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"O blog deveria ser complemento das TARVs": divulga??o cient?fica, compartilhamento de informa??es e a experi?ncia com o HIV/AIDSBorges, Raul Elton Ara?jo 19 February 2018 (has links)
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Previous issue date: 2018-02-19 / Os blogues produzidos por pessoas que vivem com adoecimentos e sofrimentos de longa dura??o podem fornecer ricas descri??es de pr?ticas, costumes e percep??es sociais do processo sa?de-doen?a. Dessa forma, esse espa?o virtual pode se configurar como um novo cen?rio de promo??o da sa?de, de compartilhamento de informa??es e de experi?ncias com a enfermidade. Diante disso, o objetivo do estudo foi compreender os saberes e as experi?ncias compartilhadas virtualmente em um blogue brasileiro sobre HIV/aids. Trata-se de um estudo socioantropol?gico de natureza qualitativa, realizado atrav?s de etnografia virtual. Utilizou-se como fonte de dados 42 postagens feitas pelo autor no per?odo de janeiro de 2014 a julho de 2016, publicadas na sess?o ?Artigos? do blogue. Os dados inclu?ram, al?m dos textos produzidos pelo blogueiro, os 4.670 coment?rios dos visitantes da p?gina. Os mesmos foram registrados em planilhas e tabelas e, posteriormente, analisados pela t?cnica de codifica??o tem?tica. Da an?lise tem?tica do material emp?rico emergiram tr?s categorias: (1) ?peguei meu ?reagente? e estou dissecando este blog?: o blogue como porta de entrada ao mundo social do HIV/aids; (2) ?fique tranquilo, com esses resultados voc? est? muito bem?: divulga??o cient?fica, compartilhamento de informa??es e o aprimoramento da vida com HIV/aids; e, (3) ?eu nunca vi tanta heresia em um s? post?: sobre os conflitos e as resist?ncias no blogue. As narrativas evidenciaram um ?ritual de inicia??o? ao mundo social do HIV/aids, mediado pela virtualidade, para os seguidores rec?m-diagnosticados, forjados a partir da experi?ncia dos veteranos no blogue. Nesse sentido, destaca-se a medicaliza??o social presente nos discursos do blogueiro e dos visitantes da p?gina, fortemente direcionada ? ades?o ao tratamento e ao sexo dito ?seguro?. Al?m disso, os coment?rios ?s postagens do autor produzem um ambiente de divulga??o cient?fica, compartilhamento de informa??es e experi?ncias que auxiliam no processo de normaliza??o da vida com o HIV/aids. Nesse sentido, observa-se novos modos de subjetividades e redes de ?produ??o/consumo? de informa??es cient?ficas a partir da experi?ncia no blogue, que s?o fundamentais na constru??o de uma vida ?aprimorada? com a enfermidade. No entanto, a medicaliza??o dos discursos pode ser inclusiva para uns, mas excludente para outros. / Blogs produced by people living with disease and long-term suffering can provide rich descriptions of practices, customs and social perceptions of the health-disease process. Thus, this virtual space can be a new setting of health promotion, sharing of information and experiences with the disease. Therefore, this study aimed to analyze the knowledge and experiences shared virtually in a Brazilian blog about HIV/AIDS. This is a socio-anthropological qualitative study, carried out through virtual ethnography. Forty-two posts made by the author from January 2014 to July 2016 published in the ?Papers? section of the blog were used. Data included texts produced by the blogger and the 4,670 comments from page visitors. They were recorded in spreadsheets and tables and later analyzed through the thematic coding technique. Three categories emerged from the thematic analysis of empirical material: (1) ?I took my 'reagent' and I am dissecting this blog?: the blog as a gateway to the social world of HIV/AIDS; (2) ?Be cool, you are doing very well with these results?: scientific dissemination, sharing information and improving life with HIV/AIDS; and, (3) ?I have never seen so much heresy in a single post?: about the conflicts and resistances in the blog. Narratives highlighted an ?initiation ritual? into the virtually mediated social HIV/AIDS world for newly diagnosed followers, built on veterans? blog experience. Thus, the social medicalization found in the statements by the blogger and visitors of the page strongly geared to the adherence to the treatment and the so-called ?safe? sex stands out. In addition, comments on the author?s posts produce an environment of scientific dissemination, sharing of information and experiences that assist in the process of normalization of life with HIV/AIDS. Therefore, new modes of subjectivity and networks of ?production/consumption? of scientific information from the blog experience are observed and are fundamental in the construction of an ?improved? life with the disease. However, the medicalization of discourses may be inclusive for some, but excluding for others.
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A (Bio) política da Saúde da Família: adoecimento crônico, micropolítica do trabalho e o governo da vida / The (bio)politics of primary care: chronic illness, micropolitics of health care and life governmentSarti, Thiago Dias 04 May 2015 (has links)
A Saúde da Família (ESF) é o modelo de organização da Atenção Básica com maior cobertura populacional no Brasil. Esta alcançou alguns resultados relevantes para a saúde da população, embora diversos problemas persistam na sua efetivação. Entendemos ser possível e necessário interrogarmos a ESF enquanto modelagem assistencial. Os arranjos e diretrizes propostos foram eficazes para o enfrentamento de problemas autolimitados. Mas no manejo das condições crônicas de adoecimento há muito que refletir. Apresenta-se então o desafio de problematizarmos a Saúde da Família a partir das interfaces produzidas por profissionais de saúde e usuários com condições crônicas de adoecimento, em particular o diabetes mellitus tipo 2, identificando e analisando os dispositivos de saber-poder que opera-se no cotidiano dos serviços. Produzimos neste estudo uma aproximação prolongada ao trabalho de duas equipes e unidades de saúde da família do município de Vitória-ES, de natureza cartográfica e micropolítica, feita por meio de observação participante, com produção de diário de campo em reuniões de equipe, atividades de grupo, visitas domiciliares, andanças pelos territórios e interações com profissionais e usuários nas diversas ações realizadas pelas equipes de saúde, bem como entrevistas semiestruturadas com onze usuários. Como resultados, identificamos que a programação da atenção orienta parte significativa dos processos de trabalho da equipe, sendo que esta é reforçada por uma série de iniciativas da gestão do município no sentido de estabelecer e exigir o cumprimento de metas e indicadores. E essa programação da atenção agencia processos de trabalho enrijecidos, até mesmo burocráticos, fortemente atrelados ao modelo médico hegemônico e centrados nas demandas dos próprios profissionais, não havendo espaço para a singularidade do encontro entre trabalhadores e usuários. A resultante disto é a não consideração do usuário como centro do cuidado. E ao não encontrarem ressonância em termos de mudança efetiva nos estilos de vida das pessoas, os profissionais veem os usuários como rebeldes, considerando a rebeldia em uma conotação negativa, como sinal da adoção de referenciais incorretos e desqualificados para manejar esse tipo de problema segundo o saber científico. As equipes não agenciam os encontros de forma a produzir uma potente circulação de afetos nessa relação de forma a permitir a expressão da autonomia dos indivíduos na produção de sua vida enquanto força instituinte de formas mais inventivas de viver, a construir projetos terapêuticos de maneira compartilhada e contribuir para a promoção de mais intensas conexões de vida. Mas os usuários, apesar de todas as iniciativas de controle e disciplinarização, produzem inúmeras linhas de fuga, resistindo às recomendações e construindo seu próprio modo de cuidar de si. Desta forma, apesar de estar cristalizada a ideia da ESF como espaço de promoção da saúde, concluímos que este modelo de atenção agencia e reforça seu oposto. Tem-se uma ESF preventivista, higienista e disciplinadora que normaliza e empobrece a vida. Torna-se então fundamental problematizar a ESF em sua intensidade política por controle, disciplinarização e regulação de corpos e populações. / Family Health Strategy (FHS) is the organizational model of Primary Care with the highest population coverage in Brazil. It has achieved some significant results for people\'s health, although several problems still persist in its implementation. We believe it is possible and necessary to question FHS while assistance modeling. The proposed arrangements and guidelines were effective for coping with self-limiting problems. But in the management of chronic conditions, there is much to reflect. There is the challenge of problematizing FHS from interfaces produced by healthcare professionals and patients with the chronic conditions, particularly type-2 diabetes mellitus, identifying and analyzing the knowledge-power devices that operate in everyday services. This study shows an extended approach to the work of two health teams and family health units in the city of Vitória-ES, of cartographic and micropolitic nature, made through participant observation, with production of field diary in team meetings, group activities, home visits, travels through territories and interactions with professionals and users in the various actions taken by health teams, as well as semi-structured interviews with eleven users. As a result, we identified that care scheduling guides significant part of team work processes, which is enhanced by a number of municipal management initiatives to establish and enforce goals and indicators. This care scheduling (programação da atenção) supports stiff work processes, even bureaucratic works, strongly linked to the hegemonic medical model and focused on the demands of professionals themselves, with no room for the uniqueness of the encounter between health workers and users. The result is that the user is not considered as the center of care. And by not finding resonance in terms of effective change in the \"lifestyles\" of people, professionals see users as rebels, considering the rebellion in a negative connotation, as a sign of adopting erroneous and unqualified references to handle this kind of problem according to scientific knowledge. Teams do not support meetings to produce a powerful circulation of affects in this relationship in order to allow the expression of autonomy of individuals in the production of their lives while instituting force of more inventive ways of living, to build therapeutic projects in a shared manner and contribute to the promotion of more intense connections of life. But users, despite all control and disciplining initiatives, produce numerous lines of escape, resisting recommendations and building their own way to care for themselves. Thus, although the idea of FHS is crystallized as a health promotion space, we conclude that this care model supports and reinforces its opposite. There is a preventative, hygienist and disciplinarian FHS, which normalizes and impoverishes life. It then becomes important to question FHS in its politica.
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A (Bio) política da Saúde da Família: adoecimento crônico, micropolítica do trabalho e o governo da vida / The (bio)politics of primary care: chronic illness, micropolitics of health care and life governmentThiago Dias Sarti 04 May 2015 (has links)
A Saúde da Família (ESF) é o modelo de organização da Atenção Básica com maior cobertura populacional no Brasil. Esta alcançou alguns resultados relevantes para a saúde da população, embora diversos problemas persistam na sua efetivação. Entendemos ser possível e necessário interrogarmos a ESF enquanto modelagem assistencial. Os arranjos e diretrizes propostos foram eficazes para o enfrentamento de problemas autolimitados. Mas no manejo das condições crônicas de adoecimento há muito que refletir. Apresenta-se então o desafio de problematizarmos a Saúde da Família a partir das interfaces produzidas por profissionais de saúde e usuários com condições crônicas de adoecimento, em particular o diabetes mellitus tipo 2, identificando e analisando os dispositivos de saber-poder que opera-se no cotidiano dos serviços. Produzimos neste estudo uma aproximação prolongada ao trabalho de duas equipes e unidades de saúde da família do município de Vitória-ES, de natureza cartográfica e micropolítica, feita por meio de observação participante, com produção de diário de campo em reuniões de equipe, atividades de grupo, visitas domiciliares, andanças pelos territórios e interações com profissionais e usuários nas diversas ações realizadas pelas equipes de saúde, bem como entrevistas semiestruturadas com onze usuários. Como resultados, identificamos que a programação da atenção orienta parte significativa dos processos de trabalho da equipe, sendo que esta é reforçada por uma série de iniciativas da gestão do município no sentido de estabelecer e exigir o cumprimento de metas e indicadores. E essa programação da atenção agencia processos de trabalho enrijecidos, até mesmo burocráticos, fortemente atrelados ao modelo médico hegemônico e centrados nas demandas dos próprios profissionais, não havendo espaço para a singularidade do encontro entre trabalhadores e usuários. A resultante disto é a não consideração do usuário como centro do cuidado. E ao não encontrarem ressonância em termos de mudança efetiva nos estilos de vida das pessoas, os profissionais veem os usuários como rebeldes, considerando a rebeldia em uma conotação negativa, como sinal da adoção de referenciais incorretos e desqualificados para manejar esse tipo de problema segundo o saber científico. As equipes não agenciam os encontros de forma a produzir uma potente circulação de afetos nessa relação de forma a permitir a expressão da autonomia dos indivíduos na produção de sua vida enquanto força instituinte de formas mais inventivas de viver, a construir projetos terapêuticos de maneira compartilhada e contribuir para a promoção de mais intensas conexões de vida. Mas os usuários, apesar de todas as iniciativas de controle e disciplinarização, produzem inúmeras linhas de fuga, resistindo às recomendações e construindo seu próprio modo de cuidar de si. Desta forma, apesar de estar cristalizada a ideia da ESF como espaço de promoção da saúde, concluímos que este modelo de atenção agencia e reforça seu oposto. Tem-se uma ESF preventivista, higienista e disciplinadora que normaliza e empobrece a vida. Torna-se então fundamental problematizar a ESF em sua intensidade política por controle, disciplinarização e regulação de corpos e populações. / Family Health Strategy (FHS) is the organizational model of Primary Care with the highest population coverage in Brazil. It has achieved some significant results for people\'s health, although several problems still persist in its implementation. We believe it is possible and necessary to question FHS while assistance modeling. The proposed arrangements and guidelines were effective for coping with self-limiting problems. But in the management of chronic conditions, there is much to reflect. There is the challenge of problematizing FHS from interfaces produced by healthcare professionals and patients with the chronic conditions, particularly type-2 diabetes mellitus, identifying and analyzing the knowledge-power devices that operate in everyday services. This study shows an extended approach to the work of two health teams and family health units in the city of Vitória-ES, of cartographic and micropolitic nature, made through participant observation, with production of field diary in team meetings, group activities, home visits, travels through territories and interactions with professionals and users in the various actions taken by health teams, as well as semi-structured interviews with eleven users. As a result, we identified that care scheduling guides significant part of team work processes, which is enhanced by a number of municipal management initiatives to establish and enforce goals and indicators. This care scheduling (programação da atenção) supports stiff work processes, even bureaucratic works, strongly linked to the hegemonic medical model and focused on the demands of professionals themselves, with no room for the uniqueness of the encounter between health workers and users. The result is that the user is not considered as the center of care. And by not finding resonance in terms of effective change in the \"lifestyles\" of people, professionals see users as rebels, considering the rebellion in a negative connotation, as a sign of adopting erroneous and unqualified references to handle this kind of problem according to scientific knowledge. Teams do not support meetings to produce a powerful circulation of affects in this relationship in order to allow the expression of autonomy of individuals in the production of their lives while instituting force of more inventive ways of living, to build therapeutic projects in a shared manner and contribute to the promotion of more intense connections of life. But users, despite all control and disciplining initiatives, produce numerous lines of escape, resisting recommendations and building their own way to care for themselves. Thus, although the idea of FHS is crystallized as a health promotion space, we conclude that this care model supports and reinforces its opposite. There is a preventative, hygienist and disciplinarian FHS, which normalizes and impoverishes life. It then becomes important to question FHS in its politica.
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Experiências de enfermidade e itinerários terapêuticos de portadores de Leucemia Mieloide Crônica nas cidade de Medellín, Colômbia e Salvador-BA, BrasilAlzate López, Yeimi Alexandra 28 April 2014 (has links)
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TESE YEIMI ALZATE LOPEZ. 2014.pdf: 1273705 bytes, checksum: ff739cf53b4a176758fd9e9cf081c526 (MD5) / Estudos sócio-antropológicos que abordam experiências e repercussões das doenças crônicas têm apontado o caráter heterogêneo das contingências da vida cotidiana no enfrentamento da doença por parte dos sujeitos e os complexos processos de busca de cuidado para resolver seus problemas. No caso do câncer, a sua construção sociocultural envolve o status de doença maligna, assim como uma doença que ameaça a vida, o que se coloca nas experiências dos pacientes como fonte de incerteza, medo e estigmas. No caso específico da Leucemia Mieloide Crônica (LMC), o conhecimento da sua patogênese (mas não da sua etiologia) e os desenvolvimentos tecnológicos recentes em tratamentos têm levado a uma reconstrução do discurso científico biomédico, mudando a forma de conotá-la, denotá-la, explicá-la e tratá-la como uma forma diferenciada de outros tipos de leucemia e de câncer.
A fase crônica da LMC, há pouco mais de uma década, tinha uma duração estimada de três a seis anos, seguida pela transformação para as fases acelerada e blástica de curta duração, estimadas entre 3 a 6 meses (Kantarjian, et.al. 1993, 2002), colocando um panorama de mortalidade alcançada em pouco tempo. Devido ao desenvolvimento de medicamentos conhecidos como Inibidores de Tirosino Quinase (ITK), substância importante na progressão da célula leucêmica, a LMC é reconhecida na atualidade como uma “mudança de paradigma” no tratamento da Leucemia e do câncer (Goldman & Melo, 2003; Stephen et.al., 2003, Souza e Pagnano, 2004, Rüdiger, et.al, 2007). Estes medicamentos têm alcançado o controle e remissões duradouras da doença na fase crônica, que só tinham sido alcançados através do Transplante de Medula Óssea (TMO) (Schiffer et.al. 2007, Jabbour, et.al. 2007, Lopes et.al. 2009). Este panorama tem redefinido os protocolos de tratamento, colocando o TMO (e observando suas taxas de mortalidade) como tratamento de segunda ou terceira linha em caso de resistência aos ITK, mas continua sendo considerada a única terapia de cura da LMC (Rüdiger, et.al, 2007, Aranha, 2008). Alguns estudos recentes apontam para a possibilidade de “cura” a partir do tratamento continuado com os ITK, porém a suspensão do tratamento só é recomendado sob certa condições e com um monitoramento e controle citogenético e molecular constante (Branford, 2012; Jabbour, et.al, 2013). Esse contexto permite evidenciar uma reconstrução constante do discurso (e práticas) biomédico da doença, a partir de novas descobertas científicas e tecnológicas, gerando velhas e novas incertezas, ambiguidades e significados da “cronicidade da LMC”, assim como coloca as diferentes práticas de cuidado, nas quais se ressaltam, especialmente, as “trilhas” e barreiras de acesso dos pacientes a atenção e medicamentos. O objetivo geral dessa pesquisa foi o de analisar e interpretar as experiências de enfermidade e os itinerários terapêuticos de dez (10) portadores de Leucemia Mieloide Crônica (LMC), nas cidades de Medellín, Colômbia e Salvador – BA, Brasil. Para compreender o fenômeno estudado, foi realizado um metaestudo da literatura qualitativa nacional e internacional sobre a categoria Itinerários Terapêuticos (IT) e sua articulação com a categoria experiência de enfermidade (Artigo 1). Ao realizar essa meta-análise e síntese das teorias, métodos e dados produzidos pelas pesquisas, foi possível discutir sobre as correntes teórico-metodológicas, limites, alcances e dimensões que esta categoria permite para a abordagem e compreensão dos diferentes e complexos processos de escolha, avaliação e aderência a certos tipos de cuidados e tratamentos por parte dos sujeitos. Na sequência, foi realizada a interpretação das experiências de enfermidade de sujeitos da Colômbia e do Brasil (Artigo 2) assim como a análise da construção dos itinerários terapêuticos dos sujeitos na busca de cuidados (Artigo 3). Em ambos os artigos empíricos utilizou-se a estratégia metodológica do estudo de casos coletivos. O interesse num grupo (limitado) de casos, mais do que um caso individual, coloca a ênfase menos em “generalizações” a partir dos casos (Stake 2007) e mais na compreensão da unicidade de cada caso, sem perder a riqueza das suas particularidades e diferenças, mas também das semelhanças que com certeza aparecem para os leitores durante a análise. No total, foram incluídos dez (10) casos (5 de Medellín e 5 de Salvador), seguindo os seguintes critérios: mulheres e homens de idades entre 30 e 80 anos, com um tempo de diagnóstico da doença de no mínimo um ano, em fase crônica; ser usuários dos sistemas de saúde público ou privado e receber atendimento em diferentes instituições. Os critérios escolhidos não pretendiam incluir casos típicos ou atípicos (Yin, 2013), mas sim, casos “representativos” que, de alguma forma, informavam dimensões trazidas por outros pacientes. Como resultados, no artigo 2 se apresentam as diferentes dimensões das experiências de enfermidade dos casos analisados, apresentando fenômenos como a ruptura biográfica causada pela doença, os complexos processos de “incorporação” do social nas suas experiências. A análise de cada caso permitiu evidenciar um processo no qual as mudanças nas experiências podem avançar de uma fase, na qual prevalece os sentidos de morte, sofrimento, desconstrução e rupturas (das relações sociais, do cotidiano etc.), para outra, quando vai se apresentando um processo de normalização (Bury, 1982), onde se coloca, em alguns casos, sentidos positivos, ambiguidades e incertezas sobre as mudanças e o aprendizado que a LMC traz para suas vidas. As narrativas apontaram para um desconhecimento geral” sobre a LMC e a leucemia como tal, colocando a questão levantada por Comaroff e Maguire (1981) sobre as implicações sociais dos avanços tecnológicos para o tratamento da leucemia que ficam no terreno do conhecimento científico e médico. Isto leva os pacientes e seus familiares a se confrontarem com as ambiguidades e incertezas apontados nos sentidos do “controle” e de “risco”. Ao seguir a construção do IT dos sujeitos, no artigo 3, se apresenta a análise dos casos em cada contexto evidenciando sua influência no percurso que se inicia desde a “descoberta” de uma alteração até depois de conseguir o “controle” da doença. Assim, o processo de diagnóstico permite discutir como uma condição “grave” às vezes não é percebida pelos pacientes, mas sim pela sua rede social, que é quem os leva à procura da consulta especializada. O acesso à atenção no nível terciário (alta complexidade) permite, em ambos os contextos, discutir os modelos de atenção, as falhas nos serviços de saúde, as diversas fragmentações dos sistemas que levam os pacientes e suas famílias por diversas peregrinações, barreiras, burocracias, colocando processos que foram concebidos como “causas estruturais do sofrimento”. / Socio-anthropological studies that discuss experiences and the impact of chronic diseases have shown the heterogeneous character of the everyday life’s contingencies in the coping with the illness by the subjects and the complex processes of searching for care to solve their problems. In the case of cancer, its sociocultural construction involves the status of malignant disease, as well as a life-threatening disease, which is placed on the experiences of patients as a source of uncertainty, fear and stigma. In the specific case of Chronic Myeloid Leukemia (CML), the knowledge of its pathogenesis (but not its etiology) and recent technological developments in treatment have led to a reconstruction of the biomedical scientific discourse, changing the way it connotes, denote it, explain it and treat it as a different way from other types of leukemia and cancer. The chronic phase of CML, a little over a decade, had an estimated duration of three to six years, followed by transformation to the phases accelerated and blastic of short duration, estimated between 3 to 6 months (Kantarjian, et.al. 1993 , 2002), placing a panorama of mortality achieved in a short time. Due to the drugs’ development known as Tyrosine Kinase Inhibitors (ITK), an important substance in the progression of leukemic cells, CML is recognized today as a “paradigm shift” in the treatment of leukemia and cancer (Goldman & Melo, 2003; Stephen et.al., 2003 and Souza Pagnano, 2004 Rüdiger, et.al, 2007). These medications have gained control and durable remissions in the chronic phase of the disease, which had only been achieved through Bone Marrow Transplantation (BMT) (Schiffer et.al. 2007 Jabbour, et.al., 2007, Lopes et.al. 2009). This overview has redefined the treatment protocols, putting BMT (and watching their mortality rates) as treatment for second or third line in case of resistance to ITK, but still considered the only healing therapy of CML (Rüdiger et. Al, 2007 Spider, 2008). Some recent studies point to the possibility of “cure” from continuing with ITK treatment, but treatment discontinuation is recommended only under certain conditions and with a monitoring and constant control cytogenetic and molecular (Branford, 2012; Jabbour, et. Al, 2013). This context will show a constant discourse’s reconstruction (and practice) of biomedical disease, from new scientific and technological findings, generating old and new uncertainties, ambiguities and meanings of “chronic CML”, and puts the different care practices, in which they point out, especially the “trails” and barriers to patient access to care and medications. The overall objective of this research was to analyze and interpret the experiences of illness and therapeutic itineraries of ten (10) patients with Chronic Myeloid Leukemia (CML) in the cities of Medellín, Colombia, and Salvador – BA, Brazil. To understand the phenomenon studied, a national and international qualitative literature’s meta-analisys on Therapeutic Itineraries (IT) category and its articulation with the experience of illness category (Article 1) was performed. In performing this meta-analysis and synthesis of theories, methods and data produced by researches, it was possible to discuss the theoretical and methodological perspectives, limits, scope and dimensions that this category allows for this approach and understanding of different and complex processes of choice, evaluation and adherence to certain types of care and treatment by subjects. Following on, the interpretation of the subjects’s illness experiences from Colombia and Brazil (Article 2) as well as the analysis of the construction of subjects’s therapeutic itineraries in seeking care (Article 3) was performed. In both empirical articles, it was used the methodological approach of the collective cases’s study. The interest in a group (limited) cases, more than one individual case, the emphasis is less on “generalizations” from the cases (Stake 2007) and more on understanding the uniqueness of each case, without losing the richness of its particularities and differences, but also the similarities that certainly appear to readers during analysis. Were included in the total ten (10) cases (5 of 5 Medellin and Salvador), using the following criteria: women and men aged 30 to 80, with disease time of diagnosis, at least, one year in chronic phase; be users of public or private health systems and receive care in different institutions. The criteria chosen did not intend to include typical or atypical cases (Yin, 2013), but “representative” cases that, somehow, informed dimensions brought by other patients. As a result, Article 2 present the different dimensions of the illness experience of the cases analyzed, presenting the phenomena such as biographical disruption caused by the disease, the complex processes of “incorporation” of the social in their experiences. The analysis of each case has highlighted a process where changes in the experiences can move from one phase, in which prevails senses of death, suffering, and deconstruction and ruptures (social relations, everyday etc..), to another, when it is being presented a standardization process (Bury, 1982), which arises, in some cases, positive way, ambiguities and uncertainties about changes and learning that the LMC brings to their lives. The narratives indicated a “general unknown” of CML leukemia, putting the issue raised by Comaroff and Maguire (1981) on the social implications of technological advances for the treatment of leukemia that are in the field of scientific and medical knowledge. This faces to patients and their families to the ambiguities and uncertainties indicated in the directions of the “control” and “risk”. By following the construction of IT’s subjects, in Article 3, presents the analysis of cases in each context highlighting its influence on the path that begins from the “discovery” of a change until after getting the “control” of the disease. Thus, the diagnosis’s process allows discuss how a “serious” condition is sometimes not perceived by patients, but by their social network, which is who leads them to search for specialized consultation. The access to care at the tertiary level (high complexity) enables, in both contexts, discuss the models of care, the failures in the health services, the various systems’s fragmentations that lead patients and their families for several pilgrimages, barriers, bureaucracies, putting processes that were designed as “structural causes of suffering”.
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Perfil de suscetibilidade de Moraxella bovis, Moraxella bovoculi e Moraxella ovis aos antimicrobianos / Antimicrobial susceptibility profile of Moraxella bovis, Moraxella bovoculi and Moraxella ovisMaboni, Grazieli 06 September 2013 (has links)
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / Infectious keratoconjunctivitis (IK), also known as pinkeye , is an ocular disease that affects cattle and sheep. In cattle, the microorganisms involved are Moraxella bovis, Moraxella bovoculi and Moraxella ovis. In sheep, the main microorganisms isolated from lesions are Mycoplasma conjuntivae, Chlamydia psittaci and M. ovis. Antibiotics are widely used in the treatement ofthis disease; therefore, to perform tests of susceptibility is essential in order to use the most effective drugs. However, few studies about the susceptibility of M. bovis, M. bovoculi and M. ovis to antibiotics are available in the literature. In Brazil, there are no studies describing the susceptibility profile of M. bovoculi and M. ovis. Susceptibility tests for M. bovis, M. bovoculi and M. ovis are routinely determined at laboratories by disk diffusion method. On the other hand, the broth microdilution method, which is the reference method, is used for Moraxella spp. with epidemiological purposes, such as, to define the antimicrobial susceptibility profiles of strains from a specific region. This dissertation aimed to determine the antimicrobial susceptibility of Brazilian strains of M. bovis, M. bovoculi and M. ovis by broth microdilution and disk diffusion for the main antimicrobials used to treat IK and, thus, to verify differences in antimicrobial susceptibility profiles of the three species of Moraxella. We also aimed to evaluate the agreement between the disk diffusion and broth microdilution method. In order to determine the minimum inhibitory concentration (MIC) and minimum bactericidal concentration (MBC), obtained by the broth microdilution method, and the diameter of inhibition zone, obtained by disk diffusion method, the following antimicrobials were used: ampicillin, cefoperazone, ceftiofur, cloxacillin, enrofloxacin, florfenicol, gentamicin, neomycin, oxytetracycline and penicillin. The MIC and MBC were higher for M. bovis than for M. bovoculi and M. ovis. The drugs evaluated showed good agreement between disc diffusion and the reference method, except oxytetracycline and penicillin. When analyzed the methods agreement for each Moraxella species we found lower rates of agreement, as well as, more quantities of errors in M. bovis strains. The results of this study emphasize that M. bovis, M. bovoculi and M. ovis have a different antimicrobial susceptibility profile. / A ceratoconjuntivite infecciosa (CI), também conhecida como pinkeye , é uma doença ocular que acomete bovinos e ovinos. Em bovinos os micro-organismos envolvidos na CI são Moraxella bovis, Moraxella ovis e Moraxella bovoculi. Já em ovinos são Mycoplasma conjunctivae, Clamydia psittaci e M. ovis. A terapia antimicrobiana é amplamente utilizada para essa enfermidade, desta forma é imprescindível a realização de testes de suscetibilidade com a finalidade de escolher de forma prudente o fármaco a ser utilizado. Contudo, estudos sobre a suscetibilidade de M. bovis, M. bovoculi e M. ovis são escassos na literatura científica, sendo que no Brasil não existem trabalhos que descrevem o perfil de suscetibilidade de M. bovoculi e M. ovis. Testes de suscetibilidade para Moraxella spp. são determinados na rotina laboratorial pelo método de disco difusão, e, de forma geral, emprega-se o método de microdiluição em caldo com fins epidemiológicos, como caracterizar isolados de um surto ou de uma região específica. Neste contexto, esta dissertação objetivou determinar a suscetibilidade aos antimicrobianos de cepas de M. bovis, M. bovoculi e M. ovis, isoladas no Brasil, por meio dos métodos de microdiluição em caldo e disco difusão em ágar frente aos principais antimicrobianos utilizados no tratamento de CI e desta forma verificar diferenças nos perfis de suscetibilidade aos antimicrobianos das três espécies de Moraxella testadas. Também buscou-se avaliar a concordância entre o método de disco difusão em ágar e microdiluição em caldo. Amostras de M. bovis, M. bovoculi e M. ovis, oriundos de casos clínicos de CI, foram identificados por meio de análise morfo-tintorial e testes bioquímicos e a identificação das espécies foi realizada por análise molecular. Para determinar a concentração inibitória mínima (CIM) e a concentração bactericida mínima (CBM), obtidas no método de microdiluição em caldo e o diâmetro do halo de inibição obtido no método de disco difusão em ágar, foram utilizados os seguintes antimicrobianos: ampicilina, cefoperazona, ceftiofur, cloxacilina, enrofloxacina, florfenicol, gentamicina, neomicina, oxitetraciclina e penicilina. As cepas de Moraxella spp. foram sensíveis a maioria dos antimicrobianos testados. As CIM e CBM foram, de forma geral, superiores para as cepas de M. bovis quando comparadas com M. bovoculi e M. ovis. Para a maioria dos fármacos avaliados observou-se boa concordância entre o método teste e o método de referência, exceto para a oxitetraciclina e a penicilina. Ao analisar a concordância dos métodos em cada espécie de Moraxella verificou-se que as menores porcentagens, assim como as maiores quantidades de erros, foram encontradas para as cepas de M. bovis. Os resultados deste trabalho demonstram que M. bovis, M. bovoculi e M. ovis apresentam diferenças quanto ao perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos.
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O animal enfermo: pessimismo antropológico e a possibilidade gnóstica na obra de Emil CioranMenezes, Rodrigo Inácio Ribeiro Sá 08 August 2007 (has links)
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Previous issue date: 2007-08-08 / Focusing on the works of the Rumanian philosopher Emil Cioran (1911-1995), this study proposes an anthropological approach in order to elucidate the author s conception regarding human being. Cioran s writings portrait man as an essentially infirm being, idea from which this study takes off so as to explain what lies behind his anthropological pessimism. For such, it takes gathering, analyzing and interpreting the reflections offered by him on human being his origins, condition, history and destiny and that are spread out throughout his books. Besides, some of his critics will contribute to sustain the hypothesis: more than just a philosopher, Cioran is a religious thinker, whose pessimistic conception regarding human condition is rooted in gnostic soil. As it is intended to be demonstrated, his connections with gnosticism go way beyond a mere intellectual affinity, involving as well a kinship with the bogomils, a gnostic sect which settled in the Balkans during the Middle Ages and which is supposed to have had a significant role in shaping Rumania s cultural identity. Furthermore, it intends to argue that the crisis of insomnia endured by Cioran in his youth period has a cognitive and spiritual character allowing her to be interpreted as a gnosis. At last, this study commits itself with sustaining the following thesis: much more than his readings, it is rather his insomniac experience that turns out to be the decisive event
responsible to shape his thought from then on, including his world and man view / Tendo a obra do filósofo romeno Emil Cioran (1911-1995) como objeto, este estudo parte de um recorte antropológico cuja intenção é lançar luzes sobre sua concepção de ser humano. Está presente em sua obra a idéia do homem como um animal enfermo por natureza, sendo este o ponto de partida que nos levará à compreensão do que está por trás do seu pessimismo antropológico. Para tanto, busca reunir, analisar e interpretar as diversas reflexões
que o autor desenvolve sobre o ser humano sua origem, condição, história e destino e que se encontram espalhadas através de seus livros. Além de contar com alguns comentadores que contribuem para sustentar a hipótese: mais do que um filósofo, Cioran é um pensador de cunho religioso, cuja concepção pessimista acerca da condição humana encontra raízes no pensamento gnóstico. Conforme pretende demonstrar, sua relação com o gnosticismo vai
muito além de uma mera afinidade intelectual, envolvendo também um parentesco com os
bogomilos, seita gnóstica que habitou os Bálcãs durante a Idade Média e que teria influenciado profundamente a alma romena. Além disso, tentará mostrar que a crise de insônia sofrida por Cioran na juventude possui um sentido cognitivo e espiritual profundo que permite interpretá-la como uma gnose. Por fim, este estudo se compromete a sustentar a
seguinte tese central: mais do que suas leituras, é a experiência de insônia o acontecimento decisivo que determinará todo seu pensamento posterior, sua visão de mundo assim como de ser humano
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A idéia de enfermidade em um sermão de Padre Antônio Vieira: uma contribuição aos estudos sobre as idéias psicológicas no BrasilNascimento, Fernando A. Figueira do 18 May 2010 (has links)
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Previous issue date: 2010-05-18 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / This work aims to analyze the relation between becoming ill and the psychic
dynamism which is found in a sermon written by Father Antonio Vieira (1608-1697).
Since he had considered the plague as the worst disease of his time, we will focus on
the features he had emphasized concerning becoming ill, the therapy and cure. The
Sermon of Saint Roque was written by Vieira in 1659 and, according to the author,
Portugal was threatened by the plague which had swept across the Algarve
Kingdom. Vieira evoked this saint who was traditionally known for helping and curing
people that had got the plague. The image of the saint in his sermon was not only
employed for offering the cure to the ones who got the disease but also for offering a
model of conduct which reflected a kind of knowledge concerning the relation
between disease and psychic dynamism. In the description of the saint s misfortunes
including the plague, Vieira emphasized the interaction between what was called
primary and secondary causes that reflected desire-transgression-disease.
Concerning primary causes, punishment revealed a man s fault; as for the secondary
causes, air corruption; its change from a vital to a fatal element, would bring disease.
This would show man s condition in the world, his loneliness and his potentiality for
meeting again the Being / Este trabalho tem o objetivo de analisar a relação entre adoecer e o
dinamismo psíquico em um sermão de Padre Antônio Vieira (1608-1697). Em função
de ser a peste a enfermidade que classificou como a pior de seu tempo,
observaremos os aspectos que o jesuíta destacava no processo de adoecer, na
prevenção e na cura.
O Sermão de São Roque foi escrito por Antônio Vieira no ano de 1659 e,
conforme o jesuíta, nessa época Portugal estava sob a ameça da peste que fazia
arder o reino do Algarve. Antônio Vieira evocava o santo que tradicionalmente foi
conhecido por socorrer os doentes de peste e curá-los. A imagem do santo em seu
sermão não somente foi utilizada no sentido de oferecer a cura aos apestados, mas
também um modelo de conduta, que refletia um tipo de conhecimento a respeito da
relação entre a enfermidade e o dinamismo psíquico.
Ao descrever as desventuras do santo, e entre elas a peste, Vieira acentuava
a interação do que foi chamado de causas secundárias e primárias que refletiam a
tríade desejo-transgressão-enfermidade.
Quanto às causas primárias, a punição revelava uma falta do homem; quanto
às secundárias, o ar corrupto, a transformação do elemento da vida em elemento de
morte, conduziria à enfermidade que por sua vez desvelava a condição do homem
no mundo, sua solidão e sua potencialidade a reencontrar-se com o Ser
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