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La démarche de la pensée dans l'oeuvre d'Albert Camus : de létranger à la chuteMartinez, Maria Clara Duet Chagas January 2007 (has links)
L’Étranger d’Albert Camus inscrit la temporalité du sujet de l’écriture à travers les trois catégories du discours littéraire: héros, narrateur, écrivain. La temporalisation est le produit d’une réduction phénoménologique qui permet ce dédoublement du sujet en trois niveaux de compréhension. Chaque catégorie du discours formalise une totalité constituant un cercle herméneutique du parcours de compréhension d’un sujet singulier. Le héros signe le passé. Le narrateur marque le présent de la narration. L’écrivain inscrit l’extase devant le futur dévoilant le néant de la mort à venir. L’écrivain de L’Étranger représente l’angoisse de l’être-pour-la-mort au sens heideggérien. La Chute formalise l’interprétation de L’Étranger en accomplissant la temporalité du sujet de l’écriture. Le récit actuel reprend l’horizon d’avenir dévoilé par l’écrivain de L’Étranger en donnant de l’actualité à l’inactualité explicitée par le récit antérieur. La Chute réalise l’analyse constituante qui donne positivité à la négativité dévoilée par la réduction. L’êtrepour- la-mort de L’Étranger se formalise dans le récit de maturité de l’auteur; mais dès lors le Dasein devant la mort ne dévoile plus l’avenir. Dans le récit actuel l’être-pour-la-mort se réalise comme savoir absolu se constituant dans l’immanence de la conscience, résidu de la réduction phénoménologique. Le savoir absolu de La Chute signe la fin du procès de subjectivation parce que désormais la temporalisation ne se produit plus. Mais il y a une autre voix venant de L’Étranger et se réalisant au-dessus du discours du narrateur de La Chute. Et cette voix ne parle pas de l’être-pour-la-mort de l’angoisse en face du néant; mais de l’être-pour-la-mort-de-l’autre enseignant la souffrance du sujet en face de la disparition d’autrui du parcours de compréhension. En fait, c’était l’être-pour-la-mort-de-l’autre qui résonnait derrière l’angoisse de la propre mort de l’écrivain. La souffrance pour la mort de l’autre était l’impératif exigeant hier le dédoublement du sujet de l’écriture produisant le récit de L’Étranger; mais, à ce moment-lá, cet impératif était suffoqué par le discours de la conscience qui était incapable d’appréhender le visage de l’autre homme qui est mort dans L’Étranger, mais sur lequel reposait pourtant l’affection du moi profond de l’écriture antérieure. Le récit de la maturité d’Albert Camus vient précisément révéler l’absence de l’affection du moi pour la mort de l’autre sur laquelle se fondait cependant la subjectivation de l’écriture de L’Étranger, et qui s’inscrit une autre fois dans La Chute. / O Estrangeiro de Albert Camus prescreve a temporalidade do sujeito da escritura através as três categorias do texto literário: herói, narrador, escritor. A temporalidade é o produto de uma redução fenomenológica que permite o desdobramento do sujeito em três níveis de compreensão. Cada categoria do discurso formaliza uma totalidade constituindo um círculo hermenêutico do percurso de compreensão de um sujeito singular. O herói representa o passado. O narrador marca o presente da narração. O escritor prescreve a êxtase diante do futuro revelando o vazio da morte. O escritor de O Estrangeiro representa a angústia do ser-para-a-morte no sentido heideggeriano. A Queda formaliza a interpretação de O Estrangeiro, desenvolvendo a temporalidade do sujeito da escritura. O texto atual retoma o horizonte revelado pelo escritor de O Estrangeiro, dando atualidade aos dados inatuais explicitados no texto anterior. A Queda realiza a analise constituinte dando positividade à negatividade revelada pela redução. O ser-para-a-morte de O Estrangeiro se formaliza no livro de maturidade do autor; no entanto, em A Queda, o ser-para-a-morte não significa mais a abertura do horizonte do futuro. Pois, no livro atual, o ser-para-a-morte se realiza como saber absoluto se constituindo na imanência da consciência, resíduo da redução fenomenológica. O saber absoluto de A Queda prescreve o fim do processo de subjetivação porque a temporalização não se processa mais pela escritura. Mas de O Estrangeiro vem uma outra voz que se inscreve sob o discurso do narrador de A Queda. E essa outra voz não fala do ser-para-a-morte da angústia diante do vazio da morte, mas do ser-para-a-morte-do-outro que ressoava por detrás da morte própria do escritor do texto anterior. De fato, o sofrimento pela morte do outro homem era o imperativo exigindo o desdobramento do sujeito da escrita produzindo O Estrangeiro, mas esse imperativo estava sufocado pelo discurso da consciência que era incapaz de apreender o rosto do outro homem que morreu no livro anterior: o árabe. O livro de maturidade de Albert Camus vem justamente revelar a ausência da afecção do eu pela morte do outro; morte que fundamentava, no entanto, a subjetivação da escrita de O Estrangeiro; e que se inscreve novamente em A Queda.
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Identidades espaço-temporais em Terra de Areia/RS : um estudo sobre o tempo e a geografiaGuadagnin, Fábio January 2008 (has links)
A utilização do conceito de tempo como uma categoria de análise em Geografia não é tão rara quanto se imagina, mas tampouco é tão presente e reflexiva quanto se gostaria. Ainda mais raros são os trabalhos de pesquisa que incluem de maneira efetiva a dimensão espaçotemporal na análise geográfica. Esta pesquisa apresenta, portanto, uma discussão em torno de autores que analisam esta perspectiva, na tentativa de construir os conceitos de espaço-tempo, temporalidade (velocidade de transporte de matéria e informação) e identidade espaçotemporal, ao mesmo tempo em que tenta articulá-los ao universo conceitual da Geografia. Adicionalmente, esta pesquisa também tenta demonstrar uma possibilidade de uso efetivo destes conceitos na análise de um recorte espacial específico. O trabalho de campo experimental foi desenvolvido na cidade de Terra de Areia, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, onde diversos fluxos lentos e rápidos convivem proximamente, gerando conflitos temporais manifestados nos hábitos, gestos e sentimentos dos habitantes da localidade. / The use of the concept of time as a category of analysis in Geography is not as rare as we imagine, but neither is as reflexive or common as we would like it to be. Even more rare are the scientific works that include in an effective way the space-time dimension in geographical analysis. This research presents, therefore, a discussion about authors who discuss this perspective, in trying to build the concepts of space-time, temporality (matter and information transport speed) and spatial-temporal identity at the same time that tries to link them to the conceptual universe of Geography. Also, this research tries to demonstrate a possibility of effective use of these concepts in the analysis of a specific portion of space. The experimental field work was developed in the city of Terra de Areia, in the northern coast of Rio Grande do Sul/Brazil, where several flows with different speeds live closely, generating temporal conflicts manifested in habits, gestures and feelings of the inhabitants of the town.
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O presente do passado : a história de um romance históricoBressan, Sulivan Antonio January 2016 (has links)
A Tese de doutorado de Sulivan Bressan situa-se está na categoria de Escrita Criativa, dentro da ênfase de Literatura Comparada, do PPG-Let-UFRGS. Procurou-se, nesta tese, elucidar o longo caminho traçado pelo autor, desde a gênesis de sua obra até o resultado final: o romance histórico Imagens invisíveis do passado. Antes do romance propriamente dito, o autor faz a justificativa de seu trabalho, nela narrando como concebeu e desenvolveu seu trabalho ao longo dos últimos oito anos. Após o romance, o autor faz a análise teórica da obra, com base na obra de Julia Kristeva, Jean Bessière, Paul Ricoeur, Gerard Genette e Fronçois Jullien. Os conceitos-chave utilizados nesta análise são “narratividade”, “temporalidade”, “transformação silenciosa”, “transtextualidade” e “transindividualidade”. A quarta parte constitui as conclusões preliminares, nas quais o autor explana a relação do romance com um projeto cultural maior, que inclui a exposição de maquetes das Sete Maravilhas do Mundo Antigo e a realização de palestras sobre este tema. Como anexo, o autor disponibiliza a versão impressa de seu blog, no qual o autor redigiu sobre passatempo que o inspirou a escrever seu romance. / This doctoral thesis, by Sulivan Bressan, is in the Creative Writing category, in the Comparative Literature emphasis, at PPG-Let-UFRGS (Post Graduation Program – Languages Institute – Federal University of Rio Grande do Sul). This thesis aims to elucidate the long path traced by the author from the genesis of his work until its final result: the historical novel The Present of the Past. Before the novel itself, the author makes the justification of his work, narrating how he conceived and developed his work over the past eight years. After the novel, the author makes a theoretical analysis of his novel based on the work by Julia Kristeva, Jean Bessière, Paul Ricoeur, Gerard Genette, and Fronçois Jullien. The key concepts used in this analysis are "narrativety", "temporality", "silent transformation", "transtextuality", and "transindividuality". The fourth part is the preliminary findings, in which the author explains the relationship of the novel with a larger cultural project, which includes the exposition of models of the Seven Wonders of the Ancient World, and lectures on this topic. As an attachment, the author provides a printed version of his blog, in which the author wrote about the hobby that inspired him to write his novel.
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A corporeidade e a temporalidade em processos de adoecimento no trabalhoSilveira, Andréa Luiza da January 2017 (has links)
Objetivamos, nesta tese, desvelar as categorias temporalidade e corporeidade no processo de adoecimento de trabalhadores, em especial da indústria frigorífica. Compomos a relação entre o sujeito, a situação e a história a partir da vivência dos participantes da pesquisa, situando-a frente ao contexto de trabalho de uma unidade da corporação frigorífica com inserção no mercado de ações, ligando-a, então, com a história, destacando a luta de classes no âmbito coletivo e singular. A metodologia utilizada foi composta por duas modalidades de entrevista de acordo as peculiaridades dos participantes: as entrevistas narrativas, adequadas aos sindicalistas e aos profissionais, bem como as entrevistas narrativas biográficas a fim de compreender a condição de trabalhadores em processo de adoecimento. A compreensão das entrevistas foi marcada pela relação do trabalho com o capital à medida que o entendemos representado no cotidiano do processo laboral pela organização do trabalho. Identificamos, inicialmente, a superexploração como característica organizacional do trabalho nesta unidade da corporação do setor de abate e beneficiamento de carnes, sobretudo pela maneira como o tempo de trabalho é controlado, com destaque para a jornada do trabalho, pausas no decorrer do dia do turno e o ritmo de trabalho. Estas análises nos levaram a discriminar a dinâmica luta de classes e dominação, em que a hierarquia dentro da fábrica tem função fundamental, sobretudo pelas condutas que caracterizam o assédio moral organizacional e o abuso de fragilidade. Tais ocorrências constituem-se no transcorrer do processo de trabalho, no qual o adoecer ocorre por meio de exigências referentes ao tempo de trabalho, refletindo em afetações expressas pelas vivências de dor e de tristeza. No processo de adoecimento inerente ao processo de trabalho, verificamos o impacto na temporalidade, principalmente ao relacionarmos o futuro do passado e do presente, que configuram aspectos tanto da modificação da corporeidade quanto do campo de possíveis, no qual os trabalhadores adentram no que designamos como ciclo do adoecimento. O sofrimento dos trabalhadores se faz notar por meio da tristeza ao se depararem com as impossibilidades frente ao campo de possibilidades no seu adoecer. Ao investigarmos o adoecer e a ligação com a organização do trabalho, averiguamos que as narrativas dos trabalhadores se misturam com preceitos das narrativas organizacionais pautadas pelo neoliberalismo. Estas são presentificadas no cotidiano da unidade frigorífica desta corporação pela média gerência e, igualmente, constituem elementos do imaginário historicamente estruturado que, por fim, são estruturantes e conformam a própria temporalização. Nossa trajetória investigativa possibilitou demarcar as condições de possibilidade do adoecer e notamos, então, traços biográficos que denotam as histórias dos trabalhadores, são eles: a migração da roça para trabalhar no frigorífico; as vivências frente o assédio moral organizacional e o abuso de fraqueza; a modificação de vivências antes e depois de adoecer pelo trabalho; a perda da categoria do possível, e; as inviabilizações que põem o futuro em questão. Entendemos, desse modo, que o campo de possíveis circunscritos pela corporação, caracterizado pela racionalidade mais ampla das instituições sobre o adoecimento dos trabalhadores, bem como a racionalidade sobre o adoecimento no contexto organizacional e a forma como os processos de trabalho são organizados, configuram-se como condição de possibilidade para a ocorrência das LER/Dort, o sofrimento psíquico e os transtornos psíquicos.
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A estética do tempo na imagem : estudos sobre as relações entre a fotografia e o vídeo na arteMorita, Carolina Kazue January 2014 (has links)
A presente pesquisa é dedicada à análise de representações do tempo sob a forma de imagens que integram obras contemporâneas, realizadas em fotografia e vídeo. Neste contexto, são investigadas as relações históricas, conceituais e formais presentes nas imagens e a sua participação nos processos artísticos examinados. Em particular, são analisadas a participação da temporalidade e da duração nas obras das artistas brasileiras, Marina Camargo e Patricia Gouvêa, e os desdobramentos que seus trabalhos podem suscitar às experiências estéticas sobre tempo. / This research is dedicated to the analysis of representations of time under the form of images that integrate contemporary works of art performed in photography and video. In this context, the historical, conceptual and formal relations shown in images and their role in artistic processes are investigated. In particular, the presence of temporality and its duration in the works of art of the Brazilian artists Marina Camargo and Patricia Gouvêa are analyzed, as well as the ramifications that those works can raise to aesthetic experiences of time.
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Inventários do impalpável : uma coleção de sombras, temporalidades e projeçõesMadsen, Larissa January 2010 (has links)
O presente texto - Inventários do Impalpável: uma coleção de sombras, temporalidades e projeções -, resultado de pesquisa em poéticas visuais, tem como foco principal a análise de meu percurso artístico no qual a sombra foi o principal elemento constituinte. Interessa-me pensar na qualidade da imagem que, se por um lado fixa um momento, por outro lado remete ao movimento, à passagem do tempo e à sua fluidez: o tempo suspenso ou o tempo acumulado, mas sempre a passagem, o devir e o tempo. Por meio de desenhos e de fotografias realizo escrituras temporais. Durante a pesquisa, interessou-me ainda observar como se dá a percepção do tempo-espaço a partir de projeções e investigar, por meios plásticos, a operacionalidade de sua visualidade. O texto está ancorado em três conceitos implicados no processo artístico: temporalidade, materialidade e colecionismo. / This text, – Impalpable Inventories: a collection of shadows, temporalities and projections - the result of research into visual poetry is focused on an analysis of my artistic career in which shadow was the main constituent element. Interests me to think about the image quality which, if on one hand fixes a moment, on the other hand refers to movement, the passage of time and its fluidity: the suspended time or cumulative time, but always in transition, the becoming and the time. Through drawings and photographs I perform temporal scriptures. During the research, I was also interested in observing how the perception of space-time takes place from projections and investigate, by plastic means, the operation of its visuality. The text is anchored on three concepts involved in the artistic process: temporality, materiality and hoarding.
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O político na argumentação de um processo de injúriaGarcia, Marília Achete Junqueira 07 January 2008 (has links)
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Previous issue date: 2008-01-07 / Financiadora de Estudos e Projetos / This research, intitled Designation and Argumentation in an Injury Process, is
directed to an analysis of the argumentative movements in a process characterized as injury
in which the designations trim diferent discursive memories of each enunciative occurency
and in which the subjects division in the enunciation mark the division of each enunciative
scene of the process, supporting by the argumentative operators to direct the argumentation
meanings, since these meanings constitute the meanings of the text, as they trim certain
interdiscursive regions. Thus, this research has as theoric aparate the Guimarães studies, and,
then, institutes itself in the theoric-metodologic perspective of the Semântica Histórica da
Enunciação and the Semântica Argumentativa. The process was estabilished after the
denounce of a black police woman, who works at the Câmara Municipal de São Carlos, after
hearing from her superior the department chef enunciations containing ofensive
designations to her color and to her job. Aiming to analyse how the argumentation is built in
the process and, consequently, how its meanings are constituted, considering that the
argumentation is a process of the político, in a first moment is verified in which way the
signos constitutive of the ofensive statements are valued by the interlocution subjects from
the investigation of the social-historical values that get through the designations, supporting
on, for this, in the Bakhtin and Guimarães theories. After being verified that the designations
meanings are being constituted as injurious, I considered that it occurs the dissenso , defined
by Rancière as the division of the sensible world that become the argumentation possible,
and, because there is the dissenso, this space division in which occurs the enunciations, I get
the conception that every process space of enunciation is político, is divided. Thus, is
developed, at this moment of the research, the definition of polític, built by in his text
Semântica do Acontecimento, since the político will get through all the enunciative relations
of the legal text (the process, the law), and develop the concepts of temporalidade and
acontecimento. But, because I consider that the dissenso estabilish the division, beggining the
litígio, that I analise, firstly, in this chapter, the concepts of política and polícia drawned by
Rancière. After being verified that the enunciation space of the process is political and ruled
by a normativity, in which the subjects are ruled by its rights to enunciate and to the ways to
enunciate, this means, conidering the reffered coertions of the ennciative space of the process,
are drawned in the following chapter the manner of enunciability of the Manual Law Manual
and in which way the discursive memory interacts to the construction of legal statements into
the interdiscursive way, being supported by authours as Pêcheux, Orlandi et al. In the last chapter, at first are followed Ducrot and Anscombre steps, concerning to the argumentation
for it, than, being developed and applyied the theories about enunciation and argumentation
elaborated by Guimarães, having as the main focus the role of the argumentative operators in
the construction of the argmentation meanings in the process / Esta pesquisa, intitulada O Político na Argumentação de um Processo de Injúria, é
direcionada à análise dos movimentos argumentativos em um processo caracterizado por
injúria em que as designações recortam memoráveis diferentes a cada acontecimento
enunciativo e em que a divisão dos sujeitos na enunciação marcam a divisão de cada Cena
enunciativa do processo, recorrendo aos operadores argumentativos para direcionarem os
sentidos da argumentação, uma vez que estes constituem os sentidos do texto à medida que
recortam determinadas regiões do interdiscurso. Sendo assim, este trabalho tem como fulcro
teórico os estudos de Eduardo Guimarães, e, portanto, institui-se na perspectiva teóricometodológica
da Semântica Histórica da Enunciação e da Semântica Argumentativa. O
processo foi instaurado após denúncia de uma policial de cor negra, que trabalha na Câmara
Municipal de São Carlos, depois de ouvir de sua superior chefe de departamento
enunciações contendo designações ofensivas à sua cor e ao seu cargo. Com o objetivo de
analisar como se constrói a argumentação no processo e, conseqüentemente, como se
constituem os seus sentidos, partindo do pressuposto de que a argumentação é um processo
político, num primeiro momento é verificado de que maneira os signos constituintes dos
enunciados ofensivos são valorados pelos sujeitos da interlocução a partir da investigação dos
valores histórico-sociais que permeiam as designações, amparando-me , para isso, em teorias
de Mikhail Bakhtin e Eduardo Guimarães. Depois de constatado que os sentidos das
designações se constituem injuriosos, parto da consideração de que ocorre o dissenso,
definido por Rancière como a divisão do mundo sensível que dá ensejo à argumentação, e, por
haver esse dissenso, essa divisão no espaço em que se dão as enunciações, parto da concepção
de que todo o espaço de enunciação do processo é político, é dividido. Sendo assim, é
abordado, no segundo capítulo, o conceito de político, trabalhado por Guimarães em sua obra
Semântica do Acontecimento, uma vez que este (o político) permeará todas as relações
enunciativas do texto jurídico (o processo, a lei), além de abordar os conceitos de
temporalidade e acontecimento, visto que todo acontecimento instaura uma temporalidade
própria e divide o espaço do dizer, tornando-o político. Contudo, pelo fato de considerar que o
dissenso estabelece a divisão, dando início ao litígio (o processo), é que analiso,
primeiramente, nesse capítulo, os conceitos de política e de polícia elaborados por Rancière.
Depois de realizado esse percurso e tendo em vista que o espaço da enunciação do processo é
político e regido por uma normatividade, em que os sujeitos são regulados por seus direitos ao
dizer e aos modos de dizer, são deslindados, no capítulo seguinte, os modos de enunciabilidade do texto do Manual de Direito Penal e, no último capítulo, são desenvolvidas
as análises das argumentações do processo
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La démarche de la pensée dans l'oeuvre d'Albert Camus : de létranger à la chuteMartinez, Maria Clara Duet Chagas January 2007 (has links)
L’Étranger d’Albert Camus inscrit la temporalité du sujet de l’écriture à travers les trois catégories du discours littéraire: héros, narrateur, écrivain. La temporalisation est le produit d’une réduction phénoménologique qui permet ce dédoublement du sujet en trois niveaux de compréhension. Chaque catégorie du discours formalise une totalité constituant un cercle herméneutique du parcours de compréhension d’un sujet singulier. Le héros signe le passé. Le narrateur marque le présent de la narration. L’écrivain inscrit l’extase devant le futur dévoilant le néant de la mort à venir. L’écrivain de L’Étranger représente l’angoisse de l’être-pour-la-mort au sens heideggérien. La Chute formalise l’interprétation de L’Étranger en accomplissant la temporalité du sujet de l’écriture. Le récit actuel reprend l’horizon d’avenir dévoilé par l’écrivain de L’Étranger en donnant de l’actualité à l’inactualité explicitée par le récit antérieur. La Chute réalise l’analyse constituante qui donne positivité à la négativité dévoilée par la réduction. L’êtrepour- la-mort de L’Étranger se formalise dans le récit de maturité de l’auteur; mais dès lors le Dasein devant la mort ne dévoile plus l’avenir. Dans le récit actuel l’être-pour-la-mort se réalise comme savoir absolu se constituant dans l’immanence de la conscience, résidu de la réduction phénoménologique. Le savoir absolu de La Chute signe la fin du procès de subjectivation parce que désormais la temporalisation ne se produit plus. Mais il y a une autre voix venant de L’Étranger et se réalisant au-dessus du discours du narrateur de La Chute. Et cette voix ne parle pas de l’être-pour-la-mort de l’angoisse en face du néant; mais de l’être-pour-la-mort-de-l’autre enseignant la souffrance du sujet en face de la disparition d’autrui du parcours de compréhension. En fait, c’était l’être-pour-la-mort-de-l’autre qui résonnait derrière l’angoisse de la propre mort de l’écrivain. La souffrance pour la mort de l’autre était l’impératif exigeant hier le dédoublement du sujet de l’écriture produisant le récit de L’Étranger; mais, à ce moment-lá, cet impératif était suffoqué par le discours de la conscience qui était incapable d’appréhender le visage de l’autre homme qui est mort dans L’Étranger, mais sur lequel reposait pourtant l’affection du moi profond de l’écriture antérieure. Le récit de la maturité d’Albert Camus vient précisément révéler l’absence de l’affection du moi pour la mort de l’autre sur laquelle se fondait cependant la subjectivation de l’écriture de L’Étranger, et qui s’inscrit une autre fois dans La Chute. / O Estrangeiro de Albert Camus prescreve a temporalidade do sujeito da escritura através as três categorias do texto literário: herói, narrador, escritor. A temporalidade é o produto de uma redução fenomenológica que permite o desdobramento do sujeito em três níveis de compreensão. Cada categoria do discurso formaliza uma totalidade constituindo um círculo hermenêutico do percurso de compreensão de um sujeito singular. O herói representa o passado. O narrador marca o presente da narração. O escritor prescreve a êxtase diante do futuro revelando o vazio da morte. O escritor de O Estrangeiro representa a angústia do ser-para-a-morte no sentido heideggeriano. A Queda formaliza a interpretação de O Estrangeiro, desenvolvendo a temporalidade do sujeito da escritura. O texto atual retoma o horizonte revelado pelo escritor de O Estrangeiro, dando atualidade aos dados inatuais explicitados no texto anterior. A Queda realiza a analise constituinte dando positividade à negatividade revelada pela redução. O ser-para-a-morte de O Estrangeiro se formaliza no livro de maturidade do autor; no entanto, em A Queda, o ser-para-a-morte não significa mais a abertura do horizonte do futuro. Pois, no livro atual, o ser-para-a-morte se realiza como saber absoluto se constituindo na imanência da consciência, resíduo da redução fenomenológica. O saber absoluto de A Queda prescreve o fim do processo de subjetivação porque a temporalização não se processa mais pela escritura. Mas de O Estrangeiro vem uma outra voz que se inscreve sob o discurso do narrador de A Queda. E essa outra voz não fala do ser-para-a-morte da angústia diante do vazio da morte, mas do ser-para-a-morte-do-outro que ressoava por detrás da morte própria do escritor do texto anterior. De fato, o sofrimento pela morte do outro homem era o imperativo exigindo o desdobramento do sujeito da escrita produzindo O Estrangeiro, mas esse imperativo estava sufocado pelo discurso da consciência que era incapaz de apreender o rosto do outro homem que morreu no livro anterior: o árabe. O livro de maturidade de Albert Camus vem justamente revelar a ausência da afecção do eu pela morte do outro; morte que fundamentava, no entanto, a subjetivação da escrita de O Estrangeiro; e que se inscreve novamente em A Queda.
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Inventários do impalpável : uma coleção de sombras, temporalidades e projeçõesMadsen, Larissa January 2010 (has links)
O presente texto - Inventários do Impalpável: uma coleção de sombras, temporalidades e projeções -, resultado de pesquisa em poéticas visuais, tem como foco principal a análise de meu percurso artístico no qual a sombra foi o principal elemento constituinte. Interessa-me pensar na qualidade da imagem que, se por um lado fixa um momento, por outro lado remete ao movimento, à passagem do tempo e à sua fluidez: o tempo suspenso ou o tempo acumulado, mas sempre a passagem, o devir e o tempo. Por meio de desenhos e de fotografias realizo escrituras temporais. Durante a pesquisa, interessou-me ainda observar como se dá a percepção do tempo-espaço a partir de projeções e investigar, por meios plásticos, a operacionalidade de sua visualidade. O texto está ancorado em três conceitos implicados no processo artístico: temporalidade, materialidade e colecionismo. / This text, – Impalpable Inventories: a collection of shadows, temporalities and projections - the result of research into visual poetry is focused on an analysis of my artistic career in which shadow was the main constituent element. Interests me to think about the image quality which, if on one hand fixes a moment, on the other hand refers to movement, the passage of time and its fluidity: the suspended time or cumulative time, but always in transition, the becoming and the time. Through drawings and photographs I perform temporal scriptures. During the research, I was also interested in observing how the perception of space-time takes place from projections and investigate, by plastic means, the operation of its visuality. The text is anchored on three concepts involved in the artistic process: temporality, materiality and hoarding.
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FOTOGRAFIA SUBMERSA: CENAS FICCIONAISDonaduzzi, Carlos Alberto 31 March 2014 (has links)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / This paper presents a research in the visual arts, specifically in the field of photography, considering the relationship of art and technology. The poetic research focuses on underwater photography and drawing up fictional scenes. The dissertative text begins with a historical survey in relation to photography and its relationship with art, relying primarily on the means of capturing images by cameras. A survey data is presented since the first attempts and the fact that early experiences with underwater photography. Data in relation to photography as video, are related to evidence that even having a closer relationship with biology, cameras produced to the aquatic environment, they presented as a tool for production of artistic material. Artistic productions working with the issue of underwater photography features or use of this environment are analyzed in their practices. For this dissertation addressed two series of photographs and a video of my research in visual poetics that represent differently, everyday scenes displaced to the aquatic environment. In this series discusses the concept of aesthetics of photography on the action of water, as the visibility, fiction and temporality in photographic images and videos. / Este trabalho apresenta uma pesquisa em artes visuais, especificamente no campo da fotografia, considerando as relações da arte e da tecnologia. A investigação poética concentra-se na fotografia submersa e na elaboração de cenas ficcionais. O texto dissertativo inicia com um levantamento histórico em relação à fotografia e sua relação com a arte, baseando-se inicialmente nos meios de captação de imagens por aparelhos fotográficos. É apresentado um levantamento de dados desde as primeiras tentativas e o início de fato das experiências com a fotografia subaquática. Dados em relação à fotografia, como em vídeo, são relacionados a fim de evidenciar que, mesmo possuindo uma proximidade maior com a área da biologia, aparelhos fotográficos produzidos para o ambiente aquático, foram também usados como ferramenta para produção de material artístico. São analisadas produções artísticas que tratam a questão da fotografia submersa ou que utilizam características deste ambiente em suas práticas. Para esta dissertação são abordadas duas séries de fotografias e uma de vídeos de minha pesquisa em poéticas visuais que representam, de maneira distinta, cenas cotidianas deslocadas para o ambiente aquático. Nestas séries discute-se a noção da estética da fotografia sob a ação da água, no que tange a visibilidade, a ficção e a temporalidade em imagens fotográficas e vídeos.
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