the methodological basis. Participants in this phase were twelve mothers of technology-dependent children. Open interviews were used to collect the narratives, also held at the mothers\' homes. The narratives were organized in three theme categories: the (re)construction of the disease experience, in which we identified past events related to the diagnosis, discomfort, frustration, fear of prejudice and search for other explanations than the biological, especially considering religious; the reorganization of life and social networks in view of rearrangements in intra and extra-family dynamics, the therapeutic itinerary, the maternal burden, the impact of the condition on family relations and the social networks available for care delivery to a technology-dependent child; and care practice for a technology-dependent child and its relations with health care subsystems, discussing the hospital discharge process, difficulties for the family subsystem to manage technological devices; dissatisfaction with the professional subsystem, the role of nursing as an active member of the professional subsystem and the search for the popular subsystem. This study permitted identifying the limits of the biomedical model and provided support for a health care project that takes into account the families\' moral values and beliefs in view of the disease of a technology-dependent child. The results found can collaborate towards changes in the health work process, so that its foundation are guided not only by the biomedical model, but also allow the integration of the sociocultural dimensions into the health care movement.
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Os sentidos das experiências de pacientes com a anemia falciforme / The senses of the experiences of patients with sickle cell anemiaSisdelli, Marcela Ganzella 18 December 2015 (has links)
A doença falciforme (DF) é caracterizada pela presença de uma Hemoglobina S (HbS), a qual confere a célula um formato de foice. Esta doença é considerada uma hemoglobinopatia por ser uma alteração genética humana com alta frequência populacional que requer tratamento precoce para que os pacientes possam sobreviver. As doenças falciformes mais comuns são: HbSC, HbSD, S beta talassemia e a forma homozigota HbSS, também denominada de Anemia Falciforme (AF). Para que se possam minimizar as internações, as complicações clínicas e aumentar a qualidade de vida dos pacientes são necessários compreender suas experiências com a doença. Nesta investigação o objetivo foi analisar os sentidos da experiência com a AF atribuídos pelos adoecidos. Para alcançar este objetivo, realizou-se estudo com abordagem metodológica qualitativa, adotando o referencial teórico da Antropologia Médica e a narrativa como método. Após aprovação ética da pesquisa, foram convidadas a participar do estudo onze pessoas com AF, em acompanhamento terapêutico em um Hemocentro do interior do estado de São Paulo. As técnicas de coleta de dados foram as entrevistas semiestruturadas gravadas, a observação direta e registros nos diários de imersão, realizadas no Hemocentro e no domicílio de alguns dos participantes. A partir das entrevistas foram construídas as narrativas individuais e identificação dos códigos. Para a análise dos dados provenientes das narrativas, utilizou-se a análise temática indutiva. Integrou-se os aspectos comuns e distintos das narrativas individuais em gerais classificadas por unidades de sentidos. Os resultados foram analisados e apresentados a partir de três narrativas: Narrativa 1. Importância do conhecimento sobre a doença e os tratamentos para o controle do corpo com a doença, na qual o sentido atribuído ao conhecimento sobre a doença, medicações, efeitos e complicações é de controle do corpo; Narrativa 2. Repercussões da doença, tratamentos e complicações para a vida, e os quatro subtemas: 2.1 Limitações físicas pelas complicações foi um dos aspectos mais destacados nas narrativas individuais. O sentido atribuído à estas limitações é de desesperança, pois alteram todas as dimensões da vida. 2.2 Vida atual e futuro, os participantes discorrem sobre as dificuldades na formação educacional e no trabalho e atribuem o sentido de normalidade da vida, 2.3 Estigma pela doença e preconceito pela cor da pele, neste subtema as descrições e justificativas atribuídas ao estigma e ao preconceito definem sentidos de vulnerabilidade pessoal e social, 2.4 Importância dos suportes familiar e religioso, os sentidos atribuídos à participação da família e da religião em suas vidas é de suporte emocional, proteção e esperança e Narrativa 3. Desafios para a gestação e maternidade, pelo qual compreende-se que para estas mulheres, o sentido de ser mãe é a de concretização da identidade feminina, mas com ambiguidade entre desejo e medo. Essas narrativas expõem as questões que foram significativas pela pessoa com AF na experiência com a doença e os tratamentos, integrando o presente ao passado e futuro. Por meio de estórias, o enredo da vida com a doença e tratamentos foi sendo construído, expondo conhecimentos, crenças, valores e práticas que os ajudaram a lidar com as situações. A análise das narrativas centradas na experiência de um grupo de pessoas com AF, a partir do sistema cultural, permitiu-nos explicar como a cultura influencia a doença e os tratamentos, por meio dos sentidos. Esta análise fornece conhecimento para além do modelo biomédico e pode ser aplicado em pesquisas futuras e no processo de trabalho em saúde / Sickle cell disease (SCD) is characterized by the presence of Hemoglobin S (HbS) which gives to cell a sickle shape. This disease is considered a hemoglobinopathy because it is a human genetic alteration highly frequent in the population and it requires early treatment so patients can survive. The most common sickle cell diseases are: HbSC, HbSD, S beta-thalassemia and the homozygous form HbSS, also named Sickle Cell Anemia (SCA). To minimize hospital admissions, clinical complications and increase patients\' life quality it is necessary to understand their experiences with the disease. In this investigation, the aim was to analyze the senses of the experience with SCA attributed by sick patients. To reach this goal, we conducted a study with a qualitative methodological approach, adopting the theoretical reference of Medical Anthropology and narrative as a method. After the ethical approval of the research, eleven people with SCA were invited to participate in the study, they were receiving therapeutic follow-up in a Blood Center in the countryside of São Paulo State. The techniques for data collection were semi- structured recorded interviews, direct observation and registers in diaries and immersion, done in the Blood Center and in the house of some participants. From the interviews, individual narratives and identification of codes were built. For the analysis of data from the narratives, we used an inductive theme analysis. We integrated common and distinct aspects of individual narratives in general aspects classified by units of senses. Results were analyzed and presented based on three narratives: Narrative 1. Importance of knowledge of the disease and treatments for body control with the disease, to which the sense attributed to the knowledge of the disease, medication, effects and complications is body control; Narrative 2. Repercussions of the disease, treatments and complications for life, and the four sub-themes: 2.1 Physical limitations by complications was one of the most highlighted aspects in individual narratives. The sense attributed to these limitations was lack of hope, because they alter all life dimensions. 2.2 Life today and future, participants talk about their difficulties in education and at work and they attribute the sense of life normality, 2.3 Stigma of the disease and prejudice against skin color, in this sub-theme the descriptions and justifications attributed to stigma and prejudice define the senses of personal and social vulnerability, 2.4 Importance of family and religious support, the senses attributed to the participation of family and religion in their lives is emotional support, protection and hope and Narrative 3. Challenges for pregnancy and motherhood, by which we understand that for these women the sense of being a mother is the solidification of the feminine identity, but with the ambiguity between fear and desire. These narratives expose questions that were significant for AF patient in the experience with the disease and treatments, integrating present into past and future. Through stories, the plot of life with the disease and treatments has been built, exposing knowledge, beliefs, values and practices that helped them to deal with situations. The analysis of the narratives centered in the experience of a group of people with SCA, from a cultural system, allowed us to explain how culture influences the disease and treatments, by the senses. This analysis provides knowledge beyond the biomedical model and can be applied in future research and in the work process in health
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Escolhas, caminhos e cuidados: o itinerário terapêutico de crianças com Fibrose Cística / Choices, paths and care: The therapeutic itinerary of Children with Cystic Fibrosis.Pizzignacco, Tainá Maués Pelucio 26 August 2013 (has links)
A Fibrose Cística (FC) é uma doença genética, até o momento incurável, que junto às demais condições crônicas, exigem cuidados que transcendem a esfera biológica da doença e do cuidado e necessita de estratégias inovadoras para seu manejo. Esse estudo teve por objetivo compreender o itinerário terapêutico de crianças com Fibrose Cística, a partir da perspectiva deles próprios. Para tanto, nos apoiamos no quadro teórico e metodológico conformado pela antropologia médica, etnografia e a hermenêutica interpretativa. Participaram do estudo, 7 crianças entre 8 a 10 anos, em tratamento em um hospital escola do interior do estado de São Paulo e seus familiares. Os dados foram coletados por quatro meses com cada criança partindo-se do referencial da etnografia, mediante observação participante, entrevistas e confecções de materiais que permitiram a participação infantil. Os resultados foram compreendidos em três atos interpretativos que conformam o círculo hermenêutico: As várias facetas da Fibrose Cística; Caminhos e cuidados: avaliações sobre o tratamento e Escolhas, caminhos e cuidados: o itinerário terapêutico de crianças com Fibrose Cística. A partir dos resultados, interpretamos que os modelos explicativos existentes na FC atualmente estão circunscritos em círculos concêntricos dentro dos setores e entre os diferentes atores envolvidos gerando avaliações fragmentadas e diferentes possibilidades de tratamento. As interpretações nos levaram a refletir a respeito da hegemonia do paradigma da saúde pautado no positivismo e suas implicações para o cuidado integral. As possibilidades de mudança aparecem ao considerarmos a etnografia e a hermenêutica enquanto referenciais para a prática bem como a centralidade e a potencialidade da criança como agente da mudança. / Cystic Fibrosis (CF) is a genetic disease which, along with other chronic conditions, calls for care that transcends the biological aspects of the disease and requires innovative strategies for its management. The aim of this study was to understand the therapeutic itinerary of children with cystic fibrosis through their point of view. To achieve this, we were supported by theoretical and methodological framework composed by medical anthropology, ethnography and interpretative hermeneutic. The participants were 7 children between the ages of 8 and 10 who were in treatment for CF at a University Hospital in the state of São Paulo and their relatives. Data were obtained during 4 months with each child using the ethnography method through participant observation, interviews and handmade materials that allowed children to participate. The results were understood in 3 interpretative acts that shaped the hermeneutic circle: Plenty faces of Cystic Fibrosis; Paths and care:treatment evaluations and Choices, paths and care: the therapeutic itinerary of children with Cystic Fibrosis. After analyzing the results, we interpreted that the explanatory models currently available in Cystic Fibrosis are limited in circles in the sectors and between the different actors involved what causes fragmented evaluations and different possibilities of treatment. Those interpretations lead us to reflect the hegemony of the health paradigm that is based on positivism and its implication for integral care. The possibilities of change appear when using the ethnography and the hermeneutic theories in the clinical practice and when considering the centrality and the potentiality of the children as transition agents.
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Benzedeiras e raizeiras : entre novas e velhas práticasRodrigues, Melina Soares 04 July 2018 (has links)
Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Faculdade de Ceilândia, Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologias em Saúde, 2018. / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). / A presente pesquisa reflete sobre pessoas, saberes e fazeres advindos de conhecimentos populares, exercidos em processos de cura e adoecimento. Tem por objetivo conhecer as práticas populares de benzimento e uso ervas a partir de pessoas que fazem atendimentos e dão cursos em duas regiões do centro-oeste distintas, Pirenópolis-Go e Brasília-DF. Por meio da convivência e entrevistas semiestruturadas, analisa as histórias de vida dessas terapeutas populares, buscando compreender seus processos terapêuticos e a rede de sociabilidade que se forma em torno desses cursos e atendimentos. Há uma conformação de três grupos de terapeutas, sendo a primeira, um casal de raizeiros, a segunda uma benzedeira que também é raizeira, ambos residentes em Pirenópolis-GO e um grupo de benzedeiras de Brasília, que atendem em uma Unidade Básica de Saúde. Utiliza-se a abordagem qualitativa como caminho metodológico. Possui também inspiração na etnografia. Esta pesquisa fala sobre saberes e práticas que, longe de estarem presas a algo do passado, estão em plena atividade na sociedade, sendo por ela constantemente remoldadas. / The present research reflects on people, knowledge and achievements stemming from popular knowledge, exercised in healing and illness. It aims to know the popular practices of benzement and herbs used by people who attend and give courses in two distinct regions of the central-west, Pirenópolis-Go and Brasília-DF. Through the coexistence and semi-structured interviews, it analyzes the life histories of these popular therapists, seeking to understand their therapeutic processes, and the network of sociability that is formed around these courses and services. There is a conformation of three groups of therapists, the first is a couple of raizeiros, the second a benzedeira who is also a raizeira, both living in Pirenópolis-GO, and a group of benzedeiras from Brasília, who attend a Basic Health Unit. The qualitative approach is used as a methodological path. It also has inspiration in ethnography. This research talks about knowledge and practices that, far from being stuck with something of the past, are in full activity in society, being constantly remolded.
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Como se treina uma mente disfuncional?: antropologia do treinamento neurocognitivo aplicado à esquizofrenia / formation comme un esprit schizophrène? anthropologie appliquée la schizophrénie neurocognitifs de formationCamilo Barbosa Venturi 29 April 2011 (has links)
O sucesso recente das disciplinas neurocientíficas tem provocado mudanças nas representações sociais acerca do que constituem sentimentos, emoções e ações humanas complexas. O campo da medicina mental talvez seja o que mais tenha sido afetado por estas disciplinas, desde as últimas três décadas. Cada vez mais as categorias psicopatológicas têm sido estudadas e descritas em termos neuropatológicos. Como se opera na prática quotidiana de um laboratório de pesquisas a naturalização de entidades nosográficas complexas, tendo o
cérebro e as suas funções como objetos de estudo privilegiados? Que impacto isto poderia ter sobre a forma de se tratá-las? Como isto poderia alterar a maneira de um paciente se
autodescrever e agir no mundo? Estas questões gerais foram tratadas ao longo desta tese, que se apoiou sobre um trabalho de campo realizado em uma unidade de pesquisas parisiense,
onde se desejava validar um método de tratamento inovador para pacientes portadores de esquizofrenia: a remediação cognitiva. Este tipo de técnica, originalmente concebida para
tratar de pacientes com lesões neurológicas, migrou para o campo psiquiátrico a partir de uma redefinição na forma de se conceber a categoria de esquizofrenia, promovida pelas
neurociências cognitivas: esta teria como cerne, não os clássicos sintomas positivos e negativos que a caracterizam clinicamente, mas um conjunto de déficits neurocognitivos, que incluem problemas de memorização, de concentração, de planejamento da ação, do raciocínio lógico, entre outros. Esta tese descreve o modo como estas concepções são geradas no interior de uma equipe francesa de pesquisa em psiquiatria, interessada em validar um novo método de remediação cognitiva. Procurou-se descrever a vida social destes pesquisadores, os compromissos criados no processo de geração de enunciados sólidos, e as estratégias e dificuldades encontradas no percurso de naturalização de uma categoria psiquiátrica complexa, como a esquizofrenia. Descreveu-se igualmente as práticas de remediação cognitiva em ação e o modo como estas interagiriam com os pacientes de modo a modificá-los em um certo sentido, segundo certos valores, bem como o contexto social que torna plausível a adoção deste tipo de estratégia terapêutica.
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A experiência materna no cuidado do filho dependente de tecnologia / Mothers\' experience in care delivery to technology-dependent childrenAline Cristiane Cavicchioli Okido 05 April 2013 (has links)
Criança dependente de tecnologia corresponde àquela que necessita de algum dispositivo para compensar a perda de uma função vital. Os avanços da prática médica têm imprimido transformações no cuidado dessas crianças, antes cuidadas e mantidas no ambiente hospitalar, as quais, na atualidade, permanecem em suas casas sob os cuidados de seus pais, os quais assumem um duplo papel: de genitores e profissionais de saúde. Este estudo tem como objetivos: 1- caracterizar as crianças dependentes de tecnologia residentes no município de Ribeirão Preto segundo as variáveis: sexo, idade, condições do nascimento, origem da necessidade especial de saúde e demandas de cuidados; 2- identificar, a partir da construção do genograma e ecomapa, a rede de cuidados às crianças dependentes de tecnologia e 3- compreender a experiência do cuidado às crianças dependentes de tecnologia a partir da vivência das mães. Considerando os objetivos propostos foi necessária sua operacionalização em duas etapas. A primeira, que contemplou o primeiro objetivo, constou de um estudo descritivo exploratório, de abordagem quantitativa, com a participação de 102 mães ou responsáveis, sendo que a coleta de dados foi realizada mediante aplicação de formulário durante visita domiciliar. Como resultados, a faixa etária predominante foi de 1 a 4 anos; 57% do sexo masculino; 7,8% das mães não fizeram pré- natal; 96% nasceram em instituições hospitalares e 63,7% de parto cesárea, sendo que a prematuridade ocorreu em 29,3%. Quanto à origem das necessidades especiais de saúde, 65,7% possuíam problema congênito; 30,4% tiveram intercorrências durante o parto e ou no período neonatal e 30,4% as apresentaram ao longo da vida, definidas como causas adquiridas. Quanto à demanda de cuidados, todas exigiam cuidado tecnológico e habitual modificado, 92 necessitavam de cuidado medicamentoso e 74 de cuidado de desenvolvimento. A segunda etapa contemplou o segundo e terceiro objetivos, utilizando, como base teórica, a antropologia médica e, metodológica, a análise da narrativa. Participaram dessa etapa doze mães de crianças dependentes de tecnologia. Como técnica para obtenção das narrativas, utilizamos a entrevista aberta, também realizada no domicílio. As narrativas foram organizadas em três categorias temáticas: a (re)construção da experiência do adoecimento, na qual identificamos os acontecimentos passados relacionados ao diagnóstico, ao desconforto, à frustração e ao medo do preconceito e a busca por outras explicações, além da biológica, especialmente no que se refere às religiosas; a reorganização da vida e as redes sociais diante dos rearranjos na dinâmica intrafamiliar e extrafamiliar, do itinerário terapêutico, da sobrecarga materna, do impacto da condição nas relações familiares e das redes sociais disponíveis para o cuidado de um filho dependente de tecnologia e a prática de cuidado do filho dependente de tecnologia e suas relações com os subsistemas de cuidados à saúde, discutindo o processo de alta hospitalar, as dificuldades do subsistema familiar no manejo dos dispositivos tecnológicos, a insatisfação em relação ao subsistema profissional, o papel da enfermagem como membro atuante do subsistema profissional e a busca pelo subsistema popular. Este estudo permitiu identificar os limites do modelo biomédico e forneceu subsídios para um projeto de cuidado em saúde que considere os valores morais e as crenças das famílias diante do adoecimento de uma criança dependente de tecnologia. Os resultados encontrados poderão colaborar para mudanças no processo de trabalho em saúde, de forma que sua fundamentação não seja norteada apenas pelo modelo biomédico, possibilitando que as dimensões socioculturais sejam integradas ao movimento de cuidado em saúde. / Technology-dependent children are children who need some device to compensate for the loss of a vital function. Advances in medical practices have caused transformations in care for these children, who used to be cared for and maintained in the hospital context, but today stay at home under their parents\' care, who take on a double role: genitors and health professionals. The aims of this study are to: 1- characterize technology-dependent children in Ribeirão Preto according to the variables: gender, age, birth conditions, origin of special health need and care demands; 2- identify, based on the construction of the genogram and ecomap, the care network for technology- dependent children and 3- understand the care experience for technology-dependent children based on the mothers\' perspective. In view of the proposed objectives, two phases were needed to put the research in practice. In the first, which addressed the first objective, a descriptive and exploratory quantitative study was undertaken, involving 102 mothers or responsible caregivers. Data were collected through the application of a form during a home visit. Results showed that: the predominant age range was between 1 and 4 years; 57% were male; 7.8% of the mothers did not get prenatal consultations; 96% were born in hospitals and 63.7% through caesarean delivery, with 29.3% of cases of premature birth. As regards the origin of the special health needs, 65.7% suffered from a congenital problem; in 30.4%, problems occurred during birth and/or the neonatal period and, in 30.4% across the lifetime, defined as acquired causes. Concerning care demands, all children required technological and modified habitual care, 92 needed medication care and 74 developmental care. The second phase responded to the second and third objectives, using medical anthropology as the theoretical and narrative analysis as the methodological basis. Participants in this phase were twelve mothers of technology-dependent children. Open interviews were used to collect the narratives, also held at the mothers\' homes. The narratives were organized in three theme categories: the (re)construction of the disease experience, in which we identified past events related to the diagnosis, discomfort, frustration, fear of prejudice and search for other explanations than the biological, especially considering religious; the reorganization of life and social networks in view of rearrangements in intra and extra-family dynamics, the therapeutic itinerary, the maternal burden, the impact of the condition on family relations and the social networks available for care delivery to a technology-dependent child; and care practice for a technology-dependent child and its relations with health care subsystems, discussing the hospital discharge process, difficulties for the family subsystem to manage technological devices; dissatisfaction with the professional subsystem, the role of nursing as an active member of the professional subsystem and the search for the popular subsystem. This study permitted identifying the limits of the biomedical model and provided support for a health care project that takes into account the families\' moral values and beliefs in view of the disease of a technology-dependent child. The results found can collaborate towards changes in the health work process, so that its foundation are guided not only by the biomedical model, but also allow the integration of the sociocultural dimensions into the health care movement.
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Significado da dor crônica para usuário de um serviço de saúde em Santos, São Paulo.Silva, Tatiane Barbosa Bispo da 28 April 2015 (has links)
Submitted by Rosina Valeria Lanzellotti Mattiussi Teixeira (rosina.teixeira@unisantos.br) on 2015-09-04T16:59:28Z
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Previous issue date: 2015-04-28 / Pain is considered to be a unique subjective experience with multidimensional aspects not only determined by biological factors. It is given a certain significance according to one´s culture, based on socially accepted patterns that establishes individual and social sanctions, when it comes to tolerating and reacting to pain.
Aim: To analyze pain significance to chronic pain patients in a Public Specialty Health Service, in Santos, São Paulo, Brazil.
Method: Qualitative Anthropological Research. Techniques: ethnographic observation and in depth interview.
Results: Patient-centered care is of the utmost importance in order to provide a thorough evaluation and assistance. There must be a stronger connection between medical knowledge within chronic pain care and the patients` limitations. Chronic pain compromises many dimensions of the individuals` lives. It impacts their financial condition, social life, daily activities, emotional and psychological well-being. Their suffering is intimately related to their life experiences, which can be observed once the interaction between social, cultural and biological factors reflects on the pain outbreak and control.
Conclusion: The subjects in the group under study, in all, claim that attending the meetings at the health center gives them support to face the pain by sharing their experiences and supporting one another. They discuss non-conventional strategies and techniques to relieve the pain, and go beyond the indicated treatment, sharing
their successful experiences applying alternative therapy, habits, actions and behaviour. / A dor é considerada uma experiência subjetiva com aspectos multidimensionais não permanecendo restrita apenas a fatores biológicos. Cada pessoa confere significado à dor de acordo com a sua cultura, estabelecendo sanções individuais e sociais quanto à tolerância e reações frente à dor, motivado por padrões do que é socialmente aceito.
Objetivo: Analisar o significado da dor para pacientes diagnosticados com dor crônica em um Ambulatório de Especialidades Médicas do município de Santos.
Métodos: Foi realizada uma pesquisa qualitativa fundamentada na Antropologia. As técnicas utilizadas na pesquisa foram: observação etnográfica e entrevistas em profundidade.
Resultados: Foi possível verificar a importância de uma assistência que contemple o olhar integral aos pacientes. Observa-se que a relação entre os usuários e os serviços de saúde necessita de uma maior aproximação no que diz respeito ao conhecimento das especificidades inerentes ao cuidado da dor crônica e o respeito às limitações manifestadas pelos pacientes. A incapacidade causada pela dor crônica compromete a vida do paciente em diversos cenários, refletindo em seu orçamento, convívio social, atividades cotidianas e bem-estar emocional e psicológico, entre outras dimensões. A interação entre fatores sociais, culturais e biológicos na expressão e sentimento da dor revela que a sua experiência está profundamente ligada à história de vida e sofrimento dos sujeitos, influenciando no seu desencadeamento e controle.
Conclusão: O grupo estudado, em sua totalidade, refere que o convívio entre eles na realização dos encontros na unidade de saúde serve como base para o enfrentamento da dor. Os pacientes obtêm subsídios para lidar com a dor por meio da troca de experiências e apoio mútuo, partilhando seu significado e expondo entre si técnicas e estratégias para alívio da dor que vão além da medicina tradicional e não se limitam ao tratamento prescrito ambulatorialmente. Eles buscam o alívio da dor por meio de terapias alternativas, hábitos, ações e comportamentos que se mostram eficientes para outros participantes de acordo com experiências compartilhadas.
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Como se treina uma mente disfuncional?: antropologia do treinamento neurocognitivo aplicado à esquizofrenia / formation comme un esprit schizophrène? anthropologie appliquée la schizophrénie neurocognitifs de formationCamilo Barbosa Venturi 29 April 2011 (has links)
O sucesso recente das disciplinas neurocientíficas tem provocado mudanças nas representações sociais acerca do que constituem sentimentos, emoções e ações humanas complexas. O campo da medicina mental talvez seja o que mais tenha sido afetado por estas disciplinas, desde as últimas três décadas. Cada vez mais as categorias psicopatológicas têm sido estudadas e descritas em termos neuropatológicos. Como se opera na prática quotidiana de um laboratório de pesquisas a naturalização de entidades nosográficas complexas, tendo o
cérebro e as suas funções como objetos de estudo privilegiados? Que impacto isto poderia ter sobre a forma de se tratá-las? Como isto poderia alterar a maneira de um paciente se
autodescrever e agir no mundo? Estas questões gerais foram tratadas ao longo desta tese, que se apoiou sobre um trabalho de campo realizado em uma unidade de pesquisas parisiense,
onde se desejava validar um método de tratamento inovador para pacientes portadores de esquizofrenia: a remediação cognitiva. Este tipo de técnica, originalmente concebida para
tratar de pacientes com lesões neurológicas, migrou para o campo psiquiátrico a partir de uma redefinição na forma de se conceber a categoria de esquizofrenia, promovida pelas
neurociências cognitivas: esta teria como cerne, não os clássicos sintomas positivos e negativos que a caracterizam clinicamente, mas um conjunto de déficits neurocognitivos, que incluem problemas de memorização, de concentração, de planejamento da ação, do raciocínio lógico, entre outros. Esta tese descreve o modo como estas concepções são geradas no interior de uma equipe francesa de pesquisa em psiquiatria, interessada em validar um novo método de remediação cognitiva. Procurou-se descrever a vida social destes pesquisadores, os compromissos criados no processo de geração de enunciados sólidos, e as estratégias e dificuldades encontradas no percurso de naturalização de uma categoria psiquiátrica complexa, como a esquizofrenia. Descreveu-se igualmente as práticas de remediação cognitiva em ação e o modo como estas interagiriam com os pacientes de modo a modificá-los em um certo sentido, segundo certos valores, bem como o contexto social que torna plausível a adoção deste tipo de estratégia terapêutica.
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Controle social e responsabilização familiar : a administração da emergência psiquiátrica em Brasília e na Cidade do MéxicoCarvalho, Janaína de Cássia 06 September 2006 (has links)
Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Sociais, Centro de Pesquisa e Pós-Graduação sobre as Américas, 2006. / Submitted by Érika Rayanne Carvalho (carvalho.erika@ymail.com) on 2009-12-11T14:36:56Z
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Previous issue date: 2006-09-06 / O objetivo desta tese é comparar a administração das emergências psiquiátricas em Brasília e na Cidade do México. A partir da observação do atendimento às emergências psiquiátricas em instituições de saúde e segurança, em ambas as cidades, serão analisadas a forma processual da crise familiar e/ou comunitária, as perturbações físico-morais associadas à loucura, manejadas por familiares, pacientes e agentes institucionais no âmbito do atendimento, e a resposta das instituições e sua eficácia ante a demanda por atenção. A comparação da forma processual da crise familiar indica que seu surgimento se dá em função de um evento crítico, notadamente, um comportamento agressivo, sendo que a singularidade de cada evento reside na noção do que se considera estar dentro das margens do permitido e do normal, a qual está conformada por um conjunto de crenças e práticas culturais particulares. Semelhante também é o fato de que, em todos os casos que envolviam comportamentos agressivos, as famílias e grupos comunitários acionaram uma instituição em busca de auxílio com uma demanda específica, a saber: o encaminhamento e internação do paciente em uma unidade de saúde. O exame das perturbações físico-morais associadas à loucura revela que estas têm importância fundamental, na medida em que apóiam o procedimento classificatório com base no qual familiares e agentes institucionais reconhecem aquele caso como uma emergência psiquiátrica e decidem qual será o tipo de resolução e/ou atenção prestadas a ele. Essa análise apresenta um importante contraste: a associação entre embriagues e agressividade é considerada, em Brasília, por familiares e agentes institucionais, como emergência que deve receber atendimento no âmbito da saúde; já na Cidade do México, não há essa consideração nem pelos familiares e tampouco pelos agentes institucionais. As respostas das instituições às emergências psiquiátricas são diferentes, em Brasília e na Cidade do México. Em Brasília, a resposta dada aos casos está baseada na contenção física, na internação e na extinção dos sintomas, através da intervenção química. Na Cidade do México, baseia-se na devolução do "problema" para a família, indicando que ela deve agir por seus próprios meios. Comum a ambas encontra-se o fato de que tais respostas estão diretamente relacionadas às concepções de administração da loucura e do louco que já são seculares em cada uma dessas sociedades, revelando a permanência e continuidade de determinados saberes e práticas nesse âmbito. Não seria possível analisar as respostas institucionais às emergências psiquiátricas sem mencionar o atual momento de reforma dos serviços de atenção a saúde mental, pautado pelo paradigma da desinstitucionalização. De modo que, sob este ponto de vista, mas também com base nessa continuidade de determinadas formas de administração da loucura, é possível afirmar que tais respostas institucionais são restritas. _______________________________________________________________________________ RESUMEN / El objetivo de esta tesis es comparar la administración de las urgencias
siquiátricas en Brasília y en Ciudad de México. Desde la observación de las
atenciones a las urgencias psiquiátricas en instituciones de salud y seguridad, en
ambas las ciudades, serán analizadas la forma procesal de la crisis familiar y/o
comunitaria, las perturbaciones físico-morales asociadas a la locura, manejadas
por familiares, pacientes y agentes institucionales en el ámbito de las atenciones,
y la respuesta de las instituciones y su eficacia ante la demanda por atención. La
comparación de la forma procesal de la crisis familiar indica que su surgimiento
ocurre en función de un evento critico, precisamente, el comportamiento agresivo,
siendo que la singularidad de cada evento estriba en la noción de lo que
considerase estar dentro de las márgenes del permitido y del normal, la cual está
conformada por un conyunto de creencias y prácticas culturales particulares.
Semejante también es el hecho de que, en todos los casos que involucraban
comportamientos agresivos, las familias y grupos comunitarios accionaran una
institución en la búsqueda de asistencia con una demanda específica, es decir: el
encaminamiento y internamiento del paciente en una unidad de salud. El examen
de las perturbaciones físico-morales asociadas a la locura revela que estas tienen
importancia fundamental, en la medida en que apoyan el procedimiento
clasificatorio a base de lo cual familiares y agentes institucionales reconocen aquel
caso como una urgencia siquiátrica y deliberan cual será el tipo de resolución y/o
atención brindadas a él. Esa análisis presenta un importante contraste: la
asociación entre embriaguez y agresividad es considerada, en Brasilia, por los
familiares y agentes institucionales, como urgencia que debe recibir atención en el
ámbito de la salud; ya en la Ciudad de México, no hay esa consideración ni por lo
familiares y tampoco por los agentes institucionales. Las respuestas
institucionales a las emergencias siquiátricas son diferentes, en Brasilia y en
Ciudad de México. En Brasilia, la respuesta concedida a los casos está fundada
en la contención física, en el internamiento y en la extinción de lo síntomas, a
través de la intervención química. En Ciudad de México, está apoyada en la
devolución del “problema” para la familia, indicando que deben proceder por sus
propios medios. Común a ambas encuentra el hecho de que tales repuestas están
directamente relacionadas a las concepciones de administración de la locura y del
loco, las cuales son seculares en cada una de las sociedades, revelando la
permanencia y a la continuidad de determinados conocimientos y prácticas en ese
ámbito. No sería posible analizar las respuestas institucionales a las urgencias
siquiátricas sin mencionar el actual momento de reforma de los servicios de
atención a la salud mental, pautado por el paradigma de la desintitucionalización.
De manera que, bajo este punto de vista, pero también basados en esta
continuidad de determinadas formas de administración de la locura, es posible
decir que tales respuestas institucionales son restrictas.
_______________________________________________________________________________ ABSTRACT / The objective of this thesis is to compare the administration psychiatric
emergencies in Brasilia, Brazil, and Mexico City, Mexico. From the observation of
psychiatric emergencies in health and security institutions in both cities, this work
will analyze the procedural format of family and/or communitarian crisis, as well the
physical-moral perturbations associated to folly, as maneuvered by families,
patients and institutional agents in the ambit of services, and the response of
institutions and the effectiveness in relation to a demand for attention. Comparison
of the procedural format of family crisis indicates that its coming into being
happens as a function of a critical event, notably, an aggressive behavior, and the
uniqueness of each event resides in the notion of what is considered as being
inside the margins of what is permitted or normal, which is conformed by a set of
particular beliefs and cultural practices. Also similar is the fact that, in all cases that
involved aggressive behaviors, families and communitarian groups resorted to an
institution for help relating to a specific demand, that is to say: presentation and
internment of the patient in a health unit. Examination of the physical-moral
perturbation associated to folly reveals that such perturbation has a fundamental
importance, to the extent that they support the classificatory procedures on the
basis of which families and institutional agents recognize such a case as a
psychiatric emergency and decide the type of resolution and/or attention rendered
to the patient. This analysis presents an important contrast: the association
between drunkenness and aggressiveness is considered, in Brasilia, by families
and institutional agents, as emergencie that should receive attention in the ambit of
health; in Mexico City, on the other hand, there is not this kind of consideration by
family members or by the institutional agents. The responses of the institutions to
psychiatric emergencies, in Brasília and in México City, are different. In Brasilia,
the response given to cases is based on physical contention, in internment and the
extinction of symptoms by means of chemical intervention. In Mexico City, the
response is based on returning the “problem” to the family, by indicating that the
family should act by its own means. Common to both is the fact that such
responses are directly related to the concepts of administration of madness and of
the mad person already existing for centuries in both societies, indicating the
permanence and continuity of certain knowledge and practices in such ambit. It
would not be possible to analyze the institutional responses to psychiatric
emergencies without mentioning the current situation of the reform in the attention
services to mental health, attended as they are by the de- institutionalizing
paradigm. Thus, according to this point of view, and also on the basis of the
continuity of certain forms of the administration of madness, it is possible to affirm
that such institutional responses are restricted.
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Escolhas, caminhos e cuidados: o itinerário terapêutico de crianças com Fibrose Cística / Choices, paths and care: The therapeutic itinerary of Children with Cystic Fibrosis.Tainá Maués Pelucio Pizzignacco 26 August 2013 (has links)
A Fibrose Cística (FC) é uma doença genética, até o momento incurável, que junto às demais condições crônicas, exigem cuidados que transcendem a esfera biológica da doença e do cuidado e necessita de estratégias inovadoras para seu manejo. Esse estudo teve por objetivo compreender o itinerário terapêutico de crianças com Fibrose Cística, a partir da perspectiva deles próprios. Para tanto, nos apoiamos no quadro teórico e metodológico conformado pela antropologia médica, etnografia e a hermenêutica interpretativa. Participaram do estudo, 7 crianças entre 8 a 10 anos, em tratamento em um hospital escola do interior do estado de São Paulo e seus familiares. Os dados foram coletados por quatro meses com cada criança partindo-se do referencial da etnografia, mediante observação participante, entrevistas e confecções de materiais que permitiram a participação infantil. Os resultados foram compreendidos em três atos interpretativos que conformam o círculo hermenêutico: As várias facetas da Fibrose Cística; Caminhos e cuidados: avaliações sobre o tratamento e Escolhas, caminhos e cuidados: o itinerário terapêutico de crianças com Fibrose Cística. A partir dos resultados, interpretamos que os modelos explicativos existentes na FC atualmente estão circunscritos em círculos concêntricos dentro dos setores e entre os diferentes atores envolvidos gerando avaliações fragmentadas e diferentes possibilidades de tratamento. As interpretações nos levaram a refletir a respeito da hegemonia do paradigma da saúde pautado no positivismo e suas implicações para o cuidado integral. As possibilidades de mudança aparecem ao considerarmos a etnografia e a hermenêutica enquanto referenciais para a prática bem como a centralidade e a potencialidade da criança como agente da mudança. / Cystic Fibrosis (CF) is a genetic disease which, along with other chronic conditions, calls for care that transcends the biological aspects of the disease and requires innovative strategies for its management. The aim of this study was to understand the therapeutic itinerary of children with cystic fibrosis through their point of view. To achieve this, we were supported by theoretical and methodological framework composed by medical anthropology, ethnography and interpretative hermeneutic. The participants were 7 children between the ages of 8 and 10 who were in treatment for CF at a University Hospital in the state of São Paulo and their relatives. Data were obtained during 4 months with each child using the ethnography method through participant observation, interviews and handmade materials that allowed children to participate. The results were understood in 3 interpretative acts that shaped the hermeneutic circle: Plenty faces of Cystic Fibrosis; Paths and care:treatment evaluations and Choices, paths and care: the therapeutic itinerary of children with Cystic Fibrosis. After analyzing the results, we interpreted that the explanatory models currently available in Cystic Fibrosis are limited in circles in the sectors and between the different actors involved what causes fragmented evaluations and different possibilities of treatment. Those interpretations lead us to reflect the hegemony of the health paradigm that is based on positivism and its implication for integral care. The possibilities of change appear when using the ethnography and the hermeneutic theories in the clinical practice and when considering the centrality and the potentiality of the children as transition agents.
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