A presente dissertação tem como objetivo enfocar o tema da diferença sexual (sexuação) cotejado com desempenhos de meninos e meninas pré-escolares no campo da leitura e da escrita, procurando retomar o estado de conhecimento sobre o papel da mulher professora. O trabalho propõe uma releitura das abordagens históricas e sociológicas sobre a origem da escola no Brasil, entrecruzada com algumas recentes pesquisas que evidenciam, ainda hoje, disparidades importantes tanto com relação às meninas e meninos na escola, como com a presença das mulheres nas salas de aula. Utiliza a psicanálise como referencial teórico principal, sobretudo as elaborações e reelaborações dos conceitos de linguagem e de sexualidade, a partir dos quais a escrita e a diferença sexual são estabelecidas. Adota o conceito de sexuação proposto por Lacan, que propõe uma interpretação assimétrica para as diferenças sexuais, na qual tanto o menino como a menina em suas relações interpessoais com a escrita e com o saber em geral, antes de restringirem-se às duas posições, também contam com a possibilidade de assujeitamento a um processo de sexuação, cujo resultado pode não ser compatível com o seu gênero (não se afirma aqui uma simples bipartição homo e heterossexual). Também tece ponderações sobre a posição da mulher-professora, levando em conta um quadro histórico de submissão e alienação que não favorece a possibilidade de um ambiente de ensino onde tais diferenças encontrem possibilidades de entretecer laços no universo da escrita e da leitura. / The present dissertation focuses on the theme of the sexual difference (sexuation), confronted with the performance of both boys and girls of pre-school age in the field of reading and writing, restoring the state of knowledge of the role played by the woman teacher in teaching process. The work proposes a rereading of historical and sociological approaches to the origin of brazilian schools, interconnected with recent researches which shows evidence of, until today, significant gaps in relation to girls and boys in school, as much as in wormen\'s attendance at classrooms. It uses psychoanalysis as a main theoretical approach, mainly the elaborations and re-elaborations of concepts of language and sexuality, from which writing and sexual difference are founded. It assumes the concept of sexuation as proposed by Lacan, which presupposes an asymmetrical interpretation for sexual differences, in which both boys and girls in their interpersonal relationships with writing process and general knowledge, instead of merely restrict themselves to their two respective positions, also count on the possibility of subjection to a sexuation process, whose result may not be compatible with his (her) gender (one does not claim here a simple homo and heterosexual bipartition). This work also thinks over the position of the teacher-woman in learning process, taking into consideration a historical picture of submission and alienation which do not benefit the development of a teaching environment where such differences meet possibilities of interlacing bonds in the universe of writing and reading.

Este trabalho investiga o debate estabelecido entre a psicanálise lacaniana e os estudos feministas e de gênero a respeito da diferença dos sexos, assim como os desdobramentos que a teoria da sexuação de Lacan pode trazer para esse tema. Examinamos a obra de autoras do feminismo francês indispensáveis para a pesquisa desta interface, no caso os de Irigaray, Cixous, Montrelay, Kristeva e Wittig tais trabalhos, notadamente edificantes do movimento da escrita feminina, verificamos terem repercutido decisivamente tanto em Lacan quanto nos estudos de gênero contemporâneos. Investigamos a obra de Robert Stoller, a introdução do termo gender nesse contexto e o desenvolvimento de sua teoria do núcleo de identidade de gênero, a ser debatida por Lacan no seminário XVIII e que constatamos ter sido determinante para o estabelecimento de sua noção de semblante. Detectamos que o lacanismo incorporado em solo norte- americano foi aquele que se voltou para o estruturalismo de Lévi-Strauss e as relações de parentesco, evidente nas obras de Rubin e Butler. Comprovamos que as críticas a Lacan giraram principalmente em torno das noções correlatas ao registro simbólico e seu suposto caráter apolítico e ahistórico, o que obrigou defensores da psicanálise a se pronunciar. Sob a hipótese de que a sexuação lacaniana poderia trazer novos ares para esta discussão, concluímos que tratar do falo enquanto função, da teoria dos gozos e de derivações dos aforismos Não há relação sexual e A mulher não existe, a partir de recursos da lógica, da teoria dos números e dos conjuntos, acabaram por revigorar o entendimento lacaniano da diferença dos sexos, que se esquiva das prescrições heteronormativas e da binaridade dos gêneros / This thesis looks into the debate established between lacanian psychoanalysis and feminist and gender studies on the difference between the sexes, as well as the developments that Lacan\'s theory of sexuation can bring to this theme. We examine the fundamental french feministss works that deal with this interface, in the case Irigaray´s, Cixouss, Montrelays, Kristevas and Wittigs. Those works, especially edifying of the feminine writing movement, have had a decisive impact on both Lacan and in contemporary gender studies. We examined the work of Robert Stoller, the introduction of the term gender in this context, and the development of his \"core gender identity\" theory, to be criticized by Lacan in the seminar XVIII, and which we have found to be determinant in establishing the lacanian notion of semblant. We verified that the lacanian strand incorporated in United States of America was the one that turned to Levi-Strauss\'s structuralism and kinship relations, as we see in the works of Rubin and Butler. We realized that the criticisms to Lacan were about his notions established through the symbolic register and its supposed apolitical and ahistorical character, which compelled proponents of psychoanalysis to react. Under the hypothesis that the lacanian sexuation could move this discussion forward, we concluded that dealing with the phallus as a function, the theory of jouissance and derivations of the aphorisms \"There is no sexual relation\" and \"The woman does not exist\", from logic field, number theory and set theory resources, finally invigorated the lacanian understanding of difference between the sexes, which escapes heteronormative prescriptions and gender binarity

Ce travail développe la thèse que les viols commis à l’endroit des femmes sont des actes qui relèvent moins des logiques du sexuel – pourtant lieu et mode de réalisation – que de celles de la jouissance. Ces crimes dénotent les modes de construction de jouissances violentes comme tentatives de satisfaction qui attentent au féminin lorsqu'ils sont perpétrés par une catégorie de sujets qui a refusé la perte et le renoncement inaugural – castration symbolique – qui conditionne l’accès au manque, au désir, et à une satisfaction pulsionnelle possible.La première partie de notre recherche présente les théories de trois références majeures dans le champ de la criminalité sexuelle, lesquelles placent les sujets concernés au bord de la psychose, sans toutefois en relever. Nous faisons alors valoir que seule la position adoptée par le sujet à l’endroit de la jouissance permet de fonder la structure subjective. Ceci nous conduit, dans notre deuxième partie, à explorer le champ de la jouissance et à mettre en exergue l’interdiction de la jouissance absolue, primordiale, comme fondatrice du lien social et condition du rapport entre les sexes dans un champ sexuel. La troisième partie, orientée par ces balises, s’attache à construire les repères qui rendent compte des logiques du refus de la castration symbolique. A partir de là, nous verrons comment des sujets peuvent être amenés à se situer face à une jouissance qui les féminise et qui, dans un mouvement de protestation virile, les pousse-à-faire-l’homme. De plus, ce rapport à la jouissance peut les appeler à l'action d'une jouissance pure, complète, et ceci dans une réalisation effective du rapport sexuel qu’il n’y a pas : ils volent la jouissance interdite de La femme toute.Nous concluons notre travail sur la question de la responsabilité pénale et subjective, et interrogeons la question du « traitement » qu’il conviendrait d’adopter pour ces hors-la-loi de la jouissance. / This work develops the thesis that raping women is not so much relevant to the logics of sexuality – though sex determines where and how the act takes place – as to the logics of jouissance. Those crimes involve the construction of violent modes of jouissance attempting satisfaction in attacking femininity, when they are committed by a category of subjects who have rejected the inaugural effect of loss and renunciation – symbolic castration – determining the access to lack, desire and the satisfaction of libidinal drives.The first part of our research examines the theories of the three major references in the field of criminal sexuality, which situate the position of those subjects on the borderline of psychosis though they do not fall within this clinical category. We argue that the sole subject's position with respects jouissance allows to qualify the subject's structure. This leads us, in the second part, to explore the field of jouissance and highlight the prohibition of absolute, primal jouissance as the founding principle of social bonds and the condition of the relation between the sexes within the field (context) of sexuality. Guided by these landmarks the third part is concerned with taking reference marks accounting for the logics of the refusal of the symbolic castration. Then based on these premises, we address the question of how a subject can react when faced with a jouissance feminizing him and creating an effect of “pousse-à-faire-l'homme” in an attempted male protest. Furthermore, such relation to jouissance may call some subjects to perform an act aiming at a pure and complete fulfilment in the realization of a sexual relationship. For there is no such thing as a sexual relationship: they steal the prohibited jouissance from Woman that is all.In conclusion, we question the penal and subjective responsibility and explore the question of the “treatment” that should be adopted towards these outlawing subjects of jouissance

Ce travail porte sur d'une part l'interrogation sur l'existence de la perversion féminine, rarissime voire inexistante d'après les écrits fondamentaux de la psychanalyse, et de l'autre part sur l'exploration de la dynamique propre au montage pervers au féminin. Si la femme qui se situe du côté de l'amour a amené Lacan a énoncé la maxime célèbre, celle de la femme n'existe pas, puisqu'elle n'est " pas toute " et que la femme ne s'écrit que barrée, la femme perverse se révèlera être l'envers de la femme. De ce fait, la femme perverse prône l'existence de la femme et sa possible écriture. Le montage pervers de la femme perverse bafoue la loi de la différence des sexes en aboutissant à une falsification outrancière des formules de la sexuation. Ainsi, il s'agit d'une perversion féminine comme imposture. En effet, l'imposture perverse de la femme perverse se déploie à travers l'identité factice que la femme perverse se fabrique afin de contrer l'autre femme, celle qui n'existe pas. D'emblée, la prévalence imaginaire chez la femme perverse est le mécanisme qui permet à la perverse d'avoir la foi dans la possession d'un phallus, d'une part largement supérieur à celui de l'homme, puisqu'il n'est pas borné par la détumescence et d'autre part, la relevant au rang de l'exception, puisqu'elle est la seule femme à le détenir. La mise en scène perverse, dont l'ancrage est imaginaire, opère dans les filets signifiant du symbolique. En effet, le symbolique, scène de la loi de la différence des sexes, se trouve bafoué et souillé. Ainsi, c'est ce savoir autre, sorte de " sur-savoir ", prôné par la femme perverse qui divise l'autre, -témoin sidéré-, et perdure son illusion, sa foi, dans l'avoir du phallus. Toutefois, derrière cette armure d'invincible se révèle une angoisse à la teinte mélancolique, connectée à l'insignifiance du sexe féminin. Ainsi, c'est ce non-lieu de la femme auquel la femme perverse par imposture et simulacre s'invente un lieu, qui constitue l'angoisse de laquelle la femme perverse se prémunit.

Mémoire numérisé par la Division de la gestion de documents et des archives de l'Université de Montréal.

A presente tese tem por objetivo a explicitação de bases conceituais que sustentem uma nova leitura da teoria da sexuação. O texto busca investigar a origem e extrair consequências da máxima o ser sexual só se autoriza de si mesmo e de alguns outros, enunciada por Lacan no seminário Os não-bestas erram, num exercício de redescrição das fórmulas da sexuação a partir de um dizer. Visando sublinhar a dimensão processual da sexuação, elegeu-se o conceito de identificação como método e realizouse um levantamento de suas incidências junto aos registros real, simbólico e imaginário ao longo do ensino de Lacan. No primeiro capítulo, discutiu-se a influência de Marcel Proust na concepção lacaniana que liga a autorização sexuada ao grupo e o paralelo entre a sexuação e a autorização do psicanalista. Buscou-se, junto a modalidades de luta por reconhecimento social e político de gêneros não inteligíveis, um modelo de grupo que Lacan precisa como aquele de um real recentemente emergido. No segundo capítulo, retraçaram-se as origens das noções de significante (na ideia de constelação simbólica), grande Outro (descrito inicialmente como grandes Outros) e lei simbólica (e sua indissociável relação com a norma em Lévi-Strauss), buscando demonstrar de que forma a alteridade simbólica que localiza a posição do sujeito sexuado é plural e baseia-se na variabilidade dos elementos num dado sistema estrutural. O último capítulo buscou apresentar, tanto em Freud como em Lacan, o papel fundamental dos semelhantes no processo de assunção sexual, bem como discutiu a autorização em termos de uma precipitação presente tanto no estádio do espelho quanto no momento de concluir do tempo lógico. Por fim, uma discussão relativa à noção de sinthoma demonstrou a centralidade do ato de nomeação enquanto instância que enoda os três registros da sexuação / This thesis aims to detail the conceptual bases for a new reading of Lacans sexuation theory. We intent to investigate the genesis and consequences of the proposition The sexed being is only authorized by him/herself and by some others, uttered by Lacan on his seminar Les non-dupes errant, as he describes the formulas of sexuation in terms of a saying. In order to underscore the sexuations processual dimension, the concept of identification was turned into a methodological tool as we proceed an analysis of its incidences among the registers of the real, symbolic and imaginary in Lacans teaching. On our first chapter, weve discussed the sexuation and its parallel with the analysts authorization as well as Marcel Prousts influence on the lacaninan relation between sexed authorization and the question of the group. Gender related social and political struggles were taken as a model of the lacanian notion of group as an real recently emerged. On our second chapter, weve explored the origins of the notions of signifier (from the idea of symbolic constellation), big Other (initially described as big Others) and symbolic law (and its inseparable relation with the norm in Lévi-Strauss), to indicate how the symbolic alterity that locates the sexed subjects position is plural and based on the elements variability at one given structural system. The last chapter presents the fundamental role of the neighbors on the sexual assumptions process and discusses the authorization in terms of an anticipation found in both mirror stage and the logical times moment of concluding. Lastly, an analysis of the notion of sinthome has shown the centrality of the act of naming as an instance that knots the three registers of the sexuation

La criminalité féminine est interrogée dans cette thèse sous l'angle de l'épistémologie clinique. La référence d'épistémologie clinique est ici celle de la théorie de la médiation initiée par Jean Gagnepain. Cette thèse envisage la criminalité féminine en mettant en perspective la biologie, la psychopathologie et la sociologie. En premier lieu est envisagé la spécificité du féminin dans la sexuation et la sexualité, puis dans le crime. La thèse est que les gemes féminin et masculin sont structuralement épicènes, et que la différence sexuelle biologique est réintroduite conjoncturalement dans le politique. Le politique dans la majorité des pays et des civilisations hormis l'ancienne Egypte et les pays scandinaves, ont toujours inscrits la femme en situation de minorât et d'insolite, voire de personne incomplète. La construction de savoir sur le féminin induit d'analyser les conditions anthropologiques de l'élaboration. Suit un recensement des modes de construction du féminin dans l'antiquité, à travers les mythes et la condition sociale de la femme. Cette perspective permet une comparaison de la détermination du féminin, ainsi que du masculin, et au-delà des modes mythiques et scientifiques de la détermination anthropologique. La deuxième partie propose une analyse située dans l'institutionnel prenant en charge la femme criminelle. Institutionnel que Jean Gagnepain nomme pouvoir modulaire, regroupant le didactique, le thérapeutique et le juridique. La troisième et dernière partie est consacrée aux illustrations cliniques des hypothèses

Mémoire numérisé par la Division de la gestion de documents et des archives de l'Université de Montréal

A presente tese tem por objetivo a explicitação de bases conceituais que sustentem uma nova leitura da teoria da sexuação. O texto busca investigar a origem e extrair consequências da máxima o ser sexual só se autoriza de si mesmo e de alguns outros, enunciada por Lacan no seminário Os não-bestas erram, num exercício de redescrição das fórmulas da sexuação a partir de um dizer. Visando sublinhar a dimensão processual da sexuação, elegeu-se o conceito de identificação como método e realizouse um levantamento de suas incidências junto aos registros real, simbólico e imaginário ao longo do ensino de Lacan. No primeiro capítulo, discutiu-se a influência de Marcel Proust na concepção lacaniana que liga a autorização sexuada ao grupo e o paralelo entre a sexuação e a autorização do psicanalista. Buscou-se, junto a modalidades de luta por reconhecimento social e político de gêneros não inteligíveis, um modelo de grupo que Lacan precisa como aquele de um real recentemente emergido. No segundo capítulo, retraçaram-se as origens das noções de significante (na ideia de constelação simbólica), grande Outro (descrito inicialmente como grandes Outros) e lei simbólica (e sua indissociável relação com a norma em Lévi-Strauss), buscando demonstrar de que forma a alteridade simbólica que localiza a posição do sujeito sexuado é plural e baseia-se na variabilidade dos elementos num dado sistema estrutural. O último capítulo buscou apresentar, tanto em Freud como em Lacan, o papel fundamental dos semelhantes no processo de assunção sexual, bem como discutiu a autorização em termos de uma precipitação presente tanto no estádio do espelho quanto no momento de concluir do tempo lógico. Por fim, uma discussão relativa à noção de sinthoma demonstrou a centralidade do ato de nomeação enquanto instância que enoda os três registros da sexuação / This thesis aims to detail the conceptual bases for a new reading of Lacans sexuation theory. We intent to investigate the genesis and consequences of the proposition The sexed being is only authorized by him/herself and by some others, uttered by Lacan on his seminar Les non-dupes errant, as he describes the formulas of sexuation in terms of a saying. In order to underscore the sexuations processual dimension, the concept of identification was turned into a methodological tool as we proceed an analysis of its incidences among the registers of the real, symbolic and imaginary in Lacans teaching. On our first chapter, weve discussed the sexuation and its parallel with the analysts authorization as well as Marcel Prousts influence on the lacaninan relation between sexed authorization and the question of the group. Gender related social and political struggles were taken as a model of the lacanian notion of group as an real recently emerged. On our second chapter, weve explored the origins of the notions of signifier (from the idea of symbolic constellation), big Other (initially described as big Others) and symbolic law (and its inseparable relation with the norm in Lévi-Strauss), to indicate how the symbolic alterity that locates the sexed subjects position is plural and based on the elements variability at one given structural system. The last chapter presents the fundamental role of the neighbors on the sexual assumptions process and discusses the authorization in terms of an anticipation found in both mirror stage and the logical times moment of concluding. Lastly, an analysis of the notion of sinthome has shown the centrality of the act of naming as an instance that knots the three registers of the sexuation

La vie et l’œuvre de Jane Dieulafoy offrent un témoignage original de la complexité des rapports socio-sexués à la fin du XIXe siècle. Par ses voyages, son travestissement occasionnel, puis permanent, son apport au savoir architectural et archéologique ou encore son rapport à l’écriture, cette femme a remis en cause la frontière sociale entre les sphères privée et publique, sans tenir pour autant un discours subversif ou même féministe. L’étude de La Perse, La Chaldée et la Susiane tente de suivre au plus près les oscillations d’un être à la recherche d’une libération du corps, du mouvement et de l’écriture, mais encore souvent respectueux des contraintes et représentations léguées par l’éducation, la culture et la société. Les transgressions nécessaires à l’accomplissement du but fixé n’en sont pas moins réfléchies et demeurent à l’intérieur du cadre social de l’époque. Il est cependant possible de comprendre les contradictions apparentes de Jane Dieulafoy – et notamment l’union de qualités masculines et féminines - comme une recherche de totalité, rappelant par certains côtés le mythe de l’androgyne. / The life and work of Jane Dieulafoy provide original evidence of the complexity of the gender role relationships at the end of the nineteenth century. Through her journeys, her occasional, then permanent cross-dressing, her contribution to the architectural and archaeological knowledge or her writing style, this woman has challenged the social boundaries between the private and public spheres without resorting to a subversive or even feminist speech. Studying La Perse, la Chaldée et la Susiane allows to closely follow the oscillations of a being in search of the liberation of the body, of freedom of movement and writing, but still often respectful of the constraints and representations inherited from her education, culture and society. The transgressions necessary for her to accomplish this goal are nonetheless well thought-out and remain within the social context of the time. However, it is possible to understand the apparent contradictions of Jane Dieulafoy - particularly the union of masculine and feminine features - as a search for wholeness, recalling in some ways the myth of the androgyne.