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A cidade transformadora do romance para Walter Benjamin: Berlin Alexanderplatz de Alfred DöblinKuhn, Marcela Costa Lima 24 March 2015 (has links)
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Previous issue date: 2015-03-24 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / This Master's thesis intends to understand Alfred Döblin's novel Berlin Alexanderplatz through Walter Benjamin's critic analysis. In order to do so, it will scrutinize the concepts of novel, experience, montage, choc and epic thought by both authors, and also by their main influences, namely, Lukács and Brecht. The aspects of the montage on the actual novel will be deeply considered, mainly because Benjamin points out in an essay about Döblin's novel, named Krisis des Romans that the montage is one of the most relevant aspects the novel delivers to German literature on the Weimar republic period. It will also be presented the changes the Grosstadt shapes into the 20th century subjects and therefore into the novels they write and read, in particular, Berlin Alexanderplatz. And finally, an investigation regarding the political relations between both authors / Esta dissertação de mestrado pretende compreender o romance de Alfred Döblin, Berlin
Alexanderplatz, através da análise crítica de Walter Benjamin. Para tanto, serão
escrutinados os conceitos de romance, experiência, montagem, choque e épica elaborados
por ambos os autores e também por suas principais influências, nomeadamente, Lukács e
Brecht. Os aspectos da montagem no romance Berlin Alexanderplatz serão considerados
em pormenores, principalmente por que Benjamin indica, em um ensaio sobre o romance
de Döblin chamado Krisis des Romans , que a montagem é um dos aspectos mais
relevantes que o romance à literatura alemã no período que compreende a República de
Weimar. Também serão apresentadas a mudanças que a Grosstadt traz aos sujeitos do
século XX e por consequência às novelas que estes leem e escrevem, em especial, Berlin
Alexanderplatz. E finalmente, será feita uma investigação acerca das relações políticas de
ambos autores
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Rumos épicos : a arquitetura intertextual de Uma viagem à Índia, de Gonçalo M. TavaresGatteli, Vanessa Hack January 2016 (has links)
Essa dissertação trata da intertextualidade na obra Uma Viagem à Índia (2010), de Gonçalo M. Tavares, com narrativas e personagens épicos da Literatura Universal, desde Homero até a contemporaneidade. O objetivo é descobrir como a epopeia, um gênero literário em desuso, funciona no século XXI. Também investigo o protagonista do poema narrativo não consegue se libertar de seu passado e o de sua pátria, mesmo buscando tanto por “sabedoria e esquecimento”. Diferente da metaficção historiográfica, termo cunhado por Linda Hutcheon para apontar uma tendência da literatura pós-modernista, a epopeia de Tavares não consegue se redimir do seu passado. Por meio de uma pesquisa teórica da epopeia, a dissertação analisa o gênero épico a partir de autores como Hansen (2008) e Staiger (1997). As definições teóricas são cruzadas com obras de diferentes épocas, como a Ilíada (2011), a Odisseia (2014), Os Lusíadas (2002), Ulysses (2000), dentre outros, sempre tendo em vista o diálogo com a obra Uma Viagem à Índia. O paralelo com a arquitetura também é uma constante, já que teóricos como Hutcheon (1988) e Jameson (1997) usaram-na para teorizar sobre o pós-modernismo. Uma Viagem à Índia, sendo uma obra pós-modernista, aqui é comparada à arquitetura de motéis de algumas cidades brasileiras, cujo visual – deslocado na geografia e no tempo – não é apenas anacrônico, mas também artificial, assim como a epopeia no século XXI. O episódio da “Ilha dos Amores” é analisado em uma leitura mais próxima ao texto, feita com embasamento na obra O Erotismo (2013), de Bataille, e permeada por diferentes intertextos. Por fim, após todo esse cruzamento de intertextos, o conceito de pós-humanismo de Sloterdijk (2010) se mostra como chave para uma possível compreensão do porquê a obra de Tavares não tenta “reescrever” o passado como a metaficção historiográfica: em um mundo pós-humanista, onde já se sabe que o próprio homem também é culpado das atrocidades que lhe acometem, resgatar vozes silenciadas por meio de obras metaficcionais talvez não faça mais sentido. / This study addresses intertextuality in the work Uma Viagem à Índia [A Trip to India] (2010), by Gonçalo M. Tavares, with epic narratives and characters of Universal Literature, from Homer to contemporary times. The objective is to find out how epic, a literary genre that fell into disuse, works in the 21st century. I also investigate the protagonist of the narrative poem, who is not able to break free from his past and the past of his homeland, despite his extensive search for "wisdom and oblivion". Unlike historiographic metafiction, term coined by Linda Hutcheon to point to a trend of postmodern literature, Tavares' epic is not able to redeem itself from its past. Through a theoretical research of epic, the paper analyzes this genre from authors such as Hansen (2008) and Staiger (1997). The theoretical definitions are contrasted with works from different periods, such as the Iliad (2011), the Odyssey (2014), The Lusiads (2002), and Ulysses (2000), among others, always considering the dialogue with the work Uma Viagem à Índia. The parallel with architecture is also constant, since theorists such as Hutcheon (1988) and Jameson (1997) used it to theorize about postmodernism. Considering that it is a postmodern work, here Uma Viagem à Índia is compared to traits of epic in texts of the 21st century and to the architecture of love hotels of some Brazilian cities, whose aspect, geographically and chronologically displaced, is not only anachronistic but also artificial. The episode named "Ilha dos Amores" [Island of Loves] is analyzed with a reading that is closer to the text, based in the work Eroticism (2013), by Bataille, and permeated by different intertexts. Finally, after all this intersection of intertexts, Sloterdijk's (2010) concept of posthumanism is featured as key to a possible understanding of why Tavares' work does not try to "rewrite" the past as historiographic metafiction: in a posthumanist world, where humans themselves are known to also be guilty of the atrocities that affect them, rescuing voices that are silenced through metafictional works may not make much sense anymore.
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O Labirinto Miopia: o espetáculo teatral como planetário em ruínas / The Miopia labyrinth: the theatrical spectacle as planetary in ruinsMatos, Ivan Delmanto Franklin de 22 August 2011 (has links)
Esta dissertação, que tem como objeto o processo de criação do espetáculo teatral Miopia, investiga as tensas relações entre forma teatral, abordada em suas diversas e contraditórias dramaturgias, e o tecido histórico. Procuramos reler tal experiência estética questionando se é possível enxergar nas cicatrizes, limitações e contradições do espetáculo teatral e do seu processo de criação índices da realidade histórica, caracterizada pelo estágio tardio do sistema capitalista de produção. Para conceituar esta experiência artística, que representou algumas possibilidades de suspensão dialética (sacrifício, aniquilamento, conservação e superação) dos pressupostos do teatro épico sistematizados por Bertolt Brecht, criamos o conceito de labirinto. Utilizamos este conceito porque categorizações geralmente utilizadas na descrição do teatro contemporâneo, como a de teatro pós-dramático, também não se ajustavam ao objeto, já que este levantava questões ligadas à tentativa de configurar características próprias da formação social brasileira. Esta forma do labirinto é caracterizada em Miopia por uma utilização sistemática da alegoria de difícil decifração, entendida aqui em sua aproximação da ruína, do enigma e da incompletude. Apresentada em uma Usina de Compostagem de Lixo, a peça teve sua encenação construída por meio de detritos de formas e procedimentos teatrais tradicionais e a partir do lixo, expondo na própria cena o inacabamento de seu processo de criação. O fracasso das intenções iniciais presentes neste processo pôde ser revelado nesta dissertação como possibilidade de construção de sentido, em que a crise de compreensão em Miopia inseriu o público como criador e consumador do espetáculo teatral, dissolvendo o conceito de obra artística e substituindo-o pela ideia de um ensaio em perpétuo devir. / In this dissertation our object of study is the creative process of the theater performance Miopia. It investigates the tense relations between the theatrical forms, approached by its diverse and contradictory dramatic structures, and the historical weaving. We aim to review this aesthetical experience by questioning the possibility of finding indexes of the historical reality, characterized by the late capitalist production system, as we look into the scars, limitations and contradictions of the theater performance and its creative process. In order to conceptualize this artistic experience, that has presented some possibilities of \"dialectical suspension\" (sacrifice, annihilation, conservation and overcoming) from the Bertolt Brecht\'s epic theater presuppositions, we have come up with the concept of \"labyrinth\". We stick to this concept because the categorizations that are currently used to describe contemporary theater, as the \"postdramatic\" one, cannot fit in our object of study, as it has brought up questions that are connected to the attempt of configuring specific characteristics of the Brazilian social development. The labyrinth set-up is characterized in Miopia by a systematic use of the allegory of the hard deciphering, here understood by approaching the ideas of ruin, enigma and incompleteness. The performance took place in a Garbage Composting Plant, and the staging was set up from the debris of traditional theatrical forms and procedures and from garbage, exposing on stage the undone characteristic of its own creative process. The failure of the initial intentions of the process could be analyzed in this dissertation as a possibility of constructing meaning, in which the crises of understanding Miopia has brought the audience to the role of creator and consummator of the theatrical performance, dissolving the concept of \"work of art\" and replacing it by the idea of a \"perpetual becoming rehearsal\".
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Rumos épicos : a arquitetura intertextual de Uma viagem à Índia, de Gonçalo M. TavaresGatteli, Vanessa Hack January 2016 (has links)
Essa dissertação trata da intertextualidade na obra Uma Viagem à Índia (2010), de Gonçalo M. Tavares, com narrativas e personagens épicos da Literatura Universal, desde Homero até a contemporaneidade. O objetivo é descobrir como a epopeia, um gênero literário em desuso, funciona no século XXI. Também investigo o protagonista do poema narrativo não consegue se libertar de seu passado e o de sua pátria, mesmo buscando tanto por “sabedoria e esquecimento”. Diferente da metaficção historiográfica, termo cunhado por Linda Hutcheon para apontar uma tendência da literatura pós-modernista, a epopeia de Tavares não consegue se redimir do seu passado. Por meio de uma pesquisa teórica da epopeia, a dissertação analisa o gênero épico a partir de autores como Hansen (2008) e Staiger (1997). As definições teóricas são cruzadas com obras de diferentes épocas, como a Ilíada (2011), a Odisseia (2014), Os Lusíadas (2002), Ulysses (2000), dentre outros, sempre tendo em vista o diálogo com a obra Uma Viagem à Índia. O paralelo com a arquitetura também é uma constante, já que teóricos como Hutcheon (1988) e Jameson (1997) usaram-na para teorizar sobre o pós-modernismo. Uma Viagem à Índia, sendo uma obra pós-modernista, aqui é comparada à arquitetura de motéis de algumas cidades brasileiras, cujo visual – deslocado na geografia e no tempo – não é apenas anacrônico, mas também artificial, assim como a epopeia no século XXI. O episódio da “Ilha dos Amores” é analisado em uma leitura mais próxima ao texto, feita com embasamento na obra O Erotismo (2013), de Bataille, e permeada por diferentes intertextos. Por fim, após todo esse cruzamento de intertextos, o conceito de pós-humanismo de Sloterdijk (2010) se mostra como chave para uma possível compreensão do porquê a obra de Tavares não tenta “reescrever” o passado como a metaficção historiográfica: em um mundo pós-humanista, onde já se sabe que o próprio homem também é culpado das atrocidades que lhe acometem, resgatar vozes silenciadas por meio de obras metaficcionais talvez não faça mais sentido. / This study addresses intertextuality in the work Uma Viagem à Índia [A Trip to India] (2010), by Gonçalo M. Tavares, with epic narratives and characters of Universal Literature, from Homer to contemporary times. The objective is to find out how epic, a literary genre that fell into disuse, works in the 21st century. I also investigate the protagonist of the narrative poem, who is not able to break free from his past and the past of his homeland, despite his extensive search for "wisdom and oblivion". Unlike historiographic metafiction, term coined by Linda Hutcheon to point to a trend of postmodern literature, Tavares' epic is not able to redeem itself from its past. Through a theoretical research of epic, the paper analyzes this genre from authors such as Hansen (2008) and Staiger (1997). The theoretical definitions are contrasted with works from different periods, such as the Iliad (2011), the Odyssey (2014), The Lusiads (2002), and Ulysses (2000), among others, always considering the dialogue with the work Uma Viagem à Índia. The parallel with architecture is also constant, since theorists such as Hutcheon (1988) and Jameson (1997) used it to theorize about postmodernism. Considering that it is a postmodern work, here Uma Viagem à Índia is compared to traits of epic in texts of the 21st century and to the architecture of love hotels of some Brazilian cities, whose aspect, geographically and chronologically displaced, is not only anachronistic but also artificial. The episode named "Ilha dos Amores" [Island of Loves] is analyzed with a reading that is closer to the text, based in the work Eroticism (2013), by Bataille, and permeated by different intertexts. Finally, after all this intersection of intertexts, Sloterdijk's (2010) concept of posthumanism is featured as key to a possible understanding of why Tavares' work does not try to "rewrite" the past as historiographic metafiction: in a posthumanist world, where humans themselves are known to also be guilty of the atrocities that affect them, rescuing voices that are silenced through metafictional works may not make much sense anymore.
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O Cheiro de Deus e o chiste de Roberto Drummond: fórmulas tradicionais de um romance contemporâneo e brasileiro / The smell of God and the joke of Roberto Drummond : traditional formulae of a contemporany brazilian novelRenan Ji 25 March 2010 (has links)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / O romance O cheiro de Deus representa a culminância do projeto estético-literário de Roberto Drummond. O autor concebe um épico capaz de mimetizar, numa perspectiva moderna, a narrativa clássica e preservar a origem popular e contemporânea de sua literatura. Dois eixos norteiam aqui a abordagem da obra: um, dedicado à fonte clássica e mitológica do romance; o outro, atento às intervenções da tradição popular com que o paradigma erudito se reconfigura. O primeiro capítulo se dedica à análise das imagens presentes no romance, a partir de correntes variadas dos estudos acerca do mito, e das negociações do paradigma romanesco com os procedimentos de composição do épico, sistematizados por Emil Staiger. O eixo dedicado ao cânone termina com a reflexão filosófico-estética das formas e dos gêneros, baseada nas ideias de Friedrich Nietzsche e de Mikhail Bakhtin. O segundo capítulo prossegue com a investigação do veio popular, introduzido no sistema romanesco através da referência a outras linguagens artísticas, do riso e da metáfora olfativa presente no título. Vistas em separado, 1- as referências estéticas a outras formas de arte permitem compreender a ligação entre a ingenuidade das representações de Roberto Drummond e a arte naïf; a irresistível tendência ao sentimentalismo e aos atos derramados, e o melodrama; o conceito de fórmulas de páthos (Aby Warburg) e a força do imaginário popular no romance. 2- As formas do riso, com ênfase na teoria freudiana do chiste, revelam as estratégias do discurso empenhado em sabotar suas interdições. 3- A metáfora do cheiro de Deus sintetiza todas as linhas desenvolvidas anteriormente, ao se configurar como fator cosmológico do romance. Assim, a inspiração clássica e épica, perpassada pelo riso e por expressões de arte popular, gera mais do que uma obra exótica, irreverente e naïf, como as que peculiarizam o estilo do autor: torna o romance um projeto nada ingênuo de construção ficcional, gerenciado pela metáfora olfativa. Esta dissertação, portanto, investiga como tais eixos antitéticos e complementares acionam fórmulas tradicionais e atuais, frequentando tanto as altas esferas evanescentes, divinas e literárias, quanto o habitus da descontração e da superficialidade contemporâneas, na mesma medida em que a simples e poderosa metáfora do cheiro de Deus traduz a convergência existente entre eles / The novel O cheiro de Deus represents the culmination of Roberto Drummonds aesthetic project. The author creates an epic that simulates, in a modern perspective, the classic genre of narrative, but preserving the popular and contemporary origins of the Brazilian writer. The approach of this novel is divided into two axis: one is dedicated to the classic and mythological sources; the other regards the interventions of the popular tradition with which the erudite paradigm reconfigures. The first chapter leads with the images present in the novel, establishing ground on the various trends of the myth studies, as well on the mediation of the epic paradigm, systematically described by Emil Staiger. The axis dedicated to the canon ends with a philosophical and aesthetic reflection about literary forms and genres, based on the considerations of Friedrich Nietzsche and Mikhail Bakhtin. The second chapter proceeds with the investigation of the popular vein, introduced in the fictional system by three different strategies: the reference to other forms of art, the laughter and the olfactory metaphor present in the title. Seen separately, 1- the aesthetic references from other forms of art allow to comprehend the link between the naivety of Roberto Drummonds representations and naïf painting; the overwhelming tendency to sentimentalism to emotional gesture, and melodrama; the concept of emotional formulae or Pathosformeln (Aby Warburg) and the power of popular imaginary in the novel. 2- The categories of laughter, with emphasis on the freudian theory of the joke, reveal the strategies of the discourse engaged in sabotaging its interdictions. 3- Smell of God as metaphor synthesizes all the lines of thought developed earlier, whereas it configures itself as the cosmological factor of the story. In this manner, the classic and epic inspiration, under the influence of the laughter and popular art expressions, generates more then an exotic, irreverent and naïf literary piece, like the ones that usually identifies the peculiar style of the author: it turns this novel into a project of fictional creation that has no naivety at all, commanded by the olfactory metaphor. This dissertation, therefore, investigates how these two antithetical and complementary axis activate traditional and present formulas of representation, supporting the evanescent, divine and literary high spheres, as well the habitus of contemporary casualness and superficiality in Drummonds novel. The simple and powerful methaphor of the smell of God translates such convergence
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Projeto Comédia Popular Brasileira da Fraternal Companhia de Arte e Malas-Artes (1993-2008): trajetória do ver, ouvir e imaginarNinin, Roberta Cristina [UNESP] 22 October 2009 (has links) (PDF)
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ninin_rc_me_ia.pdf: 1705415 bytes, checksum: f63294567307fd50646a025f70ebffd2 (MD5) / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) / O principal objetivo da presente pesquisa é registrar e compreender a trajetória do Projeto Comédia Popular Brasileira (CPB) e, consequentemente, da Fraternal Companhia de Arte e Malas-Artes por meio das personagens criadas durante 15 anos de pesquisa estética (1993-2008). São objetos de análise os projetos específicos desenvolvidos a cada fase do Projeto CPB, suas respectivas peças e espetáculos, concepções de personagens, o trabalho e formação dos atores e a relação estabelecida com o alvo principal de sua vida teatral: o público. Em sua primeira fase (1993-1997) – VER, a Fraternal cria personagens-tipo brasileiras, influenciada pelos comediógrafos Martins Pena, Artur Azevedo e Ariano Suassuna, retomando o diálogo com os tipos fixos da commedia dell´arte. Na segunda fase (1998-2001) – OUVIR, as personagens-tipo cedem o protagonismo às personagens inspiradas nas festas populares medievais, pautadas no estudo teórico de Mikhail Bakhtin. E, na terceira fase (2002-2008) – IMAGINAR, atores saltimbancos apresentam as personagens por meio da narração e da representação. Neste período, a Cia. aprofunda sua prática no jogo cênico estabelecido entre personagens, atores e narradores para a construção dramatúrgica e interpretativa de seus espetáculos, inspirada em Bertolt Brecht e Luigi Pirandello. A escolha de personagens como interlocutoras dos anseios e da história do povo brasileiro refletiu, desde o início, a específica visão de mundo e de cultura popular adotada pela Fraternal, referendada no ponto de vista contrário ao da classe dominante, o da classe dominada, visão reveladora e regeneradora. Dario Fo (1999), Mikhail Bakhtin (1987), Walter Benjamin (1994) e Bertolt Brecht, pautados tanto no que concerne a uma apreensão da encenação e da interpretação cômica, quanto a seus posicionamentos críticos... / The present research aims at recording and understanding the trajectory of the Projeto Comédia Popular Brasileira (CPB) and, consequently, of the Fraternal Companhia de Arte e Malas-Artes, through the characters created during the 15 years of esthetical research (1993-2008). The objects of this analysis are the specific projects developed at each phase of the CPB Project, their respective plays and spectacles, the conception of the characters and actors' work and formation as well as their relation with their main target: the audience. During its first phase (1993-1997) – SEE, Fraternal creates Brazilian-type characters, influenced by the comedians Martins Pena, Artur Azevedo and Ariano Suassuna and reestablishing the dialogue with the fixed types of commedia dell´arte. In its second phase (1998-2001) – HEAR, the character-types give space to characters inspired by medieval popular parties/festivals, based on the study of Mikhail Bakhtin. Finally, in its third phase (2002-2008) – IMAGINE, acrobat actors introduce the characters through narration and acting. In this period, the Society deepens its practice through the scenic interplay between characters, actors and narrators for the dramaturgical and interpretive construction of its spectacles, which was inspired by Bertolt Brecht e Luigi Pirandello. The choice of characters as interlocutors of Brazilian people history and wishes reflected, since the very beginning, the specific world and popular culture view taken by Fraternal which is opposed to the dominant class' one. Conversely, it meets the dominated class' view in a revealing and regenerative way. Dario Fo (1999), Mikhail Bakhtin (1987), Walter Benjamin (1994) and Bertolt Brecht, guided by what concerns staging and comic interpretation/acting as well as by their critical view of the artistic activity, were... (Complete abstract click electronic access below)
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O Labirinto Miopia: o espetáculo teatral como planetário em ruínas / The Miopia labyrinth: the theatrical spectacle as planetary in ruinsIvan Delmanto Franklin de Matos 22 August 2011 (has links)
Esta dissertação, que tem como objeto o processo de criação do espetáculo teatral Miopia, investiga as tensas relações entre forma teatral, abordada em suas diversas e contraditórias dramaturgias, e o tecido histórico. Procuramos reler tal experiência estética questionando se é possível enxergar nas cicatrizes, limitações e contradições do espetáculo teatral e do seu processo de criação índices da realidade histórica, caracterizada pelo estágio tardio do sistema capitalista de produção. Para conceituar esta experiência artística, que representou algumas possibilidades de suspensão dialética (sacrifício, aniquilamento, conservação e superação) dos pressupostos do teatro épico sistematizados por Bertolt Brecht, criamos o conceito de labirinto. Utilizamos este conceito porque categorizações geralmente utilizadas na descrição do teatro contemporâneo, como a de teatro pós-dramático, também não se ajustavam ao objeto, já que este levantava questões ligadas à tentativa de configurar características próprias da formação social brasileira. Esta forma do labirinto é caracterizada em Miopia por uma utilização sistemática da alegoria de difícil decifração, entendida aqui em sua aproximação da ruína, do enigma e da incompletude. Apresentada em uma Usina de Compostagem de Lixo, a peça teve sua encenação construída por meio de detritos de formas e procedimentos teatrais tradicionais e a partir do lixo, expondo na própria cena o inacabamento de seu processo de criação. O fracasso das intenções iniciais presentes neste processo pôde ser revelado nesta dissertação como possibilidade de construção de sentido, em que a crise de compreensão em Miopia inseriu o público como criador e consumador do espetáculo teatral, dissolvendo o conceito de obra artística e substituindo-o pela ideia de um ensaio em perpétuo devir. / In this dissertation our object of study is the creative process of the theater performance Miopia. It investigates the tense relations between the theatrical forms, approached by its diverse and contradictory dramatic structures, and the historical weaving. We aim to review this aesthetical experience by questioning the possibility of finding indexes of the historical reality, characterized by the late capitalist production system, as we look into the scars, limitations and contradictions of the theater performance and its creative process. In order to conceptualize this artistic experience, that has presented some possibilities of \"dialectical suspension\" (sacrifice, annihilation, conservation and overcoming) from the Bertolt Brecht\'s epic theater presuppositions, we have come up with the concept of \"labyrinth\". We stick to this concept because the categorizations that are currently used to describe contemporary theater, as the \"postdramatic\" one, cannot fit in our object of study, as it has brought up questions that are connected to the attempt of configuring specific characteristics of the Brazilian social development. The labyrinth set-up is characterized in Miopia by a systematic use of the allegory of the hard deciphering, here understood by approaching the ideas of ruin, enigma and incompleteness. The performance took place in a Garbage Composting Plant, and the staging was set up from the debris of traditional theatrical forms and procedures and from garbage, exposing on stage the undone characteristic of its own creative process. The failure of the initial intentions of the process could be analyzed in this dissertation as a possibility of constructing meaning, in which the crises of understanding Miopia has brought the audience to the role of creator and consummator of the theatrical performance, dissolving the concept of \"work of art\" and replacing it by the idea of a \"perpetual becoming rehearsal\".
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Épica, em perspectiva, miscigenada e malandra: mergulhos em processos criativos da Cia. Livre e da Cia. Teatro Balagan trazem à tona forma de produção do sujeito teatro de grupo paulistano / Epic, in perspective, miscegenated and malicious: immersions in creative processes of the Cia. Livre and of the Cia. Teatro Balagan bring to light production form of the subject São Paulo city theatre groupFrin, Luiz Eduardo [UNESP] 02 May 2017 (has links)
Submitted by LUIZ EDUARDO FRIN null (edufrin@uol.com.br) on 2017-06-27T15:27:25Z
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Tese de Doutorado Final Entregue para Depósito 26-06-2016 versão digital.pdf: 5809065 bytes, checksum: 4ae7dc71f7677f12c7e2960c62328664 (MD5) / Approved for entry into archive by Luiz Galeffi (luizgaleffi@gmail.com) on 2017-06-28T19:51:03Z (GMT) No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2017-05-02 / Este trabalho consolida-se na observação, em procedimento que se aproxima da pesquisa participativa, dos processos de criação dos espetáculos Maria que virou Jonas ou a força da imaginação (2015), da Cia. Livre, e Cabras – Cabeças que voam, cabeças que rolam (2016), da Cia. Teatro Balagan. Apesar de as Companhias paulistanas em epígrafe apresentarem práxis com características próprias, verificou-se um conjunto de proposições e procedimentos comuns na criação de espetáculos e, também, em uma série de atividades correlatas, como a publicação de material reflexivo, a realização de debates, palestras e cursos. A partir de tal verificação, propõe-se a existência, na cidade de São Paulo, nesta segunda década do século XXI, de forma de produção determinada historicamente. Isto é, a mobilização e a criação de um conjunto de parâmetros práxicos que está na base de realização teatral de caráter eminentemente épico, premida por pressupostos colaborativos de criação. Forma que, também, prevê a hierarquização horizontal nas relações em companhias e grupos teatrais. Tal conjunto de parâmetros constitui-se em orientação metodológica para uma significativa parcela da produção teatral na cidade, atinente ao sujeito histórico teatro de grupo. Coligindo determinada bibliografia e observação práxica, indica-se ponto de inflexão originário de tal forma de produção: os meados de 1970, em contexto da luta contra a ditadura civil-militar então vigente no Brasil. Coletivos teatrais surgidos à época, em comunhão com outros já em existência, ao priorizarem pressupostos colaborativos de criação e hierarquização horizontal, inseriram-se em amplo escopo de transformações na sociedade brasileira no período e, assim, redimensionaram a perspectiva social da produção teatral. Para se analisar os meandros de tal forma de produção, são utilizados preceitos de Fayga Ostrower (2013), principalmente no que diz respeito à associação direta entre criação e formalização. As teses de Ostrower são apresentadas em cotejamento, principalmente, às de Mikhail Bakhtin (1987, 2010) acerca de certa onipresença de elementos histórico-sociais em qualquer processo criativo. No sentido de observar e refletir dialeticamente sobre práticas teatrais (objetos e sujeitos desta pesquisa), apropria-se então de determinadas proposições. Teses, prioritariamente, de Eduardo Viveiros de Castro (2002), Darcy Ribeiro (2015), Antonio Candido (1970) e Roberto DaMatta (1997), que são consideradas para associar certas idiossincrasias, da referida forma, com alguns preceitos de sociedades ameríndias e, outros, fundantes do nomeado povo brasileiro. Destacando-se: o perspectivismo, a valorização da alteridade, a miscigenação e a malandragem. / This piece of work is consolidated through the observation, in a procedure close to participatory research, of the procedures adopted by the theatre groups Cia. Livre and Cia. Teatro Balagan, to create the plays Maria que viu Jonas, ou a força da imaginação (2015) and Cabras - Cabeças que voam, cabeças que rolam (2016). Despite of having their own praxis and owning specific characteristics, both São Paulo theatre groups mentioned above presented an ensemble of same propositions and procedures not only to create a performance, but also to organize other activities related to the plays, such as publicising reflective material, the organization of debates, lectures and courses. Once verified the characteristics previously mentioned, it is proposed the existence of the historically determined form of production in the city of São Paulo during the second decade of the XXI century. This means the mobilization and the creation of an ensemble of praxis parameters which are the basis to create epical theatrical performances urged by assumed collaborative creation. This approach to a theatrical production also previews the horizontal hierarchy in theatre groups relationships. These parameters determine a methodological guidance to a significant part of the theatrical production in town, concerning the historical entity: theatre group. Collecting specific bibliography and observation under adopted praxis, we determine the point of inflection originated from this form of production: the early 1970’s, under the scenario of civil-military dictatorship in force in Brazil. Theatrical collectives that emerged at the time, in communion with others that already existed, prioritizing collaborative creation presuppositions and horizontal hierarchization, became part of a broad scope of transformations in Brazilian society in the period and, thus, re-dimensioned the social perspective of theatrical production. In order to analyse the intricacies of this production method, Fayga Ostrower (2013) precepts are applied, mainly in what concerns the direct association between creation and formalization. Ostrower’s theses are presented in comparison to Mikhail Bakhtin’s (1987, 2010) about the omnipresence of basic historical-social elements in any creative process. In order to dialectically observe and portray the theatrical procedures (objects and subjects of this research), we take over some propositions. Theses, mainly by Eduardo Viveiros de Castro (2002), Darcy Ribeiro (2015), Antonio Candido (1970), and Roberto DaMatta (1997) are considered to associate some idiosyncrasies, according to the referred format, with some precepts of Amerindian societies, and others, roots of Brazilian people. Enphasizing: the perspectivism, the appreciation of contrast, the miscegenation and the malice.
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O Cheiro de Deus e o chiste de Roberto Drummond: fórmulas tradicionais de um romance contemporâneo e brasileiro / The smell of God and the joke of Roberto Drummond : traditional formulae of a contemporany brazilian novelRenan Ji 25 March 2010 (has links)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / O romance O cheiro de Deus representa a culminância do projeto estético-literário de Roberto Drummond. O autor concebe um épico capaz de mimetizar, numa perspectiva moderna, a narrativa clássica e preservar a origem popular e contemporânea de sua literatura. Dois eixos norteiam aqui a abordagem da obra: um, dedicado à fonte clássica e mitológica do romance; o outro, atento às intervenções da tradição popular com que o paradigma erudito se reconfigura. O primeiro capítulo se dedica à análise das imagens presentes no romance, a partir de correntes variadas dos estudos acerca do mito, e das negociações do paradigma romanesco com os procedimentos de composição do épico, sistematizados por Emil Staiger. O eixo dedicado ao cânone termina com a reflexão filosófico-estética das formas e dos gêneros, baseada nas ideias de Friedrich Nietzsche e de Mikhail Bakhtin. O segundo capítulo prossegue com a investigação do veio popular, introduzido no sistema romanesco através da referência a outras linguagens artísticas, do riso e da metáfora olfativa presente no título. Vistas em separado, 1- as referências estéticas a outras formas de arte permitem compreender a ligação entre a ingenuidade das representações de Roberto Drummond e a arte naïf; a irresistível tendência ao sentimentalismo e aos atos derramados, e o melodrama; o conceito de fórmulas de páthos (Aby Warburg) e a força do imaginário popular no romance. 2- As formas do riso, com ênfase na teoria freudiana do chiste, revelam as estratégias do discurso empenhado em sabotar suas interdições. 3- A metáfora do cheiro de Deus sintetiza todas as linhas desenvolvidas anteriormente, ao se configurar como fator cosmológico do romance. Assim, a inspiração clássica e épica, perpassada pelo riso e por expressões de arte popular, gera mais do que uma obra exótica, irreverente e naïf, como as que peculiarizam o estilo do autor: torna o romance um projeto nada ingênuo de construção ficcional, gerenciado pela metáfora olfativa. Esta dissertação, portanto, investiga como tais eixos antitéticos e complementares acionam fórmulas tradicionais e atuais, frequentando tanto as altas esferas evanescentes, divinas e literárias, quanto o habitus da descontração e da superficialidade contemporâneas, na mesma medida em que a simples e poderosa metáfora do cheiro de Deus traduz a convergência existente entre eles / The novel O cheiro de Deus represents the culmination of Roberto Drummonds aesthetic project. The author creates an epic that simulates, in a modern perspective, the classic genre of narrative, but preserving the popular and contemporary origins of the Brazilian writer. The approach of this novel is divided into two axis: one is dedicated to the classic and mythological sources; the other regards the interventions of the popular tradition with which the erudite paradigm reconfigures. The first chapter leads with the images present in the novel, establishing ground on the various trends of the myth studies, as well on the mediation of the epic paradigm, systematically described by Emil Staiger. The axis dedicated to the canon ends with a philosophical and aesthetic reflection about literary forms and genres, based on the considerations of Friedrich Nietzsche and Mikhail Bakhtin. The second chapter proceeds with the investigation of the popular vein, introduced in the fictional system by three different strategies: the reference to other forms of art, the laughter and the olfactory metaphor present in the title. Seen separately, 1- the aesthetic references from other forms of art allow to comprehend the link between the naivety of Roberto Drummonds representations and naïf painting; the overwhelming tendency to sentimentalism to emotional gesture, and melodrama; the concept of emotional formulae or Pathosformeln (Aby Warburg) and the power of popular imaginary in the novel. 2- The categories of laughter, with emphasis on the freudian theory of the joke, reveal the strategies of the discourse engaged in sabotaging its interdictions. 3- Smell of God as metaphor synthesizes all the lines of thought developed earlier, whereas it configures itself as the cosmological factor of the story. In this manner, the classic and epic inspiration, under the influence of the laughter and popular art expressions, generates more then an exotic, irreverent and naïf literary piece, like the ones that usually identifies the peculiar style of the author: it turns this novel into a project of fictional creation that has no naivety at all, commanded by the olfactory metaphor. This dissertation, therefore, investigates how these two antithetical and complementary axis activate traditional and present formulas of representation, supporting the evanescent, divine and literary high spheres, as well the habitus of contemporary casualness and superficiality in Drummonds novel. The simple and powerful methaphor of the smell of God translates such convergence
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Rumos épicos : a arquitetura intertextual de Uma viagem à Índia, de Gonçalo M. TavaresGatteli, Vanessa Hack January 2016 (has links)
Essa dissertação trata da intertextualidade na obra Uma Viagem à Índia (2010), de Gonçalo M. Tavares, com narrativas e personagens épicos da Literatura Universal, desde Homero até a contemporaneidade. O objetivo é descobrir como a epopeia, um gênero literário em desuso, funciona no século XXI. Também investigo o protagonista do poema narrativo não consegue se libertar de seu passado e o de sua pátria, mesmo buscando tanto por “sabedoria e esquecimento”. Diferente da metaficção historiográfica, termo cunhado por Linda Hutcheon para apontar uma tendência da literatura pós-modernista, a epopeia de Tavares não consegue se redimir do seu passado. Por meio de uma pesquisa teórica da epopeia, a dissertação analisa o gênero épico a partir de autores como Hansen (2008) e Staiger (1997). As definições teóricas são cruzadas com obras de diferentes épocas, como a Ilíada (2011), a Odisseia (2014), Os Lusíadas (2002), Ulysses (2000), dentre outros, sempre tendo em vista o diálogo com a obra Uma Viagem à Índia. O paralelo com a arquitetura também é uma constante, já que teóricos como Hutcheon (1988) e Jameson (1997) usaram-na para teorizar sobre o pós-modernismo. Uma Viagem à Índia, sendo uma obra pós-modernista, aqui é comparada à arquitetura de motéis de algumas cidades brasileiras, cujo visual – deslocado na geografia e no tempo – não é apenas anacrônico, mas também artificial, assim como a epopeia no século XXI. O episódio da “Ilha dos Amores” é analisado em uma leitura mais próxima ao texto, feita com embasamento na obra O Erotismo (2013), de Bataille, e permeada por diferentes intertextos. Por fim, após todo esse cruzamento de intertextos, o conceito de pós-humanismo de Sloterdijk (2010) se mostra como chave para uma possível compreensão do porquê a obra de Tavares não tenta “reescrever” o passado como a metaficção historiográfica: em um mundo pós-humanista, onde já se sabe que o próprio homem também é culpado das atrocidades que lhe acometem, resgatar vozes silenciadas por meio de obras metaficcionais talvez não faça mais sentido. / This study addresses intertextuality in the work Uma Viagem à Índia [A Trip to India] (2010), by Gonçalo M. Tavares, with epic narratives and characters of Universal Literature, from Homer to contemporary times. The objective is to find out how epic, a literary genre that fell into disuse, works in the 21st century. I also investigate the protagonist of the narrative poem, who is not able to break free from his past and the past of his homeland, despite his extensive search for "wisdom and oblivion". Unlike historiographic metafiction, term coined by Linda Hutcheon to point to a trend of postmodern literature, Tavares' epic is not able to redeem itself from its past. Through a theoretical research of epic, the paper analyzes this genre from authors such as Hansen (2008) and Staiger (1997). The theoretical definitions are contrasted with works from different periods, such as the Iliad (2011), the Odyssey (2014), The Lusiads (2002), and Ulysses (2000), among others, always considering the dialogue with the work Uma Viagem à Índia. The parallel with architecture is also constant, since theorists such as Hutcheon (1988) and Jameson (1997) used it to theorize about postmodernism. Considering that it is a postmodern work, here Uma Viagem à Índia is compared to traits of epic in texts of the 21st century and to the architecture of love hotels of some Brazilian cities, whose aspect, geographically and chronologically displaced, is not only anachronistic but also artificial. The episode named "Ilha dos Amores" [Island of Loves] is analyzed with a reading that is closer to the text, based in the work Eroticism (2013), by Bataille, and permeated by different intertexts. Finally, after all this intersection of intertexts, Sloterdijk's (2010) concept of posthumanism is featured as key to a possible understanding of why Tavares' work does not try to "rewrite" the past as historiographic metafiction: in a posthumanist world, where humans themselves are known to also be guilty of the atrocities that affect them, rescuing voices that are silenced through metafictional works may not make much sense anymore.
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