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Composições para uma clínica das práticas integrativas no SUS : um olhar a partir da acupunturaCharney, Alessandra Wladyka January 2016 (has links)
Este trabalho acadêmico tratou de discutir da temática geral das Racionalidades Médicas e Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), ocupando-se de maneira mais específica das relações - do entremeio - nas composições (im)possíveis entre duas racionalidades médicas: a ocidental hegemônica e a tradicional chinesa, analisadas a partir do contexto clínico contemporâneo da prática da acupuntura. Para tanto, foi realizada uma pesquisa qualitativa utilizando um estudo empírico analítico cuja abordagem metodológica utilizada foi o estudo de caso. Tomou- se como campo de pesquisa os serviços de saúde que ofertam a acupuntura como prática de cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade do Recife/PE, de acordo com a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) do Ministério da Saúde e com a Política Municipal de Práticas Integrativas e Complementares da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do Recife. A hipótese investigada em tal contexto foi a de que a acupuntura tem sido aplicada sob o paradigma biomecânico como recurso terapêutico mantenedor das práticas terapêuticas da racionalidade médica ocidental hegemônica, desvinculada, portanto, das dimensões específicas da racionalidade médica chinesa e seu paradigma vitalista. Dentre os encontros clínicos observados, e estas duas abordagens possíveis, verificou-se uma variação de múltiplas gradações definida pelos processos de negociação entre estas racionalidades médicas a cada encontro clínico. / This academic work tried to discuss the general theme of Medical Rationalities and Health Integrative and Complementary Practices, minding specifically the relations - the inset - in the (im)possible compositions between two medical rationalities: the Western Hegemonic and the Traditional Chinese, analyzed from the contemporary clinical context of acupuncture practice. For that, a qualitative research was carried out using an empirical analytical study whose methodological approach was the case study. The health services that offer acupuncture as a practice of care in the Brazilian National Health System (SUS) in the city of Recife (State of Pernambuco), according to the National Policy on Health Integrative and Complementary Practices of the Ministry of Health and with the Municipal Policy of Health Integrative and Complementary Practices of the Recife's Municipal Health Secretary. The hypothesis investigated in this context was that acupuncture has been applied under the biomechanical paradigm as a therapeutic resource that maintains the therapeutic practices of hegemonic Western medical rationality, thus disconnected from the specific dimensions of Chinese medical rationality and its vitalist paradigm. Among the clinical encounters observed, and these two possible approaches, there was a variation of multiple gradations defined by the negotiation processes between these medical rationalities at each clinical meeting.
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Relações sociais nas situações de adoecimento crônico no rural : expressões de cuidado e de sofrimento na perspectiva da dádivaRuiz, Eliziane Nicolodi Francescato January 2013 (has links)
Trata-se de um estudo que teve o objetivo compreender a implicação que os encontros em redes sociais têm no adoecer crônico rural. O ponto de partida foi problematizar o cotidiano das pessoas, e com isso apreender o mundo vivido pelos adoecidos crônicos. Um vivido que não é só biológico, individual e local, mas também cultural, relacional e inserido na contemporaneidade, com as benesses e as contradições que ela traz. Para tanto, foi realizado estudo etnográfico de maio de 2011 a janeiro de 2012 na localidade rural Rincão dos Maia, no município de Canguçu/RS. Os dados foram produzidos por meio de observação participante, anotações em diário de campo e entrevistas semiestruturadas. O processo analítico foi orientado pela antropologia interpretativa, tendo como base o referencial teórico da Dádiva de Marcel Mauss. Como achado apreendeu-se que mesmo que se tenha menos tempo para alimentar as relações face a face, mesmo que muitas das políticas públicas persistam em chegar até eles com um cunho assistencial, e mesmo que as formas de se trabalhar estejam sendo modificadas pela indústria fumageira, há resistências. Resistências essas que os caracterizam e aparecem tanto na sua forma de viver a vida quanto de experienciar o adoecimento: o valor da presença da família; a coragem/valentia para enfrentar os problemas; a busca pelo direito que preserve a dignidade; o valor do outro e o compromisso que lhe é dedicado em qualquer relação. Ler o adoecimento pela ótica da dádiva mostrou que esse fenômeno, ao reacender a dinâmica das redes, pode obter delas doações tanto de cuidado e produção de saúde quanto de sofrimento. As redes sociais mostraramse com potencial para cuidar quando, na forma de afeto, cidadania e solidariedade reconhecem os adoecidos em seus valores camponeses locais, ou ao contrário, causam sofrimento ao desrespeitá-los nas suas especificidades. No entanto, sendo capaz de transformar seu adoecer em uma "situação" de adoecimento crônico, o adoecido age despertando novas respostas do entorno social ou novas relações. Disso tudo fica o entendimento de que o adoecer digno não está em outra parte que não no vínculo cotidiano com os outros, doando, recebendo e retribuindo reconhecimento. / This is a study that aimed to understand the implication that social networks have in the rural chronic illness. In this sense, the starting point was to problematize the daily lives of the rural people, and therefore understand the world experienced by chronically diseased this place. An experience that is not only biological, individual and local level. But also cultural, relational and inserted in contemporary, with the blessings and contradictions that living brings. Therefore, ethnographic study was conducted from May 2011 to January 2012, with the daily life of rural locality Rincão dos Maia, in the municipality of Canguçu/RS. Data were produced through participant observation, field notes on daily and semi-structured interviews. The analytical process was guided by interpretive anthropology, based on the theoretical framework of the Gift of Marcel Mauss. How to find seized that even if people have less time to nurture relationships face-to-face, even though many public policies persist in reaching out to them with a stamp assistance and even ways of working are being modified by the tobacco industry, there is resistance. These resistances that characterize and up appearing on your way to live life and experience of the illness, which are: the value of family presence; courage / bravery to face the problems, the search for the right to preserve their dignity; the value of the other and the commitment that is put to him in any relationship. Read the illness from the perspective of the gift showed how this phenomenon, to rekindle the dynamics of networks, can get them donations of both production and health care, how much suffering. Social networks showed up with the potential to take care when in the form of affection, solidarity and citizenship, respect and recognize their values in the diseased peasants of the place, or rather, cause suffering to disrespect them in their specificities. However being able to turn his illness into a situation of chronic illness, the sick acts arousing new answers surrounding social or new relationships. All this is the understanding that the ill dignified, not elsewhere than in everyday bond with others, giving, receiving, and returning recognition.
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Quem conta um ponto, inventa um conto : sobre a fabricação de agentes, de saúde e de comunidades / Who tells somethings, invents a story: about the fabrication of workers, health and communitiesKreutz, Juliano André January 2012 (has links)
Esta dissertação parte da interrogação sobre os usos de registros, números, cálculos e medidas na configuração e no ordenamento do trabalho de Agentes Comunitários de Saúde – ACS, ao integrarem mecanismos, instâncias e técnicas que projetam e regulam a formação profissional e a conformação de “comunidades”. Na esteira da Saúde Comunitária/Medicina Comunitária, o trabalho de ACS ultrapassa o enfoque biológico e se ocupa de outras dimensões da vida das populações, ao buscar antecipar-se à necessidade de ações curativas e ao procurar soluções que tomam como base a atenção a grupos locais. A partir das noções de biopolítica (Michel Foucault), de epidemiopoder (Luís Castiel) e de numeramentalização (Samuel Bello), problematizouse a ocupação de ACS e analisou-se a ação de políticas da identidade em processos de falar sobre, recomendar ou investigar o trabalho e a comunidade. Para a consecução dessas políticas, fabrica-se uma população-corporação profissional e afirma-se "um papel" a ser desempenhado, assim como, em uma área territorial definida (um polígono que estabelece limites geográfico-censitários), cria-se um denominador (base populacional), que fabrica uma população-comunidade local. Um sistema identitário faz emergir trabalhadores médico-multiplicadores. Os compromissos do ACS com a dimensão social ou coletiva são recortados pelos números da saúde, em uma perspectiva epidemiologicamente informada, relativa ao governamento sanitário da população. O estudo situou-se como Análise do Discurso, com inspiração em Michel Foucault. Quarenta e nove textos acadêmicos (artigos, dissertações e teses), com referência aos ACS, foram objeto de análise, escolhidos no período de 1987 a 2011, considerada a disponibilidade nas bases da Biblioteca Virtual em Saúde. Normativas do trabalho (leis, portarias, guias, entre outros) foram lidas a partir de emergentes desse corpus acadêmico. Argumentando-se que “a escola é o trabalho”, a pesquisa verifica uma educação no trabalho não reduzida à escolarização formal. De um lado, a imbricação entre experiência do trabalho e ensino na conformação do olhar/sentir/querer no saber-fazer da saúde; de outro a impossibilidade (em regime escolar) de ensinar as sensações ou a escutar (a escuta ou sensibilidade são experimentação). As noções relativas à educação permanente em saúde coletiva, especialmente as leituras de Ricardo Ceccim, sustentam a potencial abertura às inventividades nos cotidianos de trabalho, uma disputa de políticas do trabalho, não de identidades. Discute-se, então, um retorno ao “dilema preventivista”, sob inspiração das análises de Sérgio Arouca. Talvez a ocupação de ACS se configure como “intervenção-tampão” em um projeto de mudança no setor da saúde que não se consuma. A origem “comunitária” dos trabalhadores não assegura a presença de novas práticas políticas no campo da saúde. A profissionalização engendra miradas para o social atreladas a regimes médicos/biopolíticos. Verifica-se a busca de resolução de problemas complexos pela ação profissionalizada com a centralidade da Epidemiologia e da Estatística como normatividades para o trabalho. Entretanto, destaca-se que, na rua e nas visitas domiciliares, atualiza-se também uma “tensão”, marcada pelo dualismo entre o mensurável-objetivável e o intangível, margem entre a multiplicação e as invenções, tensão entre a fabricação de identidade e a invenção de singularidades. / This dissertation begins by questioning the use of records, numbers, calculation and measurements in the configuration and organization of the work of Agentes Comunitários de Saúde – ACS (Community Health Workers), when they integrate mechanisms, instances and techniques that project and regulate professional formation and the configuration of “communities”. In the wake of Community Health/Community Medicine, the work of ACS goes beyond a merely biological focus, dealing with other aspects of population's lives, seeking to anticipate the need for curative actions and working towards solutions that are based on caring for local groups. Based on the notions of Biopolitics (Michel Focault), “epidemiopower” (Luís Castiel) and numeramentality (Samuel Bello), the job of ACS was problematized, while analyzing the action of identity policies in processes of speaking about, recommending or investigating work and the community. For these policies to materialize, a professional corporation-population is created with “a role” to be performed, while, within a defined territorial area (a polygon establishing geographical and census limits), a denominator is created (populational base), fostering a local population-community. An identity system leads to the emergence of medical-multiplier workers. The commitments of ACS within a social or collective scope are compiled based on health numbers, from an epidemiologically informed perspective, relative to healthy populational government. The study was based on Discourse Analysis, inspired by Michel Foucault. Forty-nine academic texts (articles, dissertations and theses), with references to ACS, were the focus of analysis, selected from between 1987 to 2011, considering availability from the Biblioteca Virtual em Saúde (Virtual Health Library). Labor regulations (laws, directives, and guidelines, among others) were studied based on the emergence of this academic corpus. Considering the argument that “school is work”, research shows that education at work is not restricted to formal schooling. On the one hand, there is an interconnection between work experience and education in the configuration of seeing/feeling/desiring in terms of health expertise and implementation; while on the other hand, there is the impossibility (within a school system) of teaching these sensations or how to listen (listening or sensitivity are part of experimentation). The ideas relative to permanent education in collective health, especially the interpretation of Ricardo Ceccim, sustain a potential opening to inventiveness in daily work, a dispute of work policies and not identities. A return to the “preventative dilemma” is discussed, inspired by the analyses of Sérgio Arouca. Perhaps the work of ACS figures as a “tampon-intervention” in a project of change in the health sector that does not materialize. The “community-based” origin of the workers does not guarantee the presence of new political practices in the area of health. Professionalization engenders a look to the social area linked to medical/biopolitical regimes. There is a search to solve complex problems through professionalized action centered on epidemiology and statistics as regulations for work. However, in the streets and through home visits, happens an acute sense of “tension”, marked by dualism between the measurable-objectifiable and the intangible, the margin between multiplication and the inventions, tension between creation of identity and the invention of singularities.
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Da paternidade responsável à paternidade participativa? representações de paternidade na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH)Pereira, Jamile Peixoto January 2015 (has links)
Nesta dissertação, problematizo as representações de paternidade veiculadas, atualizadas e (re)produzidas na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), política pública atual do governo federal brasileiro que tem como objetivo promover a melhoria da saúde de homens, facilitando o acesso aos serviços de assistência integral à saúde. O estudo inscreve-se no referencial teórico-metodológico dos Estudos de Gênero e dos Estudos Culturais, situando-se no campo da Saúde Coletiva. Utilizo a pesquisa documental para reunir o conjunto de materiais examinados na perspectiva da análise cultural, a fim de descrever e analisar os ensinamentos da política aos homens-pais, operando com os conceitos de gênero, representação, cultura, poder, política pública, saúde e saúde coletiva. Analiso como os homens passam a ser convocados a participar e integrar as rotinas de cuidado com os/as filhos/as e como os profissionais de saúde, no âmbito do SUS, buscando-se promover e/ou incluir a participação dos homens-pais nos espaços de saúde. A PNAISH atua como um artefato cultural que incide sobre representações de paternidade, envolvendo-se com a nomeação, a classificação e a socialização dos homens-pais em meio às disputas travadas desde a construção, implantação e implementação de tal política. Discuto outros significados atribuídos à paternidade no âmbito da PNAISH, indicando um deslizamento analítico que permite uma provável ampliação de uma “Paternidade Responsável” para uma “Paternidade Participativa”. Desse modo, a investigação realizada permite-me argumentar que o direcionamento dado aos homens-pais, por meio dos materiais da política, busca consolidar a representação de um pai participativo, que necessita integrar-se às rotinas cotidianas dos/as filhos/as, compartilhando responsabilidades e assumindo atribuições, a fim de posicioná-lo como um sujeito integrante do processo de cuidado. Assim, os sentidos atribuídos à participação dos homens-pais vão sendo reconstruídos em redes de significados que reafirmam, atualizam e deslocam representações de paternidade vigentes no Brasil contemporâneo. / In this essay I problematize the paternity representations transmitted, updated and (re) produced in the National Policy of Integral Attention to Men's Health - PNAISH, current public policy of the Brazilian federal government that aims to encourage improvements in the health of the male population, facilitating access to comprehensive health care services. The study is part of the referential theoretical methodological of Gender Studies and Cultural Studies, situated in the field of Collective Health. I use the documentary research to gather all materials examined from the perspective of cultural analysis in order to describe and analyze the lessons of politics men parents, operating with the concepts of gender, representation, culture, power, public policy, health and collective health. I analyze how men come to be called to participate and integrate care routines with the children and how health professionals, within the "SUS", seek to promote and / or include the participation of men parents in health space. The PNAISH acts as a cultural artifact that focuses on parenting representations, involving the nomination, classification and socialization of men parents among the disputes waged since its construction, deployment and implementation. I discuss other meanings attributed to paternity within the PNAISH, indicating an analytical slip that allows a likely extension of a "Responsible Parenthood" to a "Participatory Parenthood." Thus, the investigation allows me to argue that the direction given to men parents, through political materials, seeks to strengthen the representation of a participatory father, who needs to integrate the daily routines of the children, sharing responsibilities and assuming powers in order to position him as an integrant member of the care process. Therefore, the meanings attributed to the participation of men parents are being reconstructed in networks of meanings that reaffirm, update and move paternity representations prevailing in contemporary Brazil.
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Violência de gênero e necessidades em saúde: limites e possibilidades da estratégia saúde da família / Gender violence and health needs: limitations and possibilities of the Family Health StrategyRebeca Nunes Guedes de Oliveira 12 December 2011 (has links)
Estudo exploratório, com abordagem qualitativa, que teve como objetivo geral compreender os limites e as possibilidades avaliativas no que tange ao reconhecimento e enfrentamento de necessidades em saúde de mulheres que vivenciam violência no espaço de concretização das práticas da Estratégia Saúde da Família (ESF). Foi realizado em uma Unidade Básica de Saúde que opera sob a ESF em São Paulo (SP). Os dados foram coletados por meio de entrevistas em profundidade com vinte e dois profissionais de saúde que compõem as equipes multiprofissionais e com treze mulheres usuárias do serviço que vivenciaram situações de violência de gênero. As entrevistas foram gravadas, transcritas e submetidas à análise de discurso. Os resultados foram analisados segundo as categorias analíticas gênero, violência de gênero e necessidades em saúde. Os resultados revelaram a violência enquanto problema que tem interfaces com o processo saúde doença das mulheres. Entretanto, o fenômeno raramente aparece enquanto uma demanda imediata sendo expressiva como demanda implícita e submersa em outras queixas. Houve o reconhecimento de necessidades relacionadas às condições de vida e o contexto de exclusão social do território; necessidades que remetem à autonomia; medicalização das necessidades em saúde revelando a dicotomia mente-corpo no trabalho em saúde; e necessidades relacionadas à escuta e à criação de vínculos enquanto possibilidade de fortalecimento das mulheres que vivenciam violência. A prática biologicista, ainda hegemônica, limita o campo de ação das práticas profissionais, levando usuárias e profissionais a não reconhecerem os serviços de saúde enquanto possibilidade de apoio e enfrentamento da violência. A medicalização foi constatada enquanto a limitação mais significativa das práticas profissionais. As possibilidades relacionadas ao vínculo propiciado pela lógica de atenção instaurada com a ESF encontram-se ainda cerceadas pelas limitações do modelo biomédico e a ausência de tecnologias específicas para lidar com a violência. Concluiu-se que é premente o reconhecimento da violência enquanto problema cuja atenção deve ser inerente aos serviços de saúde, assim como a tradução das demandas trazidas pelas mulheres nas necessidades que a produziram. O reconhecimento dessas necessidades pressupõe ainda considerar a violência e a subalternidade de gênero como generativos desse processo. O trabalho que qualifica a atenção à saúde das mulheres em situação de violência deve superar o modelo biomédico de atenção, o que implica rever a prática profissional, posto que, na perspectiva da emancipação da opressão das mulheres, o saber crítico sobre as necessidades em saúde como conseqüência da situação de opressão que a abordagem de gênero encerra, constitui um de seus elementos, um dos instrumentos que deve orientar todo o trabalho das práticas profissionais nessa área. / The general objective of this exploratory study with a qualitative approach was to understand the limitations and possibilities of the Family Health Strategy (EFS) to recognize and meet the health needs of women experiencing violence. The study was carried out in a Primary Health Care Unit working within the ESF in São Paulo, SP, Brazil. Data were collected through in-depth interviews with 22 health professionals who compose the multidisciplinary teams and with 13 women who use the service and had experienced violence. Interviews were recorded, transcribed and submitted to discourse analysis. The results were analyzed according to analytical categories of gender violence and health needs. The results revealed that violence is an issue that interfaces with the womens health-disease continuum, although the phenomenon rarely appears as an immediate demand; it rather emerges as an implicit demand underlying other complains. The following was identified: needs related to living conditions and the context on social exclusion; needs related to autonomy; medicalizalization of health needs revealing a dichotomy between body-mind in health care delivery; and the need related to active listening and the establishment of bonds as an alternative to empower women experiencing violence. The biologicist practice is still predominant and limits the field of actions of professional practices, hindering users and professionals the possibility to recognize health services as a space where to seek support to cope with violence. Medicalization was identified as the most significant limitation of professional practices. The possibilities related to bonds enabled by the logic of care delivery established within the ESF are still surrounded by the limitations of the biomedical model and the absence of specific technologies to deal with violence. We conclude that acknowledging violence as a problem whose care should be inherent to the health services is urgent as well as the need to translate the demands of these women into the needs that produce them. Acknowledging these needs requires considering violence and gender subordination as elements that generate such a process. The work that qualifies care delivered to women experiencing violence should overcome the biomedical model. It implies a review of professional practices since, from the perspective of emancipation of womens oppression, critical knowledge concerning health needs as a consequence of oppression implied in gender approach, constitutes one of the instruments that should guide the work of professional practice in this field.
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O objeto/sujeito da redução de danos: uma análise da literatura da perspectiva da saúde coletiva / The object/subject of harm reduction: an analysis of literature through collective health perspectiveVilmar Ezequiel dos Santos 30 April 2008 (has links)
Esta dissertação teve como objetivo descrever e analisar o objeto/sujeito da redução de danos, a partir da literatura brasileira, tendo como perspectiva teórica os fundamentos da Saúde Coletiva. A literatura internacional mostra que a redução de danos vem sendo adotada e difundida em vários países. A América do Norte e a Europa focalizam o debate na avaliação de estratégias em alguns segmentos populacionais, mas o debate teórico e político parece se concentrar na América Latina, notadamente no Brasil. Para compreender as tendências desse debate no Brasil, selecionou-se 44 publicações nacionais, no período de 1994 a 2006, tendo como referência o LILACS. A análise do material mostrou que a redução de danos tomou inicialmente como objeto as doenças transmissíveis, especialmente a AIDS sendo a finalidade do trabalho a prevenção desses problemas entre usuários de droga injetável. Com o objeto assim circunscrito, atingia-se populações usuárias de drogas consideradas marginalizadas ou excluídas. As primeiras formulações teóricas que orientaram as práticas encontravam-se entremeadas de críticas às abordagens e terapêuticas que unicamente perspectivavam a abstinência. Apesar da crítica por vezes contumaz aos modelos rígidos e intolerantes de combate às drogas, a finalidade de abstinência persistia nos discursos de uma parcela considerável daqueles que acabavam adotando, em maior ou menor grau, a orientação da redução de danos. Dada a envergadura que o fenômeno do consumo de drogas assumiu contemporaneamente, o que levou ao envolvimento de diversas áreas com esse objeto, o debate teórico em torno da redução de danos se ampliou. A adoção de práticas de redução de danos, diante das crescentes contradições sociais e de saúde que envolvem o complexo sistema das drogas, colocou para a arena das discussões acadêmicas e dos serviços, o tema da ética, dos direitos humanos, do engodo proibicionista, entre outros. A redução de danos foi se constituindo então como um \"movimento\" político, que procurava dar respostas a essas contradições. Dessa forma, o desenvolvimento de práticas de redução de danos - majoritariamente apoiadas por ONGs e organismos internacionais - passou a ser tolerado pela sociedade civil e legitimado pelo Estado. Assim, aceita pela nova saúde pública, passou a incorporar os conceitos de estilo e qualidade de vida e de promoção da saúde, imprimindo então mudanças no objeto de atenção. Nessa perspectiva, o que se busca é a melhoria \"dos modos de vida\" dos usuários, conquistada pela qualificação e preparação da \"comunidade\" para cuidar de sua saúde. Esvazia-se, dessa forma, o debate político, confinando-se a discussão do problema do consumo de drogas à dimensão particular, responsabilizando-se indivíduos, famílias e comunidades por um problema cujas raízes encontram-se no mal-estar contemporâneo. Alternativamente, a Saúde Coletiva vem se apresentando como um campo importante de resgate do caráter social e político da redução de danos que impeça sua transformação em um mero acessório de manutenção dos interesses capitalistas. Sugere-se, portanto, neste trabalho que a construção dos saberes e das respostas sociais relativas ao complexo sistema das substâncias psicoativas vincule-se, através de categorias de análise totalizantes, aos processos globais da sociedade contemporânea e às suas contradições / This essay had the goal of describing and analyzing the object/subject of harm reduction, based on Brazilian literature, having as theoretical perspective the Collective Health bases. International literature shows that harm reduction has been adopted and spread in several countries. North America and Europe focus the debate on the evaluation of strategies in some population segments, but the theoretical and political debate seems to be massed in Latin America, remarkably in Brazil. To understand the tendencies of this debate in Brazil, 44 national publications were selected, from 1994 to 2006, having LILACS¹ as reference. The analysis of this material showed that harm reduction initially objectified contagious diseases, especially AIDS, aiming the prevention of these problems among injecting drug users. Having circumscribed such object, marginalized or excluded drug users were considered. The first theoretical conclusions that guided the practices were highly critical of the approaches and therapeutics that only focused on abstinence. Although criticism being recalcitrant to the tough and intolerant models of drug combat at times, the focus on abstinence was supported by most of those who ended up adopting, totally or partially, harm reduction orientation. For as much as the increase on contemporary drug use, which has lead several areas to study this phenomenon, the theoretical debate on harm reduction was extended. The adherence to harm reduction practices, in the face of increasing social contradictions, brought to academic and service discussions the topic of ethics, human rights, prohibitionist decoy, etc. Then, harm reduction became a political movement that aimed at solving these contradictions. In that rate, the development of harm reduction practices - mostly supported by NGOs and international organizations - became tolerated by civil society and legitimated by the State. Thus, accepted by the new public health, it incorporated life quality and style concepts and health planning, causing great changes at the subject studied. In this perspective, the aim is improving the users\' way of life, achieved by the qualification and preparation of \"community\" to be aware of health issues. The political debate is then over, and the drug use discussion is confined to a quite particular dimension, blaming individuals, families and communities for a problem which was originally found in the contemporary malaise. Alternatively, Collective Health has been of great importance on recalling social and political awareness of harm reduction in order to inhibit its transformation in a tool of capitalism. It\'s suggested therefore, in this essay that knowledge acquisition and social answers related to the complex psychoactive substances system is linked to the global procedures of contemporary society and its contradictions
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Da paternidade responsável à paternidade participativa? representações de paternidade na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH)Pereira, Jamile Peixoto January 2015 (has links)
Nesta dissertação, problematizo as representações de paternidade veiculadas, atualizadas e (re)produzidas na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), política pública atual do governo federal brasileiro que tem como objetivo promover a melhoria da saúde de homens, facilitando o acesso aos serviços de assistência integral à saúde. O estudo inscreve-se no referencial teórico-metodológico dos Estudos de Gênero e dos Estudos Culturais, situando-se no campo da Saúde Coletiva. Utilizo a pesquisa documental para reunir o conjunto de materiais examinados na perspectiva da análise cultural, a fim de descrever e analisar os ensinamentos da política aos homens-pais, operando com os conceitos de gênero, representação, cultura, poder, política pública, saúde e saúde coletiva. Analiso como os homens passam a ser convocados a participar e integrar as rotinas de cuidado com os/as filhos/as e como os profissionais de saúde, no âmbito do SUS, buscando-se promover e/ou incluir a participação dos homens-pais nos espaços de saúde. A PNAISH atua como um artefato cultural que incide sobre representações de paternidade, envolvendo-se com a nomeação, a classificação e a socialização dos homens-pais em meio às disputas travadas desde a construção, implantação e implementação de tal política. Discuto outros significados atribuídos à paternidade no âmbito da PNAISH, indicando um deslizamento analítico que permite uma provável ampliação de uma “Paternidade Responsável” para uma “Paternidade Participativa”. Desse modo, a investigação realizada permite-me argumentar que o direcionamento dado aos homens-pais, por meio dos materiais da política, busca consolidar a representação de um pai participativo, que necessita integrar-se às rotinas cotidianas dos/as filhos/as, compartilhando responsabilidades e assumindo atribuições, a fim de posicioná-lo como um sujeito integrante do processo de cuidado. Assim, os sentidos atribuídos à participação dos homens-pais vão sendo reconstruídos em redes de significados que reafirmam, atualizam e deslocam representações de paternidade vigentes no Brasil contemporâneo. / In this essay I problematize the paternity representations transmitted, updated and (re) produced in the National Policy of Integral Attention to Men's Health - PNAISH, current public policy of the Brazilian federal government that aims to encourage improvements in the health of the male population, facilitating access to comprehensive health care services. The study is part of the referential theoretical methodological of Gender Studies and Cultural Studies, situated in the field of Collective Health. I use the documentary research to gather all materials examined from the perspective of cultural analysis in order to describe and analyze the lessons of politics men parents, operating with the concepts of gender, representation, culture, power, public policy, health and collective health. I analyze how men come to be called to participate and integrate care routines with the children and how health professionals, within the "SUS", seek to promote and / or include the participation of men parents in health space. The PNAISH acts as a cultural artifact that focuses on parenting representations, involving the nomination, classification and socialization of men parents among the disputes waged since its construction, deployment and implementation. I discuss other meanings attributed to paternity within the PNAISH, indicating an analytical slip that allows a likely extension of a "Responsible Parenthood" to a "Participatory Parenthood." Thus, the investigation allows me to argue that the direction given to men parents, through political materials, seeks to strengthen the representation of a participatory father, who needs to integrate the daily routines of the children, sharing responsibilities and assuming powers in order to position him as an integrant member of the care process. Therefore, the meanings attributed to the participation of men parents are being reconstructed in networks of meanings that reaffirm, update and move paternity representations prevailing in contemporary Brazil.
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Quem conta um ponto, inventa um conto : sobre a fabricação de agentes, de saúde e de comunidades / Who tells somethings, invents a story: about the fabrication of workers, health and communitiesKreutz, Juliano André January 2012 (has links)
Esta dissertação parte da interrogação sobre os usos de registros, números, cálculos e medidas na configuração e no ordenamento do trabalho de Agentes Comunitários de Saúde – ACS, ao integrarem mecanismos, instâncias e técnicas que projetam e regulam a formação profissional e a conformação de “comunidades”. Na esteira da Saúde Comunitária/Medicina Comunitária, o trabalho de ACS ultrapassa o enfoque biológico e se ocupa de outras dimensões da vida das populações, ao buscar antecipar-se à necessidade de ações curativas e ao procurar soluções que tomam como base a atenção a grupos locais. A partir das noções de biopolítica (Michel Foucault), de epidemiopoder (Luís Castiel) e de numeramentalização (Samuel Bello), problematizouse a ocupação de ACS e analisou-se a ação de políticas da identidade em processos de falar sobre, recomendar ou investigar o trabalho e a comunidade. Para a consecução dessas políticas, fabrica-se uma população-corporação profissional e afirma-se "um papel" a ser desempenhado, assim como, em uma área territorial definida (um polígono que estabelece limites geográfico-censitários), cria-se um denominador (base populacional), que fabrica uma população-comunidade local. Um sistema identitário faz emergir trabalhadores médico-multiplicadores. Os compromissos do ACS com a dimensão social ou coletiva são recortados pelos números da saúde, em uma perspectiva epidemiologicamente informada, relativa ao governamento sanitário da população. O estudo situou-se como Análise do Discurso, com inspiração em Michel Foucault. Quarenta e nove textos acadêmicos (artigos, dissertações e teses), com referência aos ACS, foram objeto de análise, escolhidos no período de 1987 a 2011, considerada a disponibilidade nas bases da Biblioteca Virtual em Saúde. Normativas do trabalho (leis, portarias, guias, entre outros) foram lidas a partir de emergentes desse corpus acadêmico. Argumentando-se que “a escola é o trabalho”, a pesquisa verifica uma educação no trabalho não reduzida à escolarização formal. De um lado, a imbricação entre experiência do trabalho e ensino na conformação do olhar/sentir/querer no saber-fazer da saúde; de outro a impossibilidade (em regime escolar) de ensinar as sensações ou a escutar (a escuta ou sensibilidade são experimentação). As noções relativas à educação permanente em saúde coletiva, especialmente as leituras de Ricardo Ceccim, sustentam a potencial abertura às inventividades nos cotidianos de trabalho, uma disputa de políticas do trabalho, não de identidades. Discute-se, então, um retorno ao “dilema preventivista”, sob inspiração das análises de Sérgio Arouca. Talvez a ocupação de ACS se configure como “intervenção-tampão” em um projeto de mudança no setor da saúde que não se consuma. A origem “comunitária” dos trabalhadores não assegura a presença de novas práticas políticas no campo da saúde. A profissionalização engendra miradas para o social atreladas a regimes médicos/biopolíticos. Verifica-se a busca de resolução de problemas complexos pela ação profissionalizada com a centralidade da Epidemiologia e da Estatística como normatividades para o trabalho. Entretanto, destaca-se que, na rua e nas visitas domiciliares, atualiza-se também uma “tensão”, marcada pelo dualismo entre o mensurável-objetivável e o intangível, margem entre a multiplicação e as invenções, tensão entre a fabricação de identidade e a invenção de singularidades. / This dissertation begins by questioning the use of records, numbers, calculation and measurements in the configuration and organization of the work of Agentes Comunitários de Saúde – ACS (Community Health Workers), when they integrate mechanisms, instances and techniques that project and regulate professional formation and the configuration of “communities”. In the wake of Community Health/Community Medicine, the work of ACS goes beyond a merely biological focus, dealing with other aspects of population's lives, seeking to anticipate the need for curative actions and working towards solutions that are based on caring for local groups. Based on the notions of Biopolitics (Michel Focault), “epidemiopower” (Luís Castiel) and numeramentality (Samuel Bello), the job of ACS was problematized, while analyzing the action of identity policies in processes of speaking about, recommending or investigating work and the community. For these policies to materialize, a professional corporation-population is created with “a role” to be performed, while, within a defined territorial area (a polygon establishing geographical and census limits), a denominator is created (populational base), fostering a local population-community. An identity system leads to the emergence of medical-multiplier workers. The commitments of ACS within a social or collective scope are compiled based on health numbers, from an epidemiologically informed perspective, relative to healthy populational government. The study was based on Discourse Analysis, inspired by Michel Foucault. Forty-nine academic texts (articles, dissertations and theses), with references to ACS, were the focus of analysis, selected from between 1987 to 2011, considering availability from the Biblioteca Virtual em Saúde (Virtual Health Library). Labor regulations (laws, directives, and guidelines, among others) were studied based on the emergence of this academic corpus. Considering the argument that “school is work”, research shows that education at work is not restricted to formal schooling. On the one hand, there is an interconnection between work experience and education in the configuration of seeing/feeling/desiring in terms of health expertise and implementation; while on the other hand, there is the impossibility (within a school system) of teaching these sensations or how to listen (listening or sensitivity are part of experimentation). The ideas relative to permanent education in collective health, especially the interpretation of Ricardo Ceccim, sustain a potential opening to inventiveness in daily work, a dispute of work policies and not identities. A return to the “preventative dilemma” is discussed, inspired by the analyses of Sérgio Arouca. Perhaps the work of ACS figures as a “tampon-intervention” in a project of change in the health sector that does not materialize. The “community-based” origin of the workers does not guarantee the presence of new political practices in the area of health. Professionalization engenders a look to the social area linked to medical/biopolitical regimes. There is a search to solve complex problems through professionalized action centered on epidemiology and statistics as regulations for work. However, in the streets and through home visits, happens an acute sense of “tension”, marked by dualism between the measurable-objectifiable and the intangible, the margin between multiplication and the inventions, tension between creation of identity and the invention of singularities.
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Relações sociais nas situações de adoecimento crônico no rural : expressões de cuidado e de sofrimento na perspectiva da dádivaRuiz, Eliziane Nicolodi Francescato January 2013 (has links)
Trata-se de um estudo que teve o objetivo compreender a implicação que os encontros em redes sociais têm no adoecer crônico rural. O ponto de partida foi problematizar o cotidiano das pessoas, e com isso apreender o mundo vivido pelos adoecidos crônicos. Um vivido que não é só biológico, individual e local, mas também cultural, relacional e inserido na contemporaneidade, com as benesses e as contradições que ela traz. Para tanto, foi realizado estudo etnográfico de maio de 2011 a janeiro de 2012 na localidade rural Rincão dos Maia, no município de Canguçu/RS. Os dados foram produzidos por meio de observação participante, anotações em diário de campo e entrevistas semiestruturadas. O processo analítico foi orientado pela antropologia interpretativa, tendo como base o referencial teórico da Dádiva de Marcel Mauss. Como achado apreendeu-se que mesmo que se tenha menos tempo para alimentar as relações face a face, mesmo que muitas das políticas públicas persistam em chegar até eles com um cunho assistencial, e mesmo que as formas de se trabalhar estejam sendo modificadas pela indústria fumageira, há resistências. Resistências essas que os caracterizam e aparecem tanto na sua forma de viver a vida quanto de experienciar o adoecimento: o valor da presença da família; a coragem/valentia para enfrentar os problemas; a busca pelo direito que preserve a dignidade; o valor do outro e o compromisso que lhe é dedicado em qualquer relação. Ler o adoecimento pela ótica da dádiva mostrou que esse fenômeno, ao reacender a dinâmica das redes, pode obter delas doações tanto de cuidado e produção de saúde quanto de sofrimento. As redes sociais mostraramse com potencial para cuidar quando, na forma de afeto, cidadania e solidariedade reconhecem os adoecidos em seus valores camponeses locais, ou ao contrário, causam sofrimento ao desrespeitá-los nas suas especificidades. No entanto, sendo capaz de transformar seu adoecer em uma "situação" de adoecimento crônico, o adoecido age despertando novas respostas do entorno social ou novas relações. Disso tudo fica o entendimento de que o adoecer digno não está em outra parte que não no vínculo cotidiano com os outros, doando, recebendo e retribuindo reconhecimento. / This is a study that aimed to understand the implication that social networks have in the rural chronic illness. In this sense, the starting point was to problematize the daily lives of the rural people, and therefore understand the world experienced by chronically diseased this place. An experience that is not only biological, individual and local level. But also cultural, relational and inserted in contemporary, with the blessings and contradictions that living brings. Therefore, ethnographic study was conducted from May 2011 to January 2012, with the daily life of rural locality Rincão dos Maia, in the municipality of Canguçu/RS. Data were produced through participant observation, field notes on daily and semi-structured interviews. The analytical process was guided by interpretive anthropology, based on the theoretical framework of the Gift of Marcel Mauss. How to find seized that even if people have less time to nurture relationships face-to-face, even though many public policies persist in reaching out to them with a stamp assistance and even ways of working are being modified by the tobacco industry, there is resistance. These resistances that characterize and up appearing on your way to live life and experience of the illness, which are: the value of family presence; courage / bravery to face the problems, the search for the right to preserve their dignity; the value of the other and the commitment that is put to him in any relationship. Read the illness from the perspective of the gift showed how this phenomenon, to rekindle the dynamics of networks, can get them donations of both production and health care, how much suffering. Social networks showed up with the potential to take care when in the form of affection, solidarity and citizenship, respect and recognize their values in the diseased peasants of the place, or rather, cause suffering to disrespect them in their specificities. However being able to turn his illness into a situation of chronic illness, the sick acts arousing new answers surrounding social or new relationships. All this is the understanding that the ill dignified, not elsewhere than in everyday bond with others, giving, receiving, and returning recognition.
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O trabalho de enfermagem em centros de saude e o modelo de atenção a saude no municipio de Campinas - SPTakemoto, Maira Libertad Soligo 05 June 2005 (has links)
Orientador: Eliete Maria Silva / Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciencias Medicas / Made available in DSpace on 2018-08-05T02:44:23Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2005 / Resumo: O objetivo geral dessa pesquisa é analisar, à luz do referencial teórico da Saúde Coletiva, o trabalho de enfermagem em Centros de Saúde do município de Campinas inserido em um momento de transformação do modelo de atenção à saúde impulsionada pelo Projeto Paidéia de Saúde da Família. Quanto aos objetivos específicos, buscou compreender as mudanças no processo de trabalho de enfermagem a partir da implementação do Projeto Paidéia. Para isso, utilizou-se a entrevista semi-estruturada com enfermeiras, auxiliares de enfermagem e coordenadoras de cinco Centros de Saúde do município, além de observação participante do trabalho de enfermagem nessas mesmas unidades. A análise dos dados obtidos revelou três categorias centrais de análise: Transformações no Trabalho de Enfermagem, Necessidades de Saúde e Acolhimento. Cada uma delas foi discutida e decomposta em estruturas relevantes no sentido de revelar os elementos constitutivos do processo de trabalho (objeto, finalidade, meios, instrumentos e trabalho em si). A análise mostrou que a implementação do Projeto Paidéia nas unidades pesquisadas resultou em transformações no trabalho de enfermagem. No entanto, o processo de trabalho continua tendo freqüentemente como objeto o corpo biológico individual e as manifestações do seu desgaste, recortado com os saberes e práticas advindos da Clínica médica, sem reconhecer de fato a complexidade das necessidades de saúde dos usuários, conseqüentemente logrando pouco sucesso em sua satisfação. A superação dessas questões é necessária para a reconstrução da intervenção de Enfermagem em Saúde Coletiva na produção de serviços de saúde que tenham como objeto os perfis epidemiológicos do coletivo e consigam alcançar a finalidade de transformar esses perfis / Abstract: Based on the Public Health theoretical framework, this research paper aims to analyze the nursing work carried out by Health Centers in the City of Campinas (São Paulo, Brazil) in a moment that the health care model is undergoing changes fostered by the Paidéia Family Health Project (PFHP). More specifically, an understanding of the changes in the nursing working process after PFHP's implementation was sought together with an identification of the nursing practice object, aims, means, tools and work in itself. Data were gathered by means of semi-structured interviews with nurses, nursing aides and coordinators in five Health Centers as well as by participant observation. Three major analytical categories emerged from data analysis: Changes in the Nursing Work, Health Needs and Receptivity, which were ali discussed and subdivided into relevant structures in order to get the constituting components of the nursing work (namely, the object, aims, means, tools and the work in itself). Although the PFHP's implementation in the Health Centers under study was shown to cause changes in nursing work, the nursing work process still focuses mainly on the individual biologic body and the wear and tear on it, being largely approached with knowledge and practice stemming from the Clinical view, thus failing to both truly recognize the complexity of the users' health needs and successfully meet his/her full needs. Such difficulties must be overcome if the Public Health Nursing intervention is to be reconstructed in order to provide health services focused on the collective epidemiological profile and designed to their successful improvement / Mestrado / Enfermagem e Trabalho / Mestre em Enfermagem
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