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Tornar-se mãe de um segundo filho : da gestação ao segundo ano de vida da criança

Vivian, Aline Groff January 2010 (has links)
O presente estudo investigou o processo de tornar-se mãe de um segundo filho, da gestação ao segundo ano de vida da criança. Especificamente, buscou-se compreender o impacto do “complexo fraterno” nesse processo. Participaram do estudo quatro mães, com idades entre 33 e 34 anos, contatadas no terceiro trimestre de gestação. Todas residiam com o marido, pai dos dois filhos, na região metropolitana de Porto Alegre e o nível socioeconômico das famílias variou de médio a alto. A pesquisa teve um delineamento de estudo de casos coletivo, em que cada caso foi investigado longitudinalmente, em quatro períodos: na gestação, aos 6, aos 12 e aos 24 meses do segundo filho. Os dados foram obtidos através de entrevistas individuais, estruturadas, aplicadas de forma semi-dirigida. Os relatos das mães foram submetidos à análise de conteúdo qualitativa. As categorias que guiaram a análise foram: as impressões sobre o tornar-se mãe de um segundo filho, expectativas e relação com o segundo filho, relação com a própria mãe e relação com o marido. Foram apresentadas as particularidades e semelhanças entre os casos. Os resultados foram discutidos a partir do referencial psicanalítico e de teorizações derivadas do campo da psicologia do desenvolvimento. Notaramse mudanças ao longo do processo de tornar-se mãe de um segundo filho, que acompanharam o desenvolvimento tanto da criança quanto da própria mãe. Mesmo com o respaldo da experiência anterior, a ideia que o segundo seria mais fácil foi sendo revista, ao longo do desenvolvimento do segundo filho. A criação gradativa de espaço para mais uma criança constituiu-se num desafio que se deu paralelo ao desenvolvimento rumo à independência do segundo filho. As mães recorreram a muitas comparações entre os filhos, antes de poderem identificar e aceitar a singularidade de cada um. Em paralelo, a relação com a própria mãe passou por uma reorganização com a chegada do segundo filho. Houve aproximação entre ambas, que possibilitou uma reavaliação do modelo materno e da própria identidade das participantes como mães. A relação com o marido foi marcada pelo apoio, em especial, nos cuidados do primogênito, durante o período investigado. O “complexo fraterno” revelou-se como um importante conceito para se compreender processos evolutivos no tornar-se mãe de um segundo filho. / The present study investigated the process of becoming a mother of a second child, from pregnancy to the second child´s second year of life. More specifically, the study aimed to understand the impact of the “fraternal complex” in this process. Four mothers, aged 33 to 34, were contacted in the third trimester of pregnancy. They all lived with their husbands, who were the fathers of both children, in the metropolitan region of Porto Alegre. The families’ socioeconomic level varied from medium to high. The research was based on a collective-case study design, in which each case was investigated longitudinally, in four periods: during pregnancy, at the child’s 6, 12 and 24 months of life. Data were obtained from individual, semistructured interviews and were submitted to qualitative content analysis. The categories which guided the analysis were: impressions on becoming a mother of a second child, expectations and relationship with the second child, relationship with their own mothers and relationship with the father. The cases’ similarities and particularities were presented. The results were discussed based on the psychoanalytic framework and theorizations derived from the developmental psychology field. Some changes could be identified alongside the process of becoming a mother of a second child, wich followed both the child’s and the mother’s development. Despite the previous experience, the idea that the second child would be easier was revised alongside the second child’s development. The gradual creation of a space for one more child was a challenge that followed the second child’s development towards independence. Mothers recurred to many comparisons between the children before they could identify and accept each one’s singularity. At the same time, mothers’ relationship with their own mothers also went through a reorganization with the arrival of the second child. The proximity between them increased and enabled a reassessment of the maternal role and of their own identity as mothers. The relationship with their husbands was characterized by support, especially as far as firstborn care during the period investigated is concerned. The “fraternal complex” revealed itself as an important concept for understanding developmental processes in the process of becoming a mother of a second child.
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Práticas educativas maternas em famílias de mães solteiras e famílias nucleares

Marin, Angela Helena January 2005 (has links)
O presente estudo examinou as eventuais diferenças nos comportamentos e práticas educativas maternas e nos comportamentos infantis em famílias de mães solteiras e famílias nucleares. Participaram do estudo quatorze famílias, das quais sete de mães solteiras (mãe-criança) e sete de mães casadas (mãe-pai-criança). As famílias foram emparelhadas conforme a idade, a escolaridade e o nível socioeconômico. Foi utilizada uma sessão de observação da interação familiar durante um almoço realizado na casa dos participantes, quando as crianças tinham 30-36 meses de idade. Foram examinados os comportamentos e práticas educativas maternas e os comportamentos infantis, através de um protocolo envolvendo diversas categorias. Contrariando a hipótese do estudo, o Teste de Mann-Whitney não revelou diferenças significativas entre as famílias de mães solteiras e as nucleares para as categorias examinadas. Diferenças também não foram encontradas quando se buscaram contextualizar as categorias, examinando os eventos envolvendo os comportamentos e as práticas educativas maternas. Assim, apesar de apoiada em parte da literatura, a hipótese do presente estudo não foi corroborada. Discutem-se os diversos fatores que podem ter contribuído para isso, em particular, as características dos participantes, a situação de observação e a sensibilidade do protocolo utilizado.
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A qualidade da interação pai-mãe-bebê em situação de depressão materna

Frizzo, Giana Bitencourt January 2004 (has links)
O presente estudo examinou as eventuais diferenças na interação triádica (pai-mãe-bebê) e diádica (mãe-bebê, pai-bebê e mãe-pai) em famílias com e sem depressão materna, com bebês de um ano de idade. Participaram do estudo 19 famílias, das quais 9 de mães deprimidas e 10 de mães não-deprimidas. A designação aos grupos foi baseada no escores das mães no Inventário Beck de Depressão. Foi utilizada uma sessão de interação livre pai-mãe-bebê, realizada numa sala de brinquedo da universidade, durante a qual se examinou padrões de interação triádico e diádico através de um protocolo envolvendo diversas categorias. Contrariando a hipótese do estudo, o teste Mann-Whitney não indicou diferenças significativas nas interações entre as famílias com e sem depressão materna. Para examinar as interações diádicas mãe-bebê e pai-bebê, dentro de cada grupo de famílias, utilizou-se o teste de Wilcoxon que revelou algumas diferenças significativas apenas no grupo sem depressão materna, em que a categoria afeto positivo apareceu significativamente mais intensa no contexto interativo mãe-bebê do que pai-bebê. Tendência semelhante, mas marginalmente significativa, também apareceu na categoria sensibilidade, mais intensa nas díades mãe-bebê, e desengajamento, mais intenso nas díades pai-bebê. Apesar dessas diferenças, no conjunto, os dados não corroboram as hipóteses iniciais do presente estudo. A ausência de diferenças nas interações examinadas sugere que no contexto de interação triádico, o pai pode desempenhar um papel moderador, ao amenizar os eventuais efeitos da depressão materna para a família.
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Características da representação do apego em adolescentes institucionalizados e processos de resiliência na construção de novas relações afetivas

Dalbem, Juliana Xavier January 2005 (has links)
Este trabalho investigou características da representação do apego em adolescentes institucionalizadas por medidas de proteção, através de estudos de caso. As participantes do estudo foram três adolescentes, entre 12 e 15 anos, que vivem em abrigos governamentais de proteção e que experienciaram separações da figura materna na primeira infância. Os dados foram coletados junto às instituições, através da inserção ecológica, da análise dos prontuários, entrevistas com profissionais da equipe técnica e entrevistas semi-diretivas individuais com as adolescentes. As entrevistas, elaboradas a partir de questões adaptadas de instrumentos contemporâneos de medida e avaliação de aspectos ligados ao apego, tinham por objetivo examinar as percepções das participantes sobre suas relações com os cuidadores citados como principais durante a infância, a relação atual com essas figuras, vivências de separações ou perdas, qualidades atribuídas às suas relações e percepção das experiências da infância. Através de eixos temáticos centrais relativos ao apego, as entrevistas foram analisadas em seu conteúdo, classificando-se as respostas em categorias descritivas. Os dados foram discutidos, considerando-se todas as informações coletadas, procurando-se identificar os aspectos mais característicos atribuídos aos padrões de apego, descritos como seguro/autônomo, preocupado/ansioso, evitativo/desapegado e desorganizado/desorientado. Embora os aspectos observados não possibilitem uma classificação das adolescentes nos padrões de apego, este estudo permitiu uma compreensão das características apresentadas, discutindo-se os processos de resiliência na construção de novas relações afetivas estabelecidas após a institucionalização. Os resultados indicam que o contexto institucional, vivenciado pelas adolescentes participantes, possibilitou a formação de novas relações afetivas que contribuíram para a representação de apego e para o desenvolvimento de competências. Este estudo sugere ainda a viabilidade do uso de entrevistas para avaliação e compreensão da representação mental do apego na adolescência.
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O comportamento exploratório de bebês e o comportamento de mães com indicadores de depressão durante uma psicoterapia breve mãe-bebê

Alfaya, Cristiane January 2006 (has links)
O presente estudo buscou examinar o comportamento exploratório dos bebês, e o comportamento das mães com indicadores de depressão, frente ao comportamento exploratório dos bebês, durante o processo de psicoterapia breve mãe-bebê, no primeiro ano de vida dos bebês. Foram considerados os aspectos objetivos e subjetivos da interação mãe-bebê envolvidos no comportamento exploratório do bebê. Para tanto, foram realizados três estudos de casos atendidos em sessões de psicoterapia mãe-bebê com duração variável (8 a 12 sessões). Cada sessão de psicoterapia foi analisada do ponto de vista do comportamento exploratório dos bebês e do comportamento materno. O comportamento exploratório dos bebês foi descrito e, posteriormente analisado de acordo com as categorias de manipulação exploratória fina e ampla, e de locomoção exploratória em direção ao ambiente e ao brinquedo. O comportamento das mães frente ao comportamento exploratório dos bebês foi também descrito e posteriormente analisado de acordo com as categorias de comportamento direto e indireto, construídas a partir da leitura do material de descrição da observação, e do referencial teórico do desenvolvimento emocional de Winnicott. O significado do comportamento das mães na sua história de vida foi também considerado a partir do conceito de identificação projetiva. Apoiando-se na teoria de separação–individuação, os resultados mostraram que os bebês de mães com depressão apresentaram comportamentos de exploração, como manipulação exploratória fina, ampla, locomoção exploratória em direção ao ambiente, e aos brinquedos, o que indica desenvolvimento da autonomia na perspectiva do desenvolvimento emocional. Do ponto de vista das mães, os resultados apóiam as evidências de que a mãe, ao interagir com o bebê, relaciona-se não apenas com o comportamento observado de maneira objetiva, mas também com imagens (modelos), os quais pertencem à mãe e aparecem na interação com o bebê (Bowlby, 1989; Hinde, 1992; Brazelton & Cramer, 1992) por meio da identificação projetiva (Brazelton & Cramer, 1992). Foram observadas mudanças nos comportamentos das mães e dos bebês ao longo das sessões, possivelmente, a partir do acesso às imagens (modelos) das mães das figuras de apego, e das intervenções da terapeuta.
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O BRINCAR E AS ESTEREOTIPIAS EM CRIANÇAS DO ESPECTRO AUTISTA DIANTE DA TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA DE CONCEPÇÃO INTERACIONISTA / THE PLAYING AND THE STEREOTYPES IN CHILDREN OF THE AUTISTIC SPECTRUM THROUGH THE SPEECH THERAPY INTERACTIONISM CONCEPTION

Klinger, Ellen Fernanda 02 March 2010 (has links)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / The disorders of the autistic spectrum is a mystery to the clinics and to the researchers who are committed to unmask them, overall by the linguistic characteristics and of the social interaction presented by children with this psychopathology, as the stereotypes and the peculiarities when they play. This research was focused on the investigation of the evolutionary significance of the play and of the verbal and non verbal stereotypes in children of the autistic spectrum from the therapy of language in an interactionism perspective. Three boys with diagnoses of Global Development Disorder participated of this study, their mothers and the speech responsible by the conduction of the therapeutic process. Films of thirty minutes were made with the children in interaction with their mothers or with the speech in the free play during the first and eighth months of the continued therapy. Continued interviews also were made with the mothers. The data were transcribed and analyzed qualitatively at the light of the psychoanalysis, as theory of the subjectivity, and of the interactionism, like theory of the language acquisition. In the three cases, it was observed the family impact caused in the maternal feeling by the diagnose of autism; precariousness of the dialogic relation, in which the interaction was marked by intrusive behaviors, excess of order of information, troubles of pedagogical matrix and difficult of understanding what the children talked or showed, what caused increase of stereotypes. The inclusion of mothers in the therapeutic process through the continued interviews and participations in the sessions helped in the improving of the maternal bond with the children and it improved the dialogic. There was also progress in the play of subjects and changes were registered in the object relation. The stereotypes diminished considerably with the operation of the subjects in the language and this occurred by the improving in the dialogic activity mother-son. Therefore, it is possible to conclude that the proposal of interactionism conception produces important effects in the play and in the functioning of the individuals in the language. / Os transtornos do espectro autista constituem um mistério ao clínico e ao pesquisador que se comprometem a desvendá-los, sobretudo pelas características linguísticas e de interação social apresentadas por crianças com essa psicopatologia, como as estereotipias e as peculiaridades no brincar. Esta pesquisa teve como foco de investigação a significação evolutiva do brincar e das estereotipias verbais e não verbais em crianças do espectro autista, a partir da terapia de linguagem em uma perspectiva Interacionista. Participaram deste estudo três meninos com diagnóstico de Transtorno Global do Desenvolvimento, suas mães e a fonoaudióloga responsável pela condução do processo terapêutico. Foram realizadas filmagens de trinta minutos das crianças em interação com suas mães ou com a fonoaudióloga na brincadeira livre durante o primeiro e décimo mês de terapia. Também foram feitas entrevistas continuadas com as mães. Os dados foram transcritos e analisados qualitativamente à luz da Psicanálise, como teoria da subjetividade, e do Interacionismo, como teoria de aquisição da linguagem. Nos três casos, os discursos maternos demonstraram o impacto familiar provocado no sentimento materno pelo diagnóstico de autismo; precariedade da relação dialógica, na qual a interação era marcada por comportamentos intrusivos, excesso de pedidos de informação, preocupações de cunho pedagógico e dificuldade em compreender o que as crianças falavam ou mostravam, o que gerava aumento das estereotipias. A inclusão das mães no processo terapêutico, através das entrevistas continuadas e participação nas sessões, auxiliou na melhora do vínculo materno com as crianças e melhorou a dialogia. Também houve evolução no brincar dos sujeitos, registrando-se mudanças na relação objetal. As estereotipias diminuíram consideravelmente com o funcionamento dos sujeitos na linguagem e esta se deu pela melhora na atividade dialógica mãe-filho. Portanto, é possível concluir que a proposta de concepção Interacionista produz efeitos importantes no brincar e no funcionamento dos sujeitos na linguagem.
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Tornar-se mãe de criança com câncer: construindo a parentalidade / Becoming a mother of a child with cancer: building the motherhood

Patrícia Luciana Moreira 27 April 2007 (has links)
Este estudo teve como objetivo compreender a experiência de tornar-se mãe de uma criança com câncer. Foi utilizado como referencial teórico o Interacionismo Simbólico e como referencial metodológico o Interacionismo Interpretativo. Participaram do estudo sete mães de crianças que estavam em tratamento de câncer. As narrativas biográficas revelaram que o papel de mãe é construído num processo articulado, que conjuga a interação entre dois temas: VIVER O TEMPO DA DOENÇA, que representa um olhar da mãe direcionado para si, vivendo agora uma situação nova como mãe, continuamente permeada pelas incertezas inerentes à doença e à necessidade de afastar a ameaça de morte criança e VIVER O TEMPO DE LUTA PELA VIDA DA CRIANÇA, que representa a dimensão dos comportamentos da mãe, que se expressam nas interações consigo mesma, com o filho e com todos os elementos envolvidos na experiência, evidenciando a construção do seu papel de mãe. A descrição dos temas proporcionou a compreensão da experiência de tornar-se mãe de uma criança com câncer através das epifanias: Perceber que seu tempo com a criança está ameaçado, Decidir que este é o tempo da criança e Lutar pela criança movida por amor. Foi possível perceber através desses momentos reveladores que existe uma relação entre a parentalidade e a temporalidade, na qual o tempo se manifesta nesta experiência de transição, como uma das dimensões da construção do papel de mãe de uma criança com câncer / The objective of the present study was to understand the experience of becoming a mother of a child with cancer. The theoretical framework adopted was the Symbolic Interactionism while the methodological one was the Interpretative Interactionism. Seven mothers of children undertaking cancer treatment took part in the study. The biographic narratives expressed that the mother’s role is built in an articulated process that implies the interaction between two themes: LIVING THE TIME OF THE ILLNESS, in which the mother concentrates in herself, now facing a new experience as a mother, continuously permeated by the uncertainties inherent in the disease and the necessity of removing the threats of the child’s death; and LIVING THE TIME OF STRUGGLING FOR THE CHILD’S LIFE, which represents the dimension of the mother’s behaviour, expressed in interactions with herself, her child and all the elements involved in the experience, showing up the development of her role as a mother. The description of the themes allowed the understanding of the experience of becoming a mother of a child with cancer through the following epiphanies: Perceiving that her time with the child is being threatened, Deciding that this is the child’s time and Fighting for the child driven by love. It was possible to observe that there is a connection between the parenting and temporality, in which the time is shown in this transition experience as one of the dimensions in the development of a new role as mother of a child with cancer
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Tornar-se mãe de um segundo filho : da gestação ao segundo ano de vida da criança

Vivian, Aline Groff January 2010 (has links)
O presente estudo investigou o processo de tornar-se mãe de um segundo filho, da gestação ao segundo ano de vida da criança. Especificamente, buscou-se compreender o impacto do “complexo fraterno” nesse processo. Participaram do estudo quatro mães, com idades entre 33 e 34 anos, contatadas no terceiro trimestre de gestação. Todas residiam com o marido, pai dos dois filhos, na região metropolitana de Porto Alegre e o nível socioeconômico das famílias variou de médio a alto. A pesquisa teve um delineamento de estudo de casos coletivo, em que cada caso foi investigado longitudinalmente, em quatro períodos: na gestação, aos 6, aos 12 e aos 24 meses do segundo filho. Os dados foram obtidos através de entrevistas individuais, estruturadas, aplicadas de forma semi-dirigida. Os relatos das mães foram submetidos à análise de conteúdo qualitativa. As categorias que guiaram a análise foram: as impressões sobre o tornar-se mãe de um segundo filho, expectativas e relação com o segundo filho, relação com a própria mãe e relação com o marido. Foram apresentadas as particularidades e semelhanças entre os casos. Os resultados foram discutidos a partir do referencial psicanalítico e de teorizações derivadas do campo da psicologia do desenvolvimento. Notaramse mudanças ao longo do processo de tornar-se mãe de um segundo filho, que acompanharam o desenvolvimento tanto da criança quanto da própria mãe. Mesmo com o respaldo da experiência anterior, a ideia que o segundo seria mais fácil foi sendo revista, ao longo do desenvolvimento do segundo filho. A criação gradativa de espaço para mais uma criança constituiu-se num desafio que se deu paralelo ao desenvolvimento rumo à independência do segundo filho. As mães recorreram a muitas comparações entre os filhos, antes de poderem identificar e aceitar a singularidade de cada um. Em paralelo, a relação com a própria mãe passou por uma reorganização com a chegada do segundo filho. Houve aproximação entre ambas, que possibilitou uma reavaliação do modelo materno e da própria identidade das participantes como mães. A relação com o marido foi marcada pelo apoio, em especial, nos cuidados do primogênito, durante o período investigado. O “complexo fraterno” revelou-se como um importante conceito para se compreender processos evolutivos no tornar-se mãe de um segundo filho. / The present study investigated the process of becoming a mother of a second child, from pregnancy to the second child´s second year of life. More specifically, the study aimed to understand the impact of the “fraternal complex” in this process. Four mothers, aged 33 to 34, were contacted in the third trimester of pregnancy. They all lived with their husbands, who were the fathers of both children, in the metropolitan region of Porto Alegre. The families’ socioeconomic level varied from medium to high. The research was based on a collective-case study design, in which each case was investigated longitudinally, in four periods: during pregnancy, at the child’s 6, 12 and 24 months of life. Data were obtained from individual, semistructured interviews and were submitted to qualitative content analysis. The categories which guided the analysis were: impressions on becoming a mother of a second child, expectations and relationship with the second child, relationship with their own mothers and relationship with the father. The cases’ similarities and particularities were presented. The results were discussed based on the psychoanalytic framework and theorizations derived from the developmental psychology field. Some changes could be identified alongside the process of becoming a mother of a second child, wich followed both the child’s and the mother’s development. Despite the previous experience, the idea that the second child would be easier was revised alongside the second child’s development. The gradual creation of a space for one more child was a challenge that followed the second child’s development towards independence. Mothers recurred to many comparisons between the children before they could identify and accept each one’s singularity. At the same time, mothers’ relationship with their own mothers also went through a reorganization with the arrival of the second child. The proximity between them increased and enabled a reassessment of the maternal role and of their own identity as mothers. The relationship with their husbands was characterized by support, especially as far as firstborn care during the period investigated is concerned. The “fraternal complex” revealed itself as an important concept for understanding developmental processes in the process of becoming a mother of a second child.
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Características da representação do apego em adolescentes institucionalizados e processos de resiliência na construção de novas relações afetivas

Dalbem, Juliana Xavier January 2005 (has links)
Este trabalho investigou características da representação do apego em adolescentes institucionalizadas por medidas de proteção, através de estudos de caso. As participantes do estudo foram três adolescentes, entre 12 e 15 anos, que vivem em abrigos governamentais de proteção e que experienciaram separações da figura materna na primeira infância. Os dados foram coletados junto às instituições, através da inserção ecológica, da análise dos prontuários, entrevistas com profissionais da equipe técnica e entrevistas semi-diretivas individuais com as adolescentes. As entrevistas, elaboradas a partir de questões adaptadas de instrumentos contemporâneos de medida e avaliação de aspectos ligados ao apego, tinham por objetivo examinar as percepções das participantes sobre suas relações com os cuidadores citados como principais durante a infância, a relação atual com essas figuras, vivências de separações ou perdas, qualidades atribuídas às suas relações e percepção das experiências da infância. Através de eixos temáticos centrais relativos ao apego, as entrevistas foram analisadas em seu conteúdo, classificando-se as respostas em categorias descritivas. Os dados foram discutidos, considerando-se todas as informações coletadas, procurando-se identificar os aspectos mais característicos atribuídos aos padrões de apego, descritos como seguro/autônomo, preocupado/ansioso, evitativo/desapegado e desorganizado/desorientado. Embora os aspectos observados não possibilitem uma classificação das adolescentes nos padrões de apego, este estudo permitiu uma compreensão das características apresentadas, discutindo-se os processos de resiliência na construção de novas relações afetivas estabelecidas após a institucionalização. Os resultados indicam que o contexto institucional, vivenciado pelas adolescentes participantes, possibilitou a formação de novas relações afetivas que contribuíram para a representação de apego e para o desenvolvimento de competências. Este estudo sugere ainda a viabilidade do uso de entrevistas para avaliação e compreensão da representação mental do apego na adolescência.
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O comportamento exploratório de bebês e o comportamento de mães com indicadores de depressão durante uma psicoterapia breve mãe-bebê

Alfaya, Cristiane January 2006 (has links)
O presente estudo buscou examinar o comportamento exploratório dos bebês, e o comportamento das mães com indicadores de depressão, frente ao comportamento exploratório dos bebês, durante o processo de psicoterapia breve mãe-bebê, no primeiro ano de vida dos bebês. Foram considerados os aspectos objetivos e subjetivos da interação mãe-bebê envolvidos no comportamento exploratório do bebê. Para tanto, foram realizados três estudos de casos atendidos em sessões de psicoterapia mãe-bebê com duração variável (8 a 12 sessões). Cada sessão de psicoterapia foi analisada do ponto de vista do comportamento exploratório dos bebês e do comportamento materno. O comportamento exploratório dos bebês foi descrito e, posteriormente analisado de acordo com as categorias de manipulação exploratória fina e ampla, e de locomoção exploratória em direção ao ambiente e ao brinquedo. O comportamento das mães frente ao comportamento exploratório dos bebês foi também descrito e posteriormente analisado de acordo com as categorias de comportamento direto e indireto, construídas a partir da leitura do material de descrição da observação, e do referencial teórico do desenvolvimento emocional de Winnicott. O significado do comportamento das mães na sua história de vida foi também considerado a partir do conceito de identificação projetiva. Apoiando-se na teoria de separação–individuação, os resultados mostraram que os bebês de mães com depressão apresentaram comportamentos de exploração, como manipulação exploratória fina, ampla, locomoção exploratória em direção ao ambiente, e aos brinquedos, o que indica desenvolvimento da autonomia na perspectiva do desenvolvimento emocional. Do ponto de vista das mães, os resultados apóiam as evidências de que a mãe, ao interagir com o bebê, relaciona-se não apenas com o comportamento observado de maneira objetiva, mas também com imagens (modelos), os quais pertencem à mãe e aparecem na interação com o bebê (Bowlby, 1989; Hinde, 1992; Brazelton & Cramer, 1992) por meio da identificação projetiva (Brazelton & Cramer, 1992). Foram observadas mudanças nos comportamentos das mães e dos bebês ao longo das sessões, possivelmente, a partir do acesso às imagens (modelos) das mães das figuras de apego, e das intervenções da terapeuta.

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