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Femicídios em Porto Alegre : uma análise crítica de inquéritos policiaisMargarites, Ane Freitas January 2015 (has links)
Femicídio é um conceito que designa assassinatos pautados em gênero, ou seja, mortes femininas por agressão devido ao fato da vítima ser uma mulher. Pesquisas indicam que entre 60 a 70% dos assassinatos de mulheres são femicídios, porém estes dados ainda são pouco conhecidos no Brasil. Esta pesquisa de desenho quali-quantitativo teve por objetivo quantificar a fração de femicídios em uma amostra de inquéritos policiais de mulheres assassinadas, obtidas na Delegacia de Homicídios de Porto Alegre, no período de 2006 a 2010. Outro objetivo foi analisar, sob a perspectiva da teoria do Patriarcado e da Análise Crítica do Discurso, os textos dos inquéritos policiais tipificados como femicídios. Pesquisaram-se os dados da vítima, do autor, os cenários do crime, a posição do relator e o indiciamento.Dos 89 inquéritos analisados, 64 mortes (72%) foram tipificadas como femicídios. As vítimas eram jovens, negras, com baixa escolaridade, exerciam ocupações pouco valorizadas socialmente e viviam nos bairros mais pobres da cidade. Mulheres assassinadas possuíam histórico de violência perpetrada por parceiro íntimo e um quarto delas havia feito boletim de ocorrência policial.As identidades das vítimas indicam que, em Porto Alegre, os femicídiossão mais prevalentes entre as sobrantes da sociedade: mulheres negras, pobres, prostitutas, moradoras de regiões de exclusão e tráfico. O histórico de violência de gênero e de ocorrências policiais, a não abertura de inquéritos ou o encerramento sem indiciamento indicam o quanto as vidas dessas mulheres pouco ou nada valem; agressores, em contrapartida,ainda são vistos como doentes ou passionais.Estes dados indicam a magnitude e gravidade deste agravo e a necessidade de identificar situações de risco e prevenir desfechos letais. Nos inquéritos policiais a desqualificação da vítima e a naturalização da violência foram frequentes, embora também tenham aparecido discursos alinhados à perspectiva da desigualdade de gênero. / Femicide is a concept that refers to murders guided in gender, that is, female deaths from assault due to the fact that the victim was a woman. Research indicates that between 60-70% of murders of women are femicides, but these data are still little known in Brazil.This qualitative and quantitative designed research aimed to quantify the femicides fraction in a sample of police investigations of murdered women, obtained in the Homicide Division of Porto Alegre, from 2006 to 2010. Another objective was to analyze, from the perspective of theory of patriarchy and Critical Discourse Analysis, the texts of police investigations typified as femicide.The victim's data, author, scenarios of the crime, rapporteur's position and the indictment were studied. Of the 89 analyzed surveys, 64 deaths (72%) were typed as femicides. The victims were young, black, poorly educated, exercised socially undervalued occupations and lived in poorer neighborhoods. Murdered women had a history of violence perpetrated by an intimate partner and one quarter of them had made police report. The identities of the victims indicate that, in Porto Alegre, the femicides are more prevalent among society's surplus: black women, poor, prostitutes, residents of regions of exclusion and trafficking. The history of gender violence and police reports, the failure to initiate inquiries or termination without indictment indicate how the lives of these women are worth little or nothing; offenders, however, are still seen as sick or passionate. These data indicate the magnitude and severity of this problem and the need to identify risk situations and prevent lethal outcomes. In police investigations the disqualification of the victim and the naturalization of violence were common, although also have appeared speeches aligned with the perspective of gender inequality.
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A atuação dos movimentos de mulheres na judicialização dos casos brasileiros de violência de gênero na Comissão Interamericana de Direitos Humanos / The action of women's movements in judicialization of the brazilian cases of violence gender in the inter-american committee on rights humansÁvila, Anne Caroline Primo [UNESP] 29 September 2017 (has links)
Submitted by ANNE CAROLINE PRIMO AVILA null (anneavila_90@yahoo.com.br) on 2017-10-27T18:46:11Z
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Previous issue date: 2017-09-29 / A presente pesquisa visa a explorar o papel dos movimentos de mulheres na judicialização dos casos brasileiros de violação aos Direitos Humanos das mulheres. O objetivo principal, portanto, é investigar os casos de violência de gênero levados até as esferas internacionais, mais especificamente até à Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a efetiva participação dos movimentos de mulheres nesse contexto, englobando denúncia e possível influência nas decisões – em caso de haver decisões. Havendo participação nas decisões, objetiva-se também apurar como foi essa influência. Sinteticamente, realizou-se estudos de casos que, uma vez não resolvidos na esfera doméstica, foram apresentados, pela sociedade civil, no âmbito internacional. Os objetivos gerais foram demonstrar o panorama geral da violência de gênero no Brasil, como os movimentos de mulheres atuaram efetivamente na luta contra essa violência e se conseguiram transformações palpáveis, e, ainda, apurar o quanto a legislação pode apresentar-se inefetiva. Os métodos utilizados nessa investigação foram o dialético e o estudo de caso. A partir da análise de textos de militantes, defensores de direitos humanos e dos Relatórios sobre os casos selecionados, chegou-se a várias conclusões, dentre elas, obteve-se uma resposta parcial ao problema principal que é a participação efetiva dos movimentos de mulheres, seja organizados em ONGs, seja de forma não institucionalizada, operando tanto nos debates, como no fornecimento de subsídios para análise da condição da mulher no Brasil, através das estatísticas por elas desenvolvidas. / This research aims to explore the role of women's movements in the judicialization of Brazilian cases of violation of women's human rights. The main objective, therefore, is to investigate cases of gender violence brought to the international spheres, specifically to the Inter-American Commission on Human Rights and the effective participation of women's movements in this context, including denunciation and possible influence on decisions - in case Decisions. If there is participation in the decisions, it also aims to determine how this influence was. Synthetically, case studies were carried out which, once not resolved in the domestic sphere, were presented by civil society at the international level. The general objectives were to demonstrate the general panorama of gender violence in Brazil, how the women's movements worked effectively in the fight against this violence and have achieved tangible transformations, and also to investigate how ineffective legislation may be. The methods used in this investigation were the dialectic and the case study. Based on the analysis of texts by militants, human rights defenders and the Reports on selected cases, several conclusions were reached, among them, a partial response was obtained to the main problem: the effective participation of women's movements, Whether organized in NGOs or noninstitutionalized, operating both in the debates and in the provision of subsidies to analyze the condition of women in Brazil, through the statistics they develop.
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Femicídios em Porto Alegre : uma análise crítica de inquéritos policiaisMargarites, Ane Freitas January 2015 (has links)
Femicídio é um conceito que designa assassinatos pautados em gênero, ou seja, mortes femininas por agressão devido ao fato da vítima ser uma mulher. Pesquisas indicam que entre 60 a 70% dos assassinatos de mulheres são femicídios, porém estes dados ainda são pouco conhecidos no Brasil. Esta pesquisa de desenho quali-quantitativo teve por objetivo quantificar a fração de femicídios em uma amostra de inquéritos policiais de mulheres assassinadas, obtidas na Delegacia de Homicídios de Porto Alegre, no período de 2006 a 2010. Outro objetivo foi analisar, sob a perspectiva da teoria do Patriarcado e da Análise Crítica do Discurso, os textos dos inquéritos policiais tipificados como femicídios. Pesquisaram-se os dados da vítima, do autor, os cenários do crime, a posição do relator e o indiciamento.Dos 89 inquéritos analisados, 64 mortes (72%) foram tipificadas como femicídios. As vítimas eram jovens, negras, com baixa escolaridade, exerciam ocupações pouco valorizadas socialmente e viviam nos bairros mais pobres da cidade. Mulheres assassinadas possuíam histórico de violência perpetrada por parceiro íntimo e um quarto delas havia feito boletim de ocorrência policial.As identidades das vítimas indicam que, em Porto Alegre, os femicídiossão mais prevalentes entre as sobrantes da sociedade: mulheres negras, pobres, prostitutas, moradoras de regiões de exclusão e tráfico. O histórico de violência de gênero e de ocorrências policiais, a não abertura de inquéritos ou o encerramento sem indiciamento indicam o quanto as vidas dessas mulheres pouco ou nada valem; agressores, em contrapartida,ainda são vistos como doentes ou passionais.Estes dados indicam a magnitude e gravidade deste agravo e a necessidade de identificar situações de risco e prevenir desfechos letais. Nos inquéritos policiais a desqualificação da vítima e a naturalização da violência foram frequentes, embora também tenham aparecido discursos alinhados à perspectiva da desigualdade de gênero. / Femicide is a concept that refers to murders guided in gender, that is, female deaths from assault due to the fact that the victim was a woman. Research indicates that between 60-70% of murders of women are femicides, but these data are still little known in Brazil.This qualitative and quantitative designed research aimed to quantify the femicides fraction in a sample of police investigations of murdered women, obtained in the Homicide Division of Porto Alegre, from 2006 to 2010. Another objective was to analyze, from the perspective of theory of patriarchy and Critical Discourse Analysis, the texts of police investigations typified as femicide.The victim's data, author, scenarios of the crime, rapporteur's position and the indictment were studied. Of the 89 analyzed surveys, 64 deaths (72%) were typed as femicides. The victims were young, black, poorly educated, exercised socially undervalued occupations and lived in poorer neighborhoods. Murdered women had a history of violence perpetrated by an intimate partner and one quarter of them had made police report. The identities of the victims indicate that, in Porto Alegre, the femicides are more prevalent among society's surplus: black women, poor, prostitutes, residents of regions of exclusion and trafficking. The history of gender violence and police reports, the failure to initiate inquiries or termination without indictment indicate how the lives of these women are worth little or nothing; offenders, however, are still seen as sick or passionate. These data indicate the magnitude and severity of this problem and the need to identify risk situations and prevent lethal outcomes. In police investigations the disqualification of the victim and the naturalization of violence were common, although also have appeared speeches aligned with the perspective of gender inequality.
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O estupro como violência de gêneroPlacca, Caroline Lopes 06 August 2018 (has links)
Submitted by Jaqueline Duarte (1157279@mackenzie.br) on 2018-10-27T00:41:48Z
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Previous issue date: 2018-08-06 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / The current dissertation has as its main goal the investigation regarding how gender influences the reality of rape in Brazil. Therefore, we used the deductive and the criticalanalytical methods, as well as primary and secondary sources and jurisprudence regarding the matter. Firstly we studied some concepts of the feminist theory, presented by authors Heleieth Saffioti, Susan Brownmiller and Catharine Mackinnon, who helped with the comprehension of gender constructions about women and its incidence in relation to rape. We then analyzed the international legislation's evolution that reverberated within the internal order, as well as studied the evolution of rape crime in the national legislation, always focusing on a gender perspective. Then, we set out to observe data on the Brazilian society, emphasizing the social impressions on rape and gender, as well as analyzing the number of notifications of rape in the country and the main characteristics of the people involved in the crime. We finalized the analysis with Precedent 608 issued by the Federal Supreme Court (STF), with the case of Inês Etienne, two matters of the legal world that help with the comprehension of how essential it is to discuss gender in order to avoid violations to women's rights. We verified that gender is directly related to rape, building hierarchy and naturalizing women's subjugation, its discussion being of primordial importance in the combat of sexual violence. / A presente dissertação tem como principal objetivo a investigação de como o gênero influencia na realidade do estupro no Brasil. Para tanto, utilizamos o método dedutivo e crítico analítico, além de fontes primárias, secundárias e jurisprudência relacionada à temática. Primeiramente estudamos alguns conceitos da teoria feminista, presentados pelas autoras Heleieth Saffioti, Susan Brownmiller e Catharine Mackinnon, as quais auxiliaram na compreensão das construções de gênero sobre a mulher e sua incidência com relação ao estupro. Partimos para a análise da evolução legislativa internacional que surtiram efeito no ordenamento interno, além de estudar a evolução do crime de estupro na legislação nacional, sempre com uma perspectiva de gênero em foco. Seguimos então, para a observação de dados sobre a sociedade brasileira, ressaltando as impressões sociais sobre o estupro e o gênero, além de analisarmos os números de notificações de estupro no país e as principais características dos sujeitos envolvidos no delito. Finalizamos a análise com a Súmula 608 do Supremo Tribunal Federal, com o caso de Inês Etienne, duas questões do mundo jurídico que auxiliam na compreensão de como é essencial discutirmos gênero para evitar violações aos direitos das mulheres. Constatamos que o gênero está diretamente relacionado ao estupro, criando hierarquias e naturalizando a subjugação das mulheres, sendo primordial sua discussão no combate a violência sexual.
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Discurso feminino: uma análise crítica de identidades sociais de mulheres vítimas de violência de gêneroGOMES, Jaciara Josefa 31 January 2008 (has links)
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Previous issue date: 2008 / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / Na presente pesquisa, fazemos uma análise crítica do discurso de mulheres vítimas de
violência de gênero que procuraram a Primeira Delegacia da Mulher de Pernambuco. Nosso
objetivo é compreender o processo de construção de identidades sociais estudando as
justificativas usadas por essas mulheres para explicar a sujeição ou a insurreição à violência.
Para tanto, são retomadas algumas questões essenciais nos estudos sobre a família brasileira,
feminismo, violência de gênero e amor romântico. A análise lingüístico-discursiva se
fundamenta em construções de sentido autorizadas pelos enunciados através de pistas. Pistas
essas recuperadas e reconstruídas por meio de pressuposições, subentendidos, atos de fala,
operadores argumentativos e modalizadores. Esses estudos textuais em nossa análise auxiliam
a teoria discursiva que adotamos como base de nossa investigação que é a Análise Crítica do
Discurso (ACD). O discurso é aqui analisado em três dimensões: textual, prática discursiva e
prática social. Ademais, investigamos a construção de identidades como um instrumento
essencial para verificar a mudança social, bem como também entendemos tal processo como
um dos efeitos da prática discursiva e, por isso mesmo, um fenômeno ideológico. Dessa
forma, compreendemos a linguagem como prática social e nos propomos a verificar a
construção de sentidos na formação de identidades de mulheres violentadas. A análise dos
sentidos envoltos nesse processo (construção de identidades) favorece a apreensão de
representações sociais naturalizadas, de posicionamentos hegemônicos assumidos ou
rejeitados e de outros fatores relevantes na construção de uma formação crítica e, sobretudo,
comprometida com a transformação social
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Discurso feminino: uma análise crítica de identidades sociais de mulheres vítimas de violência de gêneroGOMES, Jaciana Josefa 31 January 2008 (has links)
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Previous issue date: 2008 / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / Na presente pesquisa, fazemos uma análise crítica do discurso de mulheres vítimas de
violência de gênero que procuraram a Primeira Delegacia da Mulher de Pernambuco. Nosso
objetivo é compreender o processo de construção de identidades sociais estudando as
justificativas usadas por essas mulheres para explicar a sujeição ou a insurreição à violência.
Para tanto, são retomadas algumas questões essenciais nos estudos sobre a família brasileira,
feminismo, violência de gênero e amor romântico. A análise lingüístico-discursiva se
fundamenta em construções de sentido autorizadas pelos enunciados através de pistas. Pistas
essas recuperadas e reconstruídas por meio de pressuposições, subentendidos, atos de fala,
operadores argumentativos e modalizadores. Esses estudos textuais em nossa análise auxiliam
a teoria discursiva que adotamos como base de nossa investigação que é a Análise Crítica do
Discurso (ACD). O discurso é aqui analisado em três dimensões: textual, prática discursiva e
prática social. Ademais, investigamos a construção de identidades como um instrumento
essencial para verificar a mudança social, bem como também entendemos tal processo como
um dos efeitos da prática discursiva e, por isso mesmo, um fenômeno ideológico. Dessa
forma, compreendemos a linguagem como prática social e nos propomos a verificar a
construção de sentidos na formação de identidades de mulheres violentadas. A análise dos
sentidos envoltos nesse processo (construção de identidades) favorece a apreensão de
representações sociais naturalizadas, de posicionamentos hegemônicos assumidos ou
rejeitados e de outros fatores relevantes na construção de uma formação crítica e, sobretudo,
comprometida com a transformação social
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Homicídios intencionais de mulheres no Recife:Um estudo de casoCUSTÓDIO, Rosier Batista 31 January 2009 (has links)
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Previous issue date: 2009 / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / O debate acerca de homicídios de mulheres em Pernambuco e no
Recife desde a década de 1990 concentrou-se em duas dimensões
explicativas. A primeira sustenta que os crimes observados têm motivação na
diferença dos papéis sociais de gênero. Enquanto que a segunda se apóia na
elevação dos indicadores de violência urbana e no envolvimento feminino em
atividades criminosas. Considerando que as motivações e circunstâncias dos
crimes dizem respeito às dinâmicas de sociabilidade, esta pesquisa procura,
por meio da análise quantitativa, identificar a motivação destes homicídios, o
perfil das mulheres vítimizadas e o padrão destes fenômenos criminais, no
período de 2003 a 2007, na cidade do Recife. Os dados analisados na
pesquisa são provenientes da Secretaria Estadual de Defesa Social de
Pernambuco e da Secretaria Municipal de Saúde do Recife
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A depressão feminina no discurso de mulheres / Depression in Women through women\'s discourseYuasa, Cristina Shizue 31 October 2012 (has links)
A depressão em mulheres tornou-se um grave problema de saúde pública e importante causa de incapacitação tanto em países em desenvolvimento como nos desenvolvidos. De acordo com a literatura psiquiátrica, a mulher apresentaria maior vulnerabilidade à depressão devido à influência do ciclo reprodutivo feminino e às diferentes fases e oscilações hormonais pelas quais as mulheres passariam durante suas vidas, entre outros fatores que aumentam sua vulnerabilidade. Configura-se como de fundamental importância, portanto, a contribuição das ciências sociais para a compreensão e discussão da questão da depressão feminina, bem como da própria definição do fenômeno. O presente trabalho tem como objetivos: caracterizar o perfil sociodemográfico e trajetórias de vida das mulheres com diagnóstico de depressão, sujeitos da pesquisa; identificar motivos que levaram as mulheres a buscar assistência em saúde por ocasião do diagnóstico de depressão; desvelar sentidos atribuídos pelas mulheres à experiência do diagnóstico de depressão; caracterizar processos de elaboração da vivência com a depressão pelas próprias mulheres; analisar as narrativas das mulheres, a partir da leitura biomédica e de gênero, na perspectiva das ciências sociais. A pesquisa, de natureza qualitativa, utilizou a técnica dos depoimentos pessoais para a coleta de dados a partir de roteiro temático. As narrativas foram interpretadas com base na análise do discurso à luz das ciências sociais. Os discursos das mulheres revelaram a multidimensionalidade e a interligação dos sintomas da depressão, bem como a diversidade de motivos atribuídos à doença, tais como histórias de conflitos familiares, violência doméstica, sobrecarga de responsabilidades, luto de familiares e interferência espiritual. A medicação juntamente com a prática religiosa foram as principais estratégias utilizadas pelas mulheres para enfrentar a doença. Entretanto, a influência de conceitos e valores de gênero na saúde mental, bem como o silêncio a respeito da violência e o isolamento social demonstraram a importância de novas formas de abordagem e intervenção por parte dos serviços de saúde no que se refere ao fenômeno da depressão. / Depression in women has become a serious public health problem and major cause of disability in both developed and developing countries. According to psychiatric literature, women present higher vulnerability to depression due to the influence of the female reproductive cycle and different phases and hormonal fluctuations they would face during their lifetime, among other factors. The contribution of social sciences is, therefore, of paramount importance for understanding and discussing the issue of female depression, as well as the very definition of the phenomenon. This study aims at characterizing the sociodemographic profile and life trajectories of women diagnosed with depression, subjects of the present research; identifying reasons why women seek health care at the time of the diagnosis of depression; uncovering the meanings attributed by such women to the experience of such diagnosis; characterizing processes of elaboration of the experience of living with depression by women themselves and analyzing the narratives of women as from biomedical and gender readings from the perspective of social sciences. The research is qualitative, having used the technique of personal accounts to collect data from the viewpoint of a thematic guide. The narratives were interpreted through discourse analysis from the viewpoint of the social sciences. The womens discourse revealed the multidimensionality and interconnection of the symptoms of depression as well as the diversity of motives attributed to the disease, such as histories of family conflicts, domestic violence, excessive responsibility, grieving relatives and spiritual interference. Medication along with religious practice were the main strategies used by women to cope with the illness. However, the influence of concepts and gender values in mental health, as well as silence about violence and social isolation have demonstrated the importance of health services using new approaches and practices regarding the phenomenon of depression.
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Morra para se libertar: estigmatização e violência contra travestis / Die to free yourself: stigmatization and violence against transvestitesBusin, Valeria Melki 28 April 2015 (has links)
Por meio desta pesquisa, busco investigar a dinâmica psicossocial das violências cotidianas sofridas por travestis, chamando atenção para o gênero articulado a outros marcadores sociais de diferença. Descrevo como as diferentes violências marcam a experiência cotidiana das travestis que participaram do estudo. A abordagem qualitativa permitiu compreender a fluidez das suas relações sociais por meio das suas histórias de vida. Oito travestis com características diversas: cor de pele, classe social, origem geográfica, escolaridade, inserção no ativismo LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) foram entrevistadas. Como a prostituição é parte importante do cotidiano de violências das travestis brasileiras, as colaboradoras desta pesquisa têm trajetórias profissionais distintas: algumas são profissionais do sexo e vivem da profissão, outras foram profissionais do sexo e agora exercem outras profissões e há quem nunca atuou como profissional do sexo. Inspirada pelo construcionismo social, utilizo as cenas como unidades de análise privilegiada, descrevo como as violências simbólica, física e econômica, incluindo as expressões de violência sexual e psicológica, perpassam a trajetória singular de cada uma delas desde o momento em que expressaram rupturas com os scripts de sexo e gênero em que foram socializadas. Analiso essa diferença em termos de identidade, experiência, relações sociais e subjetividade. A diferença expressa pela ruptura com os scripts de gênero hegemônicos desencadeou processos de estigmatização e experiências de violência que as colocaram em um lugar simbólico marginal e desqualificado. Formas diversas de morte física e simbólica acompanham a vida das colaboradoras desta pesquisa. A interseccionalidade contribui para compreender as trajetórias de vida e a violência experienciada, pois outros marcadores sociais (raça/cor da pele, classe social) coproduzem desigualdade e exclusão, mas também resistência e diversidade. A violência de gênero como violência simbólica produz roteiros intrapsíquicos e interpessoais que tentam aprisionar e impedir que diferenças de gênero se expressem como diversidade, tanto no nível da experiência, como das relações sociais, das subjetividades e das identidades / Through this research, I seek to investigate the psychosocial dynamic of everyday violence suffered by transvestites, calling attention to gender and other social markers of difference. I describe how the different experiences of violence marked the everyday experience of the transvestites that participated in the study. This qualitative approach allowed for a fluid understanding of their social relationships through their life stories. Eight transvestites were interviewed with diverse characteristics: skin color, social class, geographic origin, education background, and level of activism within the LGBTT (Lesbian, Gay, Bisexual, Transgender & Transsexual) communities. As prostitution is an important aspect of the everyday violence among the Brazilian transvestites, the collaborators of this research had distinct professional trajectories: some are sex workers and make a living from the profession, others had been sex workers and are no longer engaged with the profession, and there were those that had never been sex workers. Inspired by social constructionism, I use these scenes as prime units of analysis, I describe how symbolic violence - physical and economic, including expressions of sexual and psychological violence - has commonly permeated the single trajectory of each life since the moment they expressed breaks in socialized sex and gender roles. I analyze this difference in terms of identity, experience, social relations and subjectivity. The difference expressed by the break with hegemonic gender scripts is triggered by stigmatization process and experiences of violence that placed them in a marginal symbolic place and disqualified them. Diverse forms of physical and symbolic death accompany the lives of the collaborators of this research. The intersectionality contributes to understand the trajectories of life and the violence experienced, for the other social markers (race/skin color, social class) coproduced inequality and exclusion, but also resistance and diversity. The gender violence as a symbolic violence produces intrapsychic and interpersonal scripts that attempt to trap and prevent gender differences are expressed as diversity, both in experience level, as social relations, subjectivities and identities
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Violência contra o adolescente: uma análise à luz das categorias gênero e geração / Violence against adolescents: an analysis based on gender and generation categoriesGessner, Rafaela 10 December 2013 (has links)
Introdução: A violência contra o adolescente é um fenômeno atual, que desperta grande preocupação, sobretudo devido aos altos índices de morbimortalidade a que está associada. Objetivo: Analisar o fenômeno da violência contra o adolescente à luz das categorias gênero e geração. Os objetivos específicos foram: conhecer as características da violência contra o adolescente a partir das notificações no município de Curitiba, identificar, analisar o perfil e conhecer a realidade da violência contra adolescentes abrigados. Método: Estudo exploratório e descritivo de abordagem quantitativa e qualitativa. Compuseram os cenários de estudo a Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente em Situação de Risco para a Violência de Curitiba e quatro instituições de abrigamento do município. A fonte secundária foi constituída pela base de dados da Rede de Proteção, correspondente aos anos de 2010 a 2012. Os dados foram analisados pelo software SPSS, versão 20.0. Os dados das fontes primárias foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas com 16 adolescentes abrigados, com idade entre 12 e 17 anos. As entrevistas foram gravadas e as falas submetidas à análise de conteúdo. Resultados: Entre os anos de 2010 e 2012 foram notificados 6.677 casos de violência contra adolescentes: 2.093 em 2010; 2.322 em 2011 e 2.262 em 2012. Em 76,97% dos casos, a violência ocorreu no domicílio, incidindo discretamente mais sobre vítimas do sexo feminino (50,5%) e com idade entre 10 e 14 anos (63,95%). O principal tipo de violência foi a negligência (58,32%), seguida pela física (19,22%) e sexual (14,49%). A mãe foi a principal agressora (34,54%), contudo, o agressor altera-se a depender da natureza da violência praticada. A maioria das notificações (50,73%) foi realizada pelo sistema de saúde municipal, representado por Hospitais e Unidades Básicas de Saúde. Os dados permitiram ampliar o conhecimento da problemática no município no período analisado, embora falhas relacionadas ao processo de notificação e à qualidade dos dados gerados levaram a limitações do estudo. Os resultados qualitativos revelaram que os adolescentes estão expostos à violência cometida no ambiente doméstico e fora dele, podendo ora atuar como vítimas, ora como expectadores da violência. O medo, o temor e a impotência perante o agressor subjugam os adolescentes na relação violenta, condição essa imposta pela posição que ocupam nas relações de gênero e geração. Foi constatado também que os adolescentes naturalizam a violência sofrida, especialmente a física, dificultando, assim, a possibilidade de ruptura da situação. O abrigo emergiu como recurso institucional que pode auxiliar o processo de superação da situação de subalternidade dos adolescentes abrigados. Conclusão: Mais que constatar a magnitude do problema, o estudo pode fornecer subsídios para melhorar a assistência prestada aos sujeitos vitimizados e o enfrentamento do fenômeno, sobretudo na saúde, se privilegiadas medidas de promoção da equidade entre os gêneros e que valorizem o adolescente como cidadão e portador de direitos nas relações sociais / Introduction: Violence against adolescents is a current phenomenon that arouses great concern, especially due to high rates of morbidity and mortality that is associated. Objective: To analyze the phenomenon of violence based on gender and generation categories. The specific objectives were to understand the characteristics of violence against adolescents through reports recorded in the city of Curitiba, southern Brazil, as well as to identify, analyze profile and know the reality of violence against adolescents living in shelters. Methods: This is a descriptive study based on quantitative and qualitative methods. The scenario of the study was the Network for the Protection of Children and Adolescents at Risk for Violence and four shelters in the city. The secondary source consisted of data collection from the Network for the Protection of Children and Adolescents of this city regarding years 2010 to 2012. These data were analyzed using SPSS software 20.0. The primary data source was collected from semi- structured interviews of 16 sheltered adolescents, from 12 to 17 years of age. The interviews were taped and then submitted for content analysis. Results: Between the years 2010 and 2012 were reported 6.677 cases of violence against adolescents: 2.093 happened in 2010; 2.322 in 2011 and 2.262 in 2012. In 76.97% of these cases violence occurred at home, with a slight majority happening to the female gender (50.5%) from 10 to 14 years of age (63.95%). Neglect (58.32%) was the major form of maltreatment in the rank, followed by physical (19.22%) and sexual aggression (14.49%). The mother was the main aggressor (34.54%), however, the aggressor is altered according to the nature of the violence practiced. Most reports (50.73%) were made by the municipal health system such as hospitals and primary healthcare centers. The data allowed the expansion of knowledge on this issue in Curitiba over the analyzed period, although failures in the reporting system and quality of generated data led to limitations in this study. The qualitative outcome showed that adolescents are exposed to violence in their home and outside the home, and can be victims or viewers of violence. Fear and a sense of impotence in face of the aggressor dominate the adolescents in the violent relationship, caused by the position they hold in their gender and generation relationships. Moreover, adolescents naturalize the violence suffered, mainly physical violence, making it more difficult to stop the situation. The shelter came as an institutional resource which can aid in the process to overcome the subalternity situation of sheltered adolescents. Conclusion: More than indicate the magnitude of the issue, this study could give information to improve the assistance given to victimized people and address how to face this phenomenon, especially in health, if measures to promote gender equality and to value teenagers as citizens and as having rights in social relationships are privileged
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