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Estudo morfométrico e estereológico digital da mucosa do intestino delgado de crianças eutróficas e desnutridas com diarréiaPires, Ana Luiza Guedes January 2002 (has links)
Objetivos: Testar a hipótese de que a mucosa do intestino delgado proximal de crianças com diarréia persistente apresenta alterações morfométricas e estereológicas proporcionais ao estado nutricional. Métodos: estudo transversal, incluindo 65 pacientes pediátricos internados no período de maio de 1989 a novembro de 1991, com idade entre 4 meses e 5 anos , com diarréia de mais de 14 dias de duração, que necessitaram realizar biópsia de intestino delgado como parte do protocolo de investigação. A avaliação nutricional foi realizada pelos métodos de Gomez, Waterlow e pelos escores z para peso/ idade (P/I), peso/estatura (P/E) e estatura/idade (E/I), divididos em: eutróficos = z ≥ 2 DP e desnutridos z < -2dp; eutróficos = z ≥ 2 DP, risco nutricional = z < -1DP e desnutridos = z < -2DP; e de maneira contínua em ordem decrescente, utilizando-se as tabelas do NCHS. A captura e análise das imagens por programa de computador foi efetuada com o auxílio do patologista. Nos fragmentos de mucosa do intestino delgado, foram medidas a altura dos vilos, a profundidade das criptas, a espessura da mucosa, a espessura total da mucosa e a relação vilo/cripta, com aumento de 100 vezes. Com aumento de 500 vezes, foram medidas a altura do enterócito, a altura do núcleo e do bordo em escova. O programa computadorizado utilizado foi o Scion Image. A análise estereológica, foi feita com o uso de arcos ciclóides. Resultados: Para os escores z P/I, P/E e E/I, divididos em duas categorias de estado nutricional, não houve diferença estatisticamente significante quanto às medidas da altura dos vilos, profundidade das criptas, espessura da mucosa, espessura total da mucosa e relação vilo/cripta. A altura do enterócito foi a característica que apresentou maior diferença entre os grupos eutrófico e desnutrido, para os índices P/I e P/E, em 500 aumentos, sem atingir significância estatística. Quando os escores z foram divididos em 3 categorias de estado nutricional, a análise morfométrica digitalizada mostrou diferença estatisticamente significante para a relação vilo/cripta entre eutróficos e desnutridos leves e entre eutróficos e desnutridos moderados e graves (p=0,048). A relação vilo/cripta foi maior nos eutróficos. A avaliação nutricional pelos critérios de Waterlow e a análise estereológica não mostraram associação com o estado nutricional. Pelo método de Gomez, houve diferença estatisticamente significante para a altura do enterócito entre eutróficos e desnutridos de Grau III: quanto maior o grau de desnutrição, menor a altura do enterócito (r= -.3330; p = 0,005). As variáveis altura do enterócito, altura do núcleo do enterócito e do bordo em escova apresentaram uma clara associação com os índices P/I (r=0,25;p=0,038), P/E (r=0,029;p=0,019) e com o critério de avaliação nutricional de Gomez (r=-0,33;p=0,007), quando foram avaliadas pelo coeficiente de correlação de Pearson. A altura do núcleo mostrou associação com o índice P/I (r=0,24;p=0,054). A altura do bordo em escova mostrou associação com o índice P/I (r=0,26;p=0,032) e a avaliação nutricional de Gomez (r=-0,28;p=0,020). Conclusões: As associações encontradas entre o estado nutricional - avaliado de acordo com Gomez e os índices P/I e P/E - e as variáveis da mucosa do intestino delgado mostraram relação com o peso dos pacientes. Embora estas associações tenham sido de magnitude fraca a moderada, há uma tendência à diminuição do tamanho do enterócito, seu núcleo e seu bordo em escova à medida que aumenta o grau de desnutrição. / Objectives: To test the hypothesis that the proximal small intestinal mucosa of children with persistent diarrhea presents morphometric and stereologic changes, proportional to their nutritional status. Methods: We performed a cross-sectional study with 65 pediatric patients, with ages varying from 4 months to 5 years, who were admitted between May 1989 and November 1991 with persistent diarrhea for over 14 days. These patients were submitted to small intestinal biopsy, as part of the investigation protocol. The nutritional assessment was performed according to the methods proposed by Gomez, Waterlow, and through z-scores for weight/age (W/A), weight/height (W/H) and height/age (H/A) ratios, divided into: eutrophic = z ≥ 2SD and malnourished z < -2SD; eutrophic = z ≥ 2SD, nutritional risk z < -1SD and malnourished = z < -2SD; and continuously, in descending order, using the NCHS charts. Computer images were obtained and analyzed with a pathologist assistance. Villous height, crypt depth, mucosal thickness, total mucosal thickness, and villous/crypt ratio were measured in the fragments of the small intestinal mucosa, enlarged 100 times. When images were enlarged 500 times, enterocyte height, nuclear height and brush-border height were measured. The software used was Scion Image. Stereologic analysis was performed using cycloid arcs. Results: For W/A, W/H and H/A z-scores, divided into two nutritional status categories, no statistically significant difference was observed in regard to villous height, crypt depth, mucosal thickness, total mucosal thickness and villous/crypt ratio. Enterocyte height presented the most significant difference between eutrophic and malnourished groups, for the W/A and W/H ratios, with a 500x enlargement, although this difference was not statistically significant. When z-scores were subdivided into three nutritional status categories, a digital morphometric analysis showed a statistically significant difference for the villous/crypt ratio between the eutrophic and slightly malnourished group and the eutrophic and mild to severe malnourished group (P=0.048). The villous/crypt ratio was higher among eutrophic children. Nutritional assessment, according to Waterlow criteria, and stereologic analysis were not associated with nutritional status. According to Gomez’s method, a statistically significant difference in enterocyte height was observed between eutrophic and level III malnourished children: the higher the level of malnutrition, the more reduced the height of the enterocyte (r= -.3330; P=0.005). The variables enterocyte height, height of enterocyte nucleus and brush-border height presented a clear association with the W/A ratio (r=0.25; P=0.038), W/H ratio (r=0.029; P=0.019), as well as with Gomez’s criterion for nutritional status (r=-0.33; P=0.007), when evaluated through Pearson’s correlation coefficient. The height of the nucleus was associated with W/A ratio (r=0.24; p=0.054). Brush-border height was associated with W/A ratio and with Gomez’s nutritional assessment (r=-0.28; P=0.020). Conclusions: The observed associations between nutritional status – evaluated according to Gomez and W/A and W/H ratios – and the analyzed small intestinal mucosa variables showed a positive correlation with patients’ weight. Although these associations were of a slight to moderate magnitude, we observed a tendency of enterocyte size reduction, as well as a reduction in the size of its nucleus and brush-border, as the level of malnutrition increases.
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Evolução do estado nutricional dos pacientes internados na unidade pediátrica do Hospital de Clínicas de Porto AlegreSilveira, Carla Rosane de Moraes January 2007 (has links)
A avaliação nutricional integra o exame clínico, dado o impacto da desnutrição sobre a evolução da criança hospitalizada. Curvas de crescimento, derivadas de populações infantis não agudamente doentes, são rotineiramente adotadas. No entanto, seu emprego limita a identificação precoce das crianças que se beneficiariam com a implantação de terapia nutricional, por diagnosticar desnutrição já instalada. Também, não é totalmente claro se mudanças nutricionais agudas, em curto período de tempo, podem ser captadas por estes instrumentos. Neste sentido, a presente dissertação de mestrado se propôs a avaliar a prevalência de desnutrição na admissão e a evolução do estado nutricional de pacientes pediátricos de um hospital brasileiro de alta complexidade, descrevendo a associação entre o estado nutricional, tempo de hospitalização, via de administração da dieta e diagnóstico clínico, além de comparar a concordância entre as curvas do NCHS (1977), CDC (2000) e OMS (2006). As crianças foram incluídas ao serem hospitalizadas em qualquer um dos 72 leitos das unidades de pediatria geral. A avaliação foi realizada nas primeiras 48 horas da hospitalização e repetida a cada 7 dias, até a alta hospitalar. Os índices estatura/idade (E/I), peso/idade (P/I) e peso/estatura (P/E) foram estabelecidos para crianças até 10 anos de idade e para as demais, foi calculado o Índice de Massa Corporal (IMC). A classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS/2006) foi adotada como referência para as crianças com idade < 5 anos. Para as crianças entre 5 e 10 anos incompletos adotou-se a classificação do National Center For Health Statistics (NCHS,1977) como referência, a classificação da OMS/1995 serviu como padrão de referência para o IMC, nas demais crianças. A comparação do estado nutricional nos 4 momentos de avaliação foi realizada através de análise de variância (ANOVA) para medidas repetidas, com teste Post-Hoc de Bonferroni. Curva de Kaplan-Meier foi plotada para avaliar a associação entre estado nutricional e tempo de internação. A concordância entre o diagnóstico emitido pelas 3 curvas foi estimada por meio do coeficiente kappa. As análises foram procedidas no software SPSS versão 12.0. O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética e Pesquisa da instituição. Foram incluídos 426 pacientes, sendo 57% meninos e 50,7% menores de um ano. Na admissão, a prevalência de desnutrição variou entre 10% e 21%, dependendo do índice adotado. Nas crianças com até 10 anos de idade, verificou-se melhora do estado nutricional em 21 dias de hospitalização. Pacientes classificados como desnutridos pelo P/E e IMC apresentaram maior risco para permanecerem hospitalizados (HR=1,41; IC95%:1,02-1,92). Não houve associação entre diagnóstico clínico e nutricional (p=0,28). A média de calorias ofertadas aos pacientes, independente da via de administração, estavam em sua maioria adequadas, enquanto a oferta de proteínas excedeu às recomendações para a idade. O uso de via enteral associada à via oral foi mais freqüente nos pacientes com diagnóstico de desnutrição e em risco de baixo peso. Para crianças com idade < 5 anos, foi observada forte correlação na avaliação de todos os índices através das 3 curvas. Ainda assim, quando cada índice foi avaliado em categorias, foi verificada concordância moderada entre os métodos (kappa entre 0,61 e 0,86), havendo tendência do padrão da OMS em classificar mais pacientes como “baixa estatura” e “baixo peso”. Desnutrição, independente do critério empregado para seu diagnóstico, ou do diagnóstico clínico da criança, é prevalente à admissão de crianças, aumentando sua expectativa de permanência hospitalar. A oferta de calorias às crianças foi apropriada e foi observada melhora do estado nutricional dos pacientes durante a hospitalização. Não há concordância plena na classificação nutricional obtida através das 3 curvas avaliadas e, como estratégia de rastreamento, os critérios estabelecidos pela OMS mostram-se mais úteis na identificação de desnutrição. / Nutritional evaluation integrates clinical examination due to the impact of undernutrition on the evolution of a hospitalized child. Growth curves, derived from child populations that are not acutely ill, are usually adopted. However, its use restricts the early identification of the children that would benefit from the implantation of nutritional therapy, as it diagnosis installed undernutrition. Also, it is not completely clear if acute nutritional changes, in a short period of time, may be captured by these instruments. With this regard, this master’s thesis proposes to evaluate the prevalence of undernutrition and the evolution of the nutritional status of pediatric patients in a high complexity Brazilian hospital, describing the association between nutritional status, length of hospital stay, feeding mode, and clinical diagnosis, besides comparing the concordance among the curves of the NCHS (1977), CDC (2000) and WHO (2006). Children were included in the study when they were admitted to any of the 72 beds of the units of general pediatrics. The evaluation was carried out in the first 48 hours of hospitalization and repeated every 7 days, up to hospital discharge. The stature/age (S/A), weight/age (W/A) and weight/stature (W/S) scores were established for children below 10 years of age and for the others, the Body Mass Index (BMI) was calculated. The classification of the World Health Organization (WHO/2006) was adopted as a reference for children < 5 years of age. For children between 5 and 10 years of age, the classification of the National Center for Health Statistics (NCHS, 1977) was adopted as a reference. The classification of the WHA/1995 served as a standard for the BMI in the other children. The comparison of the nutritional status in the four moments of the evaluation was carried out using analysis of variance (ANOVA) for repeated measures, with Bonferroni’s Post-Hoc test. Kaplan-Meier’s curve was plotted in order to evaluate the association between nutritional status and length of hospital stay. The concordance between the diagnoses provided by the 3 curves was estimated by means of the kappa coefficient. The analyses were done in the SPSS software version 12.0. The study was approved by the Ethics and Research Committed of the institution. 426 patients were included. 57% were boys and 50.7% below one year of age. At admission, the prevalence of undernutrition ranged from 10% and 21%, depending on the index adopted. In children below 10 years of age, improvement of the nutritional status in 21 days of hospitalization was observed. Patients classified as undernourished by W/S and BMI showed a greater risk of remaining hospitalized (HR=1.41; IC95%:1.02-1.92). There was no association between clinical and nutritional diagnosis (p=0.28). The average of calories offered patients, regardless of feeding mode, were mostly adequate, whereas the offer of protein exceeded the age recommendations. The use of enteral feeding associated with oral feeding was more frequent in the patients with diagnosis of undernutrition and at risk of low weight. For children < 5 years of age, a strong correlation in the evaluation of all the scores by the 3 curves was observed. Yet, when each score was evaluated in categories, a moderate concordance among the methods (kappa between 0.61 and 0.86) was found, with a tendency to the WHO standard in classifying more patients as “low stature” and “low weight”. Undernutrition, regardless of the criteria used for its diagnosis, or the child’s clinical diagnosis, is prevalent at children’s admission, increasing their expectancy of length of hospital stay. The calorie offer to children was adequate and improvement of the patients’ nutritional status during the hospitalization was observed. There is no complete concordance in the nutritional classification obtained by the 3 curves evaluated and, as a tracking strategy, the criteria established by the WHO showed to be more useful in the identification if undernutrition.
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Situação nutricional e suas tendências em mulheres e crianças da África Subsaariana e fatores associados à desnutrição em uma população infantil de Luanda, AngolaHumbwavali, João Baptista January 2016 (has links)
INTRODUÇÃO: As prevalências de desnutrição infantil ainda são altas nos países da África Subsaariana; porém, há indícios de que a obesidade em adultos esteja aumentando. Neste cenário, se, por um lado, é importante combater a desnutrição, por outro, é fundamental identificar as tendências do excesso de peso ao longo do tempo, a fim de prevenir grandes elevações de obesidade e doenças crônicas. Com isso, os objetivos desta pesquisa foram: descrever as tendências de obesidade ao longo das últimas décadas em mulheres em idade fértil e em crianças menores de 5 anos, paralelamente àquelas de desnutrição nesse mesmo grupo de crianças em países da África Subsaariana; e identificar os fatores associados à desnutrição em crianças menores de 2 anos em um município de Luanda, Angola. MÉTODOS: Para descrever as tendências da situação nutricional, foram utilizados dados de inquéritos nacionais (Demographic and Health Surveys e Multiple Indicator Cluster Samples) de 13 países do continente africano, que tinham pelo menos quatro inquéritos disponíveis. Foram traçadas tendências para os desfechos: obesidade em mulheres com idade entre 15 e 49 anos, e sobrepeso, baixa estatura (stunting), baixo peso para altura (wasting), baixo peso para idade (underweight) e baixo peso ao nascer em crianças com menos de 5 anos. Para as tendências individuais de cada país, foi realizada regressão linear, enquanto para as tendências considerando o conjunto dos 13 países, empregou-se modelo de regressão multinível. Quanto à identificação dos fatores associados com a desnutrição, foram utilizados dados de um estudo transversal de base populacional realizado em Cacuaco, município da província de Luanda, em 2010. Os desfechos estudados foram baixa estatura (stunting) e baixo peso para idade (underweight). Foram estimadas razões de prevalência (RP) por regressão de Poisson com variância robusta utilizando modelo hierarquizado. RESULTADOS: A prevalência de obesidade cresceu entre mulheres em idade fértil na maior parte dos países estudados, em média 2,8 pontos percentuais por década (P<0,001), acompanhada por importante diminuição de stunting, em média de 5,6 pontos percentuais por década (P<0,001) e diminuição bem menor de wasting, em média de 1,1 ponto percentual por década (P=0,09), sem evidência, até o momento, de aumento de sobrepeso em crianças abaixo de 5 anos (aumento de 1,0 ponto percentual por década, P=0,14). Em Angola, das 749 crianças incluídas no estudo, 232 [32,0% (IC 95%: 28,7-35,5%)] tinham baixa estatura e 109 [15,1% (IC 95%: 12,6-17,9%)] estavam com peso baixo para idade. Na análise multivariável final, foram identificados os seguintes fatores associados com os desfechos pesquisados: ocorrência de diarreia nos últimos 15 dias (RP 1,39 [IC95% 1,06-1,84]) para baixa estatura; e presença de óbito de outros filhos (RP 1,52 [IC95% 1,01-2,28]) para baixo peso para idade. Em modelo composto apenas de fatores distais e intermediários, a presença de cuidador principal (outro que não a mãe) aumentou a prevalência de baixa estatura em 42% (RP 1,42; IC95% 1,10-1,84) e para cada mês mais tarde que a mãe o iniciou pré-natal, a prevalência de baixo peso para idade aumentou em 20% (RP 1,20; IC95% 1,03-1,40). CONCLUSÃO: Foi possível descrever a tendência preocupante de aumento de obesidade em mulheres em idade fértil nos países estudados. Em Angola, poucos fatores individuais foram descritos, sugerindo que a influência de fatores coletivos é importante. Esses dados devem ser úteis para o planejamento de ações visando, por um lado, à prevenção de uma epidemia de obesidade em crianças na África Subsaariana e, por outro, ao enfrentamento atual das altas taxas de desnutrição em crianças em Angola e outros países. / INTRODUCTION: The prevalence of child malnutrition is still high in sub-Saharan Africa; however, there is evidence that obesity in adults is increasing. In this scenario, on the one hand, it is important to tackle malnutrition, while on the other, it is essential to identify trends in excess weight over time, so as to focus attention on the prevention of large increases in obesity and the chronic diseases it causes. Thus, the objectives of this study were to describe trends in sub-Saharan Africa in obesity over the past decades in women of childbearing age and in children under 5 years of age, in parallel with those of malnutrition in the same group of children; as well as to identify factors associated with malnutrition in children under 2 years living in the suburban area of Luanda, Angola. METHODS: To describe the trends in nutritional status, secondary data from national surveys (Demographic and Health Surveys and Multiple Indicator Cluster Samples) of 13 African countries having at least four available surveys, were used. Trends were described for the outcomes obesity in women aged 15 to 49, and overweight, stunting, wasting, underweight and low birthweight in children under 5 years. For individual trends in each country, linear regression was performed. For trends considering the group of 13 countries, we used a multilevel regression model. To identify the factors associated with malnutrition, data from a cross-sectional population-based study held in Cacuaco, a municipality of Luanda, in 2010 were used. The outcomes studied were stunting and underweight. Prevalence ratios (PR) were estimated by Poisson regression with robust variance using a hierarchical model. RESULTS: The prevalence of obesity increased among women of reproductive age in most of the countries studied, on average 2.8 percentage points per decade (P<0.001), accompanied by significant reduction of stunting, on average 5.6 percentage points per decade (P<0.001) and a decrease, though much smaller, of wasting, on average 1.1 percentage points per decade (P=0.09), with no evidence, to date, of an increase in overweight in children under 5 years (increase of 1.0 percentage points per decade, P = 0.14).In Angola, among the 749 children included in the study, 232 [32.0% (95% CI: 28.7 to 35.5%)] were stunted and 109 [15.1% (95% CI: 12.6- 17.9)] were underweight. In the final multivariate analysis model, the following factors have been identified as associated with the studied outcomes: occurrence of diarrhea in the last 15 days (PR 1.39 [95% CI 1.06 to 1.84]) for stunting; and death of other children from the same mother (PR 1.52 [95% CI 1.01-2.28]) for underweight. In a model composed only of distal and intermediate factors, the primary caregiver not being the mother increased the prevalence of stunting by 42% (PR 1.42, 95%CI 1.10- 1.84) and each month that prenatal care was delayed increased the prevalence of underweight by 20% (PR 1.20, 95% CI 1.03-1.40). CONCLUSION: These results enabled the identification of a worrying increasing trend of obesity in women of childbearing age in the studied countries, in a context in which child malnutrition still prevails, especially stunting. In Angola, although it was possible to identify factors associated with malnutrition never before studied in Luanda, few individual factors were identified that increased the prevalence of malnutrition, suggesting that the problem results primarily from factors affecting society as a whole. These data should be useful for planning aimed, on the one hand, to prevent an epidemic of obesity in children in sub-Saharan Africa, and on the other, meeting the challenge of current widespread childhood malnutrition in Angola and other countries.
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Estudo morfométrico e estereológico digital da mucosa do intestino delgado de crianças eutróficas e desnutridas com diarréiaPires, Ana Luiza Guedes January 2002 (has links)
Objetivos: Testar a hipótese de que a mucosa do intestino delgado proximal de crianças com diarréia persistente apresenta alterações morfométricas e estereológicas proporcionais ao estado nutricional. Métodos: estudo transversal, incluindo 65 pacientes pediátricos internados no período de maio de 1989 a novembro de 1991, com idade entre 4 meses e 5 anos , com diarréia de mais de 14 dias de duração, que necessitaram realizar biópsia de intestino delgado como parte do protocolo de investigação. A avaliação nutricional foi realizada pelos métodos de Gomez, Waterlow e pelos escores z para peso/ idade (P/I), peso/estatura (P/E) e estatura/idade (E/I), divididos em: eutróficos = z ≥ 2 DP e desnutridos z < -2dp; eutróficos = z ≥ 2 DP, risco nutricional = z < -1DP e desnutridos = z < -2DP; e de maneira contínua em ordem decrescente, utilizando-se as tabelas do NCHS. A captura e análise das imagens por programa de computador foi efetuada com o auxílio do patologista. Nos fragmentos de mucosa do intestino delgado, foram medidas a altura dos vilos, a profundidade das criptas, a espessura da mucosa, a espessura total da mucosa e a relação vilo/cripta, com aumento de 100 vezes. Com aumento de 500 vezes, foram medidas a altura do enterócito, a altura do núcleo e do bordo em escova. O programa computadorizado utilizado foi o Scion Image. A análise estereológica, foi feita com o uso de arcos ciclóides. Resultados: Para os escores z P/I, P/E e E/I, divididos em duas categorias de estado nutricional, não houve diferença estatisticamente significante quanto às medidas da altura dos vilos, profundidade das criptas, espessura da mucosa, espessura total da mucosa e relação vilo/cripta. A altura do enterócito foi a característica que apresentou maior diferença entre os grupos eutrófico e desnutrido, para os índices P/I e P/E, em 500 aumentos, sem atingir significância estatística. Quando os escores z foram divididos em 3 categorias de estado nutricional, a análise morfométrica digitalizada mostrou diferença estatisticamente significante para a relação vilo/cripta entre eutróficos e desnutridos leves e entre eutróficos e desnutridos moderados e graves (p=0,048). A relação vilo/cripta foi maior nos eutróficos. A avaliação nutricional pelos critérios de Waterlow e a análise estereológica não mostraram associação com o estado nutricional. Pelo método de Gomez, houve diferença estatisticamente significante para a altura do enterócito entre eutróficos e desnutridos de Grau III: quanto maior o grau de desnutrição, menor a altura do enterócito (r= -.3330; p = 0,005). As variáveis altura do enterócito, altura do núcleo do enterócito e do bordo em escova apresentaram uma clara associação com os índices P/I (r=0,25;p=0,038), P/E (r=0,029;p=0,019) e com o critério de avaliação nutricional de Gomez (r=-0,33;p=0,007), quando foram avaliadas pelo coeficiente de correlação de Pearson. A altura do núcleo mostrou associação com o índice P/I (r=0,24;p=0,054). A altura do bordo em escova mostrou associação com o índice P/I (r=0,26;p=0,032) e a avaliação nutricional de Gomez (r=-0,28;p=0,020). Conclusões: As associações encontradas entre o estado nutricional - avaliado de acordo com Gomez e os índices P/I e P/E - e as variáveis da mucosa do intestino delgado mostraram relação com o peso dos pacientes. Embora estas associações tenham sido de magnitude fraca a moderada, há uma tendência à diminuição do tamanho do enterócito, seu núcleo e seu bordo em escova à medida que aumenta o grau de desnutrição. / Objectives: To test the hypothesis that the proximal small intestinal mucosa of children with persistent diarrhea presents morphometric and stereologic changes, proportional to their nutritional status. Methods: We performed a cross-sectional study with 65 pediatric patients, with ages varying from 4 months to 5 years, who were admitted between May 1989 and November 1991 with persistent diarrhea for over 14 days. These patients were submitted to small intestinal biopsy, as part of the investigation protocol. The nutritional assessment was performed according to the methods proposed by Gomez, Waterlow, and through z-scores for weight/age (W/A), weight/height (W/H) and height/age (H/A) ratios, divided into: eutrophic = z ≥ 2SD and malnourished z < -2SD; eutrophic = z ≥ 2SD, nutritional risk z < -1SD and malnourished = z < -2SD; and continuously, in descending order, using the NCHS charts. Computer images were obtained and analyzed with a pathologist assistance. Villous height, crypt depth, mucosal thickness, total mucosal thickness, and villous/crypt ratio were measured in the fragments of the small intestinal mucosa, enlarged 100 times. When images were enlarged 500 times, enterocyte height, nuclear height and brush-border height were measured. The software used was Scion Image. Stereologic analysis was performed using cycloid arcs. Results: For W/A, W/H and H/A z-scores, divided into two nutritional status categories, no statistically significant difference was observed in regard to villous height, crypt depth, mucosal thickness, total mucosal thickness and villous/crypt ratio. Enterocyte height presented the most significant difference between eutrophic and malnourished groups, for the W/A and W/H ratios, with a 500x enlargement, although this difference was not statistically significant. When z-scores were subdivided into three nutritional status categories, a digital morphometric analysis showed a statistically significant difference for the villous/crypt ratio between the eutrophic and slightly malnourished group and the eutrophic and mild to severe malnourished group (P=0.048). The villous/crypt ratio was higher among eutrophic children. Nutritional assessment, according to Waterlow criteria, and stereologic analysis were not associated with nutritional status. According to Gomez’s method, a statistically significant difference in enterocyte height was observed between eutrophic and level III malnourished children: the higher the level of malnutrition, the more reduced the height of the enterocyte (r= -.3330; P=0.005). The variables enterocyte height, height of enterocyte nucleus and brush-border height presented a clear association with the W/A ratio (r=0.25; P=0.038), W/H ratio (r=0.029; P=0.019), as well as with Gomez’s criterion for nutritional status (r=-0.33; P=0.007), when evaluated through Pearson’s correlation coefficient. The height of the nucleus was associated with W/A ratio (r=0.24; p=0.054). Brush-border height was associated with W/A ratio and with Gomez’s nutritional assessment (r=-0.28; P=0.020). Conclusions: The observed associations between nutritional status – evaluated according to Gomez and W/A and W/H ratios – and the analyzed small intestinal mucosa variables showed a positive correlation with patients’ weight. Although these associations were of a slight to moderate magnitude, we observed a tendency of enterocyte size reduction, as well as a reduction in the size of its nucleus and brush-border, as the level of malnutrition increases.
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Evolução do estado nutricional dos pacientes internados na unidade pediátrica do Hospital de Clínicas de Porto AlegreSilveira, Carla Rosane de Moraes January 2007 (has links)
A avaliação nutricional integra o exame clínico, dado o impacto da desnutrição sobre a evolução da criança hospitalizada. Curvas de crescimento, derivadas de populações infantis não agudamente doentes, são rotineiramente adotadas. No entanto, seu emprego limita a identificação precoce das crianças que se beneficiariam com a implantação de terapia nutricional, por diagnosticar desnutrição já instalada. Também, não é totalmente claro se mudanças nutricionais agudas, em curto período de tempo, podem ser captadas por estes instrumentos. Neste sentido, a presente dissertação de mestrado se propôs a avaliar a prevalência de desnutrição na admissão e a evolução do estado nutricional de pacientes pediátricos de um hospital brasileiro de alta complexidade, descrevendo a associação entre o estado nutricional, tempo de hospitalização, via de administração da dieta e diagnóstico clínico, além de comparar a concordância entre as curvas do NCHS (1977), CDC (2000) e OMS (2006). As crianças foram incluídas ao serem hospitalizadas em qualquer um dos 72 leitos das unidades de pediatria geral. A avaliação foi realizada nas primeiras 48 horas da hospitalização e repetida a cada 7 dias, até a alta hospitalar. Os índices estatura/idade (E/I), peso/idade (P/I) e peso/estatura (P/E) foram estabelecidos para crianças até 10 anos de idade e para as demais, foi calculado o Índice de Massa Corporal (IMC). A classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS/2006) foi adotada como referência para as crianças com idade < 5 anos. Para as crianças entre 5 e 10 anos incompletos adotou-se a classificação do National Center For Health Statistics (NCHS,1977) como referência, a classificação da OMS/1995 serviu como padrão de referência para o IMC, nas demais crianças. A comparação do estado nutricional nos 4 momentos de avaliação foi realizada através de análise de variância (ANOVA) para medidas repetidas, com teste Post-Hoc de Bonferroni. Curva de Kaplan-Meier foi plotada para avaliar a associação entre estado nutricional e tempo de internação. A concordância entre o diagnóstico emitido pelas 3 curvas foi estimada por meio do coeficiente kappa. As análises foram procedidas no software SPSS versão 12.0. O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética e Pesquisa da instituição. Foram incluídos 426 pacientes, sendo 57% meninos e 50,7% menores de um ano. Na admissão, a prevalência de desnutrição variou entre 10% e 21%, dependendo do índice adotado. Nas crianças com até 10 anos de idade, verificou-se melhora do estado nutricional em 21 dias de hospitalização. Pacientes classificados como desnutridos pelo P/E e IMC apresentaram maior risco para permanecerem hospitalizados (HR=1,41; IC95%:1,02-1,92). Não houve associação entre diagnóstico clínico e nutricional (p=0,28). A média de calorias ofertadas aos pacientes, independente da via de administração, estavam em sua maioria adequadas, enquanto a oferta de proteínas excedeu às recomendações para a idade. O uso de via enteral associada à via oral foi mais freqüente nos pacientes com diagnóstico de desnutrição e em risco de baixo peso. Para crianças com idade < 5 anos, foi observada forte correlação na avaliação de todos os índices através das 3 curvas. Ainda assim, quando cada índice foi avaliado em categorias, foi verificada concordância moderada entre os métodos (kappa entre 0,61 e 0,86), havendo tendência do padrão da OMS em classificar mais pacientes como “baixa estatura” e “baixo peso”. Desnutrição, independente do critério empregado para seu diagnóstico, ou do diagnóstico clínico da criança, é prevalente à admissão de crianças, aumentando sua expectativa de permanência hospitalar. A oferta de calorias às crianças foi apropriada e foi observada melhora do estado nutricional dos pacientes durante a hospitalização. Não há concordância plena na classificação nutricional obtida através das 3 curvas avaliadas e, como estratégia de rastreamento, os critérios estabelecidos pela OMS mostram-se mais úteis na identificação de desnutrição. / Nutritional evaluation integrates clinical examination due to the impact of undernutrition on the evolution of a hospitalized child. Growth curves, derived from child populations that are not acutely ill, are usually adopted. However, its use restricts the early identification of the children that would benefit from the implantation of nutritional therapy, as it diagnosis installed undernutrition. Also, it is not completely clear if acute nutritional changes, in a short period of time, may be captured by these instruments. With this regard, this master’s thesis proposes to evaluate the prevalence of undernutrition and the evolution of the nutritional status of pediatric patients in a high complexity Brazilian hospital, describing the association between nutritional status, length of hospital stay, feeding mode, and clinical diagnosis, besides comparing the concordance among the curves of the NCHS (1977), CDC (2000) and WHO (2006). Children were included in the study when they were admitted to any of the 72 beds of the units of general pediatrics. The evaluation was carried out in the first 48 hours of hospitalization and repeated every 7 days, up to hospital discharge. The stature/age (S/A), weight/age (W/A) and weight/stature (W/S) scores were established for children below 10 years of age and for the others, the Body Mass Index (BMI) was calculated. The classification of the World Health Organization (WHO/2006) was adopted as a reference for children < 5 years of age. For children between 5 and 10 years of age, the classification of the National Center for Health Statistics (NCHS, 1977) was adopted as a reference. The classification of the WHA/1995 served as a standard for the BMI in the other children. The comparison of the nutritional status in the four moments of the evaluation was carried out using analysis of variance (ANOVA) for repeated measures, with Bonferroni’s Post-Hoc test. Kaplan-Meier’s curve was plotted in order to evaluate the association between nutritional status and length of hospital stay. The concordance between the diagnoses provided by the 3 curves was estimated by means of the kappa coefficient. The analyses were done in the SPSS software version 12.0. The study was approved by the Ethics and Research Committed of the institution. 426 patients were included. 57% were boys and 50.7% below one year of age. At admission, the prevalence of undernutrition ranged from 10% and 21%, depending on the index adopted. In children below 10 years of age, improvement of the nutritional status in 21 days of hospitalization was observed. Patients classified as undernourished by W/S and BMI showed a greater risk of remaining hospitalized (HR=1.41; IC95%:1.02-1.92). There was no association between clinical and nutritional diagnosis (p=0.28). The average of calories offered patients, regardless of feeding mode, were mostly adequate, whereas the offer of protein exceeded the age recommendations. The use of enteral feeding associated with oral feeding was more frequent in the patients with diagnosis of undernutrition and at risk of low weight. For children < 5 years of age, a strong correlation in the evaluation of all the scores by the 3 curves was observed. Yet, when each score was evaluated in categories, a moderate concordance among the methods (kappa between 0.61 and 0.86) was found, with a tendency to the WHO standard in classifying more patients as “low stature” and “low weight”. Undernutrition, regardless of the criteria used for its diagnosis, or the child’s clinical diagnosis, is prevalent at children’s admission, increasing their expectancy of length of hospital stay. The calorie offer to children was adequate and improvement of the patients’ nutritional status during the hospitalization was observed. There is no complete concordance in the nutritional classification obtained by the 3 curves evaluated and, as a tracking strategy, the criteria established by the WHO showed to be more useful in the identification if undernutrition.
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Desnutrição e excesso de peso no meio rural de Arambaré, RS : (des)construindo idéias, repensando novos desafiosRocha, Lívia January 2006 (has links)
O presente estudo insere-se no programa interdisciplinar “Evolução e diferenciação da agricultura, transformação do meio natural e desenvolvimento sustentável em espaços rurais do sul do Brasil”. Nele a área da saúde, aborda as interfaces entre a saúde pública e a antropologia sobre as desigualdades sociais no meio rural e prioriza os segmentos mais fragilizados da população. Tem como objetivo conhecer a situação nutricional e o contexto de vida do universo de crianças menores de cinco anos do meio rural de Arambaré/RS, através de um estudo epidemiológico do tipo seccional. Os dados referentes ao contexto de vida, foram coletados por intermédio de um formulário semi-estruturado e analisados via estatística descritiva no software Epi-info 6.04. A avaliação antropométrica foi realizada com base em índices antropométricos (Peso/Idade, Peso/Estatura, Estatura/Idade) expressos em escore Z, como população de referência a do NCHS e analisados através do programa EPINUT. Os resultados mostram que a pobreza rural é marcante no contexto estudado e a agricultura de subsistência pouco expressiva. Constatase a dificuldade de acesso da população rural aos serviços de saúde. No que se refere à alimentação, identifica-se à introdução alimentar precoce e a adoção de padrões/modelos alimentares tidos como urbanos; o aleitamento materno exclusivo é pouco praticado. Em relação à nutrição, os problemas de déficit confirmam uma realidade comum a contextos rurais, e o excesso de peso, pouco explorado nestes locais, tem prevalência um pouco acima do esperado para população considerada saudável. Algumas associações estatísticas são observadas entre o excesso de peso e a não realização do aleitamento materno; no caso da desnutrição crônica, esta teria relação com a baixa escolaridade materna e com o peso da criança ao nascer. Evidencia-se que a complexidade que envolve os problemas nutricionais dificulta a construção de modelos causais, baseados em fatores de risco pré-estabelecidos; há diferentes graus de vulnerabilidade ao adoecimento, modulados pelas lógicas internas e pelo protagonismo social, como é visto na distribuição dos problemas nutricionais dentro da heterogeneidade social presente no município. O estudo desvela a necessidade de se repensar a atenção social, econômica e de saúde para a população rural. Acredita-se que essas e outras informações produzidas por este estudo, poderão influenciar políticas públicas locais direcionadas às crianças e às suas família.
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Situação nutricional e suas tendências em mulheres e crianças da África Subsaariana e fatores associados à desnutrição em uma população infantil de Luanda, AngolaHumbwavali, João Baptista January 2016 (has links)
INTRODUÇÃO: As prevalências de desnutrição infantil ainda são altas nos países da África Subsaariana; porém, há indícios de que a obesidade em adultos esteja aumentando. Neste cenário, se, por um lado, é importante combater a desnutrição, por outro, é fundamental identificar as tendências do excesso de peso ao longo do tempo, a fim de prevenir grandes elevações de obesidade e doenças crônicas. Com isso, os objetivos desta pesquisa foram: descrever as tendências de obesidade ao longo das últimas décadas em mulheres em idade fértil e em crianças menores de 5 anos, paralelamente àquelas de desnutrição nesse mesmo grupo de crianças em países da África Subsaariana; e identificar os fatores associados à desnutrição em crianças menores de 2 anos em um município de Luanda, Angola. MÉTODOS: Para descrever as tendências da situação nutricional, foram utilizados dados de inquéritos nacionais (Demographic and Health Surveys e Multiple Indicator Cluster Samples) de 13 países do continente africano, que tinham pelo menos quatro inquéritos disponíveis. Foram traçadas tendências para os desfechos: obesidade em mulheres com idade entre 15 e 49 anos, e sobrepeso, baixa estatura (stunting), baixo peso para altura (wasting), baixo peso para idade (underweight) e baixo peso ao nascer em crianças com menos de 5 anos. Para as tendências individuais de cada país, foi realizada regressão linear, enquanto para as tendências considerando o conjunto dos 13 países, empregou-se modelo de regressão multinível. Quanto à identificação dos fatores associados com a desnutrição, foram utilizados dados de um estudo transversal de base populacional realizado em Cacuaco, município da província de Luanda, em 2010. Os desfechos estudados foram baixa estatura (stunting) e baixo peso para idade (underweight). Foram estimadas razões de prevalência (RP) por regressão de Poisson com variância robusta utilizando modelo hierarquizado. RESULTADOS: A prevalência de obesidade cresceu entre mulheres em idade fértil na maior parte dos países estudados, em média 2,8 pontos percentuais por década (P<0,001), acompanhada por importante diminuição de stunting, em média de 5,6 pontos percentuais por década (P<0,001) e diminuição bem menor de wasting, em média de 1,1 ponto percentual por década (P=0,09), sem evidência, até o momento, de aumento de sobrepeso em crianças abaixo de 5 anos (aumento de 1,0 ponto percentual por década, P=0,14). Em Angola, das 749 crianças incluídas no estudo, 232 [32,0% (IC 95%: 28,7-35,5%)] tinham baixa estatura e 109 [15,1% (IC 95%: 12,6-17,9%)] estavam com peso baixo para idade. Na análise multivariável final, foram identificados os seguintes fatores associados com os desfechos pesquisados: ocorrência de diarreia nos últimos 15 dias (RP 1,39 [IC95% 1,06-1,84]) para baixa estatura; e presença de óbito de outros filhos (RP 1,52 [IC95% 1,01-2,28]) para baixo peso para idade. Em modelo composto apenas de fatores distais e intermediários, a presença de cuidador principal (outro que não a mãe) aumentou a prevalência de baixa estatura em 42% (RP 1,42; IC95% 1,10-1,84) e para cada mês mais tarde que a mãe o iniciou pré-natal, a prevalência de baixo peso para idade aumentou em 20% (RP 1,20; IC95% 1,03-1,40). CONCLUSÃO: Foi possível descrever a tendência preocupante de aumento de obesidade em mulheres em idade fértil nos países estudados. Em Angola, poucos fatores individuais foram descritos, sugerindo que a influência de fatores coletivos é importante. Esses dados devem ser úteis para o planejamento de ações visando, por um lado, à prevenção de uma epidemia de obesidade em crianças na África Subsaariana e, por outro, ao enfrentamento atual das altas taxas de desnutrição em crianças em Angola e outros países. / INTRODUCTION: The prevalence of child malnutrition is still high in sub-Saharan Africa; however, there is evidence that obesity in adults is increasing. In this scenario, on the one hand, it is important to tackle malnutrition, while on the other, it is essential to identify trends in excess weight over time, so as to focus attention on the prevention of large increases in obesity and the chronic diseases it causes. Thus, the objectives of this study were to describe trends in sub-Saharan Africa in obesity over the past decades in women of childbearing age and in children under 5 years of age, in parallel with those of malnutrition in the same group of children; as well as to identify factors associated with malnutrition in children under 2 years living in the suburban area of Luanda, Angola. METHODS: To describe the trends in nutritional status, secondary data from national surveys (Demographic and Health Surveys and Multiple Indicator Cluster Samples) of 13 African countries having at least four available surveys, were used. Trends were described for the outcomes obesity in women aged 15 to 49, and overweight, stunting, wasting, underweight and low birthweight in children under 5 years. For individual trends in each country, linear regression was performed. For trends considering the group of 13 countries, we used a multilevel regression model. To identify the factors associated with malnutrition, data from a cross-sectional population-based study held in Cacuaco, a municipality of Luanda, in 2010 were used. The outcomes studied were stunting and underweight. Prevalence ratios (PR) were estimated by Poisson regression with robust variance using a hierarchical model. RESULTS: The prevalence of obesity increased among women of reproductive age in most of the countries studied, on average 2.8 percentage points per decade (P<0.001), accompanied by significant reduction of stunting, on average 5.6 percentage points per decade (P<0.001) and a decrease, though much smaller, of wasting, on average 1.1 percentage points per decade (P=0.09), with no evidence, to date, of an increase in overweight in children under 5 years (increase of 1.0 percentage points per decade, P = 0.14).In Angola, among the 749 children included in the study, 232 [32.0% (95% CI: 28.7 to 35.5%)] were stunted and 109 [15.1% (95% CI: 12.6- 17.9)] were underweight. In the final multivariate analysis model, the following factors have been identified as associated with the studied outcomes: occurrence of diarrhea in the last 15 days (PR 1.39 [95% CI 1.06 to 1.84]) for stunting; and death of other children from the same mother (PR 1.52 [95% CI 1.01-2.28]) for underweight. In a model composed only of distal and intermediate factors, the primary caregiver not being the mother increased the prevalence of stunting by 42% (PR 1.42, 95%CI 1.10- 1.84) and each month that prenatal care was delayed increased the prevalence of underweight by 20% (PR 1.20, 95% CI 1.03-1.40). CONCLUSION: These results enabled the identification of a worrying increasing trend of obesity in women of childbearing age in the studied countries, in a context in which child malnutrition still prevails, especially stunting. In Angola, although it was possible to identify factors associated with malnutrition never before studied in Luanda, few individual factors were identified that increased the prevalence of malnutrition, suggesting that the problem results primarily from factors affecting society as a whole. These data should be useful for planning aimed, on the one hand, to prevent an epidemic of obesity in children in sub-Saharan Africa, and on the other, meeting the challenge of current widespread childhood malnutrition in Angola and other countries.
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O aleitamento materno e a alimentação infantil entre os indígenas da região oeste do estado de São Paulo: um movimento entre a tradição e interculturalidade / Breastfeeding and infant feeding among indigenous people of the Western Region of the state of São Paulo : a movement between tradition and interculturality.Larissa Mandarano da Silva 27 February 2014 (has links)
A população indígena brasileira sofre um acelerado e complexo processo de mudanças nos diversos aspectos de sua vida, inclusive quanto à prática de amamentação, à alimentação e ao reflexo no estado nutricional infantil, decorrentes do contato com não indígenas. Diante disso, buscou-se conhecer a prática da amamentação, da alimentação e o estado nutricional de crianças indígenas com até cinco anos de idade, em uma aldeia localizada na região oeste do estado de São Paulo. Realizou-se um estudo etnográfico, segundo os pressupostos teórico e metodológicos de Cliford Geertz 1, com a associação estatística para a descrição do estado nutricional das 24 crianças que atendiam aos critérios do estudo e 31 mulheres, mães e familiares das crianças do estudo, que auxiliavam nos cuidados alimentares das crianças. Os dados objetivos, sobre o estado nutricional infantil, foram coletados em prontuários, por medidas antropométricas das crianças e entrevistas estruturadas com as mães; os qualitativos foram obtidos por meio de entrevistas em profundidade com as mães, avós e bisavós. A análise das narrativas obtidas resultou em um conjunto de categorias antropológicas agrupadas em dois temas: Aleitamento: tradições e crenças indígenas e As comidas indígenas: reflexo da interculturalidade, dos quais emergiu o tema central: A alimentação infantil, o movimento entre a tradição e a interculturalidade. A alimentação infantil, considerando a prática da amamentação e da oferta de alimentos para as crianças, neste estudo, aparece em um movimento entre a tradição e a interculturalidade, em que inexiste o aleitamento exclusivo, mas há manutenção de aleitamento materno para crianças até aos cinco anos. O leite de vaca in natura é considerado o que sustenta, mas amamentar é um costume mantido pelas mulheres, para nutrir também a dimensão emocional da criança. Os chás são oferecidos, precocemente, para a cura de doenças. Os leites industrializados e os aditivos lácteos são inseridos na comunidade em situações específicas pelos não indígenas. Os alimentos sólidos são introduzidos às crianças com idade entre os quatro e seis meses, sendo escolhidos conforme a sua disponibilidade no cultivo doméstico e possibilidade de aquisição. A principal comida consumida é o caldo de feijão misturado com arroz ou batata cozida amassada. As tradições se misturam aos novos hábitos decorrentes do contato com a cultura não indígena. Isso já é refletido no estado nutricional das crianças com o surgimento de casos de sobrepeso infantil. / Brazilian indigenous people suffers a rapid and complex process of changes in many aspects of your life, even regarding breastfeeding practices, nutrition and the effects on infant nutritional status resulting from contact with non-indigenous people. Therefore, it was aimed to investigate the practice of breastfeeding, feeding and nutritional status of indigenous children younger than five years old in a village located in the western region of the State of São Paulo. Was conducted an ethnographic study according to the theoretical and methodological assumptions of Clifford Geertz, with statistical association to describe the nutritional status of 24 children who met the study criteria and 31 women, mothers and families of the children in the study, who assisted in nutritional care of children. Objective data on child nutritional status were collected from medical records by anthropometric measures and structured interviews with mothers; qualitative data were obtained through in-depth interviews with mothers, grandmothers and great-grandmothers. The analysis of the narratives obtained resulted in a set of anthropological categories grouped into two themes: Breastfeeding: traditions and indigenous beliefs e Indigenous meals: the interculturality reflection, from which emerged the central theme: Infant feeding, movement between tradition and interculturality. Infant feeding, considering breastfeeding and children provision of food, in this study, appears in a movement between tradition and interculturality, in which exclusive breastfeeding does not exist, but there is maintenance of maternal food for children up to five years old. Cows milk in natura is considered what sustains, but breastfeeding is a custom maintained by women to also nurture the emotional dimension of the child. Teas are offered routinely to cure diseases. The Industrialized milk and the milk additives are inserted in specific situations in the community by non-indigenous people. Solid food are introduced to children aged between four and six months, chosen according to their availability in the domestic cultivation and possibility of acquisition. The main food consumed is the bean soup mixed with rice or mashed baked potato. Traditions mingle with new habits resulting from contact with non-indigenous culture. This is already reflected in the nutritional status of children with the emergence of cases of childhood overweight.
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Crescimento e desenvolvimento da criança indígena: um estudo da etnia PItanguary - Ceará / Growth and development of indigenous child: a study of ethnic Pitaguary - CearáRegina Lucia Portela Diniz 11 November 2010 (has links)
Introdução - O crescimento e o desenvolvimento estão entre os melhores indicadores de saúde da criança. Há uma complexa rede de causalidade no processo de crescimento e desenvolvimento infantil que envolve variáveis biológicas (sexo, peso e comprimento ao nascer) e sócio-econômico-ambientais (alimentação, renda, educação, ocupação, tipo de moradia, saneamento, estado nutricional das mães). Para as crianças indígenas, o monitoramento do crescimento físico e o acompanhamento do desenvolvimento têm importância relevante, visto que as mudanças sócio-econômicas, culturais e ambientais as quais estão submetidas podem contribuir para a deterioração das condições de saúde e nutrição. Objetivos - Conhecer o crescimento e desenvolvimento e a saúde das crianças indígenas da etnia Pitaguary no primeiro ano de vida e seus condicionantes sócio-culturais e ambientais, identificando as condições do nascimento, o tipo de alimentação, a evolução do estado nutricional e do desenvolvimento, a ocorrência de diarréia e de doença respiratória e o estado vacinal. Métodos - Estudo de coorte, prospectivo, descritivo, envolvendo todas as crianças menores de um ano pertencentes à etnia Pitaguary. Essas crianças foram acompanhadas mensalmente até os doze meses de vida e avaliadas quanto às condições de nascimento, alimentação, estado nutricional, hábitos alimentares, desenvolvimento, estado vacinal e morbidade. Resultados Apesar das precárias condições de vida, a evolução do crescimento e desenvolvimento das crianças da etnia Pitaguary pode ser considerada dentro da faixa adequada, tendo como referência as curvas da OMS, 2006 e os marcos do desenvolvimento da Caderneta da Criança, MS, 2002. A cobertura vacinal esteve semelhante aos valores brasileiros. Chamou atenção a taxa de episódios de diarréias e doenças respiratórias em cerca de três episódios/ano/criança / Introduction - Growth and development are among the best indicators of child health. There is a complex network of causality in the process of child growth and development involving biological variables (sex, weight and length at birth) and socio-economic-environmental (food, income, education, occupation, housing, sanitation and nutritional status of mothers). For indigenous children, growth monitoring and monitoring of physical development have great importance, since the socio-economic changes, cultural and environmental factors to which they are submitted may contribute to the deterioration of their health and nutrition. Objectives To understand the growth and development and health of indigenous children of ethnic Pitaguary during the first year of life and its socio-cultural and environmental issues, identifying the conditions of birth, type of diet, nutritional status and trends of development, occurrence of diarrhea and respiratory disease and vaccination status. Methods - A cohort, prospective, descriptive study, involving all children under one year belonging to ethnic Pitaguary. These children were followed monthly until the twelve months of age and their conditions of birth, diet, nutritional status, dietary habits, development, immunization status and morbidity were evaluated. Results - Despite their precarious living conditions, the evolution of growth and development of children of ethnic Pitaguary can be considered within the appropriate age group, with reference to the curves of WHO, 2006 and the milestones of development of the Handbook of Child, MS, 2002. Vaccination coverage was similar to Brazilian values. It called the attention the rate of episodes of diarrheal and respiratory diseases - about 3 episodes per year per child
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Desnutrição e excesso de peso no meio rural de Arambaré, RS : (des)construindo idéias, repensando novos desafiosRocha, Lívia January 2006 (has links)
O presente estudo insere-se no programa interdisciplinar “Evolução e diferenciação da agricultura, transformação do meio natural e desenvolvimento sustentável em espaços rurais do sul do Brasil”. Nele a área da saúde, aborda as interfaces entre a saúde pública e a antropologia sobre as desigualdades sociais no meio rural e prioriza os segmentos mais fragilizados da população. Tem como objetivo conhecer a situação nutricional e o contexto de vida do universo de crianças menores de cinco anos do meio rural de Arambaré/RS, através de um estudo epidemiológico do tipo seccional. Os dados referentes ao contexto de vida, foram coletados por intermédio de um formulário semi-estruturado e analisados via estatística descritiva no software Epi-info 6.04. A avaliação antropométrica foi realizada com base em índices antropométricos (Peso/Idade, Peso/Estatura, Estatura/Idade) expressos em escore Z, como população de referência a do NCHS e analisados através do programa EPINUT. Os resultados mostram que a pobreza rural é marcante no contexto estudado e a agricultura de subsistência pouco expressiva. Constatase a dificuldade de acesso da população rural aos serviços de saúde. No que se refere à alimentação, identifica-se à introdução alimentar precoce e a adoção de padrões/modelos alimentares tidos como urbanos; o aleitamento materno exclusivo é pouco praticado. Em relação à nutrição, os problemas de déficit confirmam uma realidade comum a contextos rurais, e o excesso de peso, pouco explorado nestes locais, tem prevalência um pouco acima do esperado para população considerada saudável. Algumas associações estatísticas são observadas entre o excesso de peso e a não realização do aleitamento materno; no caso da desnutrição crônica, esta teria relação com a baixa escolaridade materna e com o peso da criança ao nascer. Evidencia-se que a complexidade que envolve os problemas nutricionais dificulta a construção de modelos causais, baseados em fatores de risco pré-estabelecidos; há diferentes graus de vulnerabilidade ao adoecimento, modulados pelas lógicas internas e pelo protagonismo social, como é visto na distribuição dos problemas nutricionais dentro da heterogeneidade social presente no município. O estudo desvela a necessidade de se repensar a atenção social, econômica e de saúde para a população rural. Acredita-se que essas e outras informações produzidas por este estudo, poderão influenciar políticas públicas locais direcionadas às crianças e às suas família.
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