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Serviços de saúde e seus usuários : comunicação entre culturas em uma unidade de saúde comunitária

Oliveira, Francisco Jorge Arsego Quadros de January 1998 (has links)
Este trabalho é fruto de uma investigação que buscou elucidar a relação estabelecida entre os serviços de saúde e os seus usuários. Com esse objetivo, utilizou-se uma abordagem antropológica que teve como referência a experiência empírica ligada à Unidade Conceição do Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição, em Porto Alegre, RS. Funcionando nas dependências do Hospital Nossa Senhora Conceição, a Unidade Conceição é um posto de saúde vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS) em que médicos gerais comunitários e outros profissionais vêm prestando atendimento de saúde, há cerca de 15 anos, aos moradores da sua vizinhança, calculados atualmente em mais de 20 mil pessoas. Tendo como pano de fundo as influências da cultura no comportamento humano e na prestação de atendimento de saúde, os desdobramentos principais da relação entre a Unidade e os seus usuários foram analisados sob diversos eixos: a história da Unidade, seus conflitos com a instituição e outras especialidades médicas; a relação da Unidade com a área geográfica sob sua responsabilidade; a questão da participação popular nos serviços de saúde, mais especificamente a experiência do seu Conselho Gestor Local; e, por fim, a avaliação dos serviços de saúde, principalmente no que concerne à perspectiva dos pacientes. Sempre que possível, a análise feita procurou fazer uma ligação com as mudanças ocorridas no sistema de saúde brasileiro nos últimos anos. Resgatar os aspectos culturais como elemento essencial para o estabelecimento de uma comunicação efetiva entre os indivíduos e os serviços formais de saúde mostrou-se fundamental para permitir o aprofundamento desse tipo de análise e para qualificar as ações desenvolvidas pelos serviços de saúde. / This dissertation is the result of a research that aimed at clarifying the relationship between health services and their users under an anthropological point of view. The research was based on the practical experience carried out at Unidade Conceição do Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição, in Porto Alegre, RS. This Unit, a health care center associated to Sistema Único de Saúde (SUS), has been developing its activities inside Hospital Nossa Senhora Conceição for the last 15 years, counting on family doctors and other professionals to provide health attention to around twenty thousand people living in this neighborhood. Having culture influences on human behavior as well as on health care practice as background, the main aspects of the relationship between health center and its users were analyzed under different lines of thought: Unit history, Unit conflicts related to the institution and other medical specialties; the relationship between the Unit and the geographical area under its responsibility; popular participation on health services, more specifically the experience of the Unit health council; and, finally, the evaluation of health care, mainly related to the patient’s perspective. Whenever possible, this analysis was referred to changes occurred in the Brazilian health system in the last few years. Reclaiming cultural aspects as an essential element to establish effective communication between formal health services and their users showed to be of utmost importance to deepen this kind of analysis and to qualify the health care practice.
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Serviços de saúde e seus usuários : comunicação entre culturas em uma unidade de saúde comunitária

Oliveira, Francisco Jorge Arsego Quadros de January 1998 (has links)
Este trabalho é fruto de uma investigação que buscou elucidar a relação estabelecida entre os serviços de saúde e os seus usuários. Com esse objetivo, utilizou-se uma abordagem antropológica que teve como referência a experiência empírica ligada à Unidade Conceição do Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição, em Porto Alegre, RS. Funcionando nas dependências do Hospital Nossa Senhora Conceição, a Unidade Conceição é um posto de saúde vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS) em que médicos gerais comunitários e outros profissionais vêm prestando atendimento de saúde, há cerca de 15 anos, aos moradores da sua vizinhança, calculados atualmente em mais de 20 mil pessoas. Tendo como pano de fundo as influências da cultura no comportamento humano e na prestação de atendimento de saúde, os desdobramentos principais da relação entre a Unidade e os seus usuários foram analisados sob diversos eixos: a história da Unidade, seus conflitos com a instituição e outras especialidades médicas; a relação da Unidade com a área geográfica sob sua responsabilidade; a questão da participação popular nos serviços de saúde, mais especificamente a experiência do seu Conselho Gestor Local; e, por fim, a avaliação dos serviços de saúde, principalmente no que concerne à perspectiva dos pacientes. Sempre que possível, a análise feita procurou fazer uma ligação com as mudanças ocorridas no sistema de saúde brasileiro nos últimos anos. Resgatar os aspectos culturais como elemento essencial para o estabelecimento de uma comunicação efetiva entre os indivíduos e os serviços formais de saúde mostrou-se fundamental para permitir o aprofundamento desse tipo de análise e para qualificar as ações desenvolvidas pelos serviços de saúde. / This dissertation is the result of a research that aimed at clarifying the relationship between health services and their users under an anthropological point of view. The research was based on the practical experience carried out at Unidade Conceição do Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição, in Porto Alegre, RS. This Unit, a health care center associated to Sistema Único de Saúde (SUS), has been developing its activities inside Hospital Nossa Senhora Conceição for the last 15 years, counting on family doctors and other professionals to provide health attention to around twenty thousand people living in this neighborhood. Having culture influences on human behavior as well as on health care practice as background, the main aspects of the relationship between health center and its users were analyzed under different lines of thought: Unit history, Unit conflicts related to the institution and other medical specialties; the relationship between the Unit and the geographical area under its responsibility; popular participation on health services, more specifically the experience of the Unit health council; and, finally, the evaluation of health care, mainly related to the patient’s perspective. Whenever possible, this analysis was referred to changes occurred in the Brazilian health system in the last few years. Reclaiming cultural aspects as an essential element to establish effective communication between formal health services and their users showed to be of utmost importance to deepen this kind of analysis and to qualify the health care practice.
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Remediar, comer, exercitar: etnografia do gerenciamento do diabetes tipo 2 em grupos hiperdia / Remedy, eat, and exercise: ethnography of management type 2 diabetes in health education groups

Lucas Pereira de Melo 19 November 2013 (has links)
Os grupos de educação em saúde têm sido considerados espaços nos quais se produz intervenções educativas, cujo objetivo último é a aderência ao tratamento. Isto se faz por meio da valorização do saber médico e da assunção da ignorância do sujeito que adoece. No Brasil, há poucos estudos antropológicos de grupos de diabéticos que se realizem dentro de serviços oficiais de saúde. Esse tipo de abordagem tem-se mostrado pertinente, uma vez que a experiência com a doença crônica está intimamente entrelaçada com os tipos de serviços e de profissionais de saúde que eles encontram no sistema oficial de saúde. Este estudo partiu do pressuposto de que em tais grupos é possível analisar as formas de operação do modelo terapêutico para diabetes tipo 2. Buscou-se apreender os grupos como instâncias produtoras de sentidos e de significados relativos ao processo de adoecimento. Portanto, teve-se como objetivo compreender os aspectos discursivos, estruturais e simbólicos que compõem os modos de operação do modelo terapêutico para gerenciamento do diabetes tipo 2 em grupos de educação em saúde na atenção básica. O trabalho de campo foi conduzido entre os meses de agosto/2011 e setembro/2012 num centro de saúde em Campinas-SP. Participaram do estudo 58 indivíduos, entre usuários, profissionais e gestores. Desse total, 33 foram entrevistados individualmente ou nos grupos de discussão. Nesse contexto, o gerenciamento do diabetes tipo 2 dá-se por meio de tecnologias e ética do autocuidado que exigem dos indivíduos autocontrole, automonitoramento e disciplina. Destaca-se o seguinte: os itinerários dos pacientes até o ingresso nos grupos; os ditos e cochichos nas reuniões; as negociações no acompanhamento clínico; os significados atribuídos aos grupos que, em alguma medida, se contrapõem e se retroalimentam; os usos sociais dos grupos; os sistemas de privilégios e gradações existentes entre os participantes; os compartilhamentos e trocas de experiências e saberes socializados na lida diária com a enfermidade crônica; as críticas e sugestões que os informantes fazem ao modo de funcionamento dos grupos, apesar de tímidas ou intimidadas; o papel do vínculo e das relações como elementos que conferem eficácia simbólica ao ato médico e à educação em saúde. Diante disso, observa-se a existência de uma crise no modelo de educação em saúde vigente. Além disso, chama-se a atenção para a lógica cultural que opera nesses grupos, o que evidencia as diferenças e complementaridades entre as dimensões técnica e relacional do cuidado, como reflexos dos referentes culturais e valores sociais da sociedade brasileira mais ampla. / Health education Groups have been considered spaces where produces educational interventions, whose ultimate objective is adherence to treatment. This is done through the enhancement of medical knowledge and the assumption of ignorance of the people who gets sick. In Brazil, there are few anthropological studies about these groups that take place within the official health services. This approach has shown relevant, since the experience with chronic illness is closely intertwined with the types of services and health professionals they encounter in the public health system. This study was based on the assumption that such groups can examine ways of operating the therapeutic model for type 2 diabetes. It tried to apprehend these groups as instances of producing senses and meanings related to the disease process. So we had as objective to understand the discursive, structural, and symbolic aspects that make up the operating modes of the therapeutic model for management type 2 diabetes into health education groups in primary health care center. Fieldwork was conducted between the months of August/2011 September/2012 in Southeast Brazil. The study included 58 individuals (patients, professionals and managers). Of this total, 33 were interviewed individually or in focus groups. In this context, the management of type 2 diabetes occurs by means of technology and ethics of self-care of individuals requiring self-control, self-monitoring and discipline. It highlighted the following: the itineraries of patients until entry in groups; the \"uncertain\" and \"whispers\" in meetings; negotiations clinical follow; meanings assigned to groups, to some extent, oppose and feed back; the social uses of the groups; systems of privileges and gradations between participants; shares and the exchange of experiences and knowledge in deals with chronic illness; criticism and suggestions that informants make the workings of groups, despite the \"shy\" or \"intimidated\", the role of the bond and relationships as elements that confer symbolic efficacy to the medical act and health education. Thus, we observe the existence of a crisis in the health education model. It demonstrates the differences and complementarities between the technical and cultural/relational dimensions of care reflecting the cultural reference points and social values of the broader Brazilian society.
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A experiência do homem com câncer de próstata na perspectiva da antropologia das masculinidades / The experience of men with prostrate cancer from the perspective of the anthropology of masculinities

Jeferson Santos Araújo 22 July 2016 (has links)
O câncer de próstata (CP) é a neoplasia maligna mais incidente entre os homens brasileiros, principalmente na região sudeste do país, depois do câncer de pele não melanoma. Os sinais, sintomas e tratamentos da doença afetam o adoecido gerando momentos de sofrimentos, medos e incertezas diante do seu prognóstico. Esta pesquisa teve como objetivo interpretar os significados atribuídos à experiência dos homens adoecidos com o CP, seus tratamentos e complicações com base na concepção antropológica de masculinidades. Para atingir este propósito um estudo qualitativo foi realizado e adotado o método da etnografia narrativa e o referencial teórico da Antropologia Médica e das Masculinidades. Participaram do estudo 17 homens diagnosticados com CP em seguimento terapêutico em um hospital universitário localizado no interior do estado de São Paulo. A coleta de dados foi realizada de forma individualizada com cada participante por meio de entrevistas em profundidade e observação do contexto de pesquisa , sendo estas registradas em diário de campo, realizada nas dependências do complexo hospitalar e nos lugares em que os participantes julgavam propícios para conversar sobre sua experiência. A captação dos dados ocorreu entre o período de março de 2013 a março de 2016. Foram construídas sínteses narrativas individuais e em seguida sínteses narrativas coletivas para melhor compreender as experiências narradas. Em seguida, os enredos foram submetidos a análise temática indutiva e os aspectos semelhantes e particulares das narrativas foram integrados e apresentados sob forma de duas sínteses narrativas temáticas, denominadas: Enredos corporificados do câncer de próstata: normas, conflitos e descobertas, onde são apresentadas crenças, costumes e valores atribuídos ao corpo do homem na sociedade e em sua cultura, as normas hegemônicas que regem à sua forma de lidar com o seu itinerário terapêutico, transformando o seu corpo um lócus de agência e objeto de sentidos durante o adoecimento, os quais nos permitiram atribuir a esta síntese o significado de corporeidade; e Masculinidades resignadas em tempos de crise: como nos vemos, enfrentamos e seguimos no nosso mundo social que aborda as transformações ocorridas sob o corpo social e biológico apresentados pelo homem por meio da perda da identidade masculina hegemônica e adoção de outras masculinas, onde o homem que era forte, potente e viril deu lugar para o homem dependente, fraco e isolado que lida com as adversidades da doença e com o seu agenciamento por meio da resignação do seu corpo e de suas práticas. Assim, esta síntese narrativa temática teve por significado a transição de identidade. Os sentidos destas experiências foram discutidos com o auxílio de conceitos da antropologia e suas interpretações que nos permitiram explicar compreensivamente que a cultura influencia diretamente na forma como o homem lida com o CP e suas masculinidades durante o adoecimento. Destacamos a importância do enfermeiro apreender a experiência do adoecido, numa perspectiva ampla que relaciona o homem, suas masculinidades, sua cultura e seus significados / After non-melanoma skin cancer, prostate cancer (PC) is the most malignant neoplasms incident among Brazilian men, mainly in the South-East region of Brazil. The signs, symptoms and disease treatment affect the patients generating moments of suffering, fear and doubt about his prognosis. The aim of this research was to interpret the meaning attributed to experience of the patients (men) with PC, their treatments and complications based on anthropological perspective of masculinities. To achieve research objectives it was used qualitative study supported by method of the ethnographic narrative and Medical Anthropology and Masculinities Theories. This study had the participation of 17 men diagnosed with PC under therapeutic follow-up in the university hospital located on the countryside of São Paulo state. The data collection was individual with each participant through deep interviews and observations of the research context. The information was registered in a field diary in the hospital and others appropriate locals suggested by participants to talk about their experience. The data were obtained in the period from March 2013 to March 2016. Both individual narratives syntheses and in the sequence collective narratives syntheses were built to achieve the best comprehension of the experience told by patients. After this step the stories were analyzed under inductive thematic and similar and specific aspects were integrated and presented by two thematic narrative syntheses denominated: Embodied narrative of the prostate cancer: rules, conflicts and discovery which present beliefs, custom and values attributed to man´s body in the society and his culture as well as hegemonic rules that guide his way to handle with therapeutic itinerary, turning his body into a locus of agency and object of sense during the process of the disease that allowed us to attribute to this synthesis the meaning of embodiment; Masculinities resigned in the crisis period: how see ourselves, how to face and act in our social world that approaches the transformation occurred in the body in social and biological terms presented by man through of his loss of the hegemonic masculinity identity and adoption of others masculinities; the change from strong, potent and virile man to dependent, weak and alone one that deals with disease adversity and its agency through his resignation with the body and practices. Thus, this thematic narrative synthesis had as meaning the transition of identity. The senses of these experiences were discussed under concepts of the anthropology and its interpretations that allowed us to explain comprehensively that the culture influences directly the manner that the man handles with PC and his masculinity during the process of disease. We underline the importance of the nurses apprehend experience of the patients under wide perspective that include the man, his masculinities, culture and its meanings
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Centros de Atenção Psicossocial : do modelo institucional a experiencia social da doença / Psycho social Treatment Centers : from institucional model to desease experience

Dias, Marcelo Kimati 19 October 2007 (has links)
Orientador: Jose Luiz dos Santos / Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciencias Humanas / Made available in DSpace on 2018-08-09T06:42:07Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Dias_MarceloKimati_D.pdf: 3287178 bytes, checksum: e693a5cc96924592eccbebedfc775c29 (MD5) Previous issue date: 2007 / Resumo: Não informado. / Abstract: Not informed. / Doutorado / Doutor em Ciências Sociais
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A experiência do câncer peniano e seus tratamentos na perspectiva dos adoecidos / The experience of penile cancer and treatment from the perspective of patients

Vander Monteiro da Conceição 02 February 2017 (has links)
O câncer de pênis é uma doença de baixa incidência e sua manifestação está associada a fatores intrínsecos e extrínsecos, e sua principal forma de tratamento é a penectomia. Devido à doença ocorrer no órgão genital masculino busquei conhecer como os homens adoecidos lidam com suas masculinidades na situação do adoecimento. Dessa forma, propus a tese de que a cultura influencia na forma como os homens sobreviventes do câncer de pênis lidam com suas masculinidades. Elaborei o objetivo de interpretar os significados atribuídos à experiência com o câncer de pênis e seus tratamentos pelos homens adoecidos. O referencial teórico adotado foi o da antropologia médica e das masculinidades, pois ambas consideram a cultura como um elemento importante no mundo social. Para conhecer a cultura do outro é necessário vivenciá-la de perto, por este motivo optei por desenvolver a etnografia narrativa. Esse método propõe ao pesquisador o uso de técnicas como a observação participante, múltiplas entrevistas, uso do diário de campo, análise temática e a apresentação dos resultados na estrutura de narrativas que contenham a estória das vivências dos participantes. Ressalto que a narrativa tem como principal objetivo mostrar as transformações vividas pelos depoentes, considerando os aspectos comuns e divergentes dos entrevistados. Foram selecionados 18 homens com o diagnóstico de câncer de pênis no ambulatório de uro- oncologia de um hospital do interior paulista. As características sociais e clínicas dos entrevistados são semelhantes aos dados nacionais e internacionais em relação à baixa incidência da doença, faixa etária e os tratamentos empregados. Diante do processo de análise foi possível construir oito sínteses temáticas: O câncer de pênis e seu itinerário; O corpo após a doença e seus tratamentos; O câncer e suas repercussões sociais: o trabalho, o lazer e as relações sociais; Por trás do visível: a confidencialidade da doença; A sexualidade pós- tratamento; Um homem inteiro ou meio homem: a ressignificação das masculinidades; Recursos de apoio social; O hoje e as expectativas para o futuro. Por meio das sínteses narrativas é possível conhecer os sentidos que os homens empregaram ao adoecimento e como a doença afetou sua masculinidade. Estes achados permitiram alcançar o significado de ser homem sobrevivente do câncer de pênis e seus tratamentos, que pode ser compreendido pela expressão \"ser meio homem\". Desde o início do diagnóstico até a vida no pós- tratamento, os homens negociam suas masculinidades com o mundo social, e percebem que algumas características adquiridas durante o adoecimento os tornam diferente dos demais homens, tais como se assumir doente, a extirpação total ou parcial do pênis, redução da força física, impossibilidade de trabalhar e alterações na prática sexual. Comprovo, então, que a cultura tem influência na forma que os homens lidam com suas masculinidades, uma vez que os adoecidos constantemente revisitam seus padrões culturais de masculinidade para obedecê- lo ou ressignificá-lo. Os enfermeiros podem utilizar os achados deste estudo para refletir sua prática de cuidado aos homens com câncer e para desenvolverem outras pesquisas que o complementem / Penile cancer is a disease of low incidence, and its manifestation is associated with intrinsic and extrinsic factors, and its main form of treatment is the penectomy. Due to the fact that the disease occurs in the male genital organ, I sought to know how the ill men deal with their masculinities in the disease situation. Thus, I proposed the thesis that culture influences in the way as the penile cancer survivors deal with their masculinities. The aim of this study is to interpret the meanings attributed to the experience with penile cancer and its treatments by the ill men. The theoretical framework adopted was medical anthropology and masculinities, since both considered culture as an important element in the social world. In order to understand the culture of the other people is necessary to experience it closely, for this reason I chose to develop the narrative ethnography. This method proposes to the researcher the use of techniques such as participant observation, mult iple interviews, the use of field diary, thematic analysis and the presentation of results in the structure of narratives that contain the story of participants\' experiences. I emphasize that the narrative has as main objective to show the transformations lived by the deponents, considering the common and divergent aspects of the interviewees. We selected 18 men with the diagnosis of penile cancer in the uro-oncology clinic of a hospital in the interior of São Paulo. The social and clinical characteristics of the interviewees are similar to the national and international data regarding the low incidence of the disease, age group and the treatments used. From the process of analysis it was possible to construct eight thematic syntheses: Penile cancer and its itinerary; The body after disease and its treatments; Cancer and its social repercussions: work, leisure and social relations; Behind the visible: the confidentiality of the disease; The sexuality post-treatment; The whole man or half man: resignification of masculinities; Social support resources; The today and expectations for the future. Through narrative syntheses it was possible to comprehend the meaning attributed by the patients, what they assigned to illness and how that disease affected their masculinity. These findings allowed us to achieve the meaning of being a man penile cancer survivor and its treatments, which can be understood by the expression \"being half man\". From the onset of diagnosis up to life post-treatment, men negotiate their masculinities with the social world, and realize that some characteristics acquired during illness make them different from other men, such as, to assume themselves as sickness, the fact that they have total or partial penile extirpation, reduction of physical strength, impossibility of working and changes in sexual practice. I then show that culture influences the way men deal with their masculinities, since the ill men are constantly revisiting their cultural patterns of masculinity to obey or re-signify it. Nurses can use the findings of this study to reflect their practice of caring for men with cancer and to develop further researches that complements this one
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Aspectos conceituais teóricos e subjetivos da sobrevivência ao câncer: contribuições para a enfermagem oncológica / Theoretical conceptual and subjective aspects of cancer survivorship: contributions to cancer nursing

Oliveira, Rafaela Azevedo Abrantes de 22 September 2017 (has links)
O progresso no diagnóstico precoce do câncer e terapias, bem como longevidade e o crescimento populacional, remete no aumento do número de indivíduos sobreviventes do câncer em todos os países, e com ele surge uma nova nomenclatura, a da sobrevivência ao câncer (SC). Este estudo teve como objetivo geral, analisar o conceito da SC na literatura de saúde e entre adoecidos adultos e/ou idosos diagnosticados com a doença. Para alcançar este propósito elaboramos mais quatro objetivos específicos que nos fez organizar a tese em três grandes etapas. A primeira etapa tem como objetivo analisar o conceito da SC apresentado na literatura de saúde, segundo o modelo evolucionário de análise conceitual de Rodgers. Este modelo está disposto em seis etapas, preconizando a análise dos estudos levantados pela análise temática indutiva e interpretados segundo o referencial teórico do conceito de cultura. Como resultado obtivemos os componentes do conceito, que nos auxilia na compreensão do mesmo, são eles: antecedente - ser diagnosticado com câncer; consequente - qualidade de vida dos sobreviventes do câncer (StC) e crescimento pessoal; atributos - processo de liminaridade e cuidado culturalmente congruente; termos substitutos - StC, sobrevivência em longo prazo e aquele que está vivendo após o diagnóstico do câncer, e por último os termos relacionados - sobrevida e reabilitação do câncer. Para a segunda etapa dessa pesquisa o propósito foi apreender os sentidos atribuídos a ser StC entre adoecidos, assim como, descrever os sentidos atribuídos ao conceito da SC entre adoecidos adultos e idosos por meio de sínteses narrativas. Desse modo, construímos um estudo qualitativo, com método narrativo e com referencial da antropologia médica. Realizamos entrevistas semi-estruturadas com 14 participantes diagnosticados com os diferentes tipos de câncer urológico de ambos os sexos, adultos e idosos, com no mínimo três meses pós-tratamento. Após transcrição dos dados, os mesmos foram analisados segundo a análise temática indutiva e duas sínteses narrativas foram elaboradas, a primeira delas é as dualidades da vida após o tratamento: da perda do autocontrole, da incerteza da recorrência da doença ao otimismo e esperança. Nessa síntese, discutimos acerca da experiência do sobrevivente com a doença, a perda de controle que a doença desencadeia e o consequente crescimento pessoal e aquisição do otimismo apesar das circunstâncias vividas. A segunda síntese é intitulada, o que eu sou? Sou um sobrevivente do câncer? Autorreflexão da identidade após o tratamento primário do câncer. Nela apreendemos a reflexão dos participantes sobre como se enxergam e veem a si mesmo e atribuem sentidos a ser ou estar doente, curado, vítima e principalmente StC. Com essas duas sínteses narrativas conseguimos descrever e nos aproximar dos sentidos atribuídos a SC. A terceira etapa foi desenvolvida em três tópicos, o primeiro consiste na comparação dos resultados da etapa um com a etapa dois, complementando com a importância da enfermagem oncológica no cuidado aos StC e uma reflexão sobre as políticas de saúde públicas atuais. Essa tese atualiza o conceito da SC e traz novas perspectivas sobre ele, contribuindo para a enfermagem oncológica / The progress in the early diagnosis of cancer and therapies, as well as the longevity and population growth remit to an increased number of cancer survivors around the world, giving rise to a new term, that of cancer survivorship (CS). The general objective in this study was to analyze the concept of CS in the health literature and among adult and/or elderly patients diagnosed with the disease. To achieve this objective, we elaborated four specific objectives, which made us organize the dissertation in three main phases. The objective of the first phase is to analyze the concept of CS presented in the health literature, according to Rodgers\' evolutionary model of concept analysis. This model is arranged in six steps, recommending the analysis of the studies surveyed by means of inductive thematic analysis and their interpretation according to the theoretical framework of the culture concept. As a result, we obtained the components of the concept, which help us understand it. These are: antecedent - being diagnosed with cancer; consequent - quality of life of cancer survivors (StC) and personal growth; attributes - liminality process and culturally congruent care; substitute terms - StC, long-term survival and individuals living after the cancer diagnosis, and finally the related terms - cancer survival and rehabilitation. For the second phase, the purpose was to apprehend the meanings attributed to being StC among the patients, as well as to describe the meanings adult and elderly patients attribute to the CS concept through narrative syntheses. Thus, we built a qualitative study, using the narrative method and the reference framework of medical anthropology. We held semistructured interviews with 14 participants diagnosed with different types of urological cancer, male and female, adult and elderly, with at least three months post-treatment. After transcribing the data, they were analyzed according to inductive thematic analysis and two narrative syntheses were elaborated, the first being the dualities of life after the treatment; from loss of self-control, the uncertainty of the disease relapse to optimism and hope. In this synthesis, we discuss the survivor\'s experience with the disease, the loss of control the disease triggers and the consequent personal growth and gaining of optimism despite the circumstances experienced. The second synthesis is entitled: Who am I? Am I a cancer survivor? Self-reflection on the identity after the primary cancer treatment. In this synthesis, we apprehend the participants\' reflection on how they see themselves and attribute meanings to being ill, cured, victim and mainly StC. These two narrative syntheses allowed us to describe and get closer to the meanings attributed to CS. The third phase was developed in three topics, the first being the comparison between the results of phase one and phase two, complemented with the importance of oncology nursing in care for StC and a reflection on the current public health policies. This dissertation updates the concept of CS and offers new perspectives, contributing to oncology nursing
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A mulher com idade igual ou superior a 50 anos e a epidemia de aids: percepção e ações de moradoras de uma comunidade de baixa renda. / The 50-year-old women or older and epidemic aids: perception and action of low-income community\'s residents.

Lima, Daniela Angelo de 04 August 2006 (has links)
Dados epidemiológicos têm demonstrado crescente envolvimento da mulher idosa na epidemia de aids, esta constatação foi a motivação para a realização do presente estudo. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que teve como referencial teórico a Antropologia Médica; para o tratamento dos dados adotou-se o Discurso do Sujeito Coletivo. Os objetivos do estudo foram: verificar a percepção sobre a epidemia de aids por mulheres com idade igual ou superior a 50 anos, moradoras em uma comunidade de baixa renda no Município de São Paulo; verificar sua percepção de risco à infecção pelo HIV, e se adotam ações preventivas da infecção. Como critérios de inclusão consideraram-se: mulheres com idade igual ou superior a 50 anos e tempo de residência no local do estudo superior a um ano. Os dados foram coletados por meio de entrevista com questões sobre caracterização da mulher e com uma pergunta norteadora. Foram entrevistadas 13 mulheres, que mostraram ter como características comuns: baixa escolaridade, reduzida renda familiar e religiosidade. O tratamento dos dados resultou na construção de 12 discursos narrados na primeira pessoa, nos quais se verifica que as mulheres do grupo cultural estudado apresentam lacunas no conhecimento a respeito da aids e do cotidiano do indivíduo infectado pelo HIV. Atribuem significado religioso à epidemia; não se vêem sob risco de infecção pelo HIV por via sexual, principalmente devido à confiança na fidelidade do parceiro; negam o uso do preservativo nas relações sexuais, embora temam a aids por identificarem-na como uma doença incurável. Valorizam a necessidade de adoção de medidas preventivas à infecção pelo HIV, porém, pelos jovens, considerados mais susceptíveis. A análise dos dados, segundo o referencial teórico adotado, mostrou que a aids, para o grupo de mulheres estudado, não se constitui em preocupação, quando a abordagem recai na transmissão sexual em si própria, fato que alerta para a necessidade de planejamento de ações educativas culturalmente embasadas sobre a infecção pelo HIV nesse segmento. / Epidemic data has been demonstrating the senior woman\'s growing involvement in epidemic aids, this seen, it suited as motivation for the present study\'s realization. It\'s over a qualitative research, which had as theoretical reference the Medical Anthropology; for the data treatment the Collective Subject\'s Speech was adopted. The study objectives were: to verify the perception of 50-year-old women or older on epidemic aids, residents in a community of low income in the Municipal district of São Paulo; to verify their risk perception to the HIV infection, also if preventive actions are adopted. As inclusion criteria were considered: 50 year-old women or older along with time of residence in the place of study superior to one year. The data was collected through subjects\' interview over the woman\'s characterization and with a leading question. 13 women were interviewed that showed to have as common characteristics: low school education, reduced family income and religiosity. The treatment of the data resulted in the construction of 12 first person narrated speeches, which verify that women from the studied cultural group present gaps in the knowledge regarding aids and the HIV infected individual\'s everyday. They attribute religious meaning to the epidemic; not seeing each other under infection risk for HIV under sexual way, mainly due to trust in the partner\'s fidelity; they deny the use of preservatives in their sexual relationships, although they fear aids for identifying it as an incurable disease. They value the need to adopt preventive measures to the HIV infection, however, for the youths, considered more susceptible. The data analysis, according to the adopted theoretical reference, showed that aids, for the studied women\'s group, is not constituted in concern, when the approach relapses in the sexual transmission itself, fact that alerts to the need of educational action planning culturally based on the infection by HIV in that segment.
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Qualidade de vida na perspectiva de sobreviventes do câncer urológico: estudo qualitativo / Quality of life from the perspective of urologic cancer survivors: qualitative study

Neris, Rhyquelle Rhibna 06 July 2018 (has links)
O diagnóstico do câncer urológico causa profundas consequências na vida dos pacientes. Ainda que sejam considerados tumores com boas respostas terapêuticas, tal diagnóstico não é isento de sofrimento e interfere na qualidade de vida. O objetivo deste estudo foi analisar os sentidos atribuídos à QV por sobreviventes do câncer urológico. Para subsidiar essa compreensão, foram utilizados o referencial teórico da antropologia médica e a metodologia narrativa. Participaram do estudo 12 participantes com diagnóstico de câncer urológico sob seguimento terapêutico em um hospital público no interior de São Paulo. A coleta de dados ocorreu de novembro de 2016 a novembro de 2017, por meio de entrevistas semiestruturas gravadas e observação direta, realizadas nos domicílios dos participantes e nas dependências da instituição de saúde. Com base nas entrevistas, foram construídas as narrativas, segundo o modelo centrado na experiência, utilizando os modelos explicativos empregados pelos participantes. A análise dos dados narrativos fundamentou-se na análise temática indutiva, e esses foram integrados em três sínteses narrativas temáticas, que correspondem às unidades de sentido. A primeira, O itinerário do câncer urológico: descobrindo-se como sobrevivente, destacou o processo de busca para identificação da anormalidade no corpo. A reação ao diagnóstico foi de surpresa e medo diante uma doença culturalmente associada à morte. Porém, de acordo com o modelo cultural dos participantes, diante de uma doença grave, faziase necessário aderir aos tratamentos médicos propostos, ainda que causassem sofrimento. A segunda síntese narrativa, O que eu era e o que sou hoje: as limitações no corpo e na vida, descreveu as complicações causadas pela tentativa de eliminar o câncer por meio dos diversos protocolos terapêuticos, o que ocasionou sofrimento do corpo físico, social, tristeza e baixa autoestima. Assim, essa síntese apresentou como sentido a liminaridade, pois, após o adoecimento, os sobreviventes assumiram outra identidade, que implicou viver com um novo conceito de normalidade de vida. Na terceira síntese, Qualidade de vida: sobreviver com harmonia, diante do processo de liminaridade vivenciado pelos sobreviventes e com base nas reações culturais aprendidas e compartilhadas pela comunidade onde estavam inseridos, eles buscaram harmonia para continuarem a viver e viver com QV. O sentido revelado por esta síntese foi sobreviver em harmonia com o corpo e suas limitações, assim como na esfera social e familiar, ter esperança e espiritualidade. Esta investigação permitiu analisar os sentidos atribuídos à QV por sobreviventes do câncer urológico e evidenciou como a cultura exerce influência na experiência da QV durante a sobrevivência a este tipo de câncer / The diagnosis of urologic cancer causes profound consequences in the life of patients. Although they are considered tumors with good responses to therapy, their diagnosis is not free from suffering and this interferes in their quality of life. The objective of this study was to analyze the meanings attributed to QOL for urologic cancer survivors in the medical anthropology approach. To support this understanding, we chose the theoretical framework of Medical Anthropology and the narrative method. After ethical approval, data collection began. Twelve participants diagnosed with urologic cancer were included in a therapeutic follow-up at a public hospital in the interior of São Paulo. Data collection took place from November 2016 to November 2017, through recorded semi-structured interviews and direct observation, carried out at the participants\' homes and in the premises of the health institution. Based on the interviews, the narratives were constructed according to the experience-centered model, using the explanatory models employed by the participants. The analysis of the narrative data was executed occurred according to the thematic and inductive analysis, where these were integrated into three thematic narrative syntheses, corresponding to the units of meaning. The first synthesis, The path of urologic cancer: discovering oneself as a survivor, highlighted the search process to identify the abnormality in the body. The reaction to the diagnosis was of surprise and fear when faced with a disease culturally associated with death. In their cultural model, however, in the face of a serious illness, adherence to the proposed medical treatments is necessary, even if it entails a burden of suffering. The second narrative synthesis, What I was and what I am today: limitations in the body and in life, describes the complications caused by the attempt to eliminate cancer from the body through the therapies, causing suffering of the physical and social body, sadness and low self-esteem. Thus, this synthesis presented liminality as a meaning because, after the illness, the survivors assume another identity, which implies living with a new normality in life. In the third synthesis, Quality of life: surviving with harmony, in view of the liminality process the survivors experience, based on cultural reactions learned and shared by their community, the survivors seek a harmony to continue living and to live with QoL. The sense of this synthesis is to survive in harmony with the body and its limitations, with the social, with the family, to have hope and spirituality. This research allowed us to analyze the meanings attributed to QoL for survivors of urologic cancer. The results presented show how culture influences the QoL experience in urologic cancer survival
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A gente não é uma doença, tem muita coisa por trás! : narrativas de um grupo de pessoas portadoras de doenças crônicas sobre seu adoecimento

Manso, Maria Elisa Gonzalez 05 February 2015 (has links)
Made available in DSpace on 2016-04-25T20:21:18Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Maria Elisa Gonzalez Manso.pdf: 1100752 bytes, checksum: a79f3c4334cb3dc3edbfbcb83487718d (MD5) Previous issue date: 2015-02-05 / This research aims to understand the explanatory model and the therapeutic itinerary of a group of patients affected by chronic diseases who are assisted by disease management programs carried out by operators of health plans and identify strategies of self-care that relate with the explanatory model. The thesis that moves this study is that the route that the patient uses for its treatment has deep roots in his own culture, being much larger than the model used by health professionals, also generated by the culture, but restricted by the biomedical vision. The meanings of terms such as health, cure, treatment, disability, dependence and others are not always equal in both models. If the meaning is too different, adherence to the treatment will be impaired, but the patient may still have obtained relief from their suffering. The methodology applied is qualitative, gathered through interviews with people with confirmed previous medical diagnosis of chronic disease who were already undergoing treatment, accompanied by chronic diseases management programs, which, according to the hegemonic healthy model, should know the diseases that affect them with a sufficient degree of information that would allow their full compliance. Because these are people linked to health plans, with a higher socioeconomic strata, they would fit the criteria of information, income, education and access to health care that would turn them into ideal patients and adherent to therapy. Reasons for non-adherence to treatment among these participants are what motivated this research and generated the hypothesis that the therapeutic itinerary of these patients, generated and engraved in their culture, originates from an explanatory model of the illness process much wider than the hegemonic model. So these diseased would present strategies of self-care, as part of this layman model, which allows them to carry on and manage their treatment both within and without the current prevailing model, strategies those that can be seen by health professionals as noncompliance. We believe that this study achieved its objectives, supporting the initial hypothesis of the research, showing that even in a theoretically disciplined group within criteria taken as ideal for joining the biomedical model of illness and treatment, people are immersed in their culture and find loopholes for the exercise of self-care. The work also showed that the crisis of the biomedical model, in this case, stems from the microphysics power relations and from the structural conditions of the health system and the people in the group are able to identify some of these flaws. We hope this research will contribute to this relevant nowadays debate as well as collaborate in the reflections on medicine and health education, broadening the discussion to incorporate the experiences and narratives of this group of patients / Esta pesquisa tem como objetivo perceber o modelo explicativo e o itinerário terapêutico de um grupo de doentes acometidos por afecções crônicas assistidos por programas de gerenciamento de doenças realizados por operadoras de planos de saúde e identificar estratégias de cuidar de si que se inter-relacionam com seu modelo explicativo. A tese que move este estudo é de que o itinerário que o doente utiliza para seu tratamento tem profundas raízes na cultura, sendo muito mais amplo do que o modelo dos profissionais de saúde, por sua vez também gerado na cultura, porém restringido pela visão da biomedicina. Os significados de termos como saúde, cura, tratamento, incapacidade, dependência, entre outros, nem sempre são correspondentes em ambos os modelos. Caso o significado seja muito diferente, a adesão ao tratamento ficará prejudicada, mas o doente pode ter obtido alívio para seu sofrimento. A metodologia empregada é qualitativa, realizada mediante entrevistas com pessoas com diagnóstico médico prévio confirmado de doença crônica e que já se encontravam em tratamento, acompanhadas por programas de gerenciamento de doenças crônicas, as quais, segundo o modelo de atenção à saúde hegemônico, deveriam conhecer as doenças que os acometem com um grau de informação suficiente que permitisse sua adesão plena ao tratamento. Por se tratarem de pessoas vinculadas a planos de saúde, portanto de estratos socioeconômicos mais elevados, preencheriam os quesitos de informação, renda, educação e acessibilidade ao sistema de saúde que os transformaria em pacientes ideais e aderentes à terapêutica. O porquê da não adesão ao tratamento entre estes participantes é que despertou esta pesquisa e gerou a hipótese de que o itinerário terapêutico destes enfermos, gerado e inscrito na cultura, origina-se de um modelo explicativo do processo de adoecer mais amplo do que o modelo hegemônico. Estes adoecidos apresentariam assim estratégias de cuidar de si próprios, como parte deste modelo dito leigo, que faz com que convivam e gerenciem seu tratamento tanto dentro quanto à revelia do modelo predominante, estratégias estas que podem ser vistas pelos profissionais de saúde como não adesão. Acreditamos que esta pesquisa atingiu seus objetivos, corroborando a hipótese inicial do trabalho, demonstrando que, mesmo em um grupo teoricamente disciplinado dentro de critérios tidos como ideais para a adesão ao modelo biomédico de adoecimento e tratamento, as pessoas estão imersas na cultura e encontram brechas para o exercício do cuidar de si. O trabalho mostrou ainda que a crise do modelo biomédico, neste caso, advém tanto das relações microfísicas de poder quanto das condições estruturais do sistema de saúde e que as pessoas do grupo conseguem identificar algumas destas falhas. Esperamos que esta pesquisa possa contribuir para este debate tão atual, além de colaborar nas reflexões sobre a medicina e sobre o ensino na saúde, ampliando a discussão ao incorporar as experiências e narrativas deste grupo de enfermos

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