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O processo de desenvolvimento de um programa de visitação domiciliar para adolescentes gestantes e mães / The developing process of a program of home visitation for adolescent pregnant women and adolescent mothersRenato Antonio Alves 06 August 2013 (has links)
Este trabalho tem como objetivo relatar o processo de desenvolvimento de um programa de visita domiciliar para adolescentes gestantes e mães, implementado pelo Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP). O local inusitado em que este programa tem origem um núcleo de pesquisas que tem como seu principal eixo de trabalho a relação entre democracia e direitos humanos, possibilitou que alguns conceitos, muitas vezes implícitos nas práticas de intervenção, fossem questionados e revistos a partir de questões relacionadas à cidadania, direitos e a democracia. Neste sentido, buscou-se, a partir de uma leitura de Michel Foucault sobre as práticas govenamentalizadas de poder, discutir questões que, tomadas como verdades, passam a acionar práticas prescritivas, normatizas e regularizadoras. Práticas que ativam e reativam relações de poder, muitas vezes de forma arbitrária e autoritária, principalmente quando tem alvo de suas intervenções o pobre e/ou a população empobrecida. Tendo como foco os saberes e, consequentemente, a produção discursiva que se forma em torno da adolescência e, posteriormente da gravidez na adolescência, buscou-se compreender em que contexto esta última se transforma não só em problema como também, a partir de sua associação com as idéias de risco e vulnerabilidade, passa a justificar práticas interventivas focadas, sobretudo, no indivíduo e/ou população. Por fim, busca-se descrever como estas questões conceituais foram constantemente tensionando os saberes e as práticas tanto da equipe envolvida na criação e implementação de um programa como também, posteriormente, das próprias participantes / The objective of this work is to report the process of development of a program of home visitation for adolescent pregnant women and adolescent mothers carried out by the Center for the Study of Violence of the University of São Paulo (NEV/USP). The unexpected institution where this program was born a research center that has as its main axe of work the relationship between democracy and human rights , made it possible that some of the concepts, frequently implicit on intervention practices, be questioned and revised from the point of view of matters of citizenship, rights and democracy. Departing from a reading of Michel Foucault about the governmentalized practices of power relations, this work sought to discuss matters that, taken as truths, trigger prescriptive, normative and regulating practices. Practices that activate and reactivate power relations, very often on arbitrary and authoritarian way, especially when the focuses of interventions are poor individuals or poor communities. Having as its focus the knowledge and, therefore, the discursive production that takes form surrounding adolescence and, latter, surrounding pregnancy during adolescence, the thesis sought to understand in which context this last one transforms itself into problems, as well as, from its associations with ideas of risk and vulnerability justifies interventions focused mainly on individuals and population.Lastly, it was sought to describe how these conceptual matters were constantly tensioning knowledge and practices not only among the professional team that developed and implemented the program but also, latter, by the participants themselves
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Resiliência e apoio social de mães adolescentes em vulnerabilidade social / Resilience and social support of adolescent mothers in social vulnerabilityBianca Gansauskas de Andrade 11 May 2017 (has links)
Introdução: A maternidade na adolescência tem sido um obstáculo para avanços no status educacional, social e econômico das mulheres em todas as partes do mundo. O apoio social é um dos fatores protetores mais citados na literatura que auxiliam as mães adolescentes no enfrentamento e superação dos problemas, contribuindo para a construção da resiliência dessas jovens. Dado a relevância do apoio social para as mães adolescentes e a importância da resiliência, o estudo da associação desses fatores é de grande interesse na área da Promoção da Saúde. Objetivo: Compreender a influência do apoio social no processo de resiliência de mães adolescentes residentes na periferia do município de Bertioga. Metodologia: O presente estudo é do tipo exploratório-descritivo, transversal de abordagem quantitativa. Foram selecionadas, por conveniência, 48 mães adolescentes de 10 a 19 anos, atendidas nas cinco Unidades Básicas de Saúde do município de Bertioga, no estado de São Paulo. Os instrumentos utilizados foram: a) questionário sociodemográfico; b) Escala de Resiliência desenvolvida por Wagnild e Young (1993), adaptada por Pesce et al. (2005); c) Escala de Apoio Social utilizada no Medical Outcomes Study (MOS), adaptada por Griep et al. (2005). Para a análise dos dados, foi realizada a correlação de postos de Spearman. Resultados: Os resultados mostram que 81,25% das mães adolescentes tem idades entre 17 e 19 anos, 91,66% estão em uma união estável ou casamento, 75% abandonaram a escola, 70,83% possuem um atraso escolar bastante significativo, 75% não trabalham e 75% passam o dia todo com seus filhos. De forma geral as mães adolescentes obtiveram uma alta pontuação na Escala de Resiliência, bem como nos fatores que a compõem e na Escala de Apoio Social (MOS) e em suas dimensões. Foi observada uma correlação direta entre o fator, Autoconfiança e capacidade de adaptação a situações e a idade das mães adolescentes, uma correlação direta entre o fator Resolução de ações e valores e a dimensão Interação social positiva e uma correlação inversa entre o fator Independência e determinação e a dimensão Afetiva. Conclusões: Embora não tenha sido observada correlação estatisticamente significativa entre as pontuações totais da Escala de Resiliência e da Escala de Apoio Social (MOS) nas mães adolescentes entrevistadas, foram encontradas associações significativas entre os fatores da Escala de Resiliência e as dimensões da Escala de Apoio Social (MOS). Tais resultados evidenciaram questões de gênero e a importância de políticas intersetoriais com foco em mães e pais adolescentes e jovens que considerem seus contextos sócio-econômico-culturais, fortaleçam o apoio social e promovam comportamentos resilientes para que se tornem autônomos e conscientes na construção de seus projetos de vida. / Introduction: Motherhood in adolescence has been an obstacle to advances in the educational, social and economic status of women in all parts of the world. Social support is one of the best resources that helps adolescent mothers develop resilience in difficult situations and cope with and overcome their problems. Given the relevance of social support for adolescent mothers and the importance of resilience, the study of the association of these factors is of great interest in the area of Health Promotion. Objective: To understand the influence of social support on the resilience process of adolescent mothers living in the periphery of the city of Bertioga. Methodology: The present study is an exploratory-descriptive, cross-sectional, quantitative approach. We selected, for convenience, 48 adolescent mothers ages 10 to 19 years who attended the five Basic Health Units of the city of Bertioga, in the state of São Paulo. The instruments used were: A) socio-demographic questionnaire; B) Resilience Scale developed by Wagnild and Young (1993), adapted by Pesce et al. (2005); C) Social Support Scale used in the Medical Outcomes Study (MOS), adapted by Griep et al. (2005). For the data analysis, the Spearmans rank correlation was performed. Results: The results show that 85.42% of adolescent mothers are between 17 and 19 years old, 91.66% are in a stable union or marriage, 75% have left school, 70.83% have a significant school delay, 75% do not work and 75% spend all day with their children. In general, adolescent mothers obtained a high score in the Resilience Scale, as well as in the factors that compose it, and in the Social Support Scale (MOS) and its dimensions. A direct correlation was observed between the factor \"Self-confidence and adaptability to situations\" and the age of adolescent mothers. Another direct correlation was observed between the factor \"Resolution of actions and values\" and the dimension \"Positive social interaction. An inverse correlation was observed between the factor \"Independence and determination\" and the dimension \"Affective\". Conclusions: Although no statistically significant correlation was found between the total scores of the Resilience Scale and the Social Support Scale (MOS) in the adolescent mothers interviewed, significant associations were found between the factors of the Resilience Scale and the dimensions of the Support Scale Social (MOS). These results have highlighted gender issues and the importance of intersectorial policies that focus on adolescents and young mothers and fathers and take into consideration their socioeconomic-cultural contexts. These policies should strengthen these adolescents social support, promote resilient behavior, and ultimately allow them to become autonomous and make responsible life decisions.
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Ausência de pré-natal e gravidez na adolescência : um estudo ecológico no Estado de São Paulo / Lack of prenatal care and teenage pregnancy : ecological study in São PauloGuerra, Maria Silvia Bergo, 1983- 25 August 2018 (has links)
Orientador: Antonio Carlos Pereira / Dissertação (mestrado profissional) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Odontologia de Piracicaba / Made available in DSpace on 2018-08-25T23:32:42Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2014 / Resumo: O pré-natal inadequado e a gestação durante a adolescência são alguns dos fatores que, conhecidamente, interferem na saúde materno-infantil. Modelos conceituais defendem as condições contextuais e os modelos de atenção em saúde como determinantes nesse processo. Essa dissertação produziu dois artigos, que foram divididos capítulos e que tiveram como objetivos verificar como as variáveis contextuais e do modelo de atenção em saúde interferem: a.) na ausência de pré-natal (capítulo 1); e, b.) na gestação durante a adolescência (capítulo 2). Através de um estudo ecológico, em todos os 645 municípios do Estado de São Paulo, durante os anos de 1998 a 2008, pesquisou-se a tendência da ausência de pré-natal e da gravidez na adolescência, bem como possíveis variáveis contextuais e de modelo de atenção podem impactá-las. Para avaliar a ausência de pré natal, a variável dependente foi o coeficiente de nascidos vivos de mães que não fizeram pré-natal (zero consultas); e para avaliar a gestação na adolescência, utilizou-se como variável dependente o coeficiente de nascidos vivos de mães adolescentes (menores de 20 anos). Foram consideradas como características contextuais o PIB per capta e o número de habitantes, por município. Para avaliar o modelo de atenção, foram consideradas a proporção de equipes de Saúde da Família e de Agentes Comunitários de Saúde implantados, por município. Verificou-se que as características contextuais e do modelo de atenção foram significativas, ou seja, o PIB per capta (p<0,0001) e o número de habitantes de cada município (p<0,05) e proporção de equipes de Saúde da Família implantadas (p<0,05) interferiram na variação da ausência de pré-natal; e que, PIB per capta e proporção de Agentes Comunitários de Saúde influenciaram na variação de mães adolescentes(p<0,0001 e p<0,0013, respectivamente). A ausência de pré-natal e a gravidez na adolescência demonstraram tendência de queda, no Estado de São Paulo, no período estudado, influenciada principalmente pelo PIB per capta e pelo modelo de atenção em saúde / Abstract: Inadequate prenatal care and pregnancy during adolescence are some of the factors, known to interfere in maternal and child health. Conceptual models advocate the contextual conditions and models of health care as determinants in this process. This thesis has produced two articles, which were divided chapters and had as aim to verify how the contextual and the health care model variables affect: a) the absence of prenatal care (Chapter 1);. and b.) in pregnancy during adolescence (Chapter 2). Through an ecological study, in all 645 counties of the State of São Paulo, during the years 1998 to 2008, researched the trend of lack of prenatal care and teen pregnancy, as well as possible contextual variables and model attention may have an impact on them. To assess the absence of prenatal, the dependent variable was the ratio of live births to mothers who did not receive prenatal care (consultations zero); and to assess adolescent pregnancy, was used as the dependent variable coefficient of live births to teenage mothers (under 20 years). Contextual characteristics were considered as GDP per capita and the number of inhabitants per municipality. To evaluate the model of care were considered the proportion of Family Health Teams and Community Health Agents deployed, by municipality. It was found that the contextual features and the care model were significant, ie, GDP per capita (p <0.0001) and the number of inhabitants in each municipality (p <0.05) and proportion of Health teams deployed family (p <0.05) variation interfered in the absence of prenatal care; and that GDP per capita and proportion of community health workers influenced the variation in teenage mothers (p <0.0001 and p <0.0013, respectively). The lack of prenatal care and teen pregnancy have shown a declining trend in the state of São Paulo in the period studied, mainly influenced by per capita GDP and the model of health care / Mestrado / Odontologia em Saude Coletiva / Mestra em Odontologia em Saúde Coletiva
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ADOLESCENTES GRÁVIDAS: PERCEPÇÕES E EDUCAÇÃO EM SAÚDE. / PREGNANT TEENS: PERCEPTIONS, AND HEALTH EDUCATION.Danieli, Guiomar Luciana 30 June 2010 (has links)
Adolescence is the transitional period between childhood and adulthood, occurring between 10 and 19 years old. The development of sexuality is part of the adolescent s universe and it s essential that occurs in a healthy way, because one of the consequences that may result from this development is the early pregnancy. The teenage pregnancy is a reality in our society, caused by factors such as lack of education actions in health, absence of a specific attention policy to this age group as well as social
and cultural components. The results of a pregnancy at that age, desired or not, are related to the girls s physical, emotional, educational and socio-cultural components. However, it identifies in the health services several adolescents who report a desire to become pregnant. Therefore, the objectives of this study were to understand the meaning of pregnancy for adolescents; to know the experience of pregnant teenagers related to health education; understand how the educational practices developed in a group of health education with pregnant teenagers may contribute to the construction of their
emancipation. A qualitative approach was used by Convergent-Assistencial Research, as a method and
a strategy for the practice of health education. The study was conducted at the Basic Health Unit Vila Ipe, in the city of Caxias do Sul / RS. The study participants were 13 pregnant under 20 years who were performing outpatient prenatal care at BHU. The period of data collection and implementation of educational groups was from June to October, 2009. It were identified feelings as happiness,
excitement, responsibility, fear, anxiety, maturity, insecurity, among others. Most dropped out the
studies because of pregnancy, and go back to school didn t appear as a priority. The family reactions to the pregnancy were surprise, joy and disgust, depending on factors such as knowledge or ignorance of the family in relation to the sexual activity of teenagers and existence of stable union. The main support after the birth of the baby is from their mothers. Related to previous experiences of health education, most teens had memories of lectures or guidance received at school, whose themes were related to sexuality, sexually transmitted diseases or teenage pregnancy. In addressing the use of
contraceptives, the majority demonstrated knowledge of contraceptive methods, however, there was insufficient information, no understanding of their use or even the conscious or unconscious desire to become pregnant. It was also shown the importance of educational groups as a tool for health education, especially in the stimulation or enhancement of autonomy in decision making, particularly
with the use of an active methodology. We believe in the relevance of this work by allowing a reflection of the peculiarities of adolescence, as well as the need to develop health education actions based not only on these peculiarities, but also on the experiences and desires of adolescents. We hope it will help in the care of nursing, as a tool for reflection and reorganization practice, seeking evercloser relationship with the universe of adolescence. / A adolescência é período de transição entre a infância e a idade adulta, ocorrendo entre 10 e 19 anos de idade. O desenvolvimento da sexualidade faz parte do universo do adolescente e é essencial que ocorra de forma saudável, pois uma das consequências que pode advir desse desenvolvimento é a gestação precoce. A gestação na adolescência é uma realidade em nossa sociedade, causada por fatores como a falta de ações de educação em saúde, ausência de uma política de atenção específica para essa
faixa etária, bem como por componentes sociais e culturais. Os resultados de uma gravidez nessa idade, desejada ou não, relacionam-se aos componentes físico, emocional, educacional e sociocultural das meninas. No entanto, identificam-se nos serviços de saúde várias adolescentes que referem o
desejo de engravidar. Diante disso, os objetivos deste estudo foram compreender o significado desta gravidez para as adolescentes; conhecer a experiência das gestantes adolescentes em relação à educação em saúde; compreender como a prática educativa desenvolvida em um grupo de educação em saúde com as gestantes adolescentes pode contribuir na construção da emancipação das mesmas.
Foi utilizada uma abordagem qualitativa por meio da Pesquisa Convergente-Assistencial, como método e como estratégia para a prática de educação em saúde. O estudo foi desenvolvido na UBS Vila Ipê, no Município de Caxias do Sul/RS. As participantes do estudo foram 13 gestantes com menos de 20 anos de idade que realizavam consulta de pré-natal na UBS. O período de coleta de dados e realização dos
grupos educativos foi de junho a outubro de 2009. Identificaram-se sentimentos como felicidade, emoção, responsabilidade, medo, ansiedade, amadurecimento, insegurança, entre outros. A maioria abandonou os estudos em virtude da gestação, sendo que voltar a estudar não apareceu como prioridade. As reações familiares frente à gestação foram de surpresa, alegria e desagrado, dependendo
de fatores como conhecimento ou desconhecimento da família em relação à vida sexual das adolescentes e existência de união estável. O principal apoio após o nascimento do bebê é de suas mães. Em relação às experiências anteriores de educação em saúde, a maioria das adolescentes tinha
lembranças de palestras ou orientações recebidas na escola, cujos temas se relacionavam à sexualidade, doenças sexualmente transmissíveis ou gravidez na adolescência. Na abordagem sobre a utilização de contraceptivos, a maioria demonstrou conhecimento dos métodos contraceptivos, no
entanto, houve insuficiência de informações, não entendimento de seu uso ou mesmo o desejo consciente ou inconsciente de engravidar. Foi evidenciada também a importância dos grupos educativos como ferramenta de educação em saúde, principalmente no estímulo ou potencialização da autonomia para a tomada de decisões, em especial com a utilização de uma metodologia ativa.
Acredita-se na relevância deste trabalho por permitir uma reflexão acerca das peculiaridades da adolescência, bem como da necessidade de se desenvolverem ações de educação em saúde baseadas não só nessas peculiaridades, mas também nas experiências e desejos dos adolescentes. Espera-se que o mesmo contribua na assistência da enfermagem, como instrumento para reflexão e reorganização da práxis, buscando uma aproximação cada vez maior com o universo da adolescência.
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Não há guarda-chuva contra o amor: estudo do comportamento reprodutivo e de seu universo simbólico entre jovens universitários da USP. / There is no protection against love: study on the reproductive behaviour and its symbolic universe among USP young colege students.Pirotta, Katia Cibelle Machado 11 October 2002 (has links)
O presente estudo teve por objetivo investigar as práticas e as representações ligadas à vida reprodutiva entre jovens universitários da Universidade de São Paulo (USP), especialmente aquelas dirigidas à contracepção e à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, no âmbito das relações heterossexuais.A pesquisa foi dividida em duas fases. Na primeira, foi elaborada uma amostra representativa dos estudantes matriculados em cursos de graduação da USP, na Cidade de São Paulo, no ano de 2000, e foram entrevistados 952 alunos e alunas com idade entre 17 e 24 anos. Na segunda, foram gravadas entrevistas em profundidade com 33 estudantes que se ofereceram voluntariamente para continuar participando da pesquisa. O uso do condom é freqüente entre os estudantes universitários, principalmente na primeira relação sexual. No entanto, o uso desse método apresenta descontinuidades. Além da primeira relação sexual, o condom é usado especialmente nas relações casuais e no início dos relacionamentos sexuais com um parceiro ou uma parceira novos. Os jovens negligenciam o condom no contexto do namoro, tendendo a substituí-lo pela pílula. A contracepção é cercada por descuidos, erros e esquecimentos e os estudantes mencionam que utilizam métodos de baixa eficácia, como o coito interrompido e a abstinência periódica para regular a fecundidade. Os estudantes manifestam um forte desejo de adiar a fecundidade, mas o uso inadequado de métodos contraceptivos e o recurso aos métodos de baixa eficácia podem levar a uma gestação não planejada. 77% do total de entrevistados afirmou que gostaria de ter até dois filhos e a idade ideal para ter o primeiro filho seria próxima aos 30 anos. Somente 4% dos entrevistados e entrevistadas referiram ter passado por uma gestação. Apesar do pequeno número de gestações referidas, o aborto provocado foi a forma de finalização de uma alta proporção dessas gestações. Os resultados da pesquisa indicam que uma complexa rede de representações simbólicas subsidia as condutas diante da contracepção e da saúde reprodutiva. Essas representações constróem o sentido da sexualidade, classificando-a, definindo regras e obrigações segundo cada situação e orientando práticas. Questões de gênero pontuam os discursos sobre os temas tratados. As diferentes concepções sobre o "ficar" e o namorar, a opção pelo método contraceptivo, as representações sobre as responsabilidades do homem e da mulher frente à contracepção e, especialmente, os discursos sobre o aborto revelam a importância que os diferenciais de gênero assumem perante a construção do sentido da sexualidade e da vida reprodutiva. Questões de gênero também marcam a busca de orientação médica, no âmbito da saúde reprodutiva. A consulta médica é restrita ao grupo das mulheres e o método mais indicado é a pílula, embora trate-se de jovens mulheres solteiras que estão iniciando a sua vida sexual. Observa-se, por sua vez, que os homens jovens estão totalmente alijados do sistema de saúde, ainda que se trate de um grupo com alta escolaridade que recorre à medicina privada. O estudo indica que os diferenciais de gênero estão presentes desde o processo de rotulações e significações que dão sentido a vivência da sexualidade e da regulação da fecundidade até o âmbito das políticas públicas voltadas para a saúde reprodutiva dos jovens, revelando uma importante lacuna nos serviços de saúde que necessita ser contemplada por políticas públicas capazes de promover a eqüidade de gênero na atenção à saúde reprodutiva e de incluir os jovens do sexo masculino nos serviços de saúde. / The present study aimed at investigating the practices and representations linked to the reproductive life of university youths from the Universidade São Paulo (USP) especially those geared at contraception and prevention of STDs in the scope of heterosexual relations. The project was divided into two phases. In the first a representative sample of 952 male and female students between 17 and 24 years old enrolled in under-graduate courses at USP in the city of São Paulo in 2000 was elaborated. In the second phase in-depth-interviews with 33 students that volunteered to continue take part of the research were recorded. The use of condom is frequent among university students mainly at the first sexual intercourse. However, this method presents discontinuity. Beyond the first sexual intercourse it is used especially in the casual relationships and in the beginning of new sexual relationships with a new partner. Youth neglect the condom in the dating context tending to replace it for the pill. Contraception is surrounded by carelessness, mistakes and neglect and the students mention the use of low efficacy methods such as interrupted copulation and periodic abstinence for fertility control. The students revealed strong will to delay fertility but the inadequate use of contraceptive methods and use of low efficacy methods may lead to an unplanned pregnancy. 77% of the interviewees state that they would like to have up to two children and that the ideal age for the first child would around 30. Only 4% of the interviewees referred having had a gestation. Despite the small number of pregnancies referred the provoked abortion represented a high proportion of pregnancy termination. The results of the survey indicate that a complex network of symbolic representations accounts for the conducts in terms of contraception and reproductive health. These representations construct the sense of sexuality, classifying it, defining rules and obligations according to each situation and guiding practices. Gender issues mark the discourses on the themes discussed. The different conceptions about noncommitted dating and dating proper, the option for the contraceptive method, representations on the male and female responsibilities with reference to contraception and especially the discourses on abortion reveal the importance the gender differentials possess in face of the construction of meaning of sexuality and reproductive life. Gender issues influence the search for medical guidance in the context of reproductive health. Medical consultation is restricted to the female group and the most prescribed contraceptive method is the pill in spite of the fact that they are young single women in the beginning of their sexual life. On the other hand it was observed that young men are totally cast out of the health system notwithstanding the fact that this is a group with high level education with access to private medicine. The study indicates that the gender differentials are present from the process of labeling and signification that attribute meaning to the experiencing of sexuality and the regulation of fertility to the scope of public policies capable of promoting gender equity in the attention to reproductive health of youth. That reveals an important gap in the health services that must be addressed by gender equity promoting public policies that also inscribe male youth in the health services.
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Um estudo psicanalítico sobre a maternidade na adolescência: histórias de abandono, violência e esperança na trajetória de três jovens mães / A psychoanalytic study on teenage motherhood: stories of abandonment, violence and hope in the path of three young mothersSantos, Kate Delfini 15 April 2011 (has links)
A relação mãe-filho é um dos elementos fundadores do psiquismo humano e é por meio desta que a criança apreende o mundo a sua volta. São muitas as variáveis que interferem nessa relação como, por exemplo, a experiência pessoal, os legados inter e transgeracionais, as condições históricas, sociais, e econômicas. Tendo em vista a fragilidade dos laços afetivos nos dias atuais e a dificuldade no estabelecimento de vínculos que propiciem o sentimento de confiança, segurança e estabilidade, este trabalho tem como objetivo verificar como três jovens mães, que vivenciaram diversos tipos de violências em suas trajetórias, desempenham a função materna. As participantes encontravam-se em um abrigo para jovens mães no município de São Paulo. Foram realizados cinco encontros com cada dupla (mãe e filho) com cerca de uma hora de duração, onde foram explorados conteúdos a respeito da relação da adolescente com sua mãe e a família, a experiência com a gestação e a maternidade, a experiência com as diversas formas de violência e o vínculo com o filho. Foi empregado o método de pesquisa psicanalítico e, portanto, além da comunicação verbal foram analisados aspectos transferenciais e contratransferenciais. Os conteúdos encontrados articulam-se com as idéias de Winnicott. Por meio desse estudo concluiu-se que o sentimento de abandono e vazio causado pela a ausência de uma relação genuína de afeto é transmitido entre as gerações na relação mãe-filho, tendo muitas vezes como consequência a violência. Esta, por sua vez, interrompe o processo de amadurecimento emocional e a conquista de um sentimento de preocupação real com outro. A possibilidade de restaurar laços e dar continuidade ao processo de integração depende em grande parte da sustentação e do apoio (holding) oferecido a essas jovens mães. Nos três casos analisados, observamos que ainda há esperança, segundo a conceituação de Winnicott, de reencontrar uma experiência de afeto significativa, por meio da qual se constitua um sentimento autêntico de preocupação e comprometimento com o próximo / The mother-son relationship is one of the founding elements of the human psyche and it is through this that the child perceives the world around him/her. There are many variables that affect this relationship, for example, personal experience, the inter-and transgenerational legacy and the historical, social, and economic conditions. Given the fragility of the affective bonds today and the difficulty in establishing links that give the feeling of trust, security and stability, this study aims to determine how three young mothers, who experienced several types of violence in their lives, play the maternal role. The participants were in a shelter for young mothers in São Paulo city. Five meetings were conducted with each pair (mother and son) for about one hour, when the relationship between the teenager with her mother and family, her experience with pregnancy and motherhood, her experience with various forms of violence and the bond with her child, were exploited. The psychoanalytic research method was employed and transference and countertransference aspects, which go beyond the verbal communication, were therefore analyzed. The content found can be linked with the Winnicotts ideas. In this study we concluded that the feeling of abandonment and emptiness caused by the absence of a genuine affection is transmitted between generations in the mother-child relationship and frequently has the violence as consequence. The violence stops the process of emotional maturation and the achievement of a sense of real concern to another person. The possibility of restoring ties and continuing the integration process depends largely on the support and assistance (holding) offered to these young mothers. In these three cases, we observed that there is still hope, according to Winnicott\'s concept, to find a meaningful experience of affection, through which it constitutes a genuine feeling of concern and commitment to the other person
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"Estudo do conhecimento de métodos anticoncepcionais entre adolescentes de uma área de um programa de saúde da família de Ribeirão Preto-SP" / Study of the knowledge about contraceptive methods among adolescents registered in Family Health Program, Ribeirão Preto SP.Doreto, Daniella Tech 12 June 2006 (has links)
Os cuidados com a contracepção na adolescência são fundamentais para vivenciar a sexualidade de forma plena, evitando uma gravidez não planejada ou não desejada, bem como a transmissão de doenças. Em meio a uma realidade global de elevados índices de gravidez na adolescência e aumento na incidência de doenças sexualmente transmissíveis, é necessário pensar em uma opção contraceptiva que proporcione a dupla proteção. Neste sentido, o presente estudo propôs-se a analisar o conhecimento das adolescentes, cadastradas em um Núcleo do Programa de Saúde da Família de Ribeirão Preto-SP, em relação aos métodos anticoncepcionais, especialmente aqueles voltados para a prevenção de gravidez e doenças sexualmente ao mesmo tempo. A amostra foi composta por 90 adolescentes, do sexo feminino, na faixa etária compreendida entre 15 e 19 anos de idade. Os dados foram coletados através de entrevistadas domiciliares, com apoio de um questionário estruturado. Os resultados da pesquisa demonstraram que as adolescentes eram predominantemente brancas, solteiras, estudavam e pertenciam à categoria sócio-econômica C e D. A maioria das entrevistadas conhecia métodos de dupla proteção (54,4%) sendo o preservativo masculino o mais citado (91,8%). Quanto ao uso de métodos de dupla proteção em algum momento da vida, 58,9% das adolescentes referiram ter feito uso, o que indica que 98,5% das que iniciaram a vida sexual, já se protegeram de gravidez e doenças simultaneamente alguma vez na vida. Quanto às atitudes em relação ao uso dos métodos, a maioria teve atitude liberal (43,3%), seguida de 28,9% que tiveram atitude neutra e 27,7% atitude conservadora, o que evidenciou que as atitudes não se configuram como obstáculos para o uso dos métodos. O estudo indicou que o conhecimento sobre os métodos anticoncepcionais não garante o seu uso e as atitudes não são barreiras que impedem práticas efetivas de proteção. Assim, questões de gênero e os diversos contextos devem ser considerados para um melhor entendimento das questões que envolvem a saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes, bem como para a concepção de ações efetivas no âmbito das políticas públicas. / Cautions against contraception during adolescence are fundamental to live sexuality in its plenitude, avoiding a not planed or desired pregnancy, as well as the transmission of some diseases. Considering the actual global reality of high levels of undesired pregnancy during adolescence and the increasing rates of sexually transmitted diseases, it is necessary to think about a contraceptive option that could offer dual protection. The aim of this study is to analyze a group of adolescents, registered in the Family Health Program (Nucleus IV) located in Ribeirão Preto, SP State, regarding their knowledge about contraceptive methods, especially those which are able to prevent pregnancy and sexually transmitted disease at the same time. The sample was composed of 90 female adolescents, at age range of 15 to 19 years old. The data were collected by domiciliary interview, supported by a structured questionnaire. The results demonstrated that the adolescents were predominantly, white (Caucasoid), single, still studying and classified as C and D in economic status. The majority of the interviewed adolescents already knew the methods of dual protection (54.4%), being the condoms the most cited (91.8%). Also according to the results, 58.9% of the interviewed reported that they had used the dual protection methods at least in one moment in life, indicating that 98.5% of the adolescents, which had initiated their sexual lives, had protected themselves simultaneously from pregnancy and IST. Regarding their position related to the usage of contraceptive methods, the results revealed that the majority (43.3%) showed to be quite liberal, whereas 28.9% of the interviewed expressed a neutral position and a conservative attitude was adopted by 27.7% of the adolescents, demonstrating that independently of their position, it did not figured as an obstacle to the use of the contraceptive methods. This study revealed that the knowledge level of the adolescents, in relation to the contraceptive methods, does not guarantee their use; and their position does not act as a barrier to the effective protection. To sum up, gender questions and several contexts must be considered to provide a better understanding of these subjects which evolve the adolescents sexual and reproductive health, as well as the conception of effective actions in the sphere of public health politics.
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Transtornos psiquiátricos e comportamento suicida em gestantes adolescentes: estudo de base populacionalCoelho, Fábio Monteiro da Cunha 16 January 2012 (has links)
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Previous issue date: 2012-01-16 / Objective: To describe the prevalence of major depressive disorder (MDD)
during pregnancy in teenager mothers, and assess its association with sociodemographic
characteristics, obstetric history and psychosocial variables.
Methods: A cross-sectional study with a sample of pregnant teenagers
enrolled in the national public health system in the urban area of Pelotas,
southern Brazil. Sample size was estimated in 871 participants. MDD was
assessed with the Mini International Neuropsychiatric Interview; the Abuse
Assessment Screen was used to identify physical abuse within the last 12
months and during pregnancy; social support was assessed with the Medical
Outcomes Survey Social Support Scale.
Results: Forty three (4.94%) refused to participate, resulting in 828
participants. Prevalence of MDD was 17.8%; violence within the last 12
months was reported by 9.2%, while 5.8% had suffering violence during
pregnancy; mean (SD) overall social support score was 87.40 (±11.75). After
adjustment, we found the highest prevalence ratios of MDD in adolescents
with less than 8 years of education, followed by those with previous episodes
of MDD and in those with lower overall social support.
Conclusion: MDD is a relatively common condition in pregnant teenagers
and seems to be more frequent in a group of young mothers who were both
socioeconomic and psychosocially underprivileged / Objetivo: Descrever a prevalência de transtorno depressivo maior (TDM)
durante a gestação em adolescentes e verificar sua associação com
características sócio-demográficas obstétricas e psicossociais.
Método: Estudo transversal com uma amostra de gestantes adolescentes
que recebem acompanhamento pré-natal pelo sistema único de saúde na
zona urbana da cidade de Pelotas, RS. O tamanho estimado da amostra foi
de 871 participantes. TDM foi avaliado com o Mini International
Neuropsychiatric Interview; o Abuse Assessment Screen foi utilizado para
identificar abuso físico no ultimo ano e durante a atual gestação; o suporte
social foi mensurado com o Medical Outcomes Survey Social Support Scale.
Resultados: Quarenta e três (4.94%) recusaram-se a participar, resultando
em 828 participantes. A prevalência de TDM foi de 17.8%; violência nos
últimos 12 meses foi identificada em 9.2%, enquanto 5.8% sofreram
violência durante a gestação; a média (DP) geral na escala de suporte social
foi de 87.40 (±11.75). Após ajuste, maiores razões de prevalência de TDM
foram encontradas em adolescentes com menos de 8 anos de estudo,
seguidas por aquelas com episódios anteriores de depressão e por aquelas
com menor suporte social.
Conclusão: TDM é uma condição comum in gestantes adolescentes, sendo
mais frequente em um grupo de mães desprivilegiadas do ponto de vista
sócio-econômico e psicossocial
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Atenção à saúde da gestante adolescente no Grupo Gestar do Município de Fazenda Rio Grande - ParanáMartins, Juliana dos Santos, 1977-, Silva, Cláudia Regina Lima Duarte da, 1962-, Universidade Regional de Blumenau. Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva January 2017 (has links) (PDF)
Orientador: Cláudia Regina Lima Duarte da Silva. / Dissertação (Mestrado Profissional em Saúde Coletiva) - Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Regional de Blumenau, Blumenau.
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DIMENSÕES SUBJETIVAS DE MÃES ADOLESCENTES EM CONTEXTO DE VULNERABILIDADE SOCIAL. / SUBJECTIVE DIMENSIONS OF TEENAGE MOTHERS IN SOCIALLY VULNERABLE CONTEXT.Alves, Julio Cesar 31 October 2013 (has links)
Made available in DSpace on 2016-07-27T14:20:15Z (GMT). No. of bitstreams: 1
JULIO CESAR ALVES.pdf: 1754774 bytes, checksum: 123a4b08305616de6417458f3c5b8a1d (MD5)
Previous issue date: 2013-10-31 / Esta dissertação de mestrado Dimensões subjetivas de mães adolescentes em
contexto de vulnerabilidade social , constitui um recorte da pesquisa, Avaliação e
monitoramento dos serviços de atenção à saúde de adolescentes grávidas que
sofreram violência doméstica (SANTOS et al. 2007), que pesquisou adolescentes
residentes na Região Leste da Cidade de Goiânia-GO. Vinculada à linha de pesquisa:
Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações, do Programa de Pós-Graduação
Stricto Sensu da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), esta
dissertação teve como objeto de estudo investigar as dimensões subjetivas de mães
adolescentes em contexto de vulnerabilidade social. O objetivo geral constituiu-se em
apreender os sentidos e significados de gravidez e maternidade para adolescentes que
vivem em condições de vulnerabilidade social na Região Leste de Goiânia. Como
objetivos específicos, o estudo buscou conhecer a história de vida das adolescentes;
compreender a trajetória das adolescentes em contextos de vulnerabilidade e violência;
identificar as relações familiares, escolares e de trabalho e, por fim, apreender os
sentidos e significados da gravidez e maternidade construídos pelas adolescentes e
buscou-se ainda, apreender as dimensões psicossociais presentes nas falas das
adolescentes pesquisadas com uso da abordagem Sócio-Histórica de Vigotsky e do
método do materialismo histórico-dialético. As informações foram obtidas por meio de
99 questionários e entrevistas semiestruturadas realizadas com 47 adolescentes. Nesta
pesquisa, foram selecionadas, do grupo de 47, 16 adolescentes que cumpriam os
seguintes critérios: estarem na faixa etária de 14 a 18 anos e apresentarem relato de
vulnerabilidade social (violências físicas, psicológicas e/ou sexual). As entrevistas foram
sistematizadas em quadros temáticos que organizaram os núcleos de sentidos e
significados. Essa sistematização possibilitou visualizar os sentidos e significados
atribuídos aos temas propostos no roteiro de entrevista. Os resultados da pesquisa
possibilitam compreender diversas manifestações da violência intrafamiliar (física,
sexual e psicológica) e interfamiliar (notadamente os embates com a mãe/família do pai
da criança e as intrigas de parentes e vizinhos). A violência física atinge a todos os
membros da família e, em especial os mais frágeis : mulheres, adolescentes e
crianças. Este ciclo é repetido incessantemente: o pai bate na mãe, que bate nos filhos,
filhos mais velhos batem nos mais novos. Na maioria das vezes, essas violências
decorrem do uso de álcool e drogas ilícitas. A violência sexual é negada e silenciada no
âmbito familiar. Quando são relatadas pelas adolescentes, traduzem medos,
desconfianças e, sobretudo uma atitude de cuidado com as filhas para que elas não
sofram os abusos que sofreram. Algumas adolescentes associam a vida sexual precoce
(e consequentemente a gravidez/maternidade) com o abuso sexual sofrido. A violência
psicológica entrelaça as outras duas modalidades e se expressa por meio dos
sentimentos de medo, angústia e solidão, marcadas pelas disputas intra e extrafamiliares. Todas as violências vividas (fisicamente e/ou simbolicamente) falam do
lugar social vulnerável que elas ocupam na organização social. A vivência da gravidez
aparece marcada por sentimentos positivos e/ou negativos. É positiva quando
possibilita que as adolescentes saíam da rua, se dedique ao cuidado do filho, recebam
o apoio do companheiro e possibilitem a constituição de um novo grupo familiar. O
contexto negativo materializa-se no próprio corpo das adolescentes por meio de dores,
angústias, ansiedades, doenças e também pelo medo de julgamento da família. A
gravidez pode provocar a ruptura do relacionamento com o pai do filho e dificultar o
estabelecimento de novos vínculos afetivos e sexuais. No plano concreto, a
adolescente em muitos casos, precisou sair da escola, adquirir novas responsabilidades
e arrumar trabalho para manter-se e ao seu filho. A luz dos resultados encontrados,
este estudo reafirma a importância da prevenção e chama a atenção das instituições
sociais responsáveis pelo acompanhamento das adolescentes (família, escola,
governos) para estabelecimento de diálogo com as adolescentes mediado por
informações sobre sexo, sexualidade e contracepção. Após a gravidez, cabe a todos os
adultos envolvidos a tarefa de apoiar e acompanhar as adolescentes e os seus filhos.
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