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Novos ventos sobre o sertão: as personificações do capital e os momentos da região sertaneja / New winds over the countryside: the personifications of the capital and the moments of this countryside regionCardoso, Olivia Cirne Lima de Faria 13 December 2018 (has links)
Esta dissertação apresenta um dos debates possíveis acerca das contradições implicadas no processo de potencial transformação de uma determinada região (OLIVEIRA, 1977; GOLDENSTEIN; SEABRA, 1982) em zona de localização diferenciada (OLIVEIRA, Op. Cit.). A análise das contradições tem como fundamento a observação crítica do processo de territorialização do capital (TOLEDO, 2008), sob a chave do processo de autonomização das categorias terra, trabalho e capital (MARX, 1986). A perspectiva da totalidade é apresentada, primeiramente, pela imanente construção de um projeto eólico no sertão baiano, implicado em um projeto do capital fictício (MARX, 1986), para, então, ser o pano de fundo da discussão teórica, a respeito das formas particulares de incorporação da região em estudo a este sistema mundial produtor de mercadorias. Buscamos, assim, interpretar os processos que reformularam os pressupostos da reprodução regional, sob o ponto de vista dos que aparecem expropriados no curso da história. Parte-se, assim, de elementos concretos de campo, resgata-se o histórico do processo de formação regional, desde a região pecuária, passando pela pecuária-algodoeira e aurífera (OLIVEIRA, Op. Cit.) até o planejamento que, no século XX via Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), assume a forma de reprodução do capital industrial (OLIVEIRA, Op. Cit.). Por fim, volta-se à concretude atual apresentando criticamente como ocorrem as entradas de dinheiro nas novas formas de reprodução do capital fictício (MARX, Op. Cit.) em uma região em crise. / This Master´s dissertation presents one theoretical path to analyze the contradictions inherent in the transformation process of one region (OLIVEIRA, 1977; GOLDENSTEIN; SEABRA, 1982) into a differentiated location zone (OLIVEIRA, Op. Cit.). The analysis of these contradictions is based on the critical observation of the capital territorialization process (TOLEDO, 2008), here understood as the particular formation process of the capitalist social categories (land, labor and capital) and their consequent processes of autonomization (MARX, 1986). Firstly, the perspective of totality is presented by an immanent eolic complex construction, which represents the fictitious capital (MARX, 1986). Secondly, the totality becomes the background of the theorical discussion on how the region (the countryside of Bahia - Brazil) was integrated in a particular way in the capitalist mode of production. Therefore, the analysis of this particular process aims to interpret how the assumptions about the reproduction of the regional social relationships have been reformulated, according to anecdotes from people who have been expropriated. Starting from concrete elements captured during the fieldwork, this dissertation rescues the historical processes that formed the region, from cattle, to cattle-cotton, gold (OLIVEIRA, Op. Cit.) to the planning region, in the twentieth century, through Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste). Lastly, the analysis goes back to the concrete elements of the workfield that expose the current condition of being involved in an increasing money dependence, in a region in crisis.
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O camponês geraizeiro no Oeste da Bahia: as terras de uso comum e a propriedade capitalista da terra / Geraizeiro peasants in Western Bahia: common use lands and the capitalist property of the landSousa Sobrinho, José de 14 December 2012 (has links)
Desde o início da década 1970, o Oeste do Estado da Bahia destaca-se como a região de grande e intensa expansão das relações de produção capitalista. Essa expansão constitui-se de políticas estatais que favorecem ao capital, por meio de incentivos fiscais e implantação da infraestrutura exigida pelo agronegócio. Dentre as grandes mudanças provocadas por tais intervenções, destacam-se a degradação das riquezas naturais e a desterritorialização dos camponeses geraizeiros, que há muito tempo ocupam as terras de uso comum na condição de posseiros. Essas terras têm sido apropriadas pelo capital, o que provoca intensos conflitos com os camponeses. Nesta tese, são estudadas as comunidades do vale do rio Arrojado, no município de Correntina (Bahia). Pesquisou-se os processos sociais, concernentes à essa problemática, recorreu-se a trabalhos de campo e à teoria do desenvolvimento desigual e combinado, abordando não somente os processos concernentes à expulsão/expropriação dos camponeses, mas também a territorialização desses sujeitos sociais. Reporto-me, assim, às estratégias de produção e reprodução socioterritorial por eles engendradas, em uma situação conflituosa com as forças do capital e do Estado. / Since the early 1970s, the West of Bahia stands out as a region of great and intense expansion of capitalist relations of production. This expansion is made up of state policies that favor capital through tax incentives and infrastructure implementation required by agribusiness. Among the major changes caused by such interventions, we highlight the degradation of natural resources and displacement of peasants geraizeiros peasants [traditional inhabitants of the sertão the backcountry regions of northeastern Brazilian states], which long ago occupied the lands in common use as non-title-holding residents for centuries. These lands have been appropriated by capital enterprises, which causes intense conflicts between farmers and peasant populations. In this thesis, the communities of the rio Arrojado valley, in the municipality of Correntina (Bahia), are analyzed. It was researched social processes, concerning this issue, we used the field work and the theory of combined and uneven development, addressing not only the processes concerning the expulsion/expropriation of peasants, but also the territorialization of these social subjects. I refer thus to the strategies of production and reproduction socio territorial they engendered, in a situation of conflict with the forces of capital enterprises and the state.
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A Cidade sob Quatro Rodas. O automóvel particular como elemento constitutivo e constituidor da cidade de São Paulo: o espaço geográfico como componente social / The city under four wheels. The private automobile as a constituent and constitutive element of the city of São Paulo: the geographical space as the social componentOliva, Jaime Tadeu 29 November 2004 (has links)
Tendo como referência uma concepção de Geografia que assume que o espaço geográfico é componente constituinte da sociedade, uma instância da sociedade (Milton Santos) ou uma dimensão transversal da sociedade (Jacques Lévy), o trabalho procura qualificar a reestruturação da cidade de São Paulo (que se inicia nos anos 1980) a partir da imensa disseminação do uso do automóvel particular. O trabalho investe na caracterização da natureza dos novos espaços produzidos como resultado da relação cidade automóvel, do mesmo modo que avalia como a cidade é inflexionada pelos espaços do automóvel. A referência específica para essa caracterização é a definição de cidade como espaço principal de convivialidade humana, processo esse apreendido pelo conceito de urbanidade e como a forma mais eficiente de administração da distância espacial (Jacques Lévy), cujos espaços se estruturam de dois modos principais: a forma territorial (predomínio da contigüidade) e a forma reticular (redes, predomínio lacunar). A difusão do automóvel favorece, em São Paulo, a formação de redes geográficas que fragmentam a cidade e criam um horizonte de separações e segregações. Nessa reconfiguração da cidade a estrutura espacial mais característica é o que denominamos de núcleos de baixa territorialização associados ao uso do automóvel. São núcleos de rede que negam a cidade, assim como os subúrbios americanos negavam os centros das cidades americanas. Funcionam como se fossem subúrbios encravados no interior do núcleo denso da cidade. Por essa razão esses núcleos de baixa territorialização (mantém um baixo nível de relações com os espaços contíguos) também são denominados por nós como subúrbios internos. Essa reestruturação rebaixa a urbanidade da cidade, deteriorando os espaços públicos e abrindo caminho para o domínio das soluções privadas frente às dificuldades das cidades. / Taking as reference a concept of Geography that views geographical space as a building block of society, as an instance of society (Milton Santos) or a transversal dimension of society (Jacques Lévy), this paper seeks to qualify the restructuring of the city of São Paulo, begun in the 1980s, which resulted from the vast dissemination of private automobile usage. This paper addresses itself to characterize the nature of the new spaces arising from the city automobile relationship, and to assess how the city is modulated by the spaces of the automobile. Our specific reference will be the definition of city as the key space for human sociability, a process apprehended by the concept of urbanity and seen as the most efficient form of managing spatial distance (Jacques Lévy), wherein spaces are structured in two main modes: the territorial form (predominance of contiguity) and the reticular form (networks, predominance of lacunae). In São Paulo, the dissemination of the automobile contributes to establish geographical networks that fragment the city and create an urban horizon of separations and segregations. In such a framework, the most typical spatial structure comprises what we call nuclei of low territorialization, which are associated with the use of the automobile. These network nuclei deny the city, much as the U.S. suburbs negated the city centers of American towns, and function as if they were suburbs grafted into the dense nucleus of the city. For this reason, they can also be called internal suburbs, inasmuch as they maintain minimal relationships with contiguous spaces. This type of restructuring degrades the urbanity of a city, deteriorates public spaces and opens the way for the predominance of private solutions to the predicaments of cities.
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Em terra vestida: contradições de um processo de territorialização camponesa na Resex Quilombo do Frechal (MA) / On dressed land: contradictions of a peasant territorialization process in the Resex Quilombo do Frechal (MA)Guerrero, Natalia Ribas 18 December 2012 (has links)
Esta dissertação propõe uma reflexão sobre as contradições no processo de territorialização de camponeses da Reserva Extrativista Quilombo do Frechal, situada no município de Mirinzal (MA), na baixada ocidental maranhense. Distribuída em três povoados Rumo, Deserto e Frechal a população da Resex relata descender de escravos e trabalhadores livres vinculados desde o século XVIII aos proprietários da Fazenda Frechal. Nas décadas de 1970 e 1980, moradores ligados particularmente ao povoado de Frechal se viram diante de ameaças de expropriação, que desencadearam contra o fazendeiro um processo de luta pela terra que se estenderia ao longo de mais de uma década. Em sua resistência, a população de Frechal se viu envolvida no movimento das chamadas comunidades negras rurais que culminaria, em 1988, na inclusão do artigo 68 no ADCT na Constituição, a reconhecer o direito à terra dos remanescentes de quilombo. Frechal pleiteou esse reconhecimento, no que foi atendida, em 1990, tornando-se a primeira comunidade assim entendida no Brasil inteiro. No entanto, à falta de regulamentação para possibilitar a titulação nesses moldes, a garantia dos direitos territoriais de Frechal e o fim do assédio do fazendeiro viram-se assegurados por meio de uma recém-estabelecida modalidade de unidade de conservação ambiental, a de Reserva Extrativista. A criação da Resex Quilombo do Frechal, em 1992, com tal perímetro que coincidisse com os da antiga fazenda, resultou em que os outros dois povoados, Rumo e Deserto, até então beneficiados pelo fazendeiro para minar o pleito de Frechal, fossem também reconhecidos como beneficiários da Resex. Pelos diplomas atinentes a esse tipo de unidade de conservação, portanto, os três grupos são entendidos como populações tradicionais. Trata-se, portanto, de coletivos que se viram interseccionados, à época, por dois recém-criados objetos político-administrativos e formas de tutela do território (remanescentes de quilombo/titulação pelo artigo 68 e populações tradicionais/reservas extrativistas). A implementação da Resex Quilombo do Frechal, em particular na última década, traz, assim, situações conflituosas oriundas dessa sobreposição de objetos e tutelas, e que resultaram em uma contraditória territorialização desses grupos. Esse é o objeto de investigação desta pesquisa. / This thesis proposes a reflection on the contradictions of the territorialization process experienced and conducted by peasant groups of the Reserva Extrativista Quilombo do Frechal, situated in Mirinzal, on the northern portion of Brazilian state of Maranhão. Distributed among three villages Rumo, Deserto e Frechal the Resex population associates their ascendancy to former slaves and free peasants that were connected to the owners of the Frechal Farm since the 18th century. During the 1970s and 1980s, villagers mainly from Frechal were confronted by expropriation threats, which triggered off a struggle for the land. In their resistance, Frechal people got involved in what was known as the black rural communities movement. In articulation with the uprising of the Brazilian black movement, this dynamics culminated, in 1988, with the inclusion on the new Constitutional letter of an article (the 68th of the ADCT) assuring territorial rights to remainders of quilombos (maroon communities). Frechal pleaded the recognition of its identity as quilombolas, which was granted and turned the village into the first officially recognized remainder of quilombos in Brazil. However, there was not yet an agreement over the juridical regulation to actually give land titles to Frechal based on the 68th article. As the conflict with the land owner intensified, the solution came in the form of an Extractivist Reserve (Resex), an also recent form of environmental conservation unit with origin within the seringueiros movement. In 1992, the Resex was created exactly over the former farm perimeter, which entailed the recognition of the other two villages, Rumo e Deserto, as Resex beneficiaries as well as Frechal. According to Resex statutes, that qualifies them as members of traditional populations. The peasant villagers are, therefore, intersected by two recent juridical and administrative objects (remainders of quilombos/traditional populations), two official ways to guard the territory (the 68th article and the Resex). The actual implementation of the Resex, particularly over the last decade, results in a contradictory process of territorialization, and this was made the object of this research.
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Espacialidade das migrações temporárias de Mirabelenses: implicações na territorialidade localFonseca, Gildette Soares 23 June 2009 (has links)
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Previous issue date: 2009-06-23 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / The temporaries migrations reflect the process of social inequality that prevails in
the hidden corners of Brazil, involving the survival of populations of low purchasing
power, while the periodic return to the living space (re)create new meanings. This
research contemplates reflections on the history of temporaries migrants in
Mirabela, county located in the north of Minas Gerais. Our main goal is to know the
spatial dimension of these migrations and their working conditions, examining the
implications on the territoriality of the space of Mirabela. Thus, we characterized
the geographical category place - living space, - connecting it to temporary
migration, analyzing the process of settlement of the county, evaluating the socioeconomic-
cultural organization of the migrant population and identifying the
formation of social networks of migrants and their families. The theoretical
referential used contemplated discussions about geographical category place,
concepts of temporary migration, identity, employment relationship, de/reterritorialization
and social networks. Considering these assumptions, we execute a
descriptive exploratory study, using interviews and narratives of migrants life
histories, being each one of the twenty fieldworks essential to this research. From
the compilation of data, we elaborate maps and chart that show the spatialization
of temporaries migrations of the citizens of Mirabela, being these same
temporaries migrations also occur in other regions of Minas Gerais and in the
states of Bahia, Tocantins, Goiás and Mato Grosso do Sul. In these regions
migrants work in the coffee harvest, in coal production, in sugar cane and wood
cutting, beyond some of them develop industrial activities during the year in Nova
Serrana, county of the state of Minas Gerais, returning to Mirabela only on vacation
period and long holidays. We realized that the responsible factors for migrations
are the inefficiency of the municipal government to attract investments for the
generation of jobs; the neglect of state and federal managers with the north of
Minas Gerais counties, specifically Mirabela; the absence of public policies aimed
at setting the man on the field, since the majority of the migrant population has few
years of study and performing agricultural activities; and the powerlessness of
governments in taking care of the interests of migrants workers. In this scene we
observe that there is economic stagnation - low purchasing power - therefore,
many young people without work perspective follow the path of parents and
grandparents, occurring irrecoverable losses in the familiar scope and in the living
space, - de/re-territorialization - thence migrants seek to places that most resemble
their dogma/realities and attempt in a closing and confining process to form their
territories, as the Santo Hipólito Settlement, which shelters families who left the
rhythm of migration during the agricultural harvests and opted to live of the
subsistence, however with better quality of life. We also realize the development of
networks of solidarity between migrants and their families face to the difficulties
confronted in the workplaces and in Mirabela / As migrações temporárias refletem o processo de desigualdade social que impera
nos recantos do Brasil, implicando a sobrevivência de populações de baixo poder
aquisitivo, enquanto o retorno periódico ao espaço de vivência re(cria) novas
significações. Esta pesquisa contempla reflexões sobre a trajetória de migrantes
temporários do município de Mirabela, localizado no norte de Minas Gerais. Nosso
principal objetivo é conhecer a dimensão espacial dessas migrações e as suas
condições de trabalho, averiguando as implicações na territorialidade do espaço
mirabelense. Para tanto, caracterizamos a categoria geográfica lugar - espaço de
vivência relacionando-a com migração temporária, analisando o processo de
povoamento do município, avaliando a organização sócio-econômico-cultural da
população migrante e identificando a formação das redes sociais dos migrantes e
de seus familiares. O referencial teórico utilizado contemplou discussões sobre a
categoria geográfica lugar, conceitos de migração temporária, identidade, relações
de trabalho, des(re)territorialização e redes sociais. Considerando tais
pressupostos, partimos para um estudo exploratório descritivo, utilizando
entrevistas e relatos das histórias de vida de migrantes, sendo cada um dos vinte
trabalhos de campo essencial à esta pesquisa. A partir da compilação dos dados,
elaboramos mapas e tabela que evidenciam a espacialização das migrações
temporárias dos mirabelenses, sendo que as mesmas ocorrem para outras
regiões de Minas Gerais e para os estados da Bahia, Tocantins, Goiás e Mato
Grosso do Sul. Ali os migrantes trabalham na colheita de café, no carvoejamento,
no corte de cana-de-açúcar e de madeira, além de alguns desenvolverem
atividades industriais em Nova Serrana município mineiro no decorrer do ano,
retornando à Mirabela apenas no período de férias e feriados prolongados.
Descobrimos que os fatores responsáveis pelas migrações são a ineficácia do
poder público municipal em atrair investimentos para a geração de empregos; o
descaso dos gestores estadual e federal com os municípios norte-mineiros,
especificamente Mirabela; a ausência de políticas públicas que visem fixar o
homem no campo, uma vez que a maioria da população migrante possui poucos
anos de estudos e executam atividades agrícolas; e a impotência dos governantes
em atender aos interesses dos trabalhadores migrantes. Neste cenário
observamos que há uma estagnação econômica - baixo poder aquisitivo por isso,
muitos jovens, sem perspectivas de trabalho, seguem a trajetória dos pais e avós,
ocorrendo irrecuperáveis perdas no âmbito familiar e no espaço de vivência -
des(re)territorialização daí os migrantes procurarem locais que mais
assemelham aos seus dogmas / realidades, e tentarem, num processo de
fechamento e enclausuramento, formar seus territórios, como o Assentamento
Santo Hipólito, que abriga famílias que abandonaram o ritmo das migrações no
período das safras agrícolas e optaram por viver da subsistência, porém com
melhor qualidade de vida. Percebemos também o desenvolvimento de redes de
solidariedade entre os migrantes e familiares diante das dificuldades enfrentadas
nos locais de trabalho e em Mirabela
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O campesinato no Vale do Jequitinhonha: da sua formação no processo de imposição do trabalho à crise da (sua) reprodução capitalista / The peasantry on the Jequitinhonha Valley: from its formation by the labor imposition process to the crisis of (its) capitalistic reproductionLeite, Ana Carolina Gonçalves 02 March 2015 (has links)
Nesse trabalho, abordamos as condições de reprodução do campesinato no Vale do Jequitinhonha mineiro, da sua formação até os dias atuais, tomando-as como momento da territorialização do capital e da mobilização do trabalho, observadas sempre nas transformações que sofreram no curso contraditório do processo de modernização. Investigamos a formação regional do campesinato no bojo da transição do escravismo colonial para o trabalho livre, relação engendrada como desdobramento da mineração ocorrida em muitos afluentes da bacia do rio Jequitinhonha e do estabelecimento e da expansão das fazendas pecuárias no que outrora fora considerado \"sertão\". Analisamos também a forma de reprodução desse campesinato, tomando-a como uma relação social de produção na qual se assentou a reprodução do capital, quando a mesma ainda não podia prescindir do domínio fundiário e recurso ao exercício da violência por parte daqueles que personificavam o capital e da produção direta dos meios de vida por parte daqueles que personificavam o trabalho. Apresentamos ainda a acumulação das condições para o rompimento daquela relação social de produção como resultado central da própria territorialização do capital responsável por engendrá-la, entre elas, inclusive, a institucionalização do Estado e a formação da sua tecnocracia, ocorridas, ambas, em meio ao processo de autonomização das categorias terra, trabalho e capital, o qual investigamos a partir da intervenção do planejamento regional estatal no Vale do Jequitinhonha e das invasões e expulsões de agregados, posseiros e situantes que foram desencadeadas especialmente nas décadas de 1960, 1970 e 1980. Na análise dos desdobramentos dessa ruptura enfatizamos a permanência do campesinato no Vale do Jequitinhonha, porém, em meio a uma profunda transformação nas relações sociais de produção em que o mesmo se encontrava engajado, as quais passaram a se assentar na generalização da mobilidade do trabalho. Por fim, as condições atuais de reprodução do campesinato, interpretamos como momento da reprodução do capital em sua crise fundamental. Articulamos a exposição dos processos apontados com uma discussão sobre o papel da acumulação primitiva na reprodução do capital e as limitações para sua reiteração continuada; sobre a homogeneização e a diferenciação das relações sociais de produção; sobre o caráter contraditório e fundamentalmente crítico do desenvolvimento capitalista e o caráter da sua crise atual. Conduzimos a mesma a partir da problematização de inúmeros estudos dedicados ao problema da reprodução camponesa no Vale do Jequitinhonha, criticando a apreensão que faziam dessa última como totalidade apartada por não reconhecerem ser essa aparência resultante do processo de autonomização. Analisamos ainda um farto conjunto de depoimentos de lavradores e lavradoras no qual os mesmos discutiam transformações experimentadas em suas condições de reprodução, buscando articular, igualmente, os planos da história e da experiência, a partir de uma crítica do processo de sujeição dos sujeitos sociais a uma dominação abstrata, fetichista e tautológica da mercadoria enquanto forma de mediação e do capital enquanto sujeito automático. / On this thesis we approached the reproduction conditions of peasants from Jequitinhonha Valley, in Minas Gerais, Brazil, from its formation until nowadays. We grasped those reproduction conditions as territorialization of capital and labor mobilization moments, moments that we observed always on the transformations that had occurred on the contradictory process of modernization. We researched regional peasantry formation from the enslavement transition to free labor, a relation that was engendered as the unfold of mining in affluent rivers of Jequitinhonha river and of cattle farming establishment and expansion in what was once considered sertão. We also analyzed the reproduction form of this peasantry as a social relation of production which was the basis of capital reproduction in a moment that personified capital could not prescind from land domination and from violence exercise. After that, we present the accumulation of conditions that ruptured that social relation of production as a central result of territorialization of capital itself, conditions such as State institutionalization and the formation of its technocracy, both occurred throughout autonomization process of land, labor and capital categories. We researched that process from the intervention of regional State planning on the Jequitinhonha Valley and from invasions and expulsions of agregados, posseiros e situantes that occurred specially on the decades of 1960, 1970 and 1980. While analyzing the unfolding of that rupture we give emphasis on the permanence of peasants on the Jequitinhonha Valley, although, in the middle of a deep transformation of social relations of production that these peasants were engaged, which passed to be embedded on the generalization of labor mobilization. Finally, we interpreted actual peasantry reproduction conditions as the reproduction of capital in its fundamental crisis. We articulated the exposition of the processes already mentioned with a discussion of the role of primitive accumulation for capital accumulation and the limits to its continuous reiteration; on the homogenization and differentiation of social relations of production; and on the contradictory and fundamentally critical character of capitalistic development and its actual crisis character. We conducted such issue questioning numerous researches that were dedicated to the peasantry reproduction problem on the Jequitinhonha Valley, and we criticized the grasping of that social reproduction as a separated totality as those researches didnt recognized that as an appearance of autonomization process. We also analyzed a big amount of testimonials of lavradores and lavradoras, in which they discussed transformations experienced on their conditions of reproduction, as we tried to articulate historical and experience plans, from a critique of the process of social subjects subjection by an abstract, fetishistic and tautological domination of merchandise form as an automatic subject mediation and capital form.
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A territorialização da agroindústria canavieira em Cachoeira Dourada (GO) e as transformações socioespaciais / Territorialization the sugar cane agroindustry in Cachoeira Dourada (GO) ande the sócio-spatial transformationsPaula, Vitor Mendes de 26 April 2016 (has links)
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Previous issue date: 2016-04-26 / Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás - FAPEG / The changes by which the sugarcane agroindustry passed in its long period of production in Brazil reflected directly in the organization of the territory, either in the colonial period with the sugar economy or more recently with the production of energy provided by sugarcane. The productive restructuring of the sugarcane industry, based on technological innovations and normative and new spatialisation of the production of sugar, ethanol and energy, define the industry in the 21st century. The set of natural viabilities, political and economic conditions favored the expansion process of the Brazilian sugarcane energy sector by the areas of the Cerrado. The state of Goias became prominent, being responsible for redesigning the geography of production and the expansion of cultivation. In this context, the municipality of Cachoeira Dourada falls within the territory of the sugar-cane through the territorialisation of Group SJC Bioenergy through the Usina Rio Dourado. Thus, the present study aimed to understand the factors that contributed to the territorialisation of group SJC in Cachoeira Dourada, the strategies used by the group to exercise the monopolisation of the territory and the consequent effects for the population of Cachoeira do Sul, especially as regards the changes occurred in the productive chains with the replacement of the grains and livestock by sugar-cane and the new relations between capital and labor. From the readings taken in theoretical compiled, in lifting of secondary data and field research with achievement of interview, simple observation, confection of the field diary and photographic record, we found that the territorial configuration of Cachoeira Dourada in the beginning of XXI century is undergoing a process of transformation , spurred by the subjects of the sugar cane industry . We are therefore facing a hegemonic process that aims to develop a monopoly on the use of the territory by ethanol and energy production. From the new relations established in the municipality, is the crop conversion process, through its inclusion within the sugarcane. / As mudanças pelas quais a agroindústria canavieira passou em seu longo período de produção no Brasil refletiram diretamente na organização do território, seja no período colonial com a economia açucareira ou mais recentemente com a produção sucroenergética. A reestruturação produtiva da agroindústria canavieira, baseada em inovações tecnológicas e normativas e a nova espacialização da produção de açúcar, etanol e energia, definem o setor no século XXI. O conjunto de viabilidades naturais, políticas e econômicas favoreceram o processo da expansão canavieira pelas áreas do Cerrado. O estado de Goiás tornou-se destaque, sendo responsável por redesenhar a geografia de produção e de expansão do cultivo. Nesse contexto, o município de Cachoeira Dourada se insere no território da cana-de-açúcar através da territorialização do Grupo SJC Bioenergia por meio da Usina Rio Dourado. Desse modo, a presente pesquisa tem por objetivo compreender os fatores que contribuíram para a territorialização do grupo SJC em Cachoeira Dourada, as estratégias utilizadas pelo grupo para exercer a monopolização do território e os conseqüentes efeitos para a população cachoeirense-do-sul, sobretudo no que se refere as transformações ocorridas nas cadeias produtivas com a substituição dos grãos e da pecuária pela cana-de-açúcar e as novas relações entre capital e trabalho. A partir das leituras realizadas no referencial teórico compilado, no levantamento de dados secundários e pesquisa de campo com realização de entrevista, observação simples, confecção do diário de campo e registro fotográfico, constatamos que a configuração territorial de Cachoeira Dourada nesse início de século XXI está passando por um processo de transformação, dinamizado pelos sujeitos da agroindústria canavieira. Estamos, portanto, diante de um processo hegemônico que tem a finalidade de desenvolver o monopólio do uso do território através da produção de etanol e energia. A partir das novas relações estabelecidas no município, ocorre o processo de conversão de cultivos, por meio de sua inserção no território da cana-de-açúcar.
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Territorialidade quilombola : o direito étnico sobre a terra na comunidade de Rincão dos Martimianos - RSBorba, Carolina dos Anjos de January 2008 (has links)
A presente dissertação de mestrado tem como objetivo central apreender o sistema de direitos étnicos territoriais que codificam o espaço físico da comunidade quilombola de Rincão dos Martimianos, situada no município de Restinga Seca - RS. Trata-se não apenas de elucidar as formas de herança e sucessão da terra, mas de enfrentar a complexa cosmologia de apropriação do território expressa pelo grupo étnico ora estudado. Objetiva-se, também, analisar as ações engendradas pela comunidade negra a fim de domesticar as incursões do Estado brasileiro que insiste em sobrecodificar valores universalistas ao modo de vida quilombola; especialmente a partir da inauguração do processo administrativo de regularização fundiária pleiteada pelas lideranças locais junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Examinam-se, por fim, algumas das relações estabelecidas entre Martimianos e seu entorno; nesse espectro sobrelevam-se as formas articuladas pelo grupo na resistência ao racismo e às constantes expropriações de terra. / The present masters dissertation has as its main objective to learn about the territorial etnic rights that codificate the quilombo community Rincão dos Martimianos space, located in the town of Restinga Seca – RS. It aims to find out not only about the inheriting and succession system of land, but also about facing the complex cosmology of apropriation of land showed by the studied etnic group. We also aim to analise actions the carried out by the Afro-descendant community in order to domesticate the incursions in the Brazilian State, wich insists in over codificate universalist values to the quilombola way of life, specially from the inauguration of the fundiary´s regularization administrative process pled by the local liderances to the National Institute of Colonization and Agrarian Reform (INCRA). Eventually, we examinate some stablished relations between the Martimians and their arounds. Under this view, step out the racism resistance group articulated forms and the constant land expropriations.
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Quando o planejamento vai para o Brejo: a mobilidade do trabalho e o planejamento territorial na modernização do Velho Chico / When planning goes to Brejo: labor mobility and territorial planning in the modernization of the Velho ChicoKluck, Erick Gabriel Jones 06 February 2017 (has links)
A pesquisa desenvolvida refere-se ao processo de modernização, territorialização das relações sociais do capital, no momento atual do planejamento estatal de perspectiva territorial (Territórios de Identidade) no Médio São Francisco, mais precisamente no município de Barra (BA) comunidades rurais dos Brejos da Barra. As transformações recentes na dinâmica da reprodução do trabalho dos posseiros nessa área envolve um processo no qual o Estado, munido da perspectiva territorial da ação planejada e por meio de outras ações (envolvendo a disposição de benefícios, incentivos, subsídios e regularizações de terra), dissemina e estimula uma série de programas cada vez mais determinantes na reprodução desse posseiro. Isso não é aceito sem crítica, as quais se colocam outras propostas de territorialização, mais voltadas aos desígnios das comunidades envolvidas, mostrando, inclusive, como aquela promoção da permanência transformada do camponês posseiro na terra, mais monetarizada, é, por outro lado, tensionada, justamente pelo Estado quando este viabiliza os meios facilitadores das ações empresariais, ameaçando constantemente os territórios dessas comunidades (impulsionando a mobilização do trabalho), voltados à produção de energia, mineração e agropecuária comercial. Ambos elegem o território como cerne da prática envolvendo um duplo aspecto indissociável: o da constrição e confinamento territorial dos camponeses posseiros. Todo esse recente processo tem, no entanto, uma determinação histórica social violenta de imposição categorial, cada vez mais tornada crítica na modernização, marcada por uma dinâmica contraditória, do desdobramento e generalização das mediações sociais, como trabalho, dinheiro, e mercadoria e Estado, perpassando todos os sujeitos sociais das ações. Por isso, nesta pesquisa, nos voltamos também a sua história de imposição, discutindo a formação dessas categorias sociais, do próprio Estado e do planejamento, para outra vez retornarmos ao momento mais recente, rediscutindo os desdobramentos concretos das relações sociais. / The developed research refers to the modernization process, understood as the territorialization of capitals social relations, in the present moment of States planning within the territorial perspective (Territory of Identity Program) at the Medium São Francisco Valley, more precisely at the municipality of Barra/BA rural communities of the Brejos da Barra (Barra Swamps). Recent transformations of the labor reproduction dynamics of local smallholders unfold a process in which the State armed with the territorial perspective of planning action and by other actions involving the disposing of benefits, incentives, subsides, and land regularization disseminates and stimulates several programs more and more determining smallholders social reproduction. This has not been accepted without critics. On one hand, the current critics tend to present other proposals of territorialization, more connected to the aims of the involved communities, such as the promotion of land permanence, although more monetized. On the other, they are opposed by the very State once it makes viable the facilities to enterprise actions with plans towards energy production, mining and commercial agriculture, constantly threatening these communities territories and promoting the labor mobility. Both the State and the critics have elected the territory as the center of their practices involving a double side aspect: that of the constriction and of the territorial confining of smallholders and peasants. Nonetheless, the recent process as a whole has a social and historical violent determination of a categorical imposition, turned even more critical by the modernization, marked by a contradictory dynamics of unfolding and generalizing the social mediations, such as labor, money, commodity and the State, that pass through all the social actors of the related actions. Therefore, in this research we also turn to the history of the imposition of those social mediations, discussing their formation, in order to understand the recent moment as part of the critical concrete unfolding of social relations.
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Dinâmicas socioambientais e disputas territoriais em torno dos empreendimentos florestais no Sul do Rio Grande do SulBinkowski, Patrícia January 2014 (has links)
Nas últimas décadas, o cenário mundial foi marcado pela migração de empresas produtoras de madeira para celulose e papel do hemisfério norte para o hemisfério sul, provocando uma nova espacialização dos plantios de arbóreas, entre elas, eucalipto, acácia e pinus. A implantação desses grandes projetos tem desencadeado mudanças nas práticas sociais e no meio natural nos espaços rural e urbano de determinadas regiões, como é o caso do sul do Rio Grande do Sul. Este estudo se destina a analisar e compreender como e por que se expandiu a atividade florestal em um dos municípios desta região, Encruzilhada do Sul, e como a expansão dos empreendimentos de produção e beneficiamento de madeira passaram a interferir nas relações sociedade-natureza, influenciando novos contextos no meio urbano e rural do município. Para responder a tais questionamentos foi realizada pesquisa de campo com atores sociais envolvidos nesse contexto empírico. Adotou-se como referencial teórico-metodológico as noções/categorias de território e conflito ambiental. A análise permitiu constatar: a) o surgimento de novos atores sociais e a disseminação de uma “lógica florestal”; b) alterações importantes na paisagem rural e urbana; c) desterritorialização e reterritorialização da população local; d) alterações nos sistemas produtivos e influências diretas na posse da terra; e) mudanças nas relações e condições de trabalho; e, f) transformações nas relações de poder e redefinição de estratégias empresariais. As mudanças afetaram, direta e indiretamente, as práticas cotidianas da população local envolvida ou não com a atividade de silvicultura, provocando alterações nas formas como os indivíduos/grupos passaram a decidir e garantir a sua reprodução social e modos de vida. As comunidades envolvidas passaram então a resignificar o território, construindo um “novo” espaço, atrelado ao surgimento de uma “nova territorialidade” e uma “nova ruralidade”. Mas não foi identificada uma reação coletiva por parte da população local contrária aos impactos negativos provocados pela atividade de silvicultura no município. A atividade de silvicultura em Encruzilhada do Sul tende a ser vista como uma “estratégia de desenvolvimento”, seja na visão do poder público local, das empresas florestais ou da população local, esta última influenciada pelos dois primeiros grupos, acreditando que a atividade é, literalmente, a “salvação da lavoura”. A concepção desenvolvimentista gerada pela atividade de silvicultura, no entanto, não determinou até agora o tão desejado desenvolvimento para o município, ao contrário, tem comprometido a própria reprodução social das comunidades que passam a criar novas estratégias de (re)adaptação e enfrentamento à “lógica florestal” instaurada na região. / In recent decades, the world stage was marked by the migration of timber companies (for paper and pulp production) from north to south hemisphere, influencing on the new specialization of tree crops, specially eucalyptus, acacia and pine. The implementation of these large projects have led to changes in the social practices and in the natural environment, in the rural and urban areas, as for instance the south of Rio Grande do Sul, Brazil. This study aims to analyse and understand how and why the forestry sector have expanded into city of Encruzilhada do Sul, and how the expansion of timber production and processing enterprises have interfered in the society-nature relations, influencing new rural and urban contexts. To answer these questions, the research was conducted with local social actors.The theoretical and methodological framework adopted were notions/categories of territory and environmental conflict. The results indicated that: a) the emergence of new social actors and the dissemination of a “forestry logic”; b) significant changes over the rural and urban landscape; c) re-territorialization of local population; d) changes in the productive systems and direct influences in the land tenure; e) changes in the relations and conditions of work; f) transformations in the power relations and in the redefinition of business strategies. These changes have affected directly and indirectly the everyday practices of local population, which are involved or not with the forestry activity, changing their decisions, guarantees of social reproduction and the ways of life. The territory has been re-framed by these communities, building a “new” space, related to the emergence of a “new territoriality” and a “new rurality”. However, it was not identified a collective reaction from local population against the negatives impacts caused by the forestry activity in this municipality. The forestry activity in Encruzilhada do Sul tends to be seen as a development strategy from local government, forestry companies and local population. The last one is influenced by the two first groups, which believe that the activity literally is the “farming salvation”. The developmental concept generated by the forestry activity, however, has not determined yet the “development desired” for the local, unlike, it committed the social reproduction of the communities that have created new re-adaption and confronting strategies to the “forestry logic” established in the region. / En las últimas décadas el escenario mundial fue marcado por la migración de las empresas productoras de madera para celulosa y papel del hemisferio norte para el hemisferio sur, provocando una nueva especialización en el cultivo de arbóreas, entre ellas, eucalipto, acacia y pino. La instalación de estos grandes proyectos ha desencadenado cambios en las prácticas sociales y en el medio natural, en los espacios rurales y urbanos de determinadas regiones, como es el caso del sur de Río Grande do Sul. Este estudio se orienta a analizar y comprender como y porque se expandió la actividad forestal en uno de los municipios de esta región, Encruzilhada do Sul, y como la expansión de los emprendimientos de producción y beneficio de la madera pasaran a interferir en las relaciones sociedad-naturaleza, influyendo en nuevos contextos en el medio urbano y rural del municipio. Para contestar a tales interrogantes se realizó una investigación de campo con actores sociales involucrados en este contexto empírico. Se adoptó como referencia teóricametodológica las nociones/categorías de território y conflicto ambiental. El análisis permitió constatar: a) el surgimiento de nuevos actores sociales y la diseminación de una “lógica forestal”; b) alteraciones importantes en el paisaje rural y urbano; c) desterritorialización y reterritorialización de la población local; d) alteraciones en los sistemas productivos e influencias directas en la posesión de la tierra; e) cambios en las relaciones y condiciones de trabajo; f) transformaciones en las relaciones de poder y re-definición de estrategias empresariales. Los cambios afectaron, directa o indirectamente, las practicas cotidianas de la población local involucrada o no, con la actividad de silvicultura, provocando alteraciones en las formas como los individuos /grupos pasaron a decidir y garantizar su reproducción social y sus modos de vida. Las comunidades involucradas pasaron entonces a re-significar el territorio, construyendo un “nuevo” espacio, atrayendo el surgimiento de una “nueva territorialidad” y una “nueva ruralidad”. Pero no fue identificada una reacción colectiva por parte de la población local opuesta a los impactos negativos provocados por la actividad de silvicultura en el municipio. La actividad de silvicultura en Encruzilhada do Sul tiende a ser vista como una “estrategia de desarrollo”, sea con la visión del poder publico local, de las empresas forestales o de la población local, esta ultima influenciada por los dos primeros grupos, acreditando que la actividad es, literalmente, la “salvación de la agricultura”. La concepción desarrollista generada por la actividad de la silvicultura, sin embargo, no se ha determinado hasta ahora el tan deseado desarrollo para el municipio, al contrario, tiene comprometido la propia reproducción social de las comunidades que pasan a crear nuevas estrategias de (re)adaptación y enfrentamiento a la “lógica forestal” instaurada en la región.
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