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A naturalização dos fenômenos sobrenaturais e a construção do cérebro possuído: um estudo da medicalizaão do transe e da possessão no século XIX / The naturalization of supernatural phenomena and brain building "owned": a study of the medicalization of trance and possession in the XIX centuryValéria Portugal Gonçalves 20 February 2008 (has links)
Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro / Este trabalho procura discutir o modo como os fenômenos sobrenaturais foram apropriados, pela ciência, no século XIX. A teoria do magnetismo animal, criada por Mesmer, com suas variadas interpretações por várias gerações de discípulos; a construção da teoria da hipnose, com a codificação da histeria abrindo definitivamente as portas das censuras acadêmicas; e a teoria da dissociação, criada no final daquele século, demonstram diferentes explicações fisicalistas que, muitas vezes, serviram para estabelecer distâncias entre um saber popular e o conhecimento de elites profissionais. A construção do cérebro possuído, no século XIX, apoiada na nosologia da histeria, codificada pela Escola de Salpêtrière, refletiu uma importante transformação social da época, em um processo de laicização da assistência pública, fundamental para a afirmação da psiquiatria como disciplina nascente. Atualmente, a codificação de fenômenos complexos, como transe e possessão espiritual que povoam a imaginação ou a superstição popular, ganha o estatuto de entidade nosológica, a partir das classificações diagnósticas oficiais da psiquiatria hegemônica. O cérebro será quase sempre a referência utilizada na esperança de naturalização do sobrenatural. / This study discusses the way supernatural phenomena were enfolded by science in nineteenth century. The theory of magnetism, created by Mesmer, and its different interpretations by generations of disciples; the theory of hypnosis with hysteria codification, opening the academic censure; and the dissociation theory, created at the end of the nineteenth century, had demonstrated different efforts of finding physicals explanations, which served, in most cases, to establish distances between folk knowledge and elites of professional knowledge. The construction of the possessed brain, in nineteenth century, based on the hysteria nosology of Salpêtrière School, reflected an important social transformation, at that time, in a laicization process of public assistance, and an affirmation of psychiatry as a nascent discipline. Nowadays, the codification of complex mental states as trance, spiritual possession, which inhabit superstitious and popular imagination, receive a nosologic entity status from official diagnostic classification in psychiatry. Brain is mostly the reference used in the hope of supernatural naturalization.
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Charcot e a Escola da Salpêtrière: a afirmação de uma histeria neurológicaSchmidt, Eder 30 October 2017 (has links)
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Previous issue date: 2017-10-30 / Na literatura especializada sobre a história da histeria, a carreira do neurologista francês Jean-Martin Charcot (1825-1893), chefe do serviço de patologias do sistema nervoso no hospital da Salpêtrière, em Paris, é comumente descrita como uma progressão a partir de importantes equívocos iniciais na compreensão do quadro histérico, até uma tardia antecipação das concepções psicanalíticas. A tese ora apresentada é a de que a leitura de sua obra sobre a histeria não autorizaria tal afirmativa: a noção charcotiana da doença se manteve plenamente inserida no campo da clínica do sistema nervoso. Em outras palavras, não é possível identificar no texto de Charcot nenhuma pretensão de aproximar a histeria da esfera das doenças mentais. Foi realizada uma revisão cronológica de sua obra referente à histeria, empreendendo-se uma análise de sua abordagem do quadro a partir da lógica interna dos conceitos que a fundamentaram. Os escritos do autor se constituíram como a fonte primária e principal para esta pesquisa. Foram também utilizados como fontes, textos de seus principais colaboradores, e de comentadores que se dedicaram à sua biografia e à sua obra. Os anos de 1870 e 1893 demarcaram o recorte temporal do presente estudo, precedido por um exame das teorias anteriores formuladas a respeito da histeria, desde sua compreensão como uma alteração do cérebro e dos nervos, até ser tomada por Charcot como objeto de interesse científico. A conclusão é a de que, na obra de Charcot, os fenômenos histéricos são sistematicamente remetidos à neuroanatomia e à neurofisiologia. Os novos conhecimentos expressos por ele nas teorizações referentes à doença se mantêm consistentemente dentro dos limites da neurologia / In the scholarship on the history of hysteria, the career of the French neurologist Jean-Martin Charcot (1825-1893), director of the section of pathologies of the nervous system at the Salpêtrière Hospital in Paris, is commonly described as the progression from important early misconceptions in the understanding of the hysterical condition to a belated anticipation of psychoanalytic conceptions. This dissertation proposes that a close reading of Charcot’s work on hysteria disavows such interpretation and that his conception of hysteria remained fully inserted in the clinical field of the nervous diseases. In other words, it is not possible to identify in Charcot’s texts any intent to bring hysteria closer to the field of mental pathology. A chronological revision of his work on hysteria was undertaken, and an analysis of his approach to this disease was made based on the internal logic of the underlying concepts. Charcot’s own writings were the primary and main source for this research. Other sources were the works of his main collaborators and the scholarship dedicated to his biography and work. The years between 1870 and 1893 defined the timeframe of this study, preceded by an examination of previous theories formulated about hysteria from the time it began to be related to a change in the brain and nerves until it was taken by Charcot as an object of scientific interest. The conclusion is that, in Charcot’s work, hysterical phenomena are systematically referred to neuroanatomy and neurophysiology. The new knowledge expressed in Charcot’s theories about this disease remains consistently within the limits of neurology
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Estudo dos traços histéricos de personalidade em pacientes portadores de crises não-epiléticas psicogênicas / A study of hysterical personality traits in patients with psychogenic nonepileptic seizuresElaine Cristina Guater 19 April 2010 (has links)
A crise não-epilética psicogênica é definida como uma manifestação corporal semelhante àquela das crises epiléticas, porém sem um correlato neurológico que justifique a sua ocorrência. Sua etiologia é atribuída a fatores psicológicos, entretanto as questões subjetivas que estão na origem dos sintomas são pouco estudadas. Esta pesquisa tem por objetivo investigar os traços histéricos da personalidade em dois pacientes encaminhados para psicoterapia de orientação psicanalítica após receberem esse diagnóstico médico, além de analisar os conteúdos afetivos latentes que se relacionam às manifestações sintomáticas nos casos estudados. O material coletado durante o atendimento prestado a esses pacientes se constituiu como registro e fonte de informação, por meio do qual os elementos relativos à personalidade histérica e mecanismos inconscientes que engendram os sintomas são descritos e estudados. Este trabalho tem por referencial a psicanálise e o estudo dos casos foi realizado considerando seus pressupostos conceituais sobre sintoma, conflito, conversão e histeria. O material obtido durante o curso das sessões evidenciou elementos como erotização do espaço analítico, constante reivindicação para ocupar o lugar de objeto de desejo alheio, além da recusa em abandonar a posição de insatisfação e buscar um estado de contentamento. Também foi observado um investimento em fantasias infantis, nas quais há o desejo inconsciente de união exclusiva com as figuras parentais. / A psychogenic nonepileptic seizure is defined as a physical manifestation similar to that of epileptic seizures, but lacking a neurological correlation to justify its occurrence. Its etiology is attributed to psychological factors although subjective questions concerning the origin of symptoms are barely studied. This research aims to investigate hysterical personality traits in two patients forwarded for psychoanalytic psychotherapy after receiving this medical diagnosis, as well as analyze latent affective contents associated with the symptomatic manifestations in these case studies. The material collected during the patient consultation served as a file and source of information through which elements relative to hysterical personality and unconscious mechanisms linked to the symptoms are described and studied. This work has psychoanalysis as a reference and the case studies were carried out considering its conceptual assumptions of symptoms, conflict, conversion and hysteria. The material obtained during the sessions evidenced elements, such as erotization of the analytic space, continuous demands to occupy the place of an object of beauty, as well as refusal to abandon discontentment and search for a contented state. Investment in infantile fantasies with an unconscious desire of exclusive union with parental figures was also observed.
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Uma leitura dos transtornos somatoformes e da histeria segundo a CID, o DSM e a obra freudiana: a identificação do sofrimento psíquico no campo científico / A reading of somatoform disorders according to the ICD, the DSM and the Freudian works: the identification of psychological distress in the scientific fieldJulia Catani 07 November 2014 (has links)
O presente trabalho tem o objetivo de descrever e discutir os conceitos de Transtornos Somatoformes (TS) na perspectiva psiquiátrica e psicanalítica. A pesquisa pauta-se no estudo do estado da arte relativo aos TS, mediante revisão bibliográfica semi-dirigida, tendo como meta mapear e discutir a temática historicamente e em diferentes campos de conhecimento. Pretende-se compreender, descrever e analisar o conceito de TS nos manuais de psiquiatria, a saber, no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) e na Classificação Internacional de Doenças (CID-10). O estudo explora o conceito de histeria na obra freudiana, buscando investigar que proximidade haveria entre o conceito psiquiátrico de TS e o de Histeria em Freud. Além dos manuais e da obra freudiana, foram utilizados textos psiquiátricos e psicanalíticos que contribuíram para o entendimento das questões. A partir da reconstrução histórica observa-se que, nas primeiras edições dos manuais psiquiátricos, os TS remetiam ao que a ciência psiquiátrica até aquele momento tinha dificuldade em classificar. Reconhecia-se também a influência dos conflitos psíquicos na manifestação dos sintomas, e o conceito de histeria estava atrelado a esta categoria diagnóstica. Após 1980 a categoria diagnóstica de histeria foi retirada do DSM. Tais aspectos explicitam a necessidade de uma maior compreensão acerca do processo histórico e da interlocução entre o campo da Psiquiatria e da Psicanálise, levando-se em conta o modo como é feito o diagnóstico deste transtorno, que ocorre, na maior parte das vezes por exclusões. Ressalta-se que a alteração da nomenclatura de TS produziu uma significativa mudança no entendimento deste tipo de sofrimento mental. Conclui-se que o conceito de histeria e o diagnóstico de TS se aproximam no que se refere ao aspecto fenomenológico e descritivo, mas se distanciam no que se refere à construção da compreensão clínica e ao tratamento tal como se processa atualmente / The present work aims to describe and discuss the concepts of Somatoform Disorders (SD) in the psychiatric and psychoanalytic perspective. The research presents a study on the state of the art related to SD, through a semi-directed literature review, with the target to map and discuss the topic historically and across different fields of knowledge. It is intended to comprehend, describe and analyse the concept of SD in the psychiatric manuals, namely: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM) and the International Classification of Diseases (ICD-10). This study explores the concept of hysteria in the Freudian works, seeking to investigate the proximity between the psychiatric concept of SD and that of hysteria in Freud. In addition to the manuals and the Freudian works, the research refers to other psychiatric and psychoanalytical texts that contributed to the understanding of these issues. From the historical reconstruction is observed that, in the first editions of psychiatric manuals, the SD remitted to what the psychiatric science had difficult to classify. It was also recognized the influence of psychic conflict in the manifestation of the symptoms, and the concept of hysteria was linked to this diagnostic category. After 1980s, the diagnostic category of hysteria was removed from DSM. These aspects make explicit the need for greater understanding of the historical process and the dialogue between the fields of psychiatry and psychoanalysis, taking into account how this disorder is diagnosed, which occurs in most cases by exclusions. It is noteworthy that the change in the nomenclature of SD produced a significant shift in the understanding of this type of mental suffering. It follows that the term hysteria approaches SD diagnostic with regard to phenomenological aspects and description, but it differs from this disorder with respect to the construction of clinical understanding and treatment as it is currently handled
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Uma visão histórico-crítica do conceito de crise não-epiléptica psicogênica / An historical-critical approach to the psychogenic non-epileptic seizure conceptDaniela Kurcgant 05 May 2010 (has links)
As crises não-epilépticas são definidas como crises, ataques ou acessos recorrentes que podem ser confundidos com epilepsia, devido à semelhança das manifestações comportamentais existentes entre ambas, mas difere da crise epiléptica por não ser conseqüente de descargas elétricas cerebrais anormais. Podem ter origem fisiogênica ou psicogênica. Os diagnósticos psiquiátricos que mais freqüentemente apresentam-se sob a forma de crises não-epilépticas psicogênicas são o transtorno conversivo e o transtorno de somatização. Na prática clínica, a diferenciação entre crises epilépticas e crises não-epilépticas desafia e confunde os clínicos, os neurologistas e os psiquiatras desde tempos remotos. A introdução da monitorização pelo vídeo-eletroencefalograma vídeo-EEG, considerado o padrão ouro para o diagnóstico diferencial, levou a um aumento significativo no número de diagnósticos de crises não-epilépticas psicogênicas. Apesar de se tratar de uma situação clínica de difícil manejo, com conseqüências médicas e sociais significativas, fica evidente que o conhecimento técnico e instrumental sobre as crises não-epilépticas psicogênicas são insuficientes para abordar este problema. O objetivo geral deste estudo é de o de enriquecer a compreensão das crises não-epilépticas psicogênicas, nos últimos quarenta anos. As condições de emergência histórica e as implicações práticas do conceito de crise não-epiléptica psicogênica foram investigadas. Para tanto, foram selecionados artigos que abordam o conceito de crises não-epilépticas psicogênicas em três periódicos de neurologia e em três de psiquiatria. Esta pesquisa partiu de projetos epistemológicos que possibilitam um pensamento reflexivo sobre a produção de conhecimentos científicos, no que diz respeito à formação, às mudanças e à formalização dos conceitos, teorias e práticas. Houve uma aproximação da metodologia histórico-epistemológica de Canguilhem e Bachelard, passando pela análise crítica de Foucault e alcançando o pensamento hermenêutico de Habermas e Gadamer. Foi verificado que os conceitos de histeria e epilepsia vêm sendo reformulados, ao longo do tempo. As crises não-epilépticas psicogênicas foram demarcadas em períodos. Na década de 1970, predominam os artigos que discutem a redução da prevalência da histeria e da personalidade histérica nas mulheres. Na década de 1980, existe uma preocupação com a formulação de diagnósticos através de instrumentos e entrevistas padronizadas e um aumento explosivo do número de artigos, dos periódicos de neurologia, que discutem o uso do vídeo-EEG. Na década de 1990, surgem os artigos que abordam os múltiplos diagnósticos psiquiátricos e as pesquisas sobre o abuso e a dissociação associados à crise não-epiléptica psicogênica. Conclui-se que as crises não-epilépticas psicogênicas, tal qual o conhecimento científico, tem uma história, que interage com outros tipos de conhecimento e que são influenciadas por variáveis sociais. Nesta direção, sugere-se que a possibilidade de abertura e diálogo entre as dimensões técno-científica e prática possam criar condições para um modelo de cuidado mais adequado e integrado junto aos pacientes com crises não-epilépticas psicogênicas / Psychogenic non-epileptic seizures are recurrent crisis, or attacks, or paroxysmal behavioral changes that can be misunderstood as epileptic seizure due to the behavioral similarity between both, however, these manifestations are not associated with abnormal electrical brain discharges that cause epileptic seizures. Non-epileptic seizures are classified into physiologic and psychogenic origin. The most common psychiatric diagnoses associated with psychogenic non-epileptic seizures are conversion disorder and somatization disorder. In clinical practice, the distinction between non-epileptic seizure and epilepsy challenges and confuses the clinicians, the neurologists and the psychiatrists, since ancient times. The long-term video-electroencephalographic monitoring video-EEG, considered as the gold standard for the differential diagnosis, has led to a significant increase in the number of cases of psychogenic non-epileptic seizures. Although being a clinical situation difficult to manage, with medical and social poor prognosis, it is evident that the instrumental and technological knowledge about non-epileptic seizures are insufficient to deal with this problem. The aim of this study is to enrich the comprehension of the psychogenic non-epileptic seizures in the last fifty years. The historical emergence conditions of the psychogenic non-epileptic seizure and its clinical practical implications were investigated. For this purpose, it was examined papers that discuss the concept of psychogenic non-epileptic seizure in three neurological journals and in three psychiatric journals. This research was guided by epistemological projects focused upon conditions of possibility for reflexive thinking about conceptualization, changing and formalization of the concepts, theories and practices. The methodological approach was influenced by Canguilhems and Bachelards historical epistemology, pursued by Foucault´s critical analysis and culminating in Habermas e Gadamers hermeneutics thought. The research pointed out that hysteria and epilepsy concepts have been reformulated over time, and uncovered fundamental concepts that organized psychogenic non-epileptic seizures in different historical periods. In the 1970s, there was a predominance of papers that discuss the reduction of hysteria and the hysterical personality in women. In the 1980s, there was a concern with the development of diagnostic instruments and structured interviews, and an explosive increase in the number of papers in the neurological journals discussing the use of video-EEG. In the 1990s and on, papers have been focused on the multiple psychiatric diagnoses and research on dissociation and abuse associated to psychogenic non-epileptic seizure. The conclusion is that psychogenic non-epileptic seizures, as scientific knowledge, have a history, which interact with various kinds of knowledge and it is influenced by social variables. In this sense, the possibility of openness and dialogue between technological and practical dimensions could provide underlying conditions to a better and more integral care model among patients with psychogenic non-epileptic seizures
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Modificações no conceito de histeria: de Freud aos manuais de psiquiatriaPaula, Marília Barroso de 28 February 2014 (has links)
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Previous issue date: 2014-02-28 / As concepções de doença e saúde modificam-se com o passar do tempo, conforme padrões estabelecidos em cada época, considerando a perspectiva de cada período histórico. Estruturas que tinham seu significado estabelecido e revelado, hoje possuem outras denominações e fazem parte de outro entendimento de sujeito, como é o caso da histeria. Na Antiguidade, era relacionada às causas uterinas; após, na Idade Média, foi associada à bruxaria e punida pelos tribunais da Inquisição. No decorrer da história, foi considerada uma doença de simulação, caindo em descrédito. Enquanto categoria descritiva foi usada de diferentes formas através de períodos históricos e de contextos culturais diferentes. Charcot foi o primeiro a realizar estudos sistemáticos sobre tal patologia, tendo em vista descrever minuciosamente seus sintomas e delimitá-la enquanto entidade autônoma. Influenciado por Charcot, Freud se volta para a investigação da histeria e, a partir dela, formula as hipóteses centrais que irão compor a teoria psicanalítica. Ao longo de seus primeiros textos, Freud vai progressivamente demonstrando a origem psicogênica dos sintomas histéricos – distanciando-se de Charcot para quem a hereditariedade seria o fator etiológico central – e elucidando a complexidade dos fatores envolvidos em sua etiologia. Freud estudou profundamente a histeria e seus processos psicodinâmicos, desenvolvendo um vasto material sobre o assunto. Durante décadas, as ideias de Charcot e Freud predominaram na tentativa de explicar e compreender o sintoma na estrutura histérica, bem como os métodos de tratamentos possíveis. A partir de 1980, com a publicação do DSM-III, a concepção da doença histérica mudou radicalmente com o desenvolvimento de uma nosologia ligada à visão psiquiátrica, na qual a histeria perdeu seu sentido original, ramificando-se em diversos transtornos. Enquanto o termo histeria permanece de uso corriqueiro, o diagnóstico formal com o seu agrupamento específico de sinais e sintomas desapareceu no curso do século XX. A doença pode ter-se desvanecido,
contudo, os seus sintomas não desapareceram. Passaram a ser descritos e enquadrados nos distúrbios dissociativos e somatoformes até a quarta edição do DSM e décima edição da CID. Atualmente, existem autores que defendem que a histeria também pode estar associada a outros diagnósticos, apresentada outras formas. Os sintomas histéricos são incluídos em quadros clínicos como as crises não epilépticas psicogênicas, fibromialgia, anorexia, bulimia e tantos outros. / The concepts of disease and health change over time according to standards set for each period of time, taking into account the perspective of the historical moment. Structures that once had their meaning revealed and settled now have different designations, and are part of a different understanding of subject, such as Hysteria. In ancient times it was related to the uterus. Following, in the middle age, it was related to witchcraft and punished by the Inquisition. Further it was considered a simulated sickness, making it to be discredited. As a descriptive category it was used in various ways through different cultural contexts and historical periods. Charcot was the first researcher to perform systematic studies about Hysteria with the purpose of carefully describing its symptoms and limiting it as an autonomous entity. Inspired by Charcot, Freud directed his attention to Hysteria and stated the first main points that would later constitute the Psychoanalytical Theory. In his early writings, Freud gradually proves the psychogenic origin of the symptoms - apart from Charcot's beliefs that the main reason for the development of Hysteria was heredity - clarifying the factors that constitute the disease's etiology. Freud studied deeply Hysteria and its psychodynamic processes, providing extensive material on the subject. The ideas from Charcot and Freud focused on attempting to explain the symptoms in the Hysterical structure as well as possible treatment methods. As of 1980, with the publication of DSM-III, the concept of Hysterical disease changed greatly, developing a new nosology from a psychiatric point of view in which it lost its original meaning and formed different disorders. Although the word Hysteria remains popular, the official diagnostics with its specific symptoms disappeared along the 20th. Century. The disease may have disappeared, however the symptoms are still present, being described as part of dissociative and somatoform disorders until the fourth edition of DSM and tenth edition of CID. Currently, some authors argue that Hysteria may be related to
different diagnostics and otherwise presented. The hysterical symptoms are considered as part of psychogenic non-epileptic seizures, Fibromyalgia, Anorexia, Bulimia and many others.
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O que Freud dizia sobre as mulheres.Molina, José Artur. January 2010 (has links)
Orientador: José Sterza Justo / Banca: Rozilda das Neves Alves / Banca: Luiz Carlos da Rocha / Banca: Rafael Siqueira de Guimarães / Banca: Gilberto Figueiredo Martins / Resumo: No século XIX Viena assiste uma verdadeira revolução social, política e cultural. Surge a psicanálise que encontrou neste momento e neste lugar condições privilegiadas para seu nascimento. Freud construiu uma teoria singular com conceitos como inconsciente, pulsão e um método que incluía a escuta, associação livre e transferência. As histéricas foram as protagonistas desta criação. O olhar atento e solidário de Freud encontra a razão do sofrimento delas: o cerceamento de seus desejos. A psicanálise revoluciona o tratamento das histerias, mas na proposição do conceito de feminino se enclausura numa lógica fálica. Assim, a conselho do mestre, fomos olhar a política, a sociedade de Viena, a literatura de Schnitzler e a pintura de Klimt para poder entender o porquê da insistência fálica do criador da psicanálise / Abstract: In the nineteenth century Vienna watch a genuine social revolution, political and cultural. It appears the psychoanalysis that found at this moment and this place privileged conditions for its birth. Freud constructed a unique theory with concepts like unconscious, instinct and a method which included the listening, the free association and the transference. Hysterics were the protagonists of this creation. The intent and solidary look of Freud finds the reason of the suffering of them: the restriction of their desires. Psychoanalysis has revolutionized the treatment of hysteria but in proposing the concept of feminine encloses a phallic logic. Thus, following the advice of the master, we were looking at politics, society of Vienna, the literature of Schnitzler and the painting of Klimt to understand why the phallic insistence of the creator of psychoanalysis / Doutor
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Os traços depressivos na histeria feminina: um olhar psicanalítico / The depressive signs in the feminine hysteria: a psychoanalytic approachGori, Cláudia Andréa 17 September 2010 (has links)
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Previous issue date: 2010-09-17 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / This study is a psychoanalytic view of Maria Callas biographic fragments, the greek origin soprano. It aims to reveal the facilitator power of the libido fixation on the oral phase, in the manifestation of depressive signs that are present in the hysteric organization of this lyric artist. The study of the depressive aspects in the feminine hysteria was realized from a course through Maria Callas biographic fragments, which I selected and extracted from her biography written by Arianna Stassinopoulos Huffington, called Maria Callas. The Woman Behind the Myth. This research has its basis in the psychoanalysis, regarding the theory about the psychism constitution and functioning. Its grantee representatives are Sigmund Freud and Piera Aulagnier. In this research, I do as Freud did in relation to the analysis of the first manuscript of Mariazell sanctuary, called Trophaeum Mariano-Cellense, which has a detailed description about Christoph Haizmann s demonological neurosis, a Bavarian painter from the XVII century. I also guide myself by Freud s steps suggested in one of his text written in 1937, called Constructions in Analysis , and rely on Maria Callas biographic data by a fluctuant act of reading and listening, that operates through a suspension of everything that the attention regularly focuses on, opening the access paths to the supposed unconscious thoughts and to the supposed subject s libidinal and identifying history. Thus, based on the clinics and the theory of the authors above mentioned, I conceive the thesis according to the following in the supposed Maria Callas libidinal and identifying history, the libido fixation on the oral phase that may be established due to the lack of maternal libidinal investment, in a prevalent way -, which can be a facilitator factor to the manifestation of the depressive sign in its possible hysterical psychic constituition / O presente estudo consiste em uma leitura psicanalítica dos fragmentos biográficos de Maria Callas, soprano de origem grega. Tem como objetivo revelar o poder facilitador da fixação da libido na fase oral, na manifestação dos traços depressivos que se fazem presentes na organização histérica desta artista lírica. O estudo dos aspectos depressivos da histeria feminina foi realizado a partir de um percurso através dos fragmentos biográficos de Maria Callas, que foram por mim selecionados e extraídos da biografia escrita por Arianna Stassinopoulos Huffington, intitulada Maria Callas. A Mulher Por Trás do Mito. Nesta pesquisa, procedo tal como Freud fez em relação à análise do manuscrito originário do santuário de Mariazell, intitulado Trophaeum Mariano-Cellense, no qual havia uma descrição da neurose de Christoph Haizmann, pintor bávaro do século XVII. Esta pesquisa encontra seus fundamentos na psicanálise, enquanto teoria que versa sobre a constituição e o funcionamento do psiquismo, tendo Sigmund Freud e Piera Aulagnier como seus autores privilegiados. Oriento-me também, pelos passos que Freud sugere em seu texto datado de 1937, Construções em Análise Ariana Stassinopoulos HUFFINGTON. Maria Callas. A Mulher por Trás do Mito. São Paulo: Companhia das Letras: 1997. Tradução de Hildegard Feist. 2 Sigmund FREUD (1923[1922]). Uma Neurose Demoníaca do Século XVII. ESB. Vol. XIX. 3 IDEM (1937). Construções em Análise. ESB. Vol. XXIII. , tomando os dados biográficos de Maria Callas por meio de uma leitura-escuta flutuante - que opera a partir de uma suspensão de tudo aquilo que a atenção habitualmente focaliza, abrindo as vias de acesso aos supostos pensamentos inconscientes e à suposta história libidinal e identificatória do sujeito. Deste modo, com base na clínica e amparada teoricamente pelos autores referidos, formulo a tese segundo a qual na provável história libidinal e identificatória de Maria Callas, a fixação da libido na fase oral que pode ter se estabelecido em virtude da carência de investimento libidinal materno, de modo prevalente -, pode ser um fator facilitador para a manifestação de traços depressivos em sua possível constituição psíquica histérica
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Das relações (im)possíveis do feminino com o inapreensível: interlocuções entre psicanálise e cinemaMartins, Jane 26 May 2010 (has links)
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Previous issue date: 2010-05-26 / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / This paper investigates theoretical psychoanalytic constructs in Freud and Lacan, and critic successors who refer to femininity constitution, women relationship with the constitution of human subjectivity and to destiny of subjectivity articulated to some possible effects on the practice of Women representation in cinema. Initially, there is a discussion on the relationship between language and psychoanalysis, considering the former is included in all analytical processes, from theoretical constructs to techniques. Following, it shows what Freud says hysterical language is and Lacan, hysterical discourse, taking as reference literatures that are dedicated to clarify the term. Next chapter describes how clinical structures, in particular, the hysterical neurosis, are related to symbolic registration and castration. And finally, femininity is considered as a possible inheritance of hysteria, refocuses on issues relating to castration, to phallus, its unique relationship with speech and even to the unrepresentative. The discussing of exposed concepts follows by analyzing two films: The girl with a Pearl Earring and The hours. These are films that enable a questioning of feminine position representation and psychic matted involved, by cinema, also engaged in setting up and the removal of meanings in our culture / Este trabalho investiga construções teórico-psicanalíticas em Freud e Lacan, e sucessores críticos, os quais se referem à constituição da feminilidade, à sua articulação com a constituição da subjetividade humana e aos destinos da subjetividade articulados a alguns possíveis efeitos sobre a prática de representação do feminino pela arte cinematográfica. Inicialmente, é feita uma discussão sobre as relações entre linguagem e psicanálise, levando-se em consideração que a primeira está incluída em todos os processos analíticos, das construções teóricas à técnicas. A seguir, mostra-se o que Freud chama de linguagem histérica, e Lacan, discurso histérico, tomando-se como referência obras que se dedicam ao esclarecimento do termo. No capítulo seguinte, é descrito como as estruturas clínicas, em especial, as neuroses histéricas, estão em relação ao registro simbólico e à castração. E, finalmente, a feminilidade é abordada como uma possível herança da histeria, ressituada com as questões atinentes à castração, ao falo, à sua singular relação com os discursos e, mesmo, o irrepresentável. Segue-se a interlocução dos conceitos expostos com a análise de duas obras: A moça com brinco de pérola e As horas. Trata-se de obras que permitem um questionamento sobre a representação da posição feminina e o emaranhado psíquico aí implicado, a partir da arte cinematográfica, também empenhada na constituição e destituição de sentidos em nossa cultura
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As incidÃncias do supereu na clÃnica da histeria / the implications of the superego in clinical hysteriaIrvina Leite de Sampaio 30 May 2014 (has links)
CoordenaÃÃo de AperfeÃoamento de Pessoal de NÃvel Superior / A presente pesquisa originou-se a partir de questÃes que se decantaram no decurso de nossa prÃtica clÃnica com pacientes histÃricos. Os achados provenientes desta clÃnica chamaram nossa atenÃÃo para a aÃÃo da instÃncia superegÃica nos sujeitos estruturados pela via da neurose histÃrica, o que nos direcionou a percorrer um caminho teÃrico-clÃnico cujo objetivo central era investigar as especificidades da incidÃncia do Supereu na clÃnica da histeria, bem como os efeitos de tais particularidades para a posiÃÃo do analista na direÃÃo do tratamento. Metodologicamente, partimos da clÃnica como sustentÃculo maior de nossos questionamentos, para entÃo chegarmos à teoria psicanalÃtica enquanto esteio de tais discussÃes. Ao nos propormos a discutir acerca das nuances das modalidades de comparecimento do Supereu em uma clÃnica nomeada como clÃnica da histeria, marcamos, logo de inÃcio, o modo como se opera a estruturaÃÃo psÃquica na neurose histÃrica, levando em consideraÃÃo a castraÃÃo, a identificaÃÃo, o desejo e o gozo. Servimo-nos de casos clÃnicos apanhados da seara freudiana entrelaÃados Ãs elaboraÃÃes metapsicolÃgicas de Freud e Ãs construÃÃes teÃricas empreendidas por Lacan no tocante à histeria. Privilegiamos os casos clÃnicos de Freud edificados no perÃodo de sua primeira tÃpica do aparelho psÃquico, por entendermos que tais construÃÃes nos ofereceram um panorama aprofundado do funcionamento psÃquico dos sujeitos histÃricos, sem o qual nÃo teria sido possÃvel compreender as singularidades da aÃÃo do Supereu nesta estrutura. Perscrutamos as incidÃncias do Supereu na histeria a partir das obras de Freud, Lacan e Didier-Weill, o que nos levou a estabelecer contrapontos e aproximaÃÃes entre o comparecimento da instÃncia superegÃica na neurose obsessiva e na histeria. Por intermÃdio do estudo da formaÃÃo e das possibilidades de atuaÃÃo do Supereu nestes dois tipos clÃnicos da estrutura neurÃtica, estabelecemos articulaÃÃes entre Supereu, identificaÃÃo e sintoma na clÃnica psicanalÃtica da histeria. Tais articulaÃÃes foram viabilizadas pela apresentaÃÃo e discussÃo de fragmentos de casos clÃnicos provenientes de nossa prÃtica, que nos indicaram como operam, de um modo geral, o gozo e a culpa inerentes ao Supereu na neurose histÃrica e nos fizeram pensar acerca dos efeitos disto para a posiÃÃo do analista na direÃÃo da cura. Destacamos entre nossos achados mais relevantes a demarcaÃÃo de que na neurose histÃrica a dimensÃo da culpa atrelada ao Supereu engloba, mas ultrapassa o modelo culpa-sintoma prÃprio à neurose obsessiva. Com isso, tornou-se possÃvel postularmos uma maior inconsciÃncia da instÃncia superegÃica na neurose histÃrica, representada, entre outros aspectos, pela aÃÃo do sentimento de culpa inconsciente, a qual produz efeitos tÃo nefastos quanto aquela agenciada pelo sentimento de culpa consciente. Constatamos assim, que um dos maiores obstÃculos à direÃÃo da cura produzido pela incidÃncia do Supereu na clÃnica da histeria se refere à fixaÃÃo do sujeito em uma posiÃÃo de gozo que o aliena aos significantes advindos do Outro, impedindo-o de produzir seus prÃprios significantes. O gozo com a queixa agenciado pela aÃÃo do Supereu pode vir a se constituir como um empecilho à continuidade da anÃlise. A relevÃncia de nosso trabalho implica em podermos problematizar a posiÃÃo do analista na direÃÃo da cura diante de tais efeitos superegÃicos na clÃnica da histeria.
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