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Alteração dos níveis do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) no transtorno de estresse pós-traumáticoHauck, Simone January 2010 (has links)
Introdução: A prevalência ao longo da vida do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) é estimada em 7-12%. O papel do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) nos processos de aprendizado, aquisição, consolidação e extinção da memória faz dele um candidato importante para a pesquisa dos fatores neurobiológicos subjacentes à patologia pós-traumática. Objetivo: Investigar os níveis do BDNF em pacientes com diagnóstico de transtorno de estresse agudo (TEA) e TEPT. Método: Um paciente com TEA e um com TEPT foram avaliados, antes e após tratamento efetivo, quanto à gravidade clínica e aos níveis de BDNF e comparados a controles normais. Em um segundo momento, 34 pacientes com TEA ou TEPT foram avaliados quanto a variáveis sócio-demográficas, gravidade clínica, tempo decorrido do trauma e níveis de BDNF e comparados a controles normais. Além disso, o grupo com trauma recente (menos de um ano da exposição) e o grupo com trauma remoto (mais de 4 anos da exposição) foram comparados entre si e com seus respectivos grupos controle. Resultados: Os dois pacientes avaliados antes e após tratamento tiveram níveis basais do BDNF superiores aos controles. Após o tratamento, esses níveis reduziram paralelamente à melhora clínica: 25% no caso de TEPT (tratado com psicoterapia breve e sertralina) e 65% no caso de TEA (tratado apenas com psicoterapia breve). Na segunda fase, os 34 pacientes com TEA e TEPT tiveram nível de BDNF mais alto que os controles. No entanto, o nível do BDNF foi maior logo após o evento traumático, reduzindo ao longo do tempo. Quando divididos em dois grupos de pacientes, os pacientes com trauma recente tiveram nível superior aos controles, o que não ocorreu com os pacientes com trauma remoto. Os dois grupos tiveram níveis de BDNF diferentes. Esses achados persistiram, mesmo controlando para severidade dos sintomas, uso de medicação e história de doença psiquiátrica. Conclusão: Esses achados sugerem que os níveis séricos de BDNF estão aumentados no TEA e nas fases iniciais do TEPT, de forma oposta ao que ocorre nos transtornos de humor. Considerando estudos que implicam o BDNF no aprendizado e na aquisição e consolidação da memória, esse aumento poderia estar relacionado ao comportamento disfuncional e às alterações de memória típicos do TEPT. Pode-se supor que, nas fases iniciais da patologia pós-traumática, o aumento do BDNF na via mesolíbica dopaminérgica pode ser mais importante do que a sua redução em áreas hipocampais, sendo central no desenvolvimento dos sintomas. É importante salientar que esse é um estudo preliminar, e pesquisas com amostras maiores são necessárias para confirmar os achados. / Background: The overall life-time prevalence of post-traumatic stress disorder (PTSD) is estimated at 7-12%. The role of brain-derived neurotrophic factor (BDNF) in the processes of learning, storage, retention and extinction of memory makes it a major candidate for investigating the neurobiological factors underlying the post-traumatic pathology. Objective: The aim of this study was to investigate the levels of BDNF in patients with acute stress disorder (ASD) and PTSD. Method: One ASD and one PTSD patient were assessed before and after effective treatment, regarding the clinical severity and the BDNF levels, and compared to age and gender matched controls. In a second phase, 34 patients with ASD or PTSD were assessed regarding socio-demographic variables, clinical severity, time elapsed since trauma, BDNF levels, and compared to matched controls. Besides, the recent trauma group (less than one year since trauma) and the remote trauma group (more than four years since trauma) were compared with each other and with their respective controls. Results: The two patients, evaluated before and after treatment, had basal levels of BDNF higher than that of controls. After treatment, these levels decreased in parallel with clinical improvement: 25% for PTSD (treated with brief psychotherapy, and sertraline) and 65% for ASD (treated with brief psychotherapy only). In the second phase, the 34 patients with ASD or PTSD had higher BDNF levels than controls. However, the level of BDNF was higher immediately after the traumatic event, reducing over time. When divided into two groups of patients, patients with recent trauma had higher levels than controls, which did not occur with trauma patients with remote trauma. The two groups had different levels of BDNF. These findings persisted, even controlling for severity of symptoms, medication use and history of psychiatric disorder. Conclusions: These findings suggest that serum BDNF levels are increased in TEA and in the early stages of PTSD, as opposed to what happens in mood disorders. Considering studies implicating BDNF in the formation and consolidation of memory, this increase could be related to dysfunctional learning and memory disruption typical of PTSD. One can assume that in the early stages of post-traumatic pathology, the increase in BDNF in the mesolimbic dopamine pathway may be more important than its reduction in hippocampal areas, being central in the development of symptoms and dysfunctional behavioral responses. It is important to note that this is a preliminary study, and researches with larger samples are necessary to confirm those findings.
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Trauma na infância e desempenho cognitivo : prejuízo da atenção em crianças em idade escolarBücker, Joana January 2010 (has links)
CONTEXTO: A exposição a eventos traumáticos durante a infância está associada a uma piora das funções cognitivas, especialmente na função executiva. Estes achados são bem documentados em adultos. Entretanto há poucos estudos que avaliam as alterações cognitivas em crianças em idade escolar com história de trauma precoce. OBJETIVO: Avaliar o desempenho cognitivo em crianças com história de abuso sexual, maus-tratos e/ou negligência, em comparação a controles não expostos a vivências traumáticas. MÉTODO: Em um estudo de caso-controle, foram recrutadas 30 crianças de 5 a 12 anos de idade com história de trauma e 30 controles, pareados por sexo e idade, no período de outubro de 2008 a janeiro de 2010. A cognição foi avaliada através do teste ‗Wisconsin card sorting test’, Escala Wechsler de Inteligência – 3ª Edição (subtestes dígitos, cubos e vocabulário) e do teste ‗Continuos Performance Test‘. O K-SADS-E foi utilizado para identificar sintomas ou transtornos psiquiátricos de acordo com DSM-IV-TR, os quais eram confirmados também em entrevista com psiquiatra. RESULTADOS: A prevalência de sintomas psiquiátricos nas crianças com trauma foi de 56,6% e nos controles foi de 6,7 % (p<0.001). Os casos tiveram um pior desempenho no subteste ‘Dígitos do WISC-III’ (F=8,553, p=0,005) e no teste ‗CPT commission errors‘ (F=5.63, p=0.022) quando comparados aos controles. Em crianças com trauma, o QI foi estatisticamente superior naquelas sem sintomas psiquiátricos (p= 0,025) em comparação com aquelas que apresentavam sintomas. CONCLUSÕES: Os resultados sugerem que crianças com história de trauma apresentam prejuízo na atenção e na memória de trabalho comparado a controles, o que pode ser detectado já nos primeiros anos da idade escolar. A presença de sintomas psiquiátricos também está associada a um pior funcionamento cognitivo nestas crianças e a um pior funcionamento global. Os dados apresentados reforçam a importância de intervenção precoce para prevenir déficit cognitivo quando o trauma não pode ser evitado. / INTRODUCTION: Exposure to traumatic events during childhood is often associated with cognitive impairment. These findings are well documented in adults. However, few studies have examined cognitive function in school-age children with a history of early trauma. OBJECTIVE: To examine cognitive performance in children with trauma compared to age and gender matched controls. METHODS: We recruited thirty 5-12 years old children with a history childhood trauma and thirty age and gender matched controls. The neuropsychological battery assessed broad cognitive domains such as learning/working memory, executive function, attention, verbal/premorbid intellectual functioning (IQ) and impulsivity. The K-SADS-E was used to examine psychiatric symptoms or disorders according to DSM-IV-TR, which were also confirmed in an interview with a psychiatrist. RESULTS: The prevalence of psychiatric symptoms in those with childhood trauma was 56.6% while in controls was 6.7% (p <0.001). Those with trauma showed a worse performance in the Digit Span WISC-III (F = 8.553, p = 0.005) and CPT errors (F=5.63, p=0.022) when compared to controls. In addition, children with psychiatric symptoms and childhood trauma, showed lower IQ scores when compared to those without (p = 0.025). CONCLUSIONS: The results suggest that children with trauma show attention and working memory impairment when compared to controls, which is present as early as in the first school years. Furthermore, there is a high prevalence of psychiatric symptoms in children exposed to traumatic experiences and this seems to be associated with worse cognitive performance and global functioning. These findings further support the need for early intervention to prevent cognitive impairment when childhood trauma could not be avoided.
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Fatores ambientais e neurobiológicos associados ao transtorno de estresse pós-traumático e à resiliênciaTeche, Stefania Pigatto January 2013 (has links)
Após um trauma, características de resiliência protegem o indivíduo de desenvolver o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) ou outro transtorno mental. O TEPT é um transtorno mental e comportamental, caracterizado por alta morbidade e grandes prejuízos sociais. Resiliência é o processo de negociação, de manejo e de adaptação frente a uma situação de estresse significativo ou trauma. Acredita-se que fatores ambientais e neurobiológicos estejam envolvidos na capacidade de resiliência e no desenvolvimento de TEPT. Método: estudo transversal de casos e controles pareados por sexo e idade. Foram estudados 33 pacientes com TEPT e 33 controles saudáveis que sofreram trauma. Os instrumentos usados foram a Escala de Resiliência, o Questionário de Estilo Defensivo (DSQ), o Questionário de Trauma na Infância (CTQ) e o instrumento Parental Bonding (PBI). As variáveis biológicas estudadas foram cortisol sérico, Interleucina-6 (IL-6) e Interleucina-10 (IL-10) séricas. Resultado: Houve diferença significativa entre os grupos no fator I da escala de resiliência (p=0,019); nos mecanismos de defesas maduras, maiores em resilientes (p<0,001); no abuso emocional (p=0,001) e físico (p=0,003) durante a infância maior em pacientes com TEPT; e em níveis de IL-10 menores em TEPT (p=0,029). Os níveis de IL-6 e cortisol sérico não mostraram diferença significativa. Conclui-se que a resiliência e o trauma na infância parecem ter influência no desfecho de TEPT e que níveis reduzidos de IL-10 em pacientes com TEPT demonstram a alteração do sistema imune nesta patologia. / After a traumatic event, characteristics of resilience protect individuals from developing posttraumatic stress disorder (PTSD) or other mental conditions. PTSD is a mental and behavioral disorder characterized by high morbidity and significant social impairment. Resilience is the process of negotiating, handling and adapting to a highly stressful situation or trauma. Environmental and neurobiological factors are believed to be involved in the capacity for resilience and the development of PTSD. Method: Cross-sectional study of cases and controls matched for age and sex, consisting of 33 patients with PTSD and 33 healthy controls who experienced trauma. Instruments used were the Resilience Scale, Defense Style Questionnaire (DSQ), Childhood Trauma Questionnaire (CTQ) and the Parental Bonding Instrument (PBI). The biological variables studied were serum cortisol, Interleukin-6 (IL-6) and Interleukin-10 (IL-10) levels. Result: There was a significant intergroup difference in factor I of the resilience scale (p=0.019), with higher results in resilient subjects for mature defense mechanisms (p<0.001) and among patients with PTSD for emotional (p=0.001) and physical abuse (p=0.003) during childhood, as well as lower IL-10 levels for PTSD (p=0.029). No significant difference was recorded in serum cortisol and IL-6 levels. It was concluded that resilience and childhood trauma influence the outcome of PTSD and that lower IL-10 levels in patients with PTSD indicate immune system alterations in this pathology.
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Transtorno de estresse pós-traumático, depressão e desesperança em mulheres vítimas de violência sexual no primeiro e no sexto mês de avaliação / Posttraumatic stress disorder, depression and hopelessness in women victims of sexual violence at the first and at the sixth month of evaluationMachado, Carolina Leme 16 August 2018 (has links)
Orientador: Arlete Maria dos Santos Fernandes / Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas / Made available in DSpace on 2018-08-16T16:06:57Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2010 / Resumo: Introdução: A violência sexual é problema que atinge inúmeras mulheres no mundo e suas consequências abrangem complicações físicas, psíquicas, sociais e sexuais. Estudos indicam que psicopatologias são recorrentes nas mulheres que sofrem abuso sexual, mais comumente o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e a depressão. Objetivos: Avaliar os escores de TEPT, Depressão e Desesperança em mulheres vítimas de violência sexual que estiveram em acompanhamento ambulatorial no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Métodos: Estudo de coorte longitudinal em que foram avaliadas 67 mulheres, no primeiro mês pós-violência e 52 no sexto mês, através da Escala de Avaliação de Transtorno de Estresse Pós-Traumático Administrada pelo Clínico (CAPS), do Inventário de Depressão de Beck (BDI), da Escala de Desesperança Beck (BHS) e de entrevista estruturada para avaliar a autopercepção do trauma e da saúde. Os escores foram correlacionados às variáveis sociodemográficas, da violência, percepção e atitudes da mulher. Resultados: TEPT presente em 64,2% dos casos na avaliação inicial, sendo 13,5% entre severo e muito severo e 29,9% em moderado, e na avaliação final presente em 21,2% das mulheres. Quanto à depressão, 100% das mulheres entrevistadas no primeiro mês preencheram os critérios, sendo que 47,7% delas entre mínimo e leve e 52,3% entre moderado e grave. No sexto mês, 63,5% estavam com depressão mínima e leve e 19,2% com moderada e grave. A desesperança esteve presente em 94%, sendo 71,6% mínima e leve e 22,4% moderada e grave na avaliação inicial e em 90,3% na avaliação final, sendo 73% entre mínima e leve e 9,7% entre moderado e grave. A análise por regressão logística múltipla mostrou que o TEPT moderado/grave no primeiro mês associou-se a uma única variável, a depressão moderada/grave OR19,6 (5,3-71,87; IC 95%); o diagnóstico de TEPT no sexto mês foi associado positivamente a duas variáveis, número de agressores >1 OR14,5 (1,3-166,7; IC 95%) e antecedente psiquiátrico OR 5,5 (1,2-25,6; IC 95%). Conclusões: as prevalências dos sintomas de TEPT, depressão e desesperança aos seis meses foram, respectivamente, de 21,2%, 19,2% e 9,7%, sendo que ainda há necessidade de abordagem de tratamento em saúde mental para esse grupo especifíco de mulheres apos o acompanhamento ambulatorial de seis meses / Abstract: Introduction: Sexual violence is a problem that affects many women worldwide and its consequences include physical complications, psychological, social and sexual. Studies indicate that psychopathologies are recurring in women who suffer sexual abuse, commonly Post-Traumatic Stress Disorder (PTSD) and Depression. Objectives: Evaluate the scores of PTSD, depression and hopelessness of women victims of sexual violence who were in outpatient setting in Women's Health Center (CAISM) in Univesity of Campinas (UNICAMP). Methods: A cohort longitudinal study in which 67 women were evaluated in the first month post-violence and 52 in the sixth month through the Clinician Administered Posttraumatic Stress Disorder (CAPS), the Beck Depression Inventory (BDI), Beck Hopelessness Scale (BHS) and a structured interview to assess the perception of trauma and health. The scores were correlated to socio-demographic variables, violence, perceptions and attitudes of women. Results: PTSD present in 64.2% of cases at baseline, and 13.5% between severe and very severe and 29.9% in moderate, and final evaluations present in 21.2% of women. As for depression, 100% of women met criteria in the first month, and 47.7% of them between minimal and mild and 52.3% from moderate and severe. In the sixth month, 63.5% were minimal and mild depression and 19.2% with moderate and severe. Hopelessness was present in 94% and 71.6% minimum and 22.4% mild and moderate or severe at baseline and 90.3% in the final evaluation, 73% between minimal and mild and 9.7% between moderate and severe. A multiple logistic regression analysis showed that PTSD moderate / severe in the first month was associated with a single variable, depression, moderate / severe OR 19, 6 (5.3 to 71.87, 95% CI), the PTSD diagnosis at six months was positively associated with two variables, number of assailants> 1 OR 14, 5 (1.3 to 166.7; 95%) and previous psychiatric OR 5,5 (1.2 to 25.6, 95% CI). Conclusions: the prevalence of PTSD symptoms, depression and hopelessness at six months were respectively 21.2%, 19.2% and 9.7%, and still need to approach mental health treatment for this specific group of the women after six months of outpatient follow-up / Mestrado / Ciencias Biomedicas / Mestre em Tocoginecologia
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Sequestros de bancários e seus impactos psicossociais na saúde do trabalhador / Kidnapping of bank employees and psyshocial impacts in the worker's healthMedeiros, Graziella Ferrari de, 1976- 27 August 2018 (has links)
Orientador: Sergio Roberto de Lucca / Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas / Made available in DSpace on 2018-08-27T03:48:45Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2015 / Resumo: Esse estudo busca compreender um tipo de violência específica que atinge um número cada vez maior de bancários, que é o sequestro de funcionários e seus familiares para retirar o dinheiro diretamente dos cofres dos Bancos Financeiros. O trabalhador vitima do sequestro apresenta transtornos mentais graves após a ocorrência desse tipo de violência comprometendo seu desempenho profissional e psicossocial. Cabe ressaltar que o cenário atual do setor bancário apresenta uma organização precária devido ao intenso processo de reestruturação do trabalho, intensificado a partir dos anos 90, com objetivo de adaptação ao mercado financeiro altamente competitivo, impactando diretamente na saúde ocupacional dessa população. Os principais Transtornos Mentais e Comportamentais verificados nos afastamentos de bancários segundo as estatísticas da Previdência Social são: depressão, transtorno de adaptação e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). O desenvolvimento dessa pesquisa se deu a partir de entrevistas em profundidade com quatro bancários vítimas de sequestro e foram compreendidas a partir do referencial metodológico da análise de conteúdo. Os resultados obtidos demonstram o impacto psicossocial negativo do sequestro na vida das vitimas agravadas pelo inadequado manejo destas ocorrências contribuindo para as manifestações de transtornos psíquicos após o evento traumático. Com esse estudo, espera-se contribuir para o desenvolvimento de intervenções nas práticas organizacionais, na preservação da segurança e saúde dos trabalhadores bancários. A gravidade desse tipo de violência ao trabalhador deve também receber maior atenção da Saúde e Segurança Pública / Abstract: This study looks for a specific type of violence affecting an increasing number of employees of banks, which is the kidnapping of employees and their families to withdraw money directly from the vaults of the banks. The victim of the kidnapping, if the bank employee, has severe mental disorders after the occurrence of such violence, jeopardizing their professional and psychosocial performance. It is noteworthy that scenario it's banking sector is precarious in Brazil, due to the intense process of restructuring work, intensified since the 90s , in order to adapt to the highly competitive financial market, impacting directly on the occupational health of this population . Major mental and behavioral disorders seen in this type of occupation, leading to absenteeism, are according to statistics of Brazilian Social Welfare: depression, adjustment disorder and disorder post-traumatic stress disorder (PTSD). The development of this research takes place from interviews with four bank officials who were kidnapped. These interviews are then understood from the methodological framework of content analysis, and the results obtained may contribute to the triggering of interventions on organizational practices in preserving the health and safety of bank employees. The severity of this type of violence to workers should also receive greater attention from the Health and Public Safety in Brazil / Mestrado / Epidemiologia / Mestra em Saúde Coletiva
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Traços de personalidade e resposta ao tratamento em pacientes com transtorno de estresse pós-traumático / Personality traits and response to treatment of patients with posttraumatic stress disorderFrancez, Paula de Vitto 21 September 2015 (has links)
O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) tem um impacto negativo na vida de seus portadores. Conhecer os traços de personalidade mais preponderantes nas pessoas com TEPT pode auxiliar no sucesso do tratamento, tornando possível planejar intervenções mais adequadas. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é considerada um dos tratamentos mais eficazes para este transtorno; entretanto, nem todos aqueles que completam a terapia evoluem para uma melhora significativa. Uma das razões pode ser encontrada nas características individuais de personalidade de cada pessoa. Portanto, o presente estudo busca explorar a relação existente entre os domínios e traços de personalidade que estão associados à melhora do paciente que realizou a TCC. Método: 66 pacientes com diagnóstico de TEPT, segundo o DSM-IV-TR, com idade entre 18 e 60 anos participaram do estudo. Instrumentos: Para avaliar os traços de personalidade foi utilizado o instrumento NEO-PI-R. Para avaliar a gravidade e melhora da doença foi utilizada a escala de Impressão Clínica Global (CGI). Procedimento: Os pacientes passaram por avaliação psiquiátrica para assegurar o diagnóstico de TEPT. Após aceitarem participar do estudo, responderam ao NEO-PI-R e foram avaliados por médicos quanto a gravidade da doença, utilizando o CGI. Os participantes passaram por 13 sessões de TCC realizadas por profissionais devidamente treinados. Ao final, foram reavaliados para verificar se houve melhora após tratamento. Resultados: Quanto ao perfil de personalidade 71,2% apresentaram neuroticismo (N) alto, 75,8% relataram escore elevado em extroversão (E) e 45,5% eram baixos em conscienciosidade (C). Já os traços amabilidade (A) e abertura para experiência (O) apresentaram pontuações na média. As análises também demonstraram que os participantes que apresentavam o domínio de personalidade denominado consicienciosidade (C) foram associados ao resultado favorável do tratamento. Estima-se que a chance de melhora cresça 3,77 vezes se o paciente apresentar esse traço, quando comparado com os demais que não possuem essa característica. Duas facetas (assertividade e ações variadas) também foram correlacionadas com a melhora no tratamento. Conclusão: Embora a amostra do presente estudo seja limitada, os resultados apontam para a importância de se avaliar a personalidade do paciente. Acessar a personalidade é importante com a finalidade de tentar predizer qual o melhor tipo de tratamento terapêutico para cada um. As terapias breves (frequentemente administradas nos hospitais públicos) possuem um tempo limitado de tratamento, de modo que informações sobre as variáveis de personalidade podem ser particularmente muito útil / The Post-Traumatic Stress Disorder (PTSD) has a negative impact on the patients lives. Get to know their personality traits can help on the treatment success, by making possible to plan most appropriate interventions. Cognitive-Behavioral Therapy (CBT) is considered a first line treatment for PTSD. However, treatment response is not universal. One reason may be found in personality characteristics. The present study aims at investigating the association between personality dimensions and traits associated with improvement of patients who underwent CBT. Method - 66 PTSD patients diagnosed according to the DSM-IV-TR criteria were included in the study. The patients included were aged 18 to 60 years old. Instruments - We employed the NEO-PI-R instrument for the evaluation of personality dimensions and the Clinical Global Impressions Scale (CGI) for evaluation of clinical outcome. Procedure - Patients were assessed by Psychiatrists to ensure the diagnosis of PTSD. After accepting to participate of the study, they answered the NEO-PI-R Scale and were assessed by doctors to know the disease severity, using the CGI scale. Participants underwent 13 CBT sessions and were reassessed at the end of treatment. Results - The personality profile showed that 71.2% were high in neuroticism (N) and 75.8 reported low Extraversion. 45.5 were low in conscientiouness and the Agreableness (A) and openess (O) factors presented average scores. The analysis also showed that patients presenting the Conscientiousness (C) personality dimension showed a higher chance of improvement (OR=3.77). Two facets other dimensions (Assertiveness and Varied Actions) were also associated with better clinical outcome. Conclusion - determining predictors of outcome such as a patient\'s personality dimensions may point to the use of therapeutic treatment options with the higher odds of success, without too much therapeutic treatment experimentation. As therapies become briefer, information on personality variables may be particularly useful
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Avaliar os efeitos da psicoterapia ultra-breve no transtorno de estresse agudo e no transtorno estresse pós-traumáticoKruel, Letícia Rosito Pinto January 2010 (has links)
Introdução: Eventos traumáticos em nossa sociedade, a gravidade dos quadros psicopatológicos que podem advir desses eventos e a dificuldade terapêutica que podem significar levam à necessidade de embasar solidamente as medidas terapêuticas e de prevenção nas características individuais das vítimas de trauma, sendo o Transtorno de Estresse Pós- Traumático (TEPT) o principal transtorno psiquiátrico associado aos acidentes e a violência. Objetivo: Avaliar os efeitos da psicoterapia ultra-breve psicodinamicamente orientada no TEPT e TEA. Método: A amostra foi composta por 27 mulheres que foram atendidas no período de maio de 2008 e novembro de 2009 que completaram pelo menos quatro semanas de tratamento no Núcleo de Estudos e Tratamento do Trauma Psíquico (NET-TRAUMA) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Brasil. 85,2%(23) das pacientes preencheram os critérios para TEPT e 14,8%(4) tinham TEA . As pacientes foram avaliadas antes e após intervenção psicoterápica através das escalas: Davidson Trauma Scale (DTS), Inventário Beck de Depressão (BECK), Defense Style Questionaire (DSQ-40), Childhood Trauma Questionnaire (CTQ) Impressão Clínica Global (CGI) e Avaliação Global do Funcionamento (GAF). Resultados: Após tratamento houve melhora na sintomatologia das escalas DTS, BECK, CGI E GAF, mesmo controlando para uso de psicofármacos. Com tamanho de efeito elevado na comparação entre as escala no pré e pós-tratamento: CGI d=1,18, GAF d= 1,03, DTS d=0,95 e BDI d=0,9. Houve uma redução da defesa de projeção (p=0,036) e um aumento na defesa humor (p=0,024). Encontramos uma associação positiva entre a diminuição de sintomas de TEPT e a diminuição no escore do fator imaturo (p=0,032 r=0,43). Conclusões: A psicoterapia ultra-breve psicodinamicamente orientada mostrou-se eficaz para o tratamento do TEPT e TEA. Houve melhora na sintomatologia das escalas DTS, BECK, CGI E GAF, mesmo controlando para uso de psicofármacos. / Introduction: Traumatic events in our society, the severity of psychopathology that may result from such events and therapeutic difficulty may mean that lead to the necessity of basing solidly therapeutic measures of prevention and individual characteristics of victims of trauma, the Posttraumatic Stress Disorder (PTSD), the main psychiatric disorders associated with accidents and violence. Objective: To evaluate the effects of psychotherapy ultra-brief psychodynamically oriented PTSD and ASD. Method: The sample consisted of 27 women who were treated between May 2008 and November 2009 who completed at least four weeks of treatment in the Center for Research and Treatment of Psychic Trauma (NET-TRAUMA), Hospital de Clinicas de Porto Alegre ( HCPA), Brazil. 85.2% (23) of patients met criteria for PTSD and 14.8% (4) had ASD. Scales used were: Davidson Trauma Scale (DTS), Beck Depression Inventory (BECK), Defense Style Questionaire (DSQ-40), Childhood Trauma Questionnaire (CTQ), Clinical Global Impression (CGI), and the Global Assessment of Functioning (GAF). Results: After treatment there was improvement in symptoms scales DTS, BECK, CGI and GAF, even controlling for use of psychoactive drugs. With such a large effect on the comparison between the scale before and after treatment: d = 1.18 CGI, GAF d = 1.03, d = 0.95 DTS and BDI d = 0.9. There was a reduction in the defense of projection (p = 0.036) and an increase in defense humor (p = 0.024). We found a positive association between the reduction of PTSD symptoms and reduction in score of the immature factor (p = 0.032 r = 0.43). Conclusions: The ultra-brief psychotherapy psychodynamically oriented proved effective for the treatment of PTSD and ASD. There was improvement in symptoms scales DTS, BECK, CGI and GAF, even controlling for use of pharmacological drugs.
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Avaliar os efeitos da psicoterapia ultra-breve no transtorno de estresse agudo e no transtorno estresse pós-traumáticoKruel, Letícia Rosito Pinto January 2010 (has links)
Introdução: Eventos traumáticos em nossa sociedade, a gravidade dos quadros psicopatológicos que podem advir desses eventos e a dificuldade terapêutica que podem significar levam à necessidade de embasar solidamente as medidas terapêuticas e de prevenção nas características individuais das vítimas de trauma, sendo o Transtorno de Estresse Pós- Traumático (TEPT) o principal transtorno psiquiátrico associado aos acidentes e a violência. Objetivo: Avaliar os efeitos da psicoterapia ultra-breve psicodinamicamente orientada no TEPT e TEA. Método: A amostra foi composta por 27 mulheres que foram atendidas no período de maio de 2008 e novembro de 2009 que completaram pelo menos quatro semanas de tratamento no Núcleo de Estudos e Tratamento do Trauma Psíquico (NET-TRAUMA) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Brasil. 85,2%(23) das pacientes preencheram os critérios para TEPT e 14,8%(4) tinham TEA . As pacientes foram avaliadas antes e após intervenção psicoterápica através das escalas: Davidson Trauma Scale (DTS), Inventário Beck de Depressão (BECK), Defense Style Questionaire (DSQ-40), Childhood Trauma Questionnaire (CTQ) Impressão Clínica Global (CGI) e Avaliação Global do Funcionamento (GAF). Resultados: Após tratamento houve melhora na sintomatologia das escalas DTS, BECK, CGI E GAF, mesmo controlando para uso de psicofármacos. Com tamanho de efeito elevado na comparação entre as escala no pré e pós-tratamento: CGI d=1,18, GAF d= 1,03, DTS d=0,95 e BDI d=0,9. Houve uma redução da defesa de projeção (p=0,036) e um aumento na defesa humor (p=0,024). Encontramos uma associação positiva entre a diminuição de sintomas de TEPT e a diminuição no escore do fator imaturo (p=0,032 r=0,43). Conclusões: A psicoterapia ultra-breve psicodinamicamente orientada mostrou-se eficaz para o tratamento do TEPT e TEA. Houve melhora na sintomatologia das escalas DTS, BECK, CGI E GAF, mesmo controlando para uso de psicofármacos. / Introduction: Traumatic events in our society, the severity of psychopathology that may result from such events and therapeutic difficulty may mean that lead to the necessity of basing solidly therapeutic measures of prevention and individual characteristics of victims of trauma, the Posttraumatic Stress Disorder (PTSD), the main psychiatric disorders associated with accidents and violence. Objective: To evaluate the effects of psychotherapy ultra-brief psychodynamically oriented PTSD and ASD. Method: The sample consisted of 27 women who were treated between May 2008 and November 2009 who completed at least four weeks of treatment in the Center for Research and Treatment of Psychic Trauma (NET-TRAUMA), Hospital de Clinicas de Porto Alegre ( HCPA), Brazil. 85.2% (23) of patients met criteria for PTSD and 14.8% (4) had ASD. Scales used were: Davidson Trauma Scale (DTS), Beck Depression Inventory (BECK), Defense Style Questionaire (DSQ-40), Childhood Trauma Questionnaire (CTQ), Clinical Global Impression (CGI), and the Global Assessment of Functioning (GAF). Results: After treatment there was improvement in symptoms scales DTS, BECK, CGI and GAF, even controlling for use of psychoactive drugs. With such a large effect on the comparison between the scale before and after treatment: d = 1.18 CGI, GAF d = 1.03, d = 0.95 DTS and BDI d = 0.9. There was a reduction in the defense of projection (p = 0.036) and an increase in defense humor (p = 0.024). We found a positive association between the reduction of PTSD symptoms and reduction in score of the immature factor (p = 0.032 r = 0.43). Conclusions: The ultra-brief psychotherapy psychodynamically oriented proved effective for the treatment of PTSD and ASD. There was improvement in symptoms scales DTS, BECK, CGI and GAF, even controlling for use of pharmacological drugs.
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Validação da escala para avaliação da contratransferência (EACT) no atendimento psiquiátrico inicial de vítimas de trauma psíquicoSilveira Júnior, Érico de Moura January 2010 (has links)
Introdução: O conceito de contratransferência evoluiu de “um obstáculo ao tratamento” à ferramenta útil à compreensão do paciente dentro de uma relação bi-pessoal. Atualmente, buscam-se evidências da sua especificidade, correlacionando padrões específicos de contratransferência com características do paciente e terapeuta, classes diagnósticas e desfechos do tratamento. Acredita-se que, devido à intensidade das reações emocionais despertadas nos terapeutas que atendem vítimas de trauma, o estudo da contratransferência nesta população auxilie no autoconhecimento dos terapeutas, amplie a compreensão sobre o fenômeno e contribua para um melhor atendimento dos pacientes. O desenvolvimento de pesquisas nesta área esbarra no reduzido número de escalas validadas para acessar a contratransferência. No Brasil, estão disponíveis a escala para Avaliação da Contratransferência e as versões traduzidas do Inventory of Countertransference Behavior e Mental States Rating System, mas nenhuma validada.A Escala para a Avaliação da Contratransferência (EACT) foi criada em nosso meio, com elevada validade de face, construída em torno de três dimensões conceituais de sentimentos. Entretanto, suas propriedades psicométricas ainda não foram avaliadas. Objetivos: Investigara validade de construto da EACT, respondida por terapeutas de vítimas de trauma psíquico (Artigo 1). Secundariamente, analisar a correlação entre a contratransferência inicial com vítimas de trauma psíquico e os dados demográficos e clínicos de terapeutas e pacientes e o tipo de trauma, e investigar a associação entre a contratransferência inicial e a adesão dos pacientes ao tratamento e o seu desfecho, operacionalizado como alta ou abandono (Artigo 2). Método: Delineamento transversal (Artigo 1) e análises secundárias com dados longitudinais (Artigo 2). A amostra foi composta por 50 psiquiatras no segundo ano de formação durante estágio no Núcleo de Estudos e Tratamento de Trauma Psíquico do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Brasil. Esses terapeutas atenderam 131 pacientes recrutados consecutivamente durante 4 anos, que incluiu a primeira ou segunda consulta de vítimas de abuso sexual, seqüestro, assalto, agressão física, tentativa de homicídio, tortura e trauma indireto, independentemente do tempo decorrido entre a consulta atual e o evento traumático. Foram excluídos atendimentos de pacientes que chegaram à primeira consulta com ideação suicida grave, sintomas psicóticos e/ou com indicação de internação psiquiátrica. Os pacientes foram selecionados após triagem, que avaliou as variáveis clínicas e o diagnóstico segundo os critérios do DSM-IV-TR. Na primeira consulta, foram coletados os dados demográficos e clínicos e avaliada a contratransferência identificada pelo terapeuta através da EACT. Os pacientes foram acompanhados ao longo do tratamento psiquiátrico para determinar o número de consultas, faltas e o desfecho: alta ou abandono. A EACT é uma escala auto-aplicável, composta por 23 itens pontuados para 3 momentos da sessão (início, durante e final) em escala tipo Likert (0=ausência a 3=muito), e distribuídos em 3 domínios: aproximação (10 itens), afastamento (10 itens) e indiferença (3 itens). A validade de constructo da EACT no atendimento desta população foi avaliada através da análise fatorial exploratória (EFA) e consistência interna (α de Cronbach). O tamanho amostral foi calculado a partir de pelo menos 5 aplicações da EACT para cada item da escala (mínimo N = 115). E a análise fatorial confirmatória foi usada para determinar os parâmetros de adequação (goodness-of-fit) da versão da EACT no atendimento de vítimas de trauma obtida na EFA em comparação com a versão original. Resultados: A EFA mostrou 3 fatores com homogeneidade consistente, sendo distinta da versão original da EACT a correlação entre os itens e o terceiro fator: afastamento (9 itens com 24% da variância; α = 0,88), aproximação (7 itens com 15% da variância; α=0,82) e tristeza (6 itens com 9% da variância; α = 0,72). O item alegria, com carga fatorial baixa, foi retirado da análise por ser considerado irrelevante neste contexto. A análise fatorial confirmatória evidenciou melhores critérios de goodness-of-fit em todos os parâmetros testados para a presente versão da EACT do que a original. Secundariamente, as características demográficas e clínicas dos terapeutas e dos pacientes dos grupos alta e abandono foram similares. Os terapeutas com idade ≤ 27 anos pontuaram maior afastamento que os mais velhos (0,14 ± 1 vs. -0,21 ± 0,9; P=0,019). Os pacientes casados induziram nos terapeutas mais sentimentos de afastamento (0,20 ±1 vs. -0,19 ± 0,9; P = 0,016) e tristeza (0,18 ±1 vs. -0,17 ± 1; P = 0,049) que os que vivem sozinhos. Nas variáveis clínicas, as vítimas de trauma indireto e de múltiplos traumas despertaram mais tristeza (0,38 ± 1 e 0,76 ± 0,4, respectivamente), comparadas às vítimas de violência sexual (0,03 ± 0,9) e urbana (-0,3 ± 1) (P = 0,039). A mediana de consultas realizadas foi 5 [4; 8], faltas 1 [0; 1] e a taxa de abandono foi de 34,4%. Na análise multivariada, identificou-se que os pacientes com relato de história de trauma na infância abandonaram menos o tratamento (OR = 0,39; P = 0,039; CI 95% 0,16- 0,95). Não foi detectada associação entre sentimentos contratransferenciais iniciais com os desfechos do tratamento. Conclusões: A EACT apresentou propriedades psicométricas consistentes, demonstrando ser um instrumento confiável para acessara contratransferência inicial de terapeutas de vítimas de trauma psíquico. Os sentimentos contratransferenciais no atendimento inicial destes pacientes associaram-se a parâmetros demográficos e clínicos, mas não se associaram ao abandono do tratamento. Estudos futuros devem avaliar a modificação dos sentimentos contratransferenciais ao longo do tratamento e o seu impacto sobre os desfechos do tratamento. / Introduction: The concept of countertransference (CT) evolved from an “obstacle to treatment” to "an useful tool to understand patients within a bi-personal relationship". Currently, evidences of its specificity are searched for, correlating specific CT patterns to patients and therapists’ features, diagnostic classes, and treatment outcomes. Due to the intensity of emotional reactions aroused in therapists caring for trauma victims, it is believed that the study of CT in this population will help self-knowledge of therapists and contribute for a better patient care. The development of studies in this field is hindered by the reduced number of validated scales to assess CT. In Brazil, the Assessment of Countertransference Scale and the translated versions of the Inventory of Countertransference Behavior and Mental States Rating System are available, however, none of them has been validated. The Assessment of Countertransference Scale (ACS) has been created in our department with high face validity, built around three conceptual dimensions of feelings. However, its psychometric properties have not been assessed yet. Objectives: To investigate the construct validity of the ACS answered by therapists of psychological trauma victims (Article 1). Then, to assess the correlation between initial CT with victims of psychological trauma and the clinical and demographic data of therapists and patients and the type of trauma, and to investigate the association between initial countertransference and patients’ adherence to treatment and its outcome, defined as discharge or drop-out (Article 2). Methods: A Cross-sectional study (Article 1) and secondary analysis with longitudinal data (Article 2) were carried out. The sample was formed by 50 psychiatrists in the second year of training in their internship in the Center for Study and Treatment of Traumatic Stress in Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Brazil. These therapists cared for 131 patients consecutively recruited for 4 years, including the first and second appointment with victims of sexual abuse, kidnapping, robbery, physical assault, homicide attempt, torture and indirect trauma, regardless of the time elapsed between the current appointment and the trauma event. We have excluded patients that arrived in the first appointment with severe suicidal ideation, psychotic symptoms and/or referral for psychiatric hospitalization. Patients have been selected after screening, which assessed the clinical variables and the diagnoses according to DSM-IV-TR criteria. In the first appointment, demographic and clinical data were collected and CT, identified by therapists through the ACS, was assessed. Patients were followed-up during psychiatric treatment to determine the number of appointments, absences, and the outcome: discharge or drop-out. ACS is a self-applied scale composed by 23 items scored for 3 moments of the session (start, midpoint and end) in a Likert-type scale (0=absence to 3=very), and distributed into 3 dimensions: closeness (10 items), distance (10 items) and indifference (3 items). The construct validity of ACS in the care for this population was assessed through the Exploratory Factor Analysis (EFA) and the internal consistency (α de Cronbach). The sample size was calculated for at least 5 applications of ACS for each item of the scale (minimum N = 115). The Confirmatory Factor Analysis (CFA) was used to determine the goodness of fit parameters of the ACS version in the care for trauma victims obtained in the EFA compared to the original version. Results: EFA showed 3 factors with consistent homogeneity, but the correlation between the items and the third factor were different from the original version, in the following: rejection (9 items with 24% of variance; α = 0.88), closeness (7 items with 15% of variance; α = 0.82) and sadness (6 items with 9% of variance; α = 0.72). The item “happiness”, with low factorial load, was withdrawn from the analysis because it was considered to be irrelevant in this context. CFA showed better goodness of fit criteria in all tested parameters for the present version of ACS compared to the original version. Secondly, the demographic and clinical characteristics of therapists and patients of the discharge and drop-out groups were similar. Therapists with ages ≤ 27 years scored more rejection than older therapists (0.14 ± 1 vs. -0.21 ± 0.9; P = 0.019). Married patients induced in therapists more feelings of rejection (0.20 ± 1 vs. -0.19 ± 0.9; P = 0.016) and sadness (0.18 ± 1 vs. -0.17 ± 1; P = 0.049) than those patients living alone. In the clinical variables, the victims of indirect trauma and of several traumas aroused more feelings of sadness (0.38 ± 1 and 0.76 ± 0.4, respectively) compared to sexual violence (0.03 ± 0.9) and urban violence victims (-0.3 ± 1) (P = 0.039). Median of appointments performed was 5 [4; 8], absences 1 [0; 1] and the drop-out rate was 34.4%. In the multivariate analysis, we have identified that patients with reported history of childhood trauma were less likelihood of dropping out treatment (OR=0.39; P = 0.039; CI 95% 0.16-0.95). Association between the initial CT feelings and the treatment outcomes has not been detected. Conclusions: ACS presented sound psychometric properties, and it has been demonstrated to be a reliable instrument to access initial CT of therapists in victims of psychological trauma. Countertransference feelings in the initial care of patients were associated with clinical and demographic parameters, but it were not associated with treatment drop-out. Further studies should assess the changes in CT feelings over treatment and their impact on treatment outcomes.
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Transtorno bipolar e transtorno de estresse pós-traumático : aspectos clinicos e biologicosPassos, Ives Cavalcante January 2015 (has links)
O transtorno de humor associado ao transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) tem, em geral, desfechos clínicos mais graves. Embora essa associação esteja consolidada no transtorno depressivo, esse não é o caso no transtorno bipolar (TB). Os poucos estudos realizados acerca dessa comorbidade demonstraram piora na qualidade de vida e aumento no número de tentativas de suicídio associado aos pacientes com TEPT e TB. Nenhum estudo, entretanto, avaliou o impacto do TEPT em características centrais do TB, como o número de episódios de humor ou funcionamento psicossocial. Por outro lado, estudos pré-clínicos sugerem que existe um fenômeno de sensibilização cruzada entre o TB e o TEPT. Foi proposto que a redução do brain-derived neurotrophic fator (BDNF) e alterações de marcadores inflamatórios poderiam ser mecanismos associados a esta sensibilização. Com relação a última hipótese, as alterações em marcadores inflamatórios estão bem consolidadas no TB, porém esse não é o caso no TEPT. Com a finalidade de aprofundar o estudo dessas questões, os dois primeiros estudos que compõem essa tese abordaram aspectos clínicos e biológicos relacionados a esses transtornos. O primeiro é uma metanálise e metaregressão que demonstrou que o TEPT está associado a níveis aumentados de IL-6, IL-1β, TNF-α e interferon-γ na circulação periférica. Além disso, o tempo de doença foi positivamente associado aos níveis de IL-1β, enquanto a gravidade dos sintomas foi positivamente associada aos níveis de IL-6. Esses achados podem não só apresentar um novo mecanismo biológico para explicar o fenômeno de sensibilização cruzada entre TEPT e TB, mas também abre novos horizontes na busca de novas estratégias terapêuticas e diagnósticas para o TEPT. O segundo foi um estudo caso-controle que avaliou características clínicas centrais do TB e demonstrou pela primeira vez que indivíduos com TB e comorbidade com TEPT apresentam mais episódios maníacos e pior funcionamento psicossocial. Ademais, o início dos episódios maníacos e o uso de substâncias de abuso surgiram de maneira mais precoce nesses indivíduos. Além desses dois estudos, optamos por abordar a influência da comorbidade com os transtornos ansiosos (como o TEPT) em um desfecho clínico trágico em pacientes com transtorno de humor: o suicídio. Esse estudo foi realizado em uma população diferente da do estudo clínico anterior, incluindo pacientes com depressão maior ou com TB, e foi focado em apenas um desfecho. Nosso objetivo era criar uma ferramenta que pudesse gerar um escore de probabilidade para cada paciente com transtorno de humor que refletisse o risco de tentar suicídio. Utilizando técnicas de machine learning, demonstramos que o risco de suicídio em indivíduos com transtorno de humor pode ser estimado objetivamente a partir de variáveis clínicas facilmente obtidas e variáveis demográficas. Embora tenhamos encontrado uma boa acurácia (72%) e área (area under the curve) (77%), futuros estudos podem integrar dados de variáveis de marcadores biológicos (genética, neuroimagem, neurocognição, etc.), usando também técnicas de machine learning, para atingir uma acurácia ainda maior. O uso de um instrumento objetivo é o primeiro passo na busca de um tratamento mais personalizado para aqueles pacientes com alto risco de se suicidar. / The comorbidity between mood disorders and posttraumatic stress disorder (PTSD) is associated with poorer clinical outcomes. Although this association is well established in major depressive disorder, fewer studies included patients with bipolar disorder (BD). These studies report that patients with BD and PTSD show increased number of suicide attempts and worse quality of life. However, no clinical studies so far have reported the impact of comorbid PTSD on core features of BD, such as number of mood episodes and functional impairment. On the other hand, preclinical studies showed that there is a cross-sensitization between BD and PTSD. Accordingly, it was proposed that the brain-derived neurotrophic factor (BDNF) and changes of inflammatory markers might be the biological underpinnings of this cross-sensitization. Although the changes in inflammatory markers are well established in BD, this is not the case for PTSD. In view of the above, the first two studies of this thesis addressed clinical and biological issues related to BD and PTSD. The first is a meta-analysis and metaregression study that showed increased levels of IL-6, IL-1β, TNF-α and interferon-γ in peripheral circulation among patients with PTSD. Furthermore, illness duration was positively associated with IL-1β levels, while the severity of the symptoms was positively associated with IL-6 levels. These findings may not only provide a new biological mechanism to explain the cross-sensitization between PTSD and BD, but also opens a new avenue in the search for new therapeutic targets and diagnostic strategies for PTSD. The second was a case-control study that assessed core clinical features of BD showed increased manic episodes and functional impairment among patients with BD and comorbid PTSD. In addition, those patients were younger when they started the manic episodes and substance use. Moreover, we chose to address the influence of comorbid anxiety disorders (such as PTSD) in suicide in patients with mood disorders. This study was conducted in a different population, including patients with major depressive disorder or BD, and it was focused on only one outcome. Suicide is a tragic clinical outcome, but highly preventable. Our aim was to develop a clinical tool using machine learning techniques to estimate a probability score at individual level to stratify the risk of a patient with a mood disorder attempts suicide. Therefore, our study showed that the risk of suicide in individuals with a mood disorder can be objectively estimated from easily assessed clinical and demographic variables. Although we have found a good accuracy (72%) and area under the curve (77%), future studies may integrate data from biological markers (genetic, neuroimaging, neurocognition, etc.) also using machine learning techniques to achieve a higher accuracy. This objective instrument is the first step towards a more personalized treatment for those patients at high risk of suicide.
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