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O cuidado no Heidegger dos anos 20 / The care in Heidegger in the twenty'sAlmeida, Rogério da Silva January 2012 (has links)
Este trabalho procura analisar o conceito de cuidado no Heidegger dos anos 20. Os textos examinados são da década de 20, período em que Heidegger desenvolve a hermenêutica da faticidade. O trabalho apresenta as diversas leituras elaboradas por Heidegger sobre o conceito de cuidado, cobrindo o início da década de 20 até 1927, quando é lançada a obra principal de Heidegger: Ser e Tempo. A tese procura investigar como o cuidado é apresentado nos diversos cursos e conferências até atingir a importância central de Ser e tempo. Nessa obra o cuidado é o ser do Dasein. Ressaltamos nesse trabalho que a conceitualidade específica de Heidegger é comparada e criada em paralelismo com os conceitos da Ética Nicomaquéia, obedecendo a um modelo de método. Apresentamos algumas posições de comentadores sobre esse tópico bem debatido da literatura secundária, salientando que o trabalho toma posição sobre as diferentes interpretações da relação Heidegger- Aristóteles, seja para concordar com algumas (Volpi; Escudero; Kisiel) seja para discordar de outras (Sadler, Gonzalez e Leduc e Larivée). / This paper analyses the concept of care in Heidegger in the twenty’s. The texts examined are from the 20’s, the period in which Heidegger develops the hermeneutics of facticity. The paper presents the various readings produced by Heidegger about the concept of care that takes place from the beginning of the 20th until 1927, when the main work of Heidegger is launched, Being and time. The thesis investigates how the care is presented in the various courses and conferences until reaching the central importance of Being and Time. In this work, care is the being of Dasein. We emphasize that Heidegger’s specific concept is compared and created in parallel with the concept of the Nicomachean Ethics, according to a model of method. Here we presented some views of commentators about this well discussed topic from the secondary literature, emphasizing that the work takes a position about the different interpretations of this relationship between Heidegger-Aristotle, in order to agree with some (Volpi, Escudero and Kisiel) or to disagree with others (Sadler, Gonzalez e Leduc e Larivée).
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Em favor do comum : estudo sobre a formação da 'filosofia da linguagem comum'Rocha, Ronai Pires da January 2013 (has links)
Este trabalho aborda o surgimento do movimento filosófico conhecido como “filosofia da linguagem comum”. O objetivo é oferecer uma nova perspectiva sobre as origens e a formação desse movimento, a partir das críticas de Wittgenstein a alguns divulgadores da ciência no Livro Azul. Apresento a seguir, as principais polêmicas ocorridas entre os que simpatizavam com as ideias de Wittgenstein, nos anos quarenta, e alguns críticos que denunciavam as aparentes fragilidades conceituais dos filósofos que defendiam usos comuns da língua. Nessas polêmicas um dos pontos mais complexos diz respeito às possíveis relações entre uma atitude de consideração à língua natural, a linguagem comum, e uma “defesa do senso comum”. O tema é examinado na convergência de ideias entre Wittgenstein, Norman Malcolm e G. E. Moore. Finalmente, apresentado a polêmica entre Benson Mates e Stanley Cavell sobre o status dos enunciados filosóficos feitos a partir de um apelo à linguagem comum; os dois filósofos preservam na polêmica que mantiveram alguns vestígios da querela iniciada no Livro Azul e com isso fecham um ciclo de discussões. / This study addresses the emergence of the philosophical movement known as "ordinary language philosophy". The aim here is to offer a new perspective on the origins and formation of the movement, considering some criticisms that Wittgenstein adressed to science communicators in the Blue Book. The main controversy occurred among those who sympathized with the ideas of Wittgenstein, in the forties, and critics who denounced the apparent conceptual weaknesses of philosophers who advocated common uses of language. In these controversies one of the most complex subjects concerns the possible relationship between an attitude of consideration to natural language, and a "defense of common sense." The subject is examined in the convergence of ideas among Wittgenstein, Norman Malcolm and G. E. Moore. Finally, I present the controversy between Benson Mates and Stanley Cavell on the status of philosophical statements made from an appeal to ordinary language; the two philosophers preserve the controversy that kept some traces of the quarrel started in the Blue Book and it closes a cycle of discussions.
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O papel das evidências empíricas na filosofia política contemporânea : e algumas de suas implicaçõesTocchetto, Daniela Goya January 2014 (has links)
A presente tese é composta por quatro artigos que, embora relativamente independentes, foram escritos tendo em vista um objetivo comum. Este objetivo comum, fio condutor do trabalho, é a defesa da ampliação do uso de evidências empíricas concernentes ao nosso comportamento moral no desenvolvimento de teorias contemporâneas de justiça. Além dessa defesa, o trabalho discute duas implicações relevantes de um uso adequado dessas evidências pelos filósofos políticos. De antemão, é importante esclarecer que este objetivo não equivale à afirmação de que os filósofos políticos contemporâneos são completamente indiferentes aos resultados das ciências empíricas. De maneira análoga, também não equivale à completa desconsideração de sua metodologia atual. Feitas essas ressalvas, eu me concentro nas seguintes questões nos quatro artigos que compõem esta tese. No primeiro artigo, eu apresento os principais argumentos contrários a uma incorporação mais profunda de evidências empíricas na filosofia política contemporânea e, em seguida, exponho e discuto um rol de razões suficientes para a desconsideração desses argumentos. No segundo artigo, após ter estabelecido a maneira própria de colaboração entre as ciências empíricas e a filosofia politica, eu apresento uma extensa revisão da literatura empírica existente sobre intuições, crenças e comportamentos relacionados com os conceitos de justiça e equidade. Esta revisão inclui as pesquisas mais significativas sobre o nosso comportamento moral realizadas nas últimas três décadas nas áreas de primatologia, biologia evolutiva, economia experimental, psicologia moral, psicologia política e social, e neurociência. Por fim, nos dois últimos artigos, eu discuto duas implicações importantes de uma filosofia política empiricamente informada. No terceiro artigo, eu busco recuperar o sentimentalismo moral na filosofia política, argumentando que a primeira lição que devemos extrair das evidências empíricas discutidas no artigo anterior é que a moralidade é tanto uma questão de sentimentos quanto de razões. Finalmente, no quarto artigo, eu defendo que uma segunda implicação importante de uma filosofia política empiricamente informada é o ressurgimento de princípios de merecimento em teorias de justiça distributiva. De forma a colaborar com esse ressurgimento, eu realizo nesse último artigo um experimento que investiga as intuições da população em geral sobre diferentes bases de merecimento. De tal modo, eu espero contribuir para um melhor entendimento das nuances desse importante conceito. / The present dissertation consists of four nearly self-contained articles written with a common goal, namely, the investigation of the proper role of empirical evidence in contemporary political philosophy and of some of its implications. At the outset, it is important to clarify that this common goal does not amount to stating that contemporary political philosophers have been completely indifferent to the results of the empirical sciences. Neither does it amount to a plea for dismissing their current methodology, replacing it for some entirely new way of conducing the development of theories of justice. In this vein, I focus on the following issues in the four papers that compose this dissertation. In the first paper I address the main arguments that have been presented against a deeper incorporation of empirical evidence in contemporary political philosophy, along with the reasons for the dismissal of these arguments. In the second paper, after the grounds have been settled for a proper collaboration between the empirical sciences and normative political philosophy, I present an extensive review of the current empirical literature on human intuitions, beliefs, and behaviors related to the concepts of justice and fairness. This review includes the most significant research involving these concepts during the past three decades in the areas of primatology, evolutionary biology, experimental economics, moral psychology, political and social psychology, and neuroscience. My hope is that making all these novel research programs and some of its interesting findings easily available for political philosophers will fuel the development of an empirically informed practice. At last, in the two final papers, I discuss two important implications of an empirically informed political philosophy. In the third paper, I undertake the ambitious task of reclaiming moral sentimentalism in political philosophy. I claim that acknowledging that human morality is as much a matter of sentiments as it is a matter of reason is the first important lesson we can learn from the empirical evidence portrayed in the preceding paper. Finally, in the fourth paper, I claim that a second notable implication of taking empirical evidence seriously is the resurgence of principles of desert in theories of distributive justice. In an attempt to build on this resurgence, I propose and implement an experiment that investigates the folk’s intuitions on different basis of desert.
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Uma filosofia do 'qualquer' : a gênese da primeira teoria da denotação de Bertrand RussellCorrêa, Cleber de Souza January 2010 (has links)
Esta dissertação tem um duplo objetivo. O primeiro deles — e o principal — é a tentativa de verificar uma hipótese acerca das razões de Bertrand Russell para conceber a sua primeira teoria da denotação, apresentada em The Principies of Mathematics (PoM). A teoria da denotação é urna explicação excepcional (no contexto da semântica de Russell) do significado de expressões denotativas da linguagem natural, expressões constituídas por alguma das seguintes seis palavras: "todo", "qualquer", "cada", "algum", "um"e "o"(ou suas declinações). Trata-se de apresentar a teoria de Russell como solução para um problema, e a hipótese que proponho é uma segundo a qual esse problema deriva da conjunção de três teses que Russell sustentava à época da publicação de PoM. Argumento que as ideias de Russell acerca da relação entre as expressões da linguagem natural e aquilo que lhes confere significado, da natureza dos constituintes do mundo e da relação entre mente e mundo no intercurso epistêmico formam um conjunto incompatível com a constatação trivial de que sentenças da linguagem natural que contêm expressões denotativas são inteligíveis. As ideias de Russell aludidas acima implicam que a inteligibilidade de uma expressão denotativa — e, de modo geral, de qualquer menor item semanticamente ativo de uma sentença da linguagem natural — requer a satisfação de duas condições: a existência de uma entidade no mundo que tal expressão representa e o vínculo epistêmico de contato entre o sujeito e tal entidade. A satisfação dessa dupla condição acarreta que, ao apreender o signifcado de uma expressão denotativa como, por exemplo, "todos os homens", eu estou em contato com todos os homens, o que, evidentemente, é impossível. Se o contato com aquilo que é o significado de um certo número de expressões denotativas é impossível (como no caso anterior), há que se postular um elemento semântico que não aquelas entidades no mundo, de modo que a inteligibilidade de tais expressões seja preservada. A teoria da denotação é esse postulado, e o elemento que medeia o vínculo entre a expressão denotativa e os objetos no mundo é o conceito denotativo. Pretendo também demonstrar que as ideias de Russell que conduzem ao problema acima noticiado sobrevivem ao abandono da teoria da denotação. Se é verdade que, a partir da publicação de On Denoting (OD), Russell adota uma perspectiva mais "desconfiada" acerca da transparência semântica da linguagem natural — o que implica a recusa da análise proposta em PoM, onde expressões denotativas são expressões às quais se pode legitimamente atribuir significado isoladamente —, também é verdade que Russell (i) continuará a pensar no funcionamento de linguagens logicamente mais nítidas à maneira antiga, segundo a qual o significado das expressões dessas linguagens reduz-se, em última análise, à satisfação das duas condições mencionadas no parágrafo anterior; (ii) permanecerá concebendo os constituintes do mundo, que conferem significado às expressões da linguagem, como entidades objetivas, no sentido de não serem constituídas pela atividade mental; e (iii) que continuará dentro de uma perspectiva epistemológica segundo a qual o vínculo epistêmico entre sujeito e mundo é de contato ou direto, isto é, não-mediado por ideias ou representações. / This thesis has two aims: the first and the main one is to try to verify an hypothesis concerning Bertrand Russell's reasons to frame his first theory of denoting, which he presents in The Principies of Mathematics (PoM). The theory of denoting is an anomalous (within Russell's semantics) account of the meaning of denoting expressions of natural language, expressions formed by any one of the six following words: "all", "any", "every", "some", "a"and "the". I present Russell's theory as a solution to a problem, and according to my hypothesis the problem arises from the conjunction of three theses Russell held at the time he wrote PoM. I argue that Russell's theses concerning (i) the relation between the expressions of natural language and their meanings, (ii) the nature of the constituents of the world and (iii) the epistemic relation between mind and world are incompatible with the statement that sentences containing denoting expressions are intelligible or meaningful. Russell's ideas imply that understanding the meaning of a denoting expression — and understanding the meaning of any of the shortest semantically active expressions of language — requires two conditions to be satisfied: there must exist some entity in the world that the expression stands for and there must be a direct epistemic relation between the mind and this entity. If both conditions are to be satisfied, it must be the case that as I apprehend the meaning of a denoting expression like "all men", for example, I am in a direct epistemic relation, acquaintance, with ali men, which is clearly impossible. If acquaintance with the meaning of a certain class of expressions is impossible (as in the example above), a propositional constituent other than the denoted entity must be posited, such that it will account for the expressions' meaningfulness. Russell's first theory of denoting is grounded in the postulate according to which there are such constituents, the "denoting concepts", bridging the gap between denoting expressions and entities in the world. The second aim of the thesis is to provide evidence of the preservation of the abovementioned ideas in Russell's thought after his abandonment of the theory of denoting. Although it is certainly true that after On Denoting (OD) Russell grows increasingly suspicious about the "transparency"of natural language — which implies the departure from the PoM style of semantic analysis, according to which denoting expressions have meaning in isolation it is nevertheless true that Russell keeps thinking that (i) the meaning of an expression in a logically adequate language is secured by the satisfaction of the two conditions mentioned in the preceding paragraph; (ii) the constituents of the world are objective, in the sense that they are not the outcome of the "work of the mind"; and (iii) the basic epistemic relation between mind and world is that of acquaintance, i. e., it is not mediated by ideas or representations.
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Peter Sloterdijk: virada imunológica e analítica do lugar / Sloterdijk: immune turn and analytics of the placeJuliano Garcia Pessanha 07 March 2017 (has links)
No Brasil, ainda são poucos os estudos sobre o pensamento do filósofo alemão Peter Sloterdijk, que é, certamente, o maior herdeiro da linhagem filosófica de Friedrich Nietzsche e Martin Heidegger. Um herdeiro heterodoxo, que, mantendo o pensar no mesmo patamar de seus mestres, os corrige e desafia. Esta tese, que privilegia a discussão de Sloterdijk com Heidegger, apresenta resumidamente o Projeto Esferas, composto por três volumes (Esferas I, II e II), e sugere que esta obra representa uma virada paradigmática com consequências muito férteis e desafiadoras para a filosofia contemporânea. O fio condutor da leitura empreendida é a ideia dos receptáculos conformadores de mundo e a apresentação sucessiva das principais morfologias (Bolha, Globo, Espuma), que correspondem a cada um dos volumes dessa trilogia, e respondem à pergunta: onde estamos quando estamos no mundo?. Se a microesferologia equivale a uma analítica do lugar íntimo (Bolha), problematizadora do ponto de partida da psicanálise tradicional, a macroesferologia (Globo) procura desvendar a forma do mundo na era metafísica. Já a dissolução da superimunidade ideal e a correlata crise da forma política imperial abrem o campo da modernidade como uma era na qual o onde é esclarecido pela forma da espuma. A analítica da espuma, enquanto ontologia de nós mesmos (pois somos onde estamos!), oferece um diagnóstico relevante do nosso lugar atual: o palácio de cristal e suas imunidades técnicas, a residência na superinstalação do interior capitalista. / The works of German philosopher Peter Sloterdjik are attracting growing worldwide interest. To date, Brazil has produced very few critical essays on this thinker who is unquestionably the major heir of the philosophical tradition inaugurated by Friedrich Nietzsche and Martin Heidegger a heterodox heir who, while keeping thought on the same basis as his masters, dares to correct and challenge them. This thesis, which gives priority to the discussion between Sloterdijk and Heidegger, provides a brief introduction to three-volume Sphären (Spheres I-III) and suggests that it represents a paradigm shift with highly challenging and fertile consequences for contemporary philosophy. The common thread running through his investigations is the notion of world-forming receptacles and the successive presentation of the major morphologies (Bubble, Globe, Foam) comprising each of the volumes of this trilogy in response to the question: Where are we when we are in the world? If microsphereology is equivalent to an analytics of intimate space (Bubble) which casts doubt on the cornerstone of traditional psychoanalysis, macrosphereology (Globes) unveils the morphology of the world in the metaphysical era. In turn, the dissolution of the ideal super-immunology and the associated crisis in the imperial model of politics pave the way for modernity, an era in which the answer to where is clarified by the foam. The analytics of the foam as an ontology of our own selves (since what we are starts from where we are!) offers a relevant diagnosis of our current location: the palace of crystal and its technical immunities, the dwelling in the super-installation of the capitalist interior.
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Uma filosofia do 'qualquer' : a gênese da primeira teoria da denotação de Bertrand RussellCorrêa, Cleber de Souza January 2010 (has links)
Esta dissertação tem um duplo objetivo. O primeiro deles — e o principal — é a tentativa de verificar uma hipótese acerca das razões de Bertrand Russell para conceber a sua primeira teoria da denotação, apresentada em The Principies of Mathematics (PoM). A teoria da denotação é urna explicação excepcional (no contexto da semântica de Russell) do significado de expressões denotativas da linguagem natural, expressões constituídas por alguma das seguintes seis palavras: "todo", "qualquer", "cada", "algum", "um"e "o"(ou suas declinações). Trata-se de apresentar a teoria de Russell como solução para um problema, e a hipótese que proponho é uma segundo a qual esse problema deriva da conjunção de três teses que Russell sustentava à época da publicação de PoM. Argumento que as ideias de Russell acerca da relação entre as expressões da linguagem natural e aquilo que lhes confere significado, da natureza dos constituintes do mundo e da relação entre mente e mundo no intercurso epistêmico formam um conjunto incompatível com a constatação trivial de que sentenças da linguagem natural que contêm expressões denotativas são inteligíveis. As ideias de Russell aludidas acima implicam que a inteligibilidade de uma expressão denotativa — e, de modo geral, de qualquer menor item semanticamente ativo de uma sentença da linguagem natural — requer a satisfação de duas condições: a existência de uma entidade no mundo que tal expressão representa e o vínculo epistêmico de contato entre o sujeito e tal entidade. A satisfação dessa dupla condição acarreta que, ao apreender o signifcado de uma expressão denotativa como, por exemplo, "todos os homens", eu estou em contato com todos os homens, o que, evidentemente, é impossível. Se o contato com aquilo que é o significado de um certo número de expressões denotativas é impossível (como no caso anterior), há que se postular um elemento semântico que não aquelas entidades no mundo, de modo que a inteligibilidade de tais expressões seja preservada. A teoria da denotação é esse postulado, e o elemento que medeia o vínculo entre a expressão denotativa e os objetos no mundo é o conceito denotativo. Pretendo também demonstrar que as ideias de Russell que conduzem ao problema acima noticiado sobrevivem ao abandono da teoria da denotação. Se é verdade que, a partir da publicação de On Denoting (OD), Russell adota uma perspectiva mais "desconfiada" acerca da transparência semântica da linguagem natural — o que implica a recusa da análise proposta em PoM, onde expressões denotativas são expressões às quais se pode legitimamente atribuir significado isoladamente —, também é verdade que Russell (i) continuará a pensar no funcionamento de linguagens logicamente mais nítidas à maneira antiga, segundo a qual o significado das expressões dessas linguagens reduz-se, em última análise, à satisfação das duas condições mencionadas no parágrafo anterior; (ii) permanecerá concebendo os constituintes do mundo, que conferem significado às expressões da linguagem, como entidades objetivas, no sentido de não serem constituídas pela atividade mental; e (iii) que continuará dentro de uma perspectiva epistemológica segundo a qual o vínculo epistêmico entre sujeito e mundo é de contato ou direto, isto é, não-mediado por ideias ou representações. / This thesis has two aims: the first and the main one is to try to verify an hypothesis concerning Bertrand Russell's reasons to frame his first theory of denoting, which he presents in The Principies of Mathematics (PoM). The theory of denoting is an anomalous (within Russell's semantics) account of the meaning of denoting expressions of natural language, expressions formed by any one of the six following words: "all", "any", "every", "some", "a"and "the". I present Russell's theory as a solution to a problem, and according to my hypothesis the problem arises from the conjunction of three theses Russell held at the time he wrote PoM. I argue that Russell's theses concerning (i) the relation between the expressions of natural language and their meanings, (ii) the nature of the constituents of the world and (iii) the epistemic relation between mind and world are incompatible with the statement that sentences containing denoting expressions are intelligible or meaningful. Russell's ideas imply that understanding the meaning of a denoting expression — and understanding the meaning of any of the shortest semantically active expressions of language — requires two conditions to be satisfied: there must exist some entity in the world that the expression stands for and there must be a direct epistemic relation between the mind and this entity. If both conditions are to be satisfied, it must be the case that as I apprehend the meaning of a denoting expression like "all men", for example, I am in a direct epistemic relation, acquaintance, with ali men, which is clearly impossible. If acquaintance with the meaning of a certain class of expressions is impossible (as in the example above), a propositional constituent other than the denoted entity must be posited, such that it will account for the expressions' meaningfulness. Russell's first theory of denoting is grounded in the postulate according to which there are such constituents, the "denoting concepts", bridging the gap between denoting expressions and entities in the world. The second aim of the thesis is to provide evidence of the preservation of the abovementioned ideas in Russell's thought after his abandonment of the theory of denoting. Although it is certainly true that after On Denoting (OD) Russell grows increasingly suspicious about the "transparency"of natural language — which implies the departure from the PoM style of semantic analysis, according to which denoting expressions have meaning in isolation it is nevertheless true that Russell keeps thinking that (i) the meaning of an expression in a logically adequate language is secured by the satisfaction of the two conditions mentioned in the preceding paragraph; (ii) the constituents of the world are objective, in the sense that they are not the outcome of the "work of the mind"; and (iii) the basic epistemic relation between mind and world is that of acquaintance, i. e., it is not mediated by ideas or representations.
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O cuidado no Heidegger dos anos 20 / The care in Heidegger in the twenty'sAlmeida, Rogério da Silva January 2012 (has links)
Este trabalho procura analisar o conceito de cuidado no Heidegger dos anos 20. Os textos examinados são da década de 20, período em que Heidegger desenvolve a hermenêutica da faticidade. O trabalho apresenta as diversas leituras elaboradas por Heidegger sobre o conceito de cuidado, cobrindo o início da década de 20 até 1927, quando é lançada a obra principal de Heidegger: Ser e Tempo. A tese procura investigar como o cuidado é apresentado nos diversos cursos e conferências até atingir a importância central de Ser e tempo. Nessa obra o cuidado é o ser do Dasein. Ressaltamos nesse trabalho que a conceitualidade específica de Heidegger é comparada e criada em paralelismo com os conceitos da Ética Nicomaquéia, obedecendo a um modelo de método. Apresentamos algumas posições de comentadores sobre esse tópico bem debatido da literatura secundária, salientando que o trabalho toma posição sobre as diferentes interpretações da relação Heidegger- Aristóteles, seja para concordar com algumas (Volpi; Escudero; Kisiel) seja para discordar de outras (Sadler, Gonzalez e Leduc e Larivée). / This paper analyses the concept of care in Heidegger in the twenty’s. The texts examined are from the 20’s, the period in which Heidegger develops the hermeneutics of facticity. The paper presents the various readings produced by Heidegger about the concept of care that takes place from the beginning of the 20th until 1927, when the main work of Heidegger is launched, Being and time. The thesis investigates how the care is presented in the various courses and conferences until reaching the central importance of Being and Time. In this work, care is the being of Dasein. We emphasize that Heidegger’s specific concept is compared and created in parallel with the concept of the Nicomachean Ethics, according to a model of method. Here we presented some views of commentators about this well discussed topic from the secondary literature, emphasizing that the work takes a position about the different interpretations of this relationship between Heidegger-Aristotle, in order to agree with some (Volpi, Escudero and Kisiel) or to disagree with others (Sadler, Gonzalez e Leduc e Larivée).
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O papel das evidências empíricas na filosofia política contemporânea : e algumas de suas implicaçõesTocchetto, Daniela Goya January 2014 (has links)
A presente tese é composta por quatro artigos que, embora relativamente independentes, foram escritos tendo em vista um objetivo comum. Este objetivo comum, fio condutor do trabalho, é a defesa da ampliação do uso de evidências empíricas concernentes ao nosso comportamento moral no desenvolvimento de teorias contemporâneas de justiça. Além dessa defesa, o trabalho discute duas implicações relevantes de um uso adequado dessas evidências pelos filósofos políticos. De antemão, é importante esclarecer que este objetivo não equivale à afirmação de que os filósofos políticos contemporâneos são completamente indiferentes aos resultados das ciências empíricas. De maneira análoga, também não equivale à completa desconsideração de sua metodologia atual. Feitas essas ressalvas, eu me concentro nas seguintes questões nos quatro artigos que compõem esta tese. No primeiro artigo, eu apresento os principais argumentos contrários a uma incorporação mais profunda de evidências empíricas na filosofia política contemporânea e, em seguida, exponho e discuto um rol de razões suficientes para a desconsideração desses argumentos. No segundo artigo, após ter estabelecido a maneira própria de colaboração entre as ciências empíricas e a filosofia politica, eu apresento uma extensa revisão da literatura empírica existente sobre intuições, crenças e comportamentos relacionados com os conceitos de justiça e equidade. Esta revisão inclui as pesquisas mais significativas sobre o nosso comportamento moral realizadas nas últimas três décadas nas áreas de primatologia, biologia evolutiva, economia experimental, psicologia moral, psicologia política e social, e neurociência. Por fim, nos dois últimos artigos, eu discuto duas implicações importantes de uma filosofia política empiricamente informada. No terceiro artigo, eu busco recuperar o sentimentalismo moral na filosofia política, argumentando que a primeira lição que devemos extrair das evidências empíricas discutidas no artigo anterior é que a moralidade é tanto uma questão de sentimentos quanto de razões. Finalmente, no quarto artigo, eu defendo que uma segunda implicação importante de uma filosofia política empiricamente informada é o ressurgimento de princípios de merecimento em teorias de justiça distributiva. De forma a colaborar com esse ressurgimento, eu realizo nesse último artigo um experimento que investiga as intuições da população em geral sobre diferentes bases de merecimento. De tal modo, eu espero contribuir para um melhor entendimento das nuances desse importante conceito. / The present dissertation consists of four nearly self-contained articles written with a common goal, namely, the investigation of the proper role of empirical evidence in contemporary political philosophy and of some of its implications. At the outset, it is important to clarify that this common goal does not amount to stating that contemporary political philosophers have been completely indifferent to the results of the empirical sciences. Neither does it amount to a plea for dismissing their current methodology, replacing it for some entirely new way of conducing the development of theories of justice. In this vein, I focus on the following issues in the four papers that compose this dissertation. In the first paper I address the main arguments that have been presented against a deeper incorporation of empirical evidence in contemporary political philosophy, along with the reasons for the dismissal of these arguments. In the second paper, after the grounds have been settled for a proper collaboration between the empirical sciences and normative political philosophy, I present an extensive review of the current empirical literature on human intuitions, beliefs, and behaviors related to the concepts of justice and fairness. This review includes the most significant research involving these concepts during the past three decades in the areas of primatology, evolutionary biology, experimental economics, moral psychology, political and social psychology, and neuroscience. My hope is that making all these novel research programs and some of its interesting findings easily available for political philosophers will fuel the development of an empirically informed practice. At last, in the two final papers, I discuss two important implications of an empirically informed political philosophy. In the third paper, I undertake the ambitious task of reclaiming moral sentimentalism in political philosophy. I claim that acknowledging that human morality is as much a matter of sentiments as it is a matter of reason is the first important lesson we can learn from the empirical evidence portrayed in the preceding paper. Finally, in the fourth paper, I claim that a second notable implication of taking empirical evidence seriously is the resurgence of principles of desert in theories of distributive justice. In an attempt to build on this resurgence, I propose and implement an experiment that investigates the folk’s intuitions on different basis of desert.
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Em favor do comum : estudo sobre a formação da 'filosofia da linguagem comum'Rocha, Ronai Pires da January 2013 (has links)
Este trabalho aborda o surgimento do movimento filosófico conhecido como “filosofia da linguagem comum”. O objetivo é oferecer uma nova perspectiva sobre as origens e a formação desse movimento, a partir das críticas de Wittgenstein a alguns divulgadores da ciência no Livro Azul. Apresento a seguir, as principais polêmicas ocorridas entre os que simpatizavam com as ideias de Wittgenstein, nos anos quarenta, e alguns críticos que denunciavam as aparentes fragilidades conceituais dos filósofos que defendiam usos comuns da língua. Nessas polêmicas um dos pontos mais complexos diz respeito às possíveis relações entre uma atitude de consideração à língua natural, a linguagem comum, e uma “defesa do senso comum”. O tema é examinado na convergência de ideias entre Wittgenstein, Norman Malcolm e G. E. Moore. Finalmente, apresentado a polêmica entre Benson Mates e Stanley Cavell sobre o status dos enunciados filosóficos feitos a partir de um apelo à linguagem comum; os dois filósofos preservam na polêmica que mantiveram alguns vestígios da querela iniciada no Livro Azul e com isso fecham um ciclo de discussões. / This study addresses the emergence of the philosophical movement known as "ordinary language philosophy". The aim here is to offer a new perspective on the origins and formation of the movement, considering some criticisms that Wittgenstein adressed to science communicators in the Blue Book. The main controversy occurred among those who sympathized with the ideas of Wittgenstein, in the forties, and critics who denounced the apparent conceptual weaknesses of philosophers who advocated common uses of language. In these controversies one of the most complex subjects concerns the possible relationship between an attitude of consideration to natural language, and a "defense of common sense." The subject is examined in the convergence of ideas among Wittgenstein, Norman Malcolm and G. E. Moore. Finally, I present the controversy between Benson Mates and Stanley Cavell on the status of philosophical statements made from an appeal to ordinary language; the two philosophers preserve the controversy that kept some traces of the quarrel started in the Blue Book and it closes a cycle of discussions.
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Nietzsche e o problema da culturaBarros, Marcio Benchimol 31 March 2006 (has links)
Orientador: Oswaldo Giacoia Junior / Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciencias Humanas / Made available in DSpace on 2018-08-08T06:38:37Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2006 / Resumo: O presente trabalho afirma a centralidade do problema da cultura na filosofia de Nietzsche. A partir desta premissa, procura acompanhar a evolução do conceito nietzscheano de cultura no decorrer das duas primeiras fases da produção do filósofo. Põem-se então em relevo as transformações sofridas por este conceito no intervalo entre O Nascimento da Tragédia e Humano, demasiado Humano, ao mesmo tempo em que intenta-se delinear um núcleo essencial e invariante do mesmo, no período considerado. Para tanto, são investigadas as relações estabelecidas pelo pensamento de Nietzsche entre cultura, natureza e ser humano, assim como as relações entre cultura e história nas duas fases em questão, dando-se destaque ao problema da teleologia e da idéia de necessidade histórica* / Abstract: The present work considers the problem of culture as a central one in Nietzsche¿s philosophy. Based in this premise, it seeks to follow the evolution of the nietzschean concept of culture during the two first periods of that philosophy. The changes experienced by the referred notion between Die Geburt der Tragödie and Menshclisches, allzu Menschlisches are thus put into evidence, and at the same time it is made an attempt to determine its essential and invariable nucleus in the considered lapse of time. For that sake, the relations stablished by Nietzsches thinking between culture, nature and human being are investigated, as well as those between culture and History, in wich context some light is thrown upon the problems implicated by both the ideas of theleology and historical necessity / Doutorado / Doutor em Filosofia
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