41 |
De índios para índios: a escrita indígena da história / Of Indians for Indians: the writing Indian of historyScaramuzzi, Igor Alexandre Badolato 06 October 2008 (has links)
No decorrer das últimas décadas, muitos grupos indígenas vêm progressivamente intensificando e ampliando a gama de relações com os mais variados setores da sociedade nacional. Nesse contexto, assumem a tarefa de elaborar discursos em que devem se apresentar, enquanto grupos diferenciados, para o \"outro\'\'. Na construção desse diálogo, as experiências de escolarização, especialmente na sua vertende \"diferenciada\", constituem um rico espectro de produção discursiva que esta dissertação pretende enfocar. É, de fato, no âmbito dessas experiências de ensino formal, que muitos grupos indígenas estão refletindo e recriando através da escrita em línguas indígenas e em língua portuguesa suas formas de produzir e transmitir experiências históricas. Tendo como enfoque o processo de escolarização e letramento em andamento em vários contextos indígenas no país, a presente dissertação tem como objetivo analisar dez materiais didáticos cuja proposta é a escrita de narrativas sobre reflexões e experiências históricas e sobre conhecimentos entendidos como \"tradicionais\" elaboradas no ambito de cinco experiências de escolarização (Acre, Amazonas, Espírito Santo Xingu, Mato Grosso e Minas Gerais). Busca-se averiguar através da análise dos materiais didáticos, como professores e lideranças indígenas vinculados a essas cinco experiências estão utilizando a linguagem escrita para construir representações de si mesmos, nas quais procuram articular seus saberes tradicionais e as concepções ocidentais de conhecimento e transmissão de experiências históricas. / During the last decades, many indigenous groups have progressively intensified and increased the span of relations with various sectors of national society. In this context, they have assumed the task of elaborating discourses in which they present themselves to the other as differentiated groups. In constructing this dialogue, experiences in schooling, specially of the differentiated kind, constitute a rich spectrum of discursive production, which this thesis seeks to focus upon. In fact, it is within these experiences of formal education that many indigenous groups are reflecting and recreating through the use of writing in the native and Portuguese languages their forms of producing and transmitting historical experiences. Focusing on the process of schooling and literacy in progress in various indigenous contexts throughout the country, this thesis seeks to analyze ten examples of educational material, produced in five different school programs (Acre, Amazonas, Espírito Santo, Xingu, Mato Grosso and Minas Gerais), that have as an objective the written production of narratives concerning historical experiences and reflections and that which is understood to be traditional knowledge. The objective of this research is to understand, by means of the analysis of this educational material, how indigenous leaders and teachers connected to these five school programs are using the written language to produce representations of themselves, in which they seek to articulate their traditional knowledge and occidental conceptions of knowledge and transmission of historical experiences.
|
42 |
Sentindo ideias, germinando saberes : movimentos de Apropriação (Afetiva) da Política de Territórios Etnoeducacionais por Professores Kaingang e Guarani no RSSousa, Fernanda Brabo January 2017 (has links)
A educação escolar indígena específica, diferenciada, bilíngue e intercultural é legalmente um direito assegurado aos povos indígenas no Brasil. Na prática, tal direito ainda enfrenta dificuldades para se efetivar, seja pela relação colonialista do estado e suas instituições para com os povos indígenas, seja pela morosidade e burocracia dos processos e instrumentos técnico-administrativos. É preciso considerar também os dissensos entre as reivindicações dos movimentos indígenas e o modo moderno ocidental majoritário de fazer e pensar as políticas públicas. Neste cenário, a política de territórios etnoeducacionais – TEE é uma das criações mais recentes na história da educação escolar indígena no país, sendo implementada gradualmente desde o ano de 2009 e gerando discussões, interesses, dúvidas e questionamentos acerca de sua efetivação. A partir de vivências com professoras e professores kaingang e guarani no Rio Grande do Sul, em especial da atuação na Ação Saberes Indígenas na Escola – núcleo UFRGS entre os anos de 2014 e 2017, constatei que, para a implementação de uma política indigenista ser efetiva, é necessário, entre outros movimentos, que ela seja apropriada afetivamente pelos povos indígenas envolvidos. Para a elaboração desta pesquisa, a política de TEE surgiu como semeadora de discussões e reflexões, com os (des)conhecimentos, (in)compreensões, estranhamentos e sentimentos que essas professoras e professores expõem e compartilham sobre o assunto. . Dentro de uma perspectiva de tese como acontecimento, busquei perceber como se dão os movimentos de apropriação (afetiva) da política de territórios etnoeducacionais pelos povos indígenas, tomando os encontros de formação continuada dos professores kaingang e guarani do RS como campos de reflexão coletiva e colaborativa. Utilizei as noções de pensamento seminal (Rodolfo Kusch), a dimensão do coração no pensamento ameríndio (Rodolfo Kusch e tradições indígenas) e o corazonar (Patrício Guerrero Arias) para compor um estudo denso e situado dos movimentos de apropriação afetiva indígena das políticas educacionais indigenistas, com base no vivido e nos sentipensamentos (Orlando Fals Borda) compartilhados em campo. Assumindo a imprevisibilidade de deixar- me estar e deixar-me afetar pelos campos de vivência, sabendo-me também afetando, adotei posturas e (dis)posições metodológicas que possibilitassem o estar junto com as pessoas indígenas, coautoras das reflexões desta pesquisa. Atuei conforme minhas sensibilidades de mundo, considerando a intuição e o acaso, no estar sendo estudante-universitária-mãe-pesquisadora- formadora e de acordo com as relações de parceria estabelecidas com os professores indígenas observando, registrando, participando e intervindo quando me foi solicitado. Dessa forma, esta pesquisa buscou evidenciar os movimentos fecundos de apropriação afetiva de políticas por meio do corazonamiento germinal da política de territórios etnoeducacionais. / The indigenous school education, specific, differentiated, bilingual and intercultural is legally a right assured to indigenous peoples in Brazil. In practice, this right still faces difficulties to be realized, either by the colonialist relationship of the state and its institutions with indigenous peoples, or by the bureaucracy of the processes and technical-administrative instruments. It is also necessary to consider the differences between the claims of the indigenous movements and the modern Western majority way of making and thinking public policies. In this scenario, the policy of ethnical educational territories - TEE is one of the most recent creations in the history of indigenous school education in the country, being implemented gradually since 2009 and generating discussions, interests, doubts and questions about its effectiveness. Based on experiences with kaingang and guarani teachers in Rio Grande do Sul, especially in the Action Indigenous Knowledge in the School - UFRGS nucleus between 2014 and 2017, I found that for the implementation of an indigenous policy to be effective , it is necessary, among other movements, that it be affectively appropriated by the indigenous peoples involved. In order to elaborate this research, the TEE policy emerged as a sower of discussions and reflections, with the (dis) knowledge, (in) understandings, estrangement and feelings that these teachers expose and share on the subject. From a perspective of thesis as an event, I tried to understand how the movements of appropriation (affective) of the politics of ethnical educational territories by the indigenous peoples take place, taking the meetings of continuous formation of teachers kaingang and Guarani of RS as fields of collective and collaborative reflection. I used the notions of seminal thinking (Rodolfo Kusch), the dimension of the heart in Amerindian thought (Rodolfo Kusch and indigenous traditions) and the corazonar (Patrício Guerrero Arias) to compose a dense and situated study of the movements of indigenous affective appropriation of indigenist educational policies, based on the lived and sentipensamento (Orlando Fals Borda) shared in the fieldwork. Assuming the unpredictability of letting me be and letting myself be affected by the fields of living, knowing myself also affecting, I adopted postures and methodological positions that would make it possible to be together with the indigenous people, co-authors of the reflections of this research. I acted according to my world sensibilities, considering intuition and chance, being a student-university-mother-researcher-trainer and according to established partnership relationships with indigenous teachers observing, registering, participating and intervening when I was asked. Thus, this research sought to highlight the fecund movements of affective appropriation of policies through the germinal heart of the politics of ethnical educational territories. / La educación escolar indígena específica, diferenciada, bilingüe e intercultural es legalmente un derecho asegurado a los pueblos indígenas en Brasil. En la práctica, tal derecho aún enfrenta dificultades para hacer efectivo, sea por la relación colonialista del estado y sus instituciones hacia los pueblos indígenas, sea por la morosidad y burocracia de los procesos e instrumentos técnico-administrativos. Es necesario considerar también los disensos entre las reivindicaciones de los movimientos indígenas y el modo moderno occidental de hacer y pensar las políticas públicas. En este escenario, la política de territorios etnoeducacionales – TEE es una de las creaciones más recientes en la historia de la educación escolar indígena en el país, siendo implementada gradualmente desde el año 2009 y generando discusiones, intereses, dudas y cuestionamientos acerca de su efectivación. A partir de vivencias con profesoras y profesores kaingang y guaraní en Rio Grande do Sul, en especial de mi actuación en lo Ação Saberes Indígenas na Escoela – núcleo UFRGS entre los años 2014 y 2017, he constatado que, para la implementación de una política indigenista ser efectiva, es necesario, entre otros movimientos, que sea apropiada afectivamente por los pueblos indígenas involucrados. Para la elaboración de esta investigación, la política de TEE surgió como planteadora de discusiones y reflexiones, con los (des) conocimientos, (in) comprensiones, asombros y sentimientos que esas profesoras y profesores exponen y comparten sobre el asunto En una perspectiva de tesis como acontecimiento, busqué percibir cómo se dan los movimientos de apropiación (afectiva) de la política de territorios etnoeducacionales por los pueblos indígenas, tomando los encuentros de formación continuada de los profesores kaingang y guaraní del RS como campos de reflexión colectiva y colaborativa. He utilizado las nociones de pensamiento seminal (Rodolfo Kusch), la dimensión del corazón en el pensamiento amerindio (Rodolfo Kusch y tradiciones indígenas) y el corazonar (Patrício Guerrero Arias), para componer un estudio denso y situado en los movimientos de apropiación afectiva indígena de las políticas educativas indigenistas, con base en lo vivido y en los sentimientos (Orlando Fals Borda) compartidos en el campo. Asumo lo imprevisible de dejarme estar y dejarme afectar por los campos de vivencia, sabiéndo que también afecto, he adoptado posturas y (dis) posiciones metodológicas que posibilitan el estar junto con las personas indígenas, co-actoras de las reflexiones de esta investigación. Yo actué de acuerdo com mis sensibilidades de mundo, en el estar siendo universitaria-madre-investigadora-formadora y con las relaciones de asociación establecidas con los profesores indígenas, observé, registré, participé e intervine cuando se me pidió. De esta forma, esta investigación buscó evidenciar los movimientos fecundos de apropiación afectiva de políticas por medio del corazonamiento germinal de la política de territorios etnoeducacionales.
|
43 |
O PROCESSO EDUCACIONAL DA CULTURA INDÍGENA TICUNA NA REGIÃO DO ALTO SOLIMÕES / The educational system in Ticuna tribelocated in the alto solimões Amazomas stateOliveira, Samuel Rocha de 27 August 2012 (has links)
Made available in DSpace on 2016-08-03T16:15:37Z (GMT). No. of bitstreams: 1
Samuel Rocha de Oliveira.pdf: 2598638 bytes, checksum: 903fadf8b4cbdc90137060594ed27017 (MD5)
Previous issue date: 2012-08-27 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / This work analyzes the educational system in Ticuna tribe, located in the Alto Solimões, Amazonas state, where I have been working for 21 years in permanent contact with the Ticuna Indians. Over the years I have observed that every day, and more intensely, maintaining their culture has undergone the process of influence of non-Indian culture. This work is carried out a historical survey on the possible existence of two streams of education among Ticuna teachers.One considers an important bilingual education, the study of myths and customs for the preservation of culture, the other believes that it is harmless to study the myths and other cultural aspects that can be seized on a daily basis, they argue that the Indians need of equal education that of non-indigenous, to compete in the market on equal terms. Initially it is proposed a historical inquiry about the educational process related to Ticuna culture outside the school, trying to verify the relationship between what is transmitted by the school and that is evident in the daily Ticuna. It then performs an analysis of how education takes place in the middle Ticuna implanted under the heading "Indian Education". Noteworthy are the factors that influenced the founding of the school, its location and other aspects related to the physical, economic, social and cultural as well as the environment and human learning, data that support the proposed objective for this work. It seeks to determine whether education developed in indigenous school fulfills the role of constantly seeking alternatives to an education that is appropriate to the survival of the Ticuna culture, an education to the cultural reality. The research is based on survey data through documents, as well as in interviews with leaders, teachers and elders of the Ticuna tribe, also on direct observation, with notes taken in a field notebook. The process of assimilation and influence of non-Indian culture is dominant in the upper Amazon and has "crushed" Ticuna culture, so that many no longer want more fish, hunt and live as farmers or collectors. It is necessary to seek educational alternatives for Ticuna indigenous school in an education that is appropriate for the survival of their culture and at the same time minimize the prejudice faced by these people. Leaders and teachers Ticuna expect the school to help in the preservation and enhancement of their culture. The damage caused to the cultural education of the Indians Ticuna is large, the majority of children and young people are not knowledgeable of the meanings of religious rituals, myths, legends and beliefs. Often know to perform the ritual, but it seems more an imitation of gestures, which is releasing its real meaning. It is hoped that the end of this research we are able to use the material developed for reflection. It may serve as a starting point for teachers Ticuna in developing guidelines and development of a new educational paradigm that puts more emphasis on culture. / Esse trabalho busca analisar o sistema educacional na tribo Ticuna, localizada na região do Alto Solimões, estado do Amazonas, onde estou há 21 anos em contato permanente com os índios Ticuna. Com o passar dos anos tenho observado que a cada dia, e de forma mais intensa, a manutenção de sua cultura vem sofrendo com o processo de influência da cultura não índia. Nesse trabalho realiza-se um levantamento histórico referente à possível existência de duas correntes educacionais entre os professores Ticuna. Uma considera importante um ensino bilíngue, o estudo dos mitos e costumes para preservação da cultura; a outra acredita que é inócuo estudar os mitos e outros aspectos culturais, que podem ser apreendidos no dia a dia, defendem que os índios precisam de uma educação igual a dos não indígenas, para competir no mercado em condições de igualdade. Inicialmente propõe-se uma busca histórica sobre o processo educacional relacionado à cultura Ticuna fora da escola, procurando verificar as relações entre o que é transmitido pela escola e o que se evidencia no cotidiano Ticuna. Em seguida, realiza-se uma análise de como se processa a educação implantada no meio Ticuna sob o título Educação Indígena . Destacam-se os fatores que influenciaram a fundação da escola, sua localização e aspectos relacionados ao meio físico, econômico, social e cultural, bem como, o ambiente humano e de aprendizagem, dados esses que subsidiam o objetivo proposto para este trabalho. Procura-se verificar se a educação desenvolvida na escola indígena cumpre o papel de estar constantemente buscando alternativas para uma educação que seja apropriada à sobrevivência da cultura Ticuna, uma educação adequada à realidade cultural. A pesquisa baseia-se em levantamento de dados através de documentos, como também em entrevistas com lideranças, professores e idosos da Tribo Ticuna; também na observação direta, com anotações feitas em caderno de campo. O processo de assimilação e influência da cultura não índia predomina na região do Alto Solimões e tem esmagado a cultura Ticuna, fazendo com que muitos já não queiram mais pescar, caçar ou viver como produtores ou coletores. É necessário buscar alternativas educacionais para a escola indígena Ticuna, em uma educação que seja apropriada para a sobrevivência de sua cultura e ao mesmo tempo minimize o preconceito enfrentado por esse povo. As lideranças e professores Ticuna esperam que a escola ajude na preservação e valorização de sua cultura. O prejuízo causado à educação cultural dos índios Ticuna é grande, a maioria dos jovens e crianças não são conhecedores dos significados dos rituais religiosos, mitos, lendas e crenças. Muitas vezes sabem até realizar o ritual, mas parece mais uma imitação de gestos, que se desvincula do seu real sentido. Espera-se que ao final dessa pesquisa sejamos capazes de utilizar o material desenvolvido para reflexão e que ela talvez possa servir como ponto de partida para os professores Ticuna na elaboração de diretrizes e desenvolvimento de um novo paradigma educacional que valorize mais a cultura.
|
44 |
Xíxìhra Ikólóéhj : a criança na perspectiva da formação de professores indígenas GaviãoRodrigues, Laudinéa de Souza 30 April 2014 (has links)
Submitted by Valquíria Barbieri (kikibarbi@hotmail.com) on 2017-07-31T19:48:32Z
No. of bitstreams: 1
_DISS_2014_Laudinéa de Souza Rodrigues.pdf: 4447991 bytes, checksum: 2dd343509a92a6e656a8511ab61f6299 (MD5) / Approved for entry into archive by Jordan (jordanbiblio@gmail.com) on 2017-08-07T16:33:50Z (GMT) No. of bitstreams: 1
_DISS_2014_Laudinéa de Souza Rodrigues.pdf: 4447991 bytes, checksum: 2dd343509a92a6e656a8511ab61f6299 (MD5) / Made available in DSpace on 2017-08-07T16:33:50Z (GMT). No. of bitstreams: 1
_DISS_2014_Laudinéa de Souza Rodrigues.pdf: 4447991 bytes, checksum: 2dd343509a92a6e656a8511ab61f6299 (MD5)
Previous issue date: 2014-04-30 / Na presente pesquisa, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação, do Campus Universitário de Rondonópolis, Universidade Federal de Mato Grosso (PPGEdu/CUR/UFMT), na linha de Formação de Professores e Políticas Públicas Educacionais, discutiu-se a criança e a infância na perspectiva da formação indígena para a docência a partir da Licenciatura em Educação Básica Intercultural, ofertada pela Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR), e do Magistério Indígena Projeto Açaí II, oferecido pela Secretaria de Estado da Educação de Rondônia. A proposta foi analisar se os cursos de formação para a docência – Magistério Indígena Projeto Açaí II e Licenciatura em Educação Básica Intercultural – traziam em suas propostas curriculares discussões relacionadas à criança e infância indígena. E, ainda, verificar quais estudos teóricos foram utilizados para fundamentar a concepção sobre criança e infância apresentada na proposta curricular dos cursos de formação para a docência em que os professores participavam; averiguar se, na elaboração de suas propostas curriculares, os cursos consideraram a diversidade étnica, tendo em vista as especificidades culturais do povo em questão. Outro propósito da pesquisa foi conhecer a perspectiva dos professores indígenas em relação à criança e infância indígena. Este trabalho parte da apropriação das possibilidades investigativas da pesquisa qualitativa do tipo etnográfico, respaldando-se principalmente em Bogdan e Biklen (1994). Tem como locus a Aldeia Igarapé Lourdes, localizada na Terra Indígena que possui o mesmo nome, localizada no Município de Ji-Paraná, região leste do Estado de Rondônia. Os dados foram coletados a partir de observações de campo, entrevistas semiestruturadas com os professores indígenas da escola e análise das propostas curriculares dos cursos. As categorias de análise foram: cuidados e produção do corpo da criança indígena; a criança indígena e o sobrenatural; suas relações com o outro: possibilidades de aprendizado; brincadeira e trabalho: o que fazem as meninas e os meninos no cotidiano da Aldeia; escola na Aldeia: a criança indígena torna-se aluna. As análises referentes à criança e infância foram respaldadas na Antropologia da Criança, com estudos de Tassinari (2001, 2007, 2009), Cohn (2000, 2002, 2009), entre outros, e também na Sociologia da Infância, com pesquisadores como Sarmento (2005, 2008), Brougère (2010), Corsaro (2011) e outros. Os resultados indicaram que, mesmo não tendo explicitada uma concepção de infância, os professores demonstraram clareza do que é ser criança entre os Ikólóéhj. Já as propostas curriculares dos cursos apresentaram fragilidade em relação à discussões acerca da infância e criança indígena, visto que poucas disciplinas possuíam em suas ementas títulos que tratassem da temática. Para discutir a formação docente indígena, o trabalho se apoiou em Grupioni (2008), Maher (2006), Silva (2012), além de outros autores. Portanto pretende-se contribuir com os professores indígenas no aprofundamento da reflexão sobre a infância e seu sujeito. Em relação aos cursos de formação docente, este trabalho oferece subsídios para as instituições formadoras no processo de elaboração de suas propostas curriculares ao considerar a criança e a infância indígena em sua singularidade e complexidade. / In this research in Teacher Training and Educational Public Policy, linked to the Federal University of Mato Grosso Post Graduation Program in Education ( PPGEDU / CUR / UFMT ), Campus of Rondonópolis, it‟s discussed the child and childhood from the perspective of indigenous education for teachers at the Intercultural Basic Education , offered by the Federal University Foundation of Rondônia (UNIR – from the Portuguese acronym ), and from indigenous mastership Açaí Project II , offered by the Estate Secretary of Education of Rondônia. Proposal was to analyze whether or not the teacher training courses for teaching - indigenous mastership Açaí Project II and Intercultural Basic Education - brought in their curricular proposal discussions related to children and indigenous childhood. And also check which theoretical studies were used as support to the conception of children and childhood presented in the curricular proposal for teacher training courses in which teachers participated; make sure whether or not, in drafting its proposed curriculum, courses took in consideration ethnical diversity regarding the cultural characteristics of the aimed people. Another research purpose was to understand the perspective of indigenous teachers with respect to children and indigenous children. This work assumes the ownership of investigative possibilities of qualitative ethnographic research is endorsing mainly in Bogdan and Biklen (1994). Its locus is Igarapé Lourdes Village, located in the indigenous land, which has the same name, located in the city of Ji-Paraná, eastern of the state of Rondônia. Data were collected from field observations, semi structured interviews with teachers from indigenous school, and analysis of curricular proposal of courses. Analysis categories were: production and body care of indigenous children, indigenous children and the supernatural; their relationships with others: learning possibilities; play and work: girls‟ and boys‟ activities in the everyday village; the village school: indigenous child becomes a student. Analyses related to children and childhood were supported on Children Anthropology, and learned from Tassinari (2001, 2007, 2009), Cohn (2000, 2002, 2009), among others, and also in the sociology of childhood, with researchers like Sarmento (2005, 2008) Brougère (2010), Corsaro (2011) and others. Results indicated that, even if with no explicit childhood conception, teachers demonstrated clear awareness of what being a child among Ikólóéhj means. On the other side, courses curricular proposals have hold weakness in relation to discussions on children and indigenous children, since just a few subjects hold topics addressing such issue. To discuss the indigenous teacher training, work relied on Grupioni (2008), Maher (2006), Silva (2012), and other authors. Therefore, we intend to contribute to indigenous teachers in further reflection on childhood and its subject. Regarding teacher education courses, this work provides for the educational institutions in the development process of their curricular proposals to consider the child and indigenous children into their uniqueness and complexity.
|
45 |
Em busca do diálogo entre duas formas distintas de conhecimentos matemáticos / In search of a dialogue between two distinct forms of mathematical knowledgeAparecida Augusta da Silva 24 April 2008 (has links)
Apesar de há muitos anos os índios brasileiros lutarem por uma educação escolar diferenciada, foi apenas a partir da Constituição Federal de 1988 que a Educação Escolar Indígena tornou-se política pública no País e, desde então, aumentou muito o número de educadores envolvidos com a questão, especialmente no que se refere à formação de professores indígenas. No entanto, uma das primeiras questões que emerge desse encontro é como trabalhar de forma diferenciada, se pouco se sabe sobre as mais de 200 etnias do País. Além disso, tem-se, de um lado, a escola munida de um conhecimento em geral instituído por parâmetros nacionais; a escrita com papel central; o professor, em geral, desconhecido do grupo; e o ambiente escolar bastante distinto da residência. De outro, uma cultura onde saberfazer, mito e história se inter-relacionam; o conhecimento, em geral transmitido por um membro mais velho do grupo, é feito de forma oral ou por meio de um saber-fazer diário; e a sala de aula é a própria casa ou a floresta. Nesse sentido, este trabalho, realizado em um processo educacional com professores da etnia Gavião, de Rondônia, buscou, por meio de diálogo, caminhos para possíveis interações de distintas formas de conhecimentos ligados tanto à escola quanto ao saber-fazer indígena e em especial os relacionados à Matemática. Para tanto, foram organizados dois cursos, conduzidos por discussões em torno das construções tradicionais do grupo. Essas discussões possibilitaram vir à tona histórias, mitos, saber-fazer e alguns aspectos relevantes para a cultura do grupo, mas até então desconhecidos até mesmo pelos próprios professores indígenas. Quanto aos aspectos matemáticos, os professores indígenas, auxiliados pela ferramenta da modelagem matemática, puderam decodificar um saber-fazer presente na construção da maloca tradicional e, dessa forma, dar sentido a um conhecimento que anteriormente não fazia sentido ao grupo. Esta pesquisa foi conduzida por uma metodologia de trabalho de ordem qualitativa, de cunho etnográfico, com aspectos históricos e antropológicos e com aporte teórico principal da Etnomatemática. / Despite the fact that Brazilian Indigenous Peoples have long fought for appropriate schooling, it was only with the promulgation of the Brazilian Federal Constitution of 1988 that Indigenous School Education acquired the status of a public policy in the country, and since then there has been a significant increase in the number of educators engaged in that matter, especially as regards the formation of indigenous teachers. However, a preliminary question that arises is to how to accomplish a differentiated work given that little is known about the more than 200 ethnic groups in Brazil. Besides that, we have, on the one hand, schools provided with a knowledge often established by national parameters; writing ability having a central role; the teacher, in general, being unknown to the group; school environment radically different from living place. On the other side, there is a culture in which know how, myths and history are tightly interrelated; knowledge, often transmitted by an older member of the group, is done orally or through daily know how; the classroom is their own house or the forest itself. In this sense, the present work, carried out in an educational process with teachers from the Gavião ethnic group, in Rondônia, aimed, through dialogues, to devise ways of establishing interactions among different forms of knowledge related to school and indigenous know how as well, focusing especially on Mathematics. In order to do that, two courses were given in which indigenous constructions were taken as the moving power of the debates. Such discussions gave rise to stories, myths and know how as well as some other aspects relevant to the groups culture, as yet unknown even to the indigenous teachers themselves. Concerning mathematical aspects, the indigenous teachers, with the aid of mathematical modeling tools, were able to decode a know how present in the construction of the traditional maloca, and thus giving meaning to a knowledge that made no sense to the group until then. The research was carried out with a qualitative methodology of work, having an ethnographic character, with historical and anthropological aspects, Ethnomathematics being its main theoretical framework.
|
46 |
Etnografia de uma escola XikrinBeltrame, Camila Boldrin 29 August 2013 (has links)
Made available in DSpace on 2016-06-02T19:00:29Z (GMT). No. of bitstreams: 1
5656.pdf: 2786059 bytes, checksum: 3825bf70731fbb08e7d89fb95385897e (MD5)
Previous issue date: 2013-08-29 / Financiadora de Estudos e Projetos / This dissertation presents an ethnographic study about a school of the Xikrin of the Bacaja, Mebengokré group (Gê), from southwest Pará, Brazil. It seeks to understand how the Xikrin have appropriated of this institution and its activities, what kind of reflections they have formulated about it and how they have inserted it in their daily lives. The school that the government offers to the Xikrin does not follow the principles of the Brazilian Constitution, which stipulate a differentiated and intercultural teaching to indigenous peoples based on the local specificities. During the fieldwork two movements were privileged. First, the daily activities of school have been monitored. That allowed the observation of the space in which the Xikrin children and non-Xikrin adults coexist and establish relations that were not observed in other moments in the village. The second movement was based on conversations with the men who explain what they consider a good school. In these situations the school is recognized as the place for children to learn the techniques and skills of the Whites. However, when they reach a certain maturity these knowledge are left aside so that the Xikrin knowledge begin to be demonstrated, as well as the relations they engender. / Esta dissertação apresenta um estudo etnográfico sobre uma escola dos Xikrin do Bacajá, grupo Mebengokré (Jê), do sudoeste do Pará. Busca-se compreender como os Xikrin se apropriam desta instituição e das atividades que são lá ensinadas, elaborando reflexões e inserindo-as no seu cotidiano. A escola oferecida aos Xikrin não segue os princípios da Constituição brasileira que instituem um ensino diferenciado e intercultural aos povos indígenas, pensado a partir das especificidades locais. Durante a pesquisa de campo dois movimentos foram privilegiados: um de acompanhamento do dia a dia escolar permitindo observar o espaço em que crianças Xikrin e adultos não-Xikrin convivem estabelecendo relações não observadas em outros momentos na aldeia; e outro, baseado em conversas com os homens que explicam o que consideram uma boa escola. Nestas situações a escola é reconhecida como o local para as crianças aprenderem as técnicas e as habilidades dos brancos, porém, quando atingem certa maturidade, estes saberes são deixados de lado para que os conhecimentos Xikrin, e as relações que estes engendram, comecem a ser demonstrados.
|
47 |
Sentindo ideias, germinando saberes : movimentos de Apropriação (Afetiva) da Política de Territórios Etnoeducacionais por Professores Kaingang e Guarani no RSSousa, Fernanda Brabo January 2017 (has links)
A educação escolar indígena específica, diferenciada, bilíngue e intercultural é legalmente um direito assegurado aos povos indígenas no Brasil. Na prática, tal direito ainda enfrenta dificuldades para se efetivar, seja pela relação colonialista do estado e suas instituições para com os povos indígenas, seja pela morosidade e burocracia dos processos e instrumentos técnico-administrativos. É preciso considerar também os dissensos entre as reivindicações dos movimentos indígenas e o modo moderno ocidental majoritário de fazer e pensar as políticas públicas. Neste cenário, a política de territórios etnoeducacionais – TEE é uma das criações mais recentes na história da educação escolar indígena no país, sendo implementada gradualmente desde o ano de 2009 e gerando discussões, interesses, dúvidas e questionamentos acerca de sua efetivação. A partir de vivências com professoras e professores kaingang e guarani no Rio Grande do Sul, em especial da atuação na Ação Saberes Indígenas na Escola – núcleo UFRGS entre os anos de 2014 e 2017, constatei que, para a implementação de uma política indigenista ser efetiva, é necessário, entre outros movimentos, que ela seja apropriada afetivamente pelos povos indígenas envolvidos. Para a elaboração desta pesquisa, a política de TEE surgiu como semeadora de discussões e reflexões, com os (des)conhecimentos, (in)compreensões, estranhamentos e sentimentos que essas professoras e professores expõem e compartilham sobre o assunto. . Dentro de uma perspectiva de tese como acontecimento, busquei perceber como se dão os movimentos de apropriação (afetiva) da política de territórios etnoeducacionais pelos povos indígenas, tomando os encontros de formação continuada dos professores kaingang e guarani do RS como campos de reflexão coletiva e colaborativa. Utilizei as noções de pensamento seminal (Rodolfo Kusch), a dimensão do coração no pensamento ameríndio (Rodolfo Kusch e tradições indígenas) e o corazonar (Patrício Guerrero Arias) para compor um estudo denso e situado dos movimentos de apropriação afetiva indígena das políticas educacionais indigenistas, com base no vivido e nos sentipensamentos (Orlando Fals Borda) compartilhados em campo. Assumindo a imprevisibilidade de deixar- me estar e deixar-me afetar pelos campos de vivência, sabendo-me também afetando, adotei posturas e (dis)posições metodológicas que possibilitassem o estar junto com as pessoas indígenas, coautoras das reflexões desta pesquisa. Atuei conforme minhas sensibilidades de mundo, considerando a intuição e o acaso, no estar sendo estudante-universitária-mãe-pesquisadora- formadora e de acordo com as relações de parceria estabelecidas com os professores indígenas observando, registrando, participando e intervindo quando me foi solicitado. Dessa forma, esta pesquisa buscou evidenciar os movimentos fecundos de apropriação afetiva de políticas por meio do corazonamiento germinal da política de territórios etnoeducacionais. / The indigenous school education, specific, differentiated, bilingual and intercultural is legally a right assured to indigenous peoples in Brazil. In practice, this right still faces difficulties to be realized, either by the colonialist relationship of the state and its institutions with indigenous peoples, or by the bureaucracy of the processes and technical-administrative instruments. It is also necessary to consider the differences between the claims of the indigenous movements and the modern Western majority way of making and thinking public policies. In this scenario, the policy of ethnical educational territories - TEE is one of the most recent creations in the history of indigenous school education in the country, being implemented gradually since 2009 and generating discussions, interests, doubts and questions about its effectiveness. Based on experiences with kaingang and guarani teachers in Rio Grande do Sul, especially in the Action Indigenous Knowledge in the School - UFRGS nucleus between 2014 and 2017, I found that for the implementation of an indigenous policy to be effective , it is necessary, among other movements, that it be affectively appropriated by the indigenous peoples involved. In order to elaborate this research, the TEE policy emerged as a sower of discussions and reflections, with the (dis) knowledge, (in) understandings, estrangement and feelings that these teachers expose and share on the subject. From a perspective of thesis as an event, I tried to understand how the movements of appropriation (affective) of the politics of ethnical educational territories by the indigenous peoples take place, taking the meetings of continuous formation of teachers kaingang and Guarani of RS as fields of collective and collaborative reflection. I used the notions of seminal thinking (Rodolfo Kusch), the dimension of the heart in Amerindian thought (Rodolfo Kusch and indigenous traditions) and the corazonar (Patrício Guerrero Arias) to compose a dense and situated study of the movements of indigenous affective appropriation of indigenist educational policies, based on the lived and sentipensamento (Orlando Fals Borda) shared in the fieldwork. Assuming the unpredictability of letting me be and letting myself be affected by the fields of living, knowing myself also affecting, I adopted postures and methodological positions that would make it possible to be together with the indigenous people, co-authors of the reflections of this research. I acted according to my world sensibilities, considering intuition and chance, being a student-university-mother-researcher-trainer and according to established partnership relationships with indigenous teachers observing, registering, participating and intervening when I was asked. Thus, this research sought to highlight the fecund movements of affective appropriation of policies through the germinal heart of the politics of ethnical educational territories. / La educación escolar indígena específica, diferenciada, bilingüe e intercultural es legalmente un derecho asegurado a los pueblos indígenas en Brasil. En la práctica, tal derecho aún enfrenta dificultades para hacer efectivo, sea por la relación colonialista del estado y sus instituciones hacia los pueblos indígenas, sea por la morosidad y burocracia de los procesos e instrumentos técnico-administrativos. Es necesario considerar también los disensos entre las reivindicaciones de los movimientos indígenas y el modo moderno occidental de hacer y pensar las políticas públicas. En este escenario, la política de territorios etnoeducacionales – TEE es una de las creaciones más recientes en la historia de la educación escolar indígena en el país, siendo implementada gradualmente desde el año 2009 y generando discusiones, intereses, dudas y cuestionamientos acerca de su efectivación. A partir de vivencias con profesoras y profesores kaingang y guaraní en Rio Grande do Sul, en especial de mi actuación en lo Ação Saberes Indígenas na Escoela – núcleo UFRGS entre los años 2014 y 2017, he constatado que, para la implementación de una política indigenista ser efectiva, es necesario, entre otros movimientos, que sea apropiada afectivamente por los pueblos indígenas involucrados. Para la elaboración de esta investigación, la política de TEE surgió como planteadora de discusiones y reflexiones, con los (des) conocimientos, (in) comprensiones, asombros y sentimientos que esas profesoras y profesores exponen y comparten sobre el asunto En una perspectiva de tesis como acontecimiento, busqué percibir cómo se dan los movimientos de apropiación (afectiva) de la política de territorios etnoeducacionales por los pueblos indígenas, tomando los encuentros de formación continuada de los profesores kaingang y guaraní del RS como campos de reflexión colectiva y colaborativa. He utilizado las nociones de pensamiento seminal (Rodolfo Kusch), la dimensión del corazón en el pensamiento amerindio (Rodolfo Kusch y tradiciones indígenas) y el corazonar (Patrício Guerrero Arias), para componer un estudio denso y situado en los movimientos de apropiación afectiva indígena de las políticas educativas indigenistas, con base en lo vivido y en los sentimientos (Orlando Fals Borda) compartidos en el campo. Asumo lo imprevisible de dejarme estar y dejarme afectar por los campos de vivencia, sabiéndo que también afecto, he adoptado posturas y (dis) posiciones metodológicas que posibilitan el estar junto con las personas indígenas, co-actoras de las reflexiones de esta investigación. Yo actué de acuerdo com mis sensibilidades de mundo, en el estar siendo universitaria-madre-investigadora-formadora y con las relaciones de asociación establecidas con los profesores indígenas, observé, registré, participé e intervine cuando se me pidió. De esta forma, esta investigación buscó evidenciar los movimientos fecundos de apropiación afectiva de políticas por medio del corazonamiento germinal de la política de territorios etnoeducacionales.
|
48 |
Educação escolar indígena como inovação educacional: a escola e as aspirações de futuro das comunidades / Indigenous school education as educational innovation: the school and the community aspirations for the futureAline Cristina de Oliveira Abbonizio 18 October 2013 (has links)
O objeto desta tese são os aspectos que distinguem a educação escolar indígena da educação escolar convencional. Especificamente, dirige-se a processos educacionais que possam ser classificados como inovadores, ou seja, tentativas de alteração de práticas educacionais consideradas costumeiras. O objetivo principal foi definir a educação escolar indígena a partir da relação que esta estabelece com as aspirações de futuro das comunidades. Para tanto foi examinada a hipótese de que experiências recentes de escolarização indígena vêm buscando compatibilizar objetivos escolares com objetivos comunitários. Esta hipótese foi confirmada no estudo de caso da Escola Indígena Khumuno Wuu, que fica em território do povo Kotiria (Wanano), na Comunidade Caruru Cachoeira, alto rio Uaupés, no município de São Gabriel da Cachoeira, AM, Amazônia brasileira. Conclui que, ao refletirem sobre o que querem da sua escola, os Kotiria elaboram e executam seus planos para o contexto atual e para as novas gerações, o que faz da escola espaço principal de reunião comunitária, debate e intervenção sobre as condições de vida atuais e futuras. / The aim of this thesis is to analyse the aspects which distinguish indigenous school education from traditional education. For that purpose, educational processes that may be classified as innovative and all the attempts to change the common educational practices have been considered. The main objective was to define the indigenous school education regarding the relationship that it establishes with its community aspirations for the future. To that end, we have examined the hypothesis that the recent indigenous schooling experience has tried to interrelate the school objectives with the community objectives. This hypothesis was confirmed in the case study of Khumuno Wuu Indigenous School which is located in Kotirias (Wanano) territory, Caruru Cachoeira Community, on the Northern shores of Uaupés River, in the city and municipality of São Gabriel da Cachoeira, AM, in the Brazilian Amazon region. The conclusion was that by reflecting upon what they expect from school, the Kotiria people elaborate and execute their plans bearing in mind their current context as well as the future generations. That makes the school the main place for community gathering, intervention and debate about the current and future living conditions.
|
49 |
O sistema de avaliação nacional e a educação escolar indígena : contrastando duas realidades a partir do ensino de ciênciasSantos, Hélio Magno Nascimento dos 29 April 2015 (has links)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / This research introduces educational quality indicators, focusing on indigenous educational modality. Thus, the problem of this research is the relation between the quality indices of
national education and school education offered to indigenous population, seeking in this context to produce elements to reflect on the teaching of natural sciences. The overall
objective of this research is to reveal the relation between the quality data of national education, and indigenous education as a way to contribute to the reflection of the relevance
(or not) of the school performance test proposition that include, especially, the natural sciences in school indigenous education (EEI - Escola de Educação Indígena). The methodology used has a qualitative-quantitative/theoretical-bibliographic approach, more predominantly qualitative approach. Data collection was done through reading, and analysis of academic productions, and official documents that specifically point the national education quality indicators, and EEI, also through the open questionnaire, carried out with the state departments of education of all states. Initially, we discussed the Brazilian assessment system, taking into consideration the main educational statistics in Brazil. We tried to approach as
following, the organization of the national education system, its modalities, and education quality indicators with emphasis on ERA. Among the indicators of educational quality which
include the evaluation of EEI, the following ones were discussed: the registration, training of teachers, educational establishments, the specific educational resources for indigenous
schools, and school performance in external evaluations. Afterwards, we approached the reality of two indigenous schools, one of them is in Mato Grosso State, chosen because
surveys have been carried out in such institution during the PhD studies that anticipate this work. The second school establishment is located in Sergipe State, It is chosen as the only of this type in the state and due to activities of the Institutional Scholarship Program for Initiation to Teaching (PIBID) in school. These activities are developed by the students of the UFS (Campus Itabaiana), PIBID Scholars. From the results, it is clear that the ERA is established throughout the country, except for the Federal District. We present yet, data about the teaching of Natural Sciences in this type of education, based on observation of the aforementioned two Indian schools. In this last step, we seek to unveil, from official
documents and publications of the members of the "Study Group Science Education, Diversity and Environment", some indices of educational quality. In closing remarks, reflect the above items, underscoring the perception that, over the past two decades, significant advances have been achieved by indigenous peoples; However, according to studies, it is clear that there is still much to do in promoting and ensuring a quality ERA. / Esta pesquisa aborda os indicadores de qualidade educacionais com foco na modalidade educacional indígena. Desse modo, a problemática da pesquisa é a relação entre os índices de
qualidade da educação nacional e da educação escolar ofertada aos indígenas, buscando, nesse contexto, produzir elementos para refletir sobre o ensino de Ciências Naturais. Nesse sentido,
o objetivo geral da pesquisa é desvelar a relação entre os dados de qualidade da educação nacional e a educação indígena, como forma de contribuir para a reflexão da pertinência (ou não) da proposição de testes de desempenho escolar que contemplem, de maneira especial, as Ciências Naturais na Educação Escolar Indígena (EEI). A metodologia aplicada tem uma abordagem qualitativo-quantitativa teórica bibliográfica com predominância do enfoque qualitativo. A coleta dos dados foi feita através da leitura e análise de produções acadêmicas e
documentos oficiais que abordam especificamente os indicadores de qualidade da Educação nacional e a EEI por meio da aplicação de questionário aberto, realizado junto às secretarias
estaduais de educação de todos os estados da federação. Inicialmente, abordamos o sistema de avaliação brasileiro, discutindo as principais estatísticas educacionais no Brasil.
Procuramos abordar, no segundo momento, a organização do sistema de ensino do país, suas modalidades e os indicadores de qualidade educacional com ênfase à EEI. Dentre os
indicadores de qualidade educacional que contemplam a avaliação da EEI, foram discutidos os seguintes: a matrícula, a formação dos professores, os estabelecimentos de ensino, os
recursos didáticos específicos para as escolas indígenas e o desempenho escolar nas avaliações externas. Posteriormente, abordamos a realidade de duas escolas indígenas, uma
situada no estado de Mato Grosso, escolhida em razão de pesquisas que já foram realizadas nesta instituição durante o período de doutorado da orientadora deste trabalho. A outra escola, situada em Sergipe, foi escolhida por ser a única desta modalidade no estado e devido à realização de atividades do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID)
na escola. Tais atividades são desenvolvidas pelas alunas da UFS (Campus Itabaiana), bolsistas do PIBID. A partir dos resultados, percebe-se que a EEI é instituída em todo o país,
com exceção do Distrito Federal. Apresentamos ainda, dados acerca do ensino de Ciências Naturais nessa modalidade de ensino com base na observação das duas escolas indígenas
supracitadas. Nessa última etapa, procuramos desvelar, a partir de documentos oficiais e das publicações dos integrantes do Grupo de Estudo Ensino de Ciências, Diversidade e
Ambiente , alguns índices de qualidade educacional. Nas considerações finais, refletimos os itens citados, ressaltando a percepção de que, ao longo das duas últimas décadas, avanços
significativos foram alcançados pelos povos indígenas. Contudo, de acordo com os estudos realizados, percebe-se que ainda há muito a ser feito para a promoção e garantia de uma EEI
de qualidade.
|
50 |
Um olhar sobre o corpo em escola indígena : diálogos entre o ensino de Ciências e as concepções dos alunos do 8º ano do ensino fundamentalVieira, Maria José Guimarães 25 May 2017 (has links)
The body has been the object of investigation of several areas of knowledge, which have been considering the diversity of approaches and scientific matrices on the concrete human actions manifested in its corporeity. If the foundation of existence is in the bodily interactions between men, one seeks to understand the perceptions about the individual's body and the other as alterity. In Basic Education, however, the human body is presented as a set of systems and organs that relate in an anatomophysiological way, mainly in Science Teaching, a discipline that emphatically studies the human body, but does not work the body dimension as the essence of a being / Being in the world. In indigenous communities and schools, teachers are faced with the difficulty of articulating scientific knowledge with the traditional ones of the community, which compose the culture and strengthen the identity of the indigenous people. Facing these constraints, therefore, this study is justified, which aims to analyze the conceptions about the body manifested by the students of the 8th grade elementary school of the Xokó indigenous school, establishing relations with Science Teaching. This is a qualitative study, using documentary research and case study. As data collection procedures, we used the semi-structured interview, the questionnaire and technical the free recall through drawing and textual expression. For the analysis of the data obtained, we used the discursive textual analysis, from the perspective of Moraes and Galiazzi (2013). In the search for understanding the context, the theoretical contribution Hall (2005, 2006) was used; Le Breton (2002, 2007); Grando (2004, 2009); Fleuri (2003); Silva (2000), among others. The results point out that in the students drawings and speeches, the body is perceived in its lived dimension, as an extension of oneself to the world, especially as regards the experience of corporal practices proper to the indigenous community, still revealing the tribal collectivity (running, swimming, play, dance), with meanings already different from the original assumptions and ancestors. Although students do not possess a holistic understanding of the body, perceiving it in all its concrete, historical-cultural and social complexity, their statements demonstrate that they recognize the body as the experiential instrument of socialization and experimentation of the world. On the other hand, given the influence of the school curriculum, notably in the teaching of science, in the training of students, the content body is presented from a perspective centered only on anatomical and physiological aspects, collaborating so that indigenous students, To construct a hybrid conception that mixes this lived body with a fragmented and reductionist conception, thus marking the ways of being / being of the Xokó adolescents. / O corpo tem sido objeto de investigação de diversas áreas do conhecimento, que vêm considerando a diversidade de abordagens e matrizes científicas sobre as ações concretas humanas manifestas em sua corporeidade. Se o fundamento da existência está nas interações corpóreas entre os homens, busca-se compreender as percepções sobre o corpo do indivíduo e do outro enquanto alteridade. Na Educação Básica, todavia, o corpo humano é apresentado como um conjunto de sistemas e órgãos que se relacionam de maneira anatomofisiológica, principalmente no Ensino de Ciências, cuja disciplina enfaticamente estuda o corpo humano, mas não trabalha a dimensão corporal como essência de um ser/estar no mundo. Em comunidades e escolas indígenas, os professores deparam-se com a dificuldade de articular os conhecimentos científicos aos tradicionais da comunidade, que compõem a cultura e fortalecem a identidade do povo indígena. Diante desses condicionantes, justifica-se, portanto, esse estudo, ao analisar as concepções sobre corpo manifestadas pelos alunos do 8º ano do Ensino Fundamental da escola indígena Xokó, estabelecendo relações com o Ensino de Ciências. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, utilizando-se da pesquisa documental e do estudo de caso. Como procedimentos de coleta de dados, recorreu-se à entrevista semiestruturada, ao questionário e à técnica da evocação livre através de desenho e da expressão textual. Para análise dos dados obtidos, foi utilizada a análise textual discursiva (ATD), na perspectiva de Moraes e Galiazzi (2013). Na busca por compreender o contexto, utilizou-se como aporte teórico Hall (2005, 2006); Le Breton (2002, 2007); Grando (2004, 2009); Fleuri (2003); Silva (2000), entre outros. Os resultados apontam nos desenhos e discursos dos alunos como o corpo é percebido em sua dimensão vivida, como extensão de si mesmos para o mundo, principalmente quanto à vivência de práticas corporais próprias da comunidade indígena ainda reveladora da coletividade tribal (correr, nadar, brincar, dançar), com significados já distintos dos pressupostos originais e antepassados. Ainda que os alunos não tenham expressado uma compreensão holística do corpo, percebendo-o em toda a sua complexidade concreta, histórico-cultural e social, as suas falas demonstram que reconhecem o corpo como o instrumento vivencial de socialização e experimentação do mundo. Em contrapartida, dada a influência do currículo escolar, notadamente no ensino de Ciências, na formação dos alunos, o conteúdo corpo é apresentado a partir de uma visão centrada apenas nos aspectos anatomofisiológico, colaborando para que os alunos indígenas, sujeitos desse estudo, construíssem uma concepção híbrida que mescla esse corpo vivido a uma concepção fragmentada e reducionista marcando, por conseguinte, os modos de ser/estar dos adolescentes Xokó. / São Cristóvão, SE
|
Page generated in 0.1044 seconds