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Há outro trabalho na "outra economia"? : a relação dos trabalhadores com o trabalho na economia solidáriaCruz, Thales Speroni Pereira da January 2012 (has links)
A realidade social perdeu sua unidade, sendo tarefa do ator construir a coerência da sua ação em um mundo que não possui centro. Este diagnóstico da modernidade, presente na sociologia da experiência, faz com que a análise volte-se para a compreensão do modo como os atores atuam em meio a esse social heterogêneo. Considerando a economia solidária um caso privilegiado desse processo, esta investigação teve como objetivo compreender a relação com o trabalho nessas práticas. Deste modo, procurou-se contribuir para o debate em torno da questão: há outro trabalho na “outra economia”? O modelo analítico desenvolvido, fundamentado na perspectiva de François Dubet, considerou que a relação com o trabalho na economia solidária é atravessada por três dimensões: a do projeto de economia solidaria (seus princípios e expectativas); a dos requerimentos de eficácia da atividade produtiva; e a da luta por autonomia (entendida como o anseio do ator em conformar uma relação com o trabalho permeada por identificação subjetiva e reconhecimento dos demais). A tese central defendida foi a de que a relação com o trabalho na economia solidária é caracterizada por uma dupla pluralidade, tanto das distintas dimensões e dos sentidos a elas vinculados, como das formas como os atores articulam tais significações para compor a sua relação com o trabalho. No intuito de testar essa tese, realizou-se um estudo empírico em três empreendimentos da região metropolitana de Porto Alegre, de diferentes segmentos econômicos (metalúrgico, reciclagem e confecção). Os procedimentos metodológicos desenvolvidos centraram-se em 34 entrevistas semidiretivas em profundidade, fundamentadas na articulação dos pressupostos metodológicos da entrevista compreensiva de Kaufmann e das bases da entrevista episódica de Flick. Os resultados do estudo empírico evidenciaram a capacidade interpeladora das três dimensões, ao mesmo tempo em que expressaram a não redutibilidade dos trabalhadores a nenhuma delas. Mesmo que os resultados desta dissertação não permitam afirmações contrastantes sobre a existência (ou não existência) de outro trabalho na “outra economia”, esta investigação oferece subsídios relevantes para o debate acerca dessa problemática. Por um lado, o estudo das diferentes dimensões da relação com o trabalho apontou para a presença de distintas barreiras para a realização do possível caráter alternativo do trabalho na economia solidária: 1) a variedade de obstáculos produtivos nos empreendimentos e a correlata necessidade de um esforço compensatório dos trabalhadores; 2) a incongruência entre o projeto de economia solidária e as vivências cotidianas dos trabalhadores; 3) e, por fim, a recorrência de concepções negativas de si, que restringem a luta por autonomia. Por outro lado, por meio da tipologia da relação com o trabalho na economia solidária, baseada nos diferentes modos de como os atores articulam os sentidos ligados às distintas dimensões, foi possível identificar a existência de seis tipos: o de conservação, o de filiação, o centrado no ofício, o pessoalizado, o gerencial e o engajado. A presença desses diferentes tipos de relação com o trabalho destaca a atividade de atores plurais em contextos, também eles, plurais, o que evidencia a inadequação de duas figuras redutoras: a que mitifica o trabalhador ao supor um vínculo integral com o projeto de economia solidária e a que o reduz à procura emergencial pela sobrevivência. / Social reality has lost its unity. As a result, actors are now tasked with building coherence of action in a world that has no center. This diagnosis of modernity, present in the sociology of experience, places the focus of analysis on developing an understanding of how actors act in the midst of social heterogeneity. By focusing on the solidarity economy, a good example of the phenomenon mentioned, the research objective here was to understand the relationship between the labourer and his/her labour, within the solidarity economy. As such, the goal of this dissertation is to contribute to the debate surrounding the question: is there other labour in the "other economy"? The analytical model developed here, based on the perspective of François Dubet, argues that the relationship with labour in the solidarity economy possesses three dimensions: the project of solidarity economy (its principles and expectations), the requirements of the effectiveness of the productive activity, and the struggle for autonomy (understood as the actor’s desire to conform a relationship with the labour permeated by subjective identification and recognition of others). The central thesis defended is that the relationship with labour in the solidarity economy is characterized by a dual plurality; the three dimensions and the meanings related to them and the ways in which actors articulate these significations to compose their relationship with labour. In order to test this proposition, an empirical study was carried out on three enterprises in the metropolitan area of Porto Alegre, in different economic segments (metallurgy, recycling, and sewing). The methodological procedures developed in this project focused on 34 semi-directive, in-depth interviews, based on the articulation of the methodological suppositions of Kaufmann’s comprehensive interview and the foundations of Flick’s episodic interview. The results demonstrate not only the interpelative capacity of all three dimensions, but also that labourers within the solidarity economy are not reducible to any single dimension. Even if the results of this dissertation do not allow for contrasting statements concerning the existence (or non-existence) of other labour in the "other economy", this research does provide relevant contributions to the debate on the proposed problem. On one hand, the study of the various dimensions of the relationship with labour points out the presence of three unique barriers to the realization of the possible alternative character of labour in the solidarity economy. One, a variety of obstacles to production within the enterprise that the labourer must overcome through enhanced efforts. Two, the incongruity between the solidarity economy project and the worker’s everyday experiences. Lastly, three, the recurrence of negative conceptions of oneself, which restrict the struggle for autonomy. On the other hand, by means of a typology of the relationship with labour in the solidarity economy that is based on the different ways of how actors articulate the meanings attached to the three dimensions, it was possible to identify the existence of six types of relation with labour: conservation, affiliation, centering on the métier, focus on personal sociability, management, and engagement. The existence of these different types of relationship with labour point out the activity of plural actors in contexts, likewise, plural, which highlight the inadequacy of two reducing figures: the mythification of the worker to assume an integral bond with the solidarity economy project and the reduction of the actor to a struggle for survival.
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Quando os assentados chegaram: tempo e experiência social no MST / When the settlers arrived:time anda social experience by the MSTMELLO, Marcos Paulo Campos Cavalcanti de January 2011 (has links)
MELLO, Marcos Paulo Campos Cavalcanti de. Quando os assentados chegaram: tempo e experiência social no MST. 2011. 169f. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Universidade Federal do Ceará, Departamento de Ciências Sociais, Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Fortaleza-CE, 2011. / Submitted by Liliane oliveira (morena.liliane@hotmail.com) on 2012-01-13T11:59:23Z
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Previous issue date: 2011 / The central question of this study is understand how rural workers members of the Movement of Landless Workers (MST) reconstruct the social experience of their first land occupation in the Ceara with reference of time. Therefore, the interpretation aims to understand the logics that organize the meanings attributed to the past expressed in the statements of its protagonists and the political ritualization of the event prepared by the MST. Accordingly, the focus is on memory by reference to occupation realized by the Movement in Ceará in May 1989 on land owned by General Wicar Parente Paula Pessoa called Fazendas Reunidas São Joaquim located in the municipality of Madalena in the region of Central Hinterland Ceará. The speech of the occupation’s participants reconstruct its organizational experience through discursive elaborations operating the establishment of time frames that are linked to various social processes, such as schemes of work and production, sociability, ownership structure, religion and political participation. In this sense, the accounts of individuals surveyed indicate two different times of the occupation occurred in 1989, they are: The time of the farmer and When the settlers arrived. The first temporality limited social relationships before the occupation and relates to the traditional system of political domination, forms of subjection of labor in large land holdings and small-scale agricultural production in smallholdings inherent in rural areas of Ceara in 1980. By other hand, the second temporality adds a pastoral temporality of Christianity of liberation, social conflicts between employers and domestic workers to the farms, the union activity, social mobilization for the implementation of the occupation, the arrival of the occupants of the property, the moment of the camp and the establishment of the settlement on 25 de Maio. The rural workers participating in the process on focus symbolically elaborate their social experience in a ritual named mística. On this ritual, the memory of the first occupation of land in Ceará realized by the MST is appropriated in a speech about exaltation and occultation allowed by members of the Movement as a legitimate form of enunciation of the event. The discourse of remembrance embodies a function justifying the actions of resistance in a reference to a past working in the social construction of time in reference to an event perceived as a founder: the occupation. / A questão central deste estudo é compreender como os trabalhadores rurais integrantes do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) reconstroem a experiência social de sua primeira ocupação de terra no Ceará tendo como referência fundamental a categoria tempo. Portanto, a interpretação visa perceber as lógicas que organizam os sentidos atribuídos ao passado expressos nas falas dos seus protagonistas e na ritualização política do evento elaborada pelo MST. Nesse sentido, a memória em foco tem por referência a ocupação realizada pelo Movimento no Ceará em maio de 1989 nas terras de propriedade do general Wicar Parente de Paula Pessoa chamadas de Fazendas Reunidas São Joaquim localizadas no município de Madalena na região do Sertão Central cearense. Os relatos dos participantes da ocupação reconstroem sua experiência organizativa por meio de elaborações discursivas que operam a constituição de temporalidades vinculadas a processos sociais diversos, como: regimes de trabalho e produção, sociabilidade, estrutura de propriedade, religião e participação política. Nesse sentido, os relatos dos sujeitos pesquisados apontam duas temporalidades da ocupação ocorrida em 1989, são elas: O tempo do patrão e Quando os assentados chegaram. A primeira temporalidade circunscreve as relações sociais anteriores à ocupação e relaciona-se ao sistema de dominação política tradicional, às formas de sujeição do trabalho nas grandes propriedades de terra e à pequena produção agrícola em minifúndios próprios ao mundo rural do Ceará nos anos de 1980. Por sua vez, a segunda temporalidade agrega a ação pastoral do cristianismo de libertação, os conflitos sociais existentes entre patrões e trabalhadores internos às propriedades rurais, a ação sindical, a mobilização social para a realização da ocupação, a chegada dos ocupantes à propriedade, o período do acampamento e o estabelecimento do assentamento 25 de Maio. Os trabalhadores rurais participantes do processo em foco elaboram simbolicamente sua experiência social num ritual nomeado de mística em que a memória sobre a primeira ocupação de terra do MST no Ceará institui as exaltações e ocultações discursivas admitidas pelos integrantes do Movimento como forma legítima de enunciação do vivido. Nesse sentido, o discurso de recordação encarna um papel justificador das ações de contestação no presente em referência a um passado trabalhado numa construção social do tempo em referência a um evento percebido como fundador: a ocupação.
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Há outro trabalho na "outra economia"? : a relação dos trabalhadores com o trabalho na economia solidáriaCruz, Thales Speroni Pereira da January 2012 (has links)
A realidade social perdeu sua unidade, sendo tarefa do ator construir a coerência da sua ação em um mundo que não possui centro. Este diagnóstico da modernidade, presente na sociologia da experiência, faz com que a análise volte-se para a compreensão do modo como os atores atuam em meio a esse social heterogêneo. Considerando a economia solidária um caso privilegiado desse processo, esta investigação teve como objetivo compreender a relação com o trabalho nessas práticas. Deste modo, procurou-se contribuir para o debate em torno da questão: há outro trabalho na “outra economia”? O modelo analítico desenvolvido, fundamentado na perspectiva de François Dubet, considerou que a relação com o trabalho na economia solidária é atravessada por três dimensões: a do projeto de economia solidaria (seus princípios e expectativas); a dos requerimentos de eficácia da atividade produtiva; e a da luta por autonomia (entendida como o anseio do ator em conformar uma relação com o trabalho permeada por identificação subjetiva e reconhecimento dos demais). A tese central defendida foi a de que a relação com o trabalho na economia solidária é caracterizada por uma dupla pluralidade, tanto das distintas dimensões e dos sentidos a elas vinculados, como das formas como os atores articulam tais significações para compor a sua relação com o trabalho. No intuito de testar essa tese, realizou-se um estudo empírico em três empreendimentos da região metropolitana de Porto Alegre, de diferentes segmentos econômicos (metalúrgico, reciclagem e confecção). Os procedimentos metodológicos desenvolvidos centraram-se em 34 entrevistas semidiretivas em profundidade, fundamentadas na articulação dos pressupostos metodológicos da entrevista compreensiva de Kaufmann e das bases da entrevista episódica de Flick. Os resultados do estudo empírico evidenciaram a capacidade interpeladora das três dimensões, ao mesmo tempo em que expressaram a não redutibilidade dos trabalhadores a nenhuma delas. Mesmo que os resultados desta dissertação não permitam afirmações contrastantes sobre a existência (ou não existência) de outro trabalho na “outra economia”, esta investigação oferece subsídios relevantes para o debate acerca dessa problemática. Por um lado, o estudo das diferentes dimensões da relação com o trabalho apontou para a presença de distintas barreiras para a realização do possível caráter alternativo do trabalho na economia solidária: 1) a variedade de obstáculos produtivos nos empreendimentos e a correlata necessidade de um esforço compensatório dos trabalhadores; 2) a incongruência entre o projeto de economia solidária e as vivências cotidianas dos trabalhadores; 3) e, por fim, a recorrência de concepções negativas de si, que restringem a luta por autonomia. Por outro lado, por meio da tipologia da relação com o trabalho na economia solidária, baseada nos diferentes modos de como os atores articulam os sentidos ligados às distintas dimensões, foi possível identificar a existência de seis tipos: o de conservação, o de filiação, o centrado no ofício, o pessoalizado, o gerencial e o engajado. A presença desses diferentes tipos de relação com o trabalho destaca a atividade de atores plurais em contextos, também eles, plurais, o que evidencia a inadequação de duas figuras redutoras: a que mitifica o trabalhador ao supor um vínculo integral com o projeto de economia solidária e a que o reduz à procura emergencial pela sobrevivência. / Social reality has lost its unity. As a result, actors are now tasked with building coherence of action in a world that has no center. This diagnosis of modernity, present in the sociology of experience, places the focus of analysis on developing an understanding of how actors act in the midst of social heterogeneity. By focusing on the solidarity economy, a good example of the phenomenon mentioned, the research objective here was to understand the relationship between the labourer and his/her labour, within the solidarity economy. As such, the goal of this dissertation is to contribute to the debate surrounding the question: is there other labour in the "other economy"? The analytical model developed here, based on the perspective of François Dubet, argues that the relationship with labour in the solidarity economy possesses three dimensions: the project of solidarity economy (its principles and expectations), the requirements of the effectiveness of the productive activity, and the struggle for autonomy (understood as the actor’s desire to conform a relationship with the labour permeated by subjective identification and recognition of others). The central thesis defended is that the relationship with labour in the solidarity economy is characterized by a dual plurality; the three dimensions and the meanings related to them and the ways in which actors articulate these significations to compose their relationship with labour. In order to test this proposition, an empirical study was carried out on three enterprises in the metropolitan area of Porto Alegre, in different economic segments (metallurgy, recycling, and sewing). The methodological procedures developed in this project focused on 34 semi-directive, in-depth interviews, based on the articulation of the methodological suppositions of Kaufmann’s comprehensive interview and the foundations of Flick’s episodic interview. The results demonstrate not only the interpelative capacity of all three dimensions, but also that labourers within the solidarity economy are not reducible to any single dimension. Even if the results of this dissertation do not allow for contrasting statements concerning the existence (or non-existence) of other labour in the "other economy", this research does provide relevant contributions to the debate on the proposed problem. On one hand, the study of the various dimensions of the relationship with labour points out the presence of three unique barriers to the realization of the possible alternative character of labour in the solidarity economy. One, a variety of obstacles to production within the enterprise that the labourer must overcome through enhanced efforts. Two, the incongruity between the solidarity economy project and the worker’s everyday experiences. Lastly, three, the recurrence of negative conceptions of oneself, which restrict the struggle for autonomy. On the other hand, by means of a typology of the relationship with labour in the solidarity economy that is based on the different ways of how actors articulate the meanings attached to the three dimensions, it was possible to identify the existence of six types of relation with labour: conservation, affiliation, centering on the métier, focus on personal sociability, management, and engagement. The existence of these different types of relationship with labour point out the activity of plural actors in contexts, likewise, plural, which highlight the inadequacy of two reducing figures: the mythification of the worker to assume an integral bond with the solidarity economy project and the reduction of the actor to a struggle for survival.
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Há outro trabalho na "outra economia"? : a relação dos trabalhadores com o trabalho na economia solidáriaCruz, Thales Speroni Pereira da January 2012 (has links)
A realidade social perdeu sua unidade, sendo tarefa do ator construir a coerência da sua ação em um mundo que não possui centro. Este diagnóstico da modernidade, presente na sociologia da experiência, faz com que a análise volte-se para a compreensão do modo como os atores atuam em meio a esse social heterogêneo. Considerando a economia solidária um caso privilegiado desse processo, esta investigação teve como objetivo compreender a relação com o trabalho nessas práticas. Deste modo, procurou-se contribuir para o debate em torno da questão: há outro trabalho na “outra economia”? O modelo analítico desenvolvido, fundamentado na perspectiva de François Dubet, considerou que a relação com o trabalho na economia solidária é atravessada por três dimensões: a do projeto de economia solidaria (seus princípios e expectativas); a dos requerimentos de eficácia da atividade produtiva; e a da luta por autonomia (entendida como o anseio do ator em conformar uma relação com o trabalho permeada por identificação subjetiva e reconhecimento dos demais). A tese central defendida foi a de que a relação com o trabalho na economia solidária é caracterizada por uma dupla pluralidade, tanto das distintas dimensões e dos sentidos a elas vinculados, como das formas como os atores articulam tais significações para compor a sua relação com o trabalho. No intuito de testar essa tese, realizou-se um estudo empírico em três empreendimentos da região metropolitana de Porto Alegre, de diferentes segmentos econômicos (metalúrgico, reciclagem e confecção). Os procedimentos metodológicos desenvolvidos centraram-se em 34 entrevistas semidiretivas em profundidade, fundamentadas na articulação dos pressupostos metodológicos da entrevista compreensiva de Kaufmann e das bases da entrevista episódica de Flick. Os resultados do estudo empírico evidenciaram a capacidade interpeladora das três dimensões, ao mesmo tempo em que expressaram a não redutibilidade dos trabalhadores a nenhuma delas. Mesmo que os resultados desta dissertação não permitam afirmações contrastantes sobre a existência (ou não existência) de outro trabalho na “outra economia”, esta investigação oferece subsídios relevantes para o debate acerca dessa problemática. Por um lado, o estudo das diferentes dimensões da relação com o trabalho apontou para a presença de distintas barreiras para a realização do possível caráter alternativo do trabalho na economia solidária: 1) a variedade de obstáculos produtivos nos empreendimentos e a correlata necessidade de um esforço compensatório dos trabalhadores; 2) a incongruência entre o projeto de economia solidária e as vivências cotidianas dos trabalhadores; 3) e, por fim, a recorrência de concepções negativas de si, que restringem a luta por autonomia. Por outro lado, por meio da tipologia da relação com o trabalho na economia solidária, baseada nos diferentes modos de como os atores articulam os sentidos ligados às distintas dimensões, foi possível identificar a existência de seis tipos: o de conservação, o de filiação, o centrado no ofício, o pessoalizado, o gerencial e o engajado. A presença desses diferentes tipos de relação com o trabalho destaca a atividade de atores plurais em contextos, também eles, plurais, o que evidencia a inadequação de duas figuras redutoras: a que mitifica o trabalhador ao supor um vínculo integral com o projeto de economia solidária e a que o reduz à procura emergencial pela sobrevivência. / Social reality has lost its unity. As a result, actors are now tasked with building coherence of action in a world that has no center. This diagnosis of modernity, present in the sociology of experience, places the focus of analysis on developing an understanding of how actors act in the midst of social heterogeneity. By focusing on the solidarity economy, a good example of the phenomenon mentioned, the research objective here was to understand the relationship between the labourer and his/her labour, within the solidarity economy. As such, the goal of this dissertation is to contribute to the debate surrounding the question: is there other labour in the "other economy"? The analytical model developed here, based on the perspective of François Dubet, argues that the relationship with labour in the solidarity economy possesses three dimensions: the project of solidarity economy (its principles and expectations), the requirements of the effectiveness of the productive activity, and the struggle for autonomy (understood as the actor’s desire to conform a relationship with the labour permeated by subjective identification and recognition of others). The central thesis defended is that the relationship with labour in the solidarity economy is characterized by a dual plurality; the three dimensions and the meanings related to them and the ways in which actors articulate these significations to compose their relationship with labour. In order to test this proposition, an empirical study was carried out on three enterprises in the metropolitan area of Porto Alegre, in different economic segments (metallurgy, recycling, and sewing). The methodological procedures developed in this project focused on 34 semi-directive, in-depth interviews, based on the articulation of the methodological suppositions of Kaufmann’s comprehensive interview and the foundations of Flick’s episodic interview. The results demonstrate not only the interpelative capacity of all three dimensions, but also that labourers within the solidarity economy are not reducible to any single dimension. Even if the results of this dissertation do not allow for contrasting statements concerning the existence (or non-existence) of other labour in the "other economy", this research does provide relevant contributions to the debate on the proposed problem. On one hand, the study of the various dimensions of the relationship with labour points out the presence of three unique barriers to the realization of the possible alternative character of labour in the solidarity economy. One, a variety of obstacles to production within the enterprise that the labourer must overcome through enhanced efforts. Two, the incongruity between the solidarity economy project and the worker’s everyday experiences. Lastly, three, the recurrence of negative conceptions of oneself, which restrict the struggle for autonomy. On the other hand, by means of a typology of the relationship with labour in the solidarity economy that is based on the different ways of how actors articulate the meanings attached to the three dimensions, it was possible to identify the existence of six types of relation with labour: conservation, affiliation, centering on the métier, focus on personal sociability, management, and engagement. The existence of these different types of relationship with labour point out the activity of plural actors in contexts, likewise, plural, which highlight the inadequacy of two reducing figures: the mythification of the worker to assume an integral bond with the solidarity economy project and the reduction of the actor to a struggle for survival.
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Vivências femininas no movimento de saúde da cidade de São PauloCarignato, Lucirene Aparecida 29 May 2007 (has links)
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Previous issue date: 2007-05-29 / This work wants to recover the life experience of some participating women of the health movement behind their own histories.
The objective is to exchange comprehend under this process of exchange social experience, the beginning of the consciousness and the historical subject / Este trabalho representa a tentativa de recuperar a experiência vivida de algumas mulheres integrantes ou ex-integrantes do Movimento de Saúde, através de suas narrativas de Histórias de vida.
O objetivo maior é compreender através da vivência de cada uma delas na experiência social compartilhada do Movimento de Saúde principalmente, como se dá o fazer-se da consciência nesse processo e como elas se constroem como sujeitos históricos.
Buscamos apreender, no processo, as transformações vivenciadas por essas mulheres no seu cotidiano, na sua visão de mundo, na forma como se relacionam com as pessoas, com a família, com o poder público.
Buscamos, também, verificar as transformações ocorridas na realidade social do bairro e da cidade, através da atuação dessas mulheres no Movimento de Saúde, visíveis na obtenção de recursos de infraestrutura para os bairros da zona leste, na construção de inúmeras unidades de saúde ou na criação de instâncias de participação nos meandros do poder, como é o caso do Conselho Popular de Saúde e do Conselho Gestor de Saúde, estruturas instituídas nesse processo não apenas na cidade de São Paulo, mas também em todo o Brasil.
Lançar um olhar para as experiências femininas aqui retratadas tem a pretensão de buscar a historicidade do cotidiano nessas vivências que, de forma compartilhada num movimento social, se debruçam na construção de caminhos alternativos diante do enfrentamento de problemas sociais, a partir de uma realidade concreta da periferia da zona leste de São Paulo nos últimos quarenta anos. Nesta construção, essas vivências transitam por diversos meios, se deparam com diversos agentes e se constroem (e se descobrem) como sujeitos históricos da sociedade em que vivem
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Les expériences urbaines de l’itinérance autochtone au Québec et la représentation des interactions avec la police : une étude exploratoireGervais, Isabel 12 1900 (has links)
Notre étude s’intéresse aux représentations des interactions entre les Autochtones en situation d’itinérance et les services policiers en milieux urbains au Québec. À l’aide d’une méthodologie qualitative ancrée dans le mouvement de décolonisation de la recherche, nous présentons l’expérience urbaine de l’itinérance telle que vécue par les Autochtones ainsi que leurs représentations des interactions avec la police. En centrant nos analyses sur les expériences telles que vécues et rapportées par nos participants et participantes, nous faisons ressortir les représentations qu’ils et elles se font de la police.
L’analyse de nos données fait ressortir le rôle de gestion pénale de la pauvreté visible de la police en milieu urbain ainsi que les pratiques et attitudes envers les Autochtones influencées par un cadre de référence racialisé. Celles-ci viennent influencer les représentations sociales de la police par nos participants et participantes, il en ressort deux types de figures : la figure du persécuteur et la figure du protecteur. Nos analyses soulèvent aussi les enjeux de profilage social et racial ainsi que l’expérience genrée des interactions avec la police. De plus, il ressort de cela que les Autochtones en situation d’itinérance se retrouvent à l’intersection de plusieurs facteurs de disqualification sociale. Cette étude se conclue par une série de recommandations visant l’amélioration des interactions des Autochtones avec les services publics ainsi qu’une démystification des enjeux autochtones. / Our study is interested in the interactions between homeless Indigenous people and police services in urban areas in Quebec. Using a qualitative methodology rooted in the research decolonization movement, we present the experience of urban homelessness as well as interactions with the police. By focusing our analyzes on the experiences as lived and reported by our participants, we highlight the representations they make of the police.
The analysis of our data highlights the role of penal management of visible poverty by police services in urban areas as well as the practices and attitudes towards Indigenous people influenced by a racialized frame of reference. These influence the social representations of the police by our participants, two types stand out: the persecutor and the protector. Our analysis also raises the issues of social and racial profiling as well as the gendered experience of interactions with the police. In addition, it appears that Indigenous people experiencing homelessness find themselves at the intersection of several factors of social disqualification. This study concludes on a series of recommendations aimed at improving the interactions of Indigenous people with public services as well as a demystification of Indigenous issues.
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[pt] KUZUMBUCA: PANELAS SEM TAMPAS: TERRITORIALIDADES, EXPERIÊNCIAS SOCIAIS E TROCAS CULTURAIS DO CONSUMO ALIMENTAR EM LUANDA (1949-1973) / [en] KUZUMBUCA: PANS WITHOUT LIDS: TERRITORIALITIES, FOOD CONSUMING SOCIAL AND CULTURAL EXCHANGES IN LUANDA (1949-1973)22 November 2021 (has links)
[pt] Com a internacionalização da economia a partir dos anos 1950, década em que se conformava um padrão alimentar global, os africanos passaram a ser integrados no mercado de trabalho assalariado urbano. Por conseguinte, eram vistos como agentes econômicos sujeitos a novos hábitos de consumo e inseridos nas estratégias de enquadramento social, estas, ajustáveis a uma classificação colonial que se espelhava espacialmente, demarcando as linhas de uma territorialidade. Ao defendermos o consumo alimentar como expressão dinâmica de um vivido territorial, esta Tese tem como objetivo central apresentar de que forma os habitantes da cidade de Luanda reconstruíram cotidianamente as suas formas de ser, estar e comer em uma experiência social ambígua, porque entrecortada por fluxos múltiplos. Para tal, alicerçados em um referencial teórico-metodológico que se inscreve na geografia, antropologia e história social, cotejamos informações apresentadas em diferentes tipologias de fontes, incluindo-se periódicos, documentos médico-nutricionais e investigações sócio-antropológicas elaborados pelas autoridades coloniais. Ao apostarmos na metodologia da História Oral nos baseamos, também, em entrevistas realizadas com angolanos que experimentaram a vivência na Luanda daquele tempo. Os resultados da análise nos permitiram perceber como a população da cidade, apesar dos diferentes fatores de contingência social, teceram os fios de sustentação para a garantia de seus desejos alimentares e como, em diferentes campos, a agência feminina era um imprescindível sustentáculo. No movimento conflituoso de negociação para a realização desses desejos, pudemos notar a relevância das estratégias cotidianas fundamentadas em conhecimentos técnicos engendrados localmente, dentro das quais se tornou fulcral a interface com a materialidade dos alimentos para o dinâmico atar e desatar das redes comerciais e relações sociais tecidas, em especial pelas mulheres africanas, mas também por uma multiplicidade de agentes que buscavam fabricar uma cidade e fazer dela o seu território. / [en] As a result, to the internationalization of the economy started in the 1950s, decade in which a global food ingestion pattern was established, Africans began to be a part of the urban labor market. They became economic agents subject tonew consuming habits as well as to the strategic social frameworks adjustable to the colonial classification, therefore establishing territorial lines. This thesis, as we support the idea of food consumption as a dynamical expression of a given territorial experience, focuses on the presentation of how Luanda s inhabitants rebuilt daily their ways of eating and being as an ambiguous social experience due to the multiple fluxes that cross it. To accomplish our goal, we anchored our work in theorical, and methodological references derived from Geography, Anthropology and Social History. Furthermore, we analyzed information from different sources, journals, nutrition and medical documents, social-anthropological investigations carried by colonial authorities. Our work was also based on Oral History methodology through recorded interviews given by Angolans who lived in Luanda at that time. The results of this analysis allowed us to perceive how de population of the city, despite the different social contingency factors, weaved threads to support and guarantee their desires concerning food. We were also able to realize the precious role played by women to sustain that network. The conflicting movement to meet those desires showed us the importance of daily strategies founded on the knowledge of their local technical resources. Those strategies were crucial for the dynamic of weaving and unweaving commercial and social relations established around food products. Especially in what concerns the role of women, but also to other multiple agents that were in search to build a city where they could also create their own territory.
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Animal personality and the social context : the role of boldness and sociability variation in schooling fishJolles, Jolle Wolter January 2016 (has links)
Throughout the animal kingdom, individuals often differ consistently from one another in how they cope with their environment. In particular, consistent behavioural variation, known as animal personality, is a substantial driver of a range of important ecological and evolutionary processes. As most animal species are social for at least part of their lives and group living is common, a crucial link between personality and the social context may be expected. In this thesis I systematically investigate this link, using three-spined stickleback fish (Gasterosteus aculeatus) as my model system. I begin by showing that fish vary consistently in their boldness and sociability, with only boldness being positively linked to food intake for fish at rest. This finding provides support for evolutionary theory that links personality variation to life-history strategies, and lays the basis for work related to the social context. I continue by investigating how the social context may modulate personality variation and show that short contact with a social group may have carry-over effects and obfuscate personality expression when individuals are alone. Next, I observed fish in different pairs over time and found that social experience from both the current as well as previous social contexts are integrated in the risk-taking and leadership decisions of individuals but also depends on their boldness type. This result provides support for the importance of social feedback in the expression of personality differences. I go on to demonstrate that, in a pair, bolder fish have lower social attraction, with positive effects on individual’s leadership but negative effects on social coordination. Finally, by detailed tracking of the collective movements and group foraging of free-swimming shoals, I reveal boldness and sociability have complementary driving effects of on social structure, collective behaviour, and group functioning. Furthermore, I show that in turn the group composition determines the performance of individual personality types, providing a potential adaptive explanation for the maintenance of personality variation. Taken together, these studies provide an integrated account of animal personality and the social context and highlight the presence of a feedback loop between them, with personality variation being a key driver of collective behaviour and group functioning but also strongly affected and potentially maintained by it.
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Improviser sur son usage de drogue : la subjectivation des expériences de l'usage de substances psychoactives illicites en rave-parties (1990-2010) / Improvise about one's drugs use : subjectivation of experience's illicit psychoactives substances use in rave-parties (1990-2010)Hoareau, Emmanuelle 11 December 2017 (has links)
La plus haute prévalence de l'usage de substances psychoactives illicites lors de l'entrée dans l'âge adulte a fait l'objet de nombreux travaux interprétatifs, s'inspirant des rites de passage dans d'autres sociétés mais ne considérant pas la spécificité des cadres de son expérience dans la nôtre. Cette thèse propose une approche compréhensive de la définition des incidences de cette pratique sur cette période de la vie auprès de trente personnes qui sont sorties en rave-parties entre 1990 et 2010. Il importe en effet de prendre en compte dans l'analyse les évolutions qu'ont connues, au cours de cette période historique, les catégories de pensée de l'usage de produits illicites et les interactions au sein de la rave et avec les représentants de l’État. A partir du travail de N. E. ZINBERG, cet usage est ici appréhendé comme une expérience sociale et la définition de ses incidences comme procédant d'une subjectivation selon la définition qu'en donne V. DE GAULEJAC. Après vérification de l'existence de différentes interprétations de l'expérience, il s'agit de mettre au jour les variables explicatives du 'choix' de l'une ou l'autre, et de saisir l'incidence du rapport au stigmate sur le récit de l'expérience et le sens qui lui est donné. La méthode repose sur deux principes de la sociologie clinique : la co-construction du savoir avec les personnes interviewées et l'analyse des effets possibles de l'interaction avec le chercheur sur leurs propos. L’analyse inductive et clinique des récits et des interprétations permet de saisir des variations dans l'expression des affects suscités par la conscience de posséder un attribut discréditable, et d’en proposer une explication à partir de la notion de définition de la situation. / The higher rate of illicit psychoactives substances use during the entering adulthood is currently analysed with reference to rituals of passage to adulthood in other societies but without considering its frame of experience in our. This thesis suggest a comprehensive approach about definition of the impacts of this practice on entering adulthood by thirty persons who went to rave parties between 1990 and 2010. Really, evolutions of the rave and of categories of thought of the use of illicit psychoactives substances during this period have to be considered. In refer to work's N. E. ZINBERG, this use is defined as a social experience and and its individuals meanings are apprehended as results of subjectivation such as defined by V. DE GAULEJAC. After vérification of different meanings experience, the goal is incover the explanatory variables to the choice of one or other meaning, by integrating analysis of relation with stigma. Method is based on two principles of clinical sociology : the « co-construction » of the knowledge with interviewees and the analysis about impacts of interaction with the researcher on their remarks. The redirection toward a inductive and clinical analysis of stories and meanings provided an understanding of its variations expression of affects on an attribute what bring someone into disrepute, and an explaining its variations by “définition of situation”.
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A Phenomenological Study of the International Student Experience at an American CollegeExposito, Julie Ann 01 January 2015 (has links)
This applied dissertation was designed to explore and provide a better understanding of students of international background enrolled in an English for Academic Purposes (EAP) at a 4-year public American college in Southeast Florida. This study utilized a qualitative phenomenological design for data collection and analysis. The interview protocol was reviewed and verified by a panel of experts. The data collection took place in the fall of 2014; the researcher utilized an open-ended interview protocol with purposeful sampling of nine international students. The interviews were recorded, transcribed, and coded. The participants checked the transcripts for accuracy of the recorded data. An analysis of the data revealed common themes of the international students’ educational experience in American institutions of higher education. The interviews of the participants allowed the researcher to better understand the international student’s lived experiences.
The qualitative research created an awareness of the social and academic experiences of international students at an American college. The researcher concluded that the types of experiences are varied among the participants from the three different world regions, yet there was a high consistency of the themes: learning and studying, perception of faculty, expedited learning, online learning, language and communication issues, and a lack of social interaction with native students. There are ramifications for educators for strategic instructional practice and school leadership to seek and enhance student engagement and intercultural competencies. It will become necessary to increase cultural competencies through diversity initiatives both within the curriculum and throughout institutions by better understanding students’ perceptions and including those from various backgrounds, cultures, genders, and religions. To conclude, recommendations for future research are provided.
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