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301

Rudolf Carnap e o pragmatismo americano

Cunha, Ivan Ferreira da January 2012 (has links)
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Filosofia / Made available in DSpace on 2012-10-26T09:51:35Z (GMT). No. of bitstreams: 1 301893.pdf: 1647789 bytes, checksum: 886500c83a9b2e4603654fc243fd8632 (MD5) / A presente tese investiga a relação de Rudolf Carnap, autor geralmente associado às tradições de pesquisa do empirismo lógico e da filosofia analítica, com o pragmatismo americano. O objetivo, com isso, é de elaborar ferramentas para a filosofia da ciência. Tal relação é trabalhada inicialmente a partir do livro de Carnap publicado em 1928, Der logische Aufbau der Welt, que é apresentado, seguindo Alberto Coffa, como o auge da tradição logicista, isto é, o projeto filosófico que procurava uma alternativa lógico-linguística à epistemologia de Kant. Compara-se, assim, a obra de Carnap ao projeto pragmatista da forma como foi apresentado nos primeiros textos de Charles Sanders Peirce, e nota-se que há uma similaridade nos projetos no que diz respeito a uma relação de oposição a certos pontos de vista de Kant - ao mesmo tempo em que ambas as propostas focam os mesmos objetivos da epistemologia kantiana. Em um segundo momento, apresenta-se e discute-se o contato que Carnap teve com Charles Morris e John Dewey a partir do final dos anos 1930. Os três autores estiveram envolvidos na elaboração da International Encyclopedia of Unified Science (Enciclopédia), projeto de Otto Neurath. A partir da correspondência entre os autores envolvidos em tal projeto, nota-se que Dewey desaprovava as ideias de Carnap e de Morris, tendo se desiludido com a Enciclopédia após a publicação dos primeiros números. Essa oposição afastou Dewey de Carnap, favorecendo sua associação com Arthur Bentley, com quem Dewey desenvolveu algumas críticas ao empirismo lógico e à semiótica de Morris. A tradição recente de comentário da obra de Carnap costuma considerar esse afastamento entre Dewey e Carnap como evidência de que as propostas de tais autores são irreconciliáveis, mas a presente tese procura mostrar que há possibilidade de aproximar as duas filosofias, especificamente após a associação de Carnap com Morris. Assim, prestando atenção aos elementos pragmatistas da semiótica de Morris que Carnap adotou em sua obra, esta tese apresenta uma interpretação diferente das propostas tardias de Carnap, em especial de sua lógica indutiva. Com isso, encontram-se possibilidades de aplicação das ferramentas de Carnap: o último capítulo da presente tese procura desenvolver uma dessas aplicações, a saber, na elaboração de um conceito pragmático de valor de confirmação de modelos científicos. Tal conceito depende, além da interpretação semiótica da lógica indutiva de Carnap, de certas ferramentas do cálculo de probabilidade, como cadeias de Markov, e da filosofia da mente e teoria da ciência de Luiz Henrique Dutra. A ferramenta desenvolvida permite analisar certas características da relação entre as comunidades científicas e as teorias produzidas por tais comunidades a partir do comportamento manifesto (verbal) dos cientistas, sondado por meio da análise de artigos publicados. A aplicação das ferramentas de Carnap em contextos pragmáticos é possibilitada pela valorização de elementos tipicamente pragmatistas em sua obra; isso serve como argumento a favor da proposta de conciliar as obras de Carnap e Dewey e abre o caminho para aproximações mais gerais entre propostas geralmente caracterizadas como lógico-empiristas ou analíticas e aquelas classificadas como pragmatistas. / The present thesis investigates the relation of Rudolf Carnap, an author generally associated to logical empiricist and analytic philosophy traditions, with American pragmatism. The aim, with that, is to elaborate tools for philosophy of science. Such relation is considered in first place from Carnap's 1928 book Der logische Aufbau der Welt, which is presented, following Alberto Coffa, as the peak of the logicist tradition, that is, the philosophical project that sought a logic-linguistic alternative to Kant's epistemology. Carnap's work is hence compared to the pragmatist project as it appeared in the early texts by Charles Sanders Peirce, and it is noted that there is a similarity between the two projects in what respects the relation of opposition to certain Kantian standpoints - at the same time in which both proposals focus the same objectives of Kantian epistemology. In a second moment, the contact Carnap had with Charles Morris and John Dewey after the late 1930's is presented and discussed. The three authors were involved in the elaboration of the International Encyclopedia of Unified Science (Encyclopedia), a project by Otto Neurath. From the correspondence among the authors involved in such project it is noted that Dewey disapproved Carnap's and Morris's ideas, and that he felt disappointed with the Encyclopedia after the publishing of the first numbers. Such opposition took Dewey apart from Carnap, favoring his association with Arthur Bentley, with whom Dewey developed some criticisms to logical empiricism and to Morris's semiotics. The recent tradition of comments on Carnap's work usually considers this distance between Dewey and Carnap as evidence that their proposals are irreconcilable, but the present thesis seeks to show that there is possibility of bringing together the two philosophies, specially after Carnap's association with Morris. Therefore, paying attention to the pragmatist elements of Morris's semiotics that Carnap adopted in his works, this thesis presents a different interpretation of Carnap's late proposals, especially his inductive logic. Hence some possibilities of application of Carnap's tools are found: the final chapter of the present thesis seeks to develop one of such applications, to know, in the elaboration of a pragmatic concept of value of confirmation of scientific models. Such concept depends on, apart from the semiotic interpretation of Carnap's inductive logic, some tools of probability calculus, such as Markov chains, and of Luiz Henrique Dutra's philosophy of mind and theory of science. The developed tool allows the analysis of certain features of the relation between scientific communities and the theories produced by such communities stemming from the overt (verbal) behavior of scientists, studied by means of the analysis of published articles. The application of Carnap's tools into pragmatic contexts is made possible by the highlighting of typically pragmatist elements in his work; this is an argument in favor of the conciliatory reading of Carnap#s and Dewey's works and it establishes the stream for more thorough approximations between proposals generally characterized as logical empiricist or analytical and those classified as pragmatist.
302

Táxons biológicos

Brzozowski, Jerzy André January 2012 (has links)
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. / Made available in DSpace on 2012-10-26T11:15:45Z (GMT). No. of bitstreams: 1 310440.pdf: 3442278 bytes, checksum: ee966030d04ec43a7351f510d2d70e4a (MD5) / Este trabalho pretende responder à pergunta: como é possível que os nomes dos táxons biológicos sejam usados para se referir às entidades a que se referem? Para tanto, começamos, no capítulo 1, pela análise do conceito de linhagem biológica, argumentando que ele deve ser primordialmente entendido no sentido monofilético, isto é, o de que uma linhagem é um grupo formado por um ancestral e todos seus descendentes. Apresentamos então a ideia de que os táxons são, contemporaneamente, concebidos como linhagens e, portanto, seu estatuto ontológico não é o de classes naturais, mas sim o de entidades históricas individuais. Essa tese foi famosamente defendida por Ghiselin e Hull, mas o mais importante para os propósitos deste trabalho é o lugar central que ela ocupa na teoria da sistemática filogenética proposta por Willi Hennig. Comentamos alguns dos aspectos da ontologia que embasa a teoria de Hennig, e, no final do capítulo, levantamos algumas consequências da tese da individualidade. Uma dessas consequências, a ideia de que os nomes dos táxons são próprios, é apresentada por Ghiselin e Hull em associação com a teoria causal da referência, na tentativa de argumentar que os táxons não têm propriedades definitórias (essências). Desse modo, no capítulo 2, analisamos as duas principiais teorias da referência para nomes próprios - descritivista e causal-histórica - e o modo como elas são defendidas por diferentes autores. De acordo com a visão descritivista, a relação entre um nome próprio e seu portador é mediada por um componente epistemológico, em geral entendido como um conjunto de representações (de natureza linguística ou não) do portador. Para a teoria causal-histórica, por outro lado, um nome próprio se refere a seu portador em todos mundos possíveis, ou seja, independentemente do conhecimento que tenhamos das propriedades ou feitos do portador. Há, no entanto, um problema para uma defesa da teoria causal no caso dos nomes dos táxons biológicos. Trata-se do conhecido "problema qua": se não houver a mediação de um critério de identidade para o objeto nomeado, o referente do nome não pode ser identificado de modo inequívoco. Assim, no capítulo 3, defenderemos uma teoria da referência híbrida para os nomes de táxons, segundo a qual há dois elementos que compõem os sentidos desses nomes: critérios de aplicação e critérios de identidade. No sistema nomenclatural lineano, atualmente aceito, os critérios de aplicação são associados aos nomes por efeito dos códigos de nomenclatura. Os critérios de identidade, por outro lado, são contribuídos pelo contexto teórico circundante. Comparamos esse sistema com o PhyloCode, uma proposta recente de sistema nomenclatural na qual os nomes dos táxons seriam definidos filogeneticamente, isto é, em função de sua posição relativa na árvore da vida. Argumentaremos que a rejeição do PhyloCode por parte da comunidade de biólogos se deve ao fato de que esse código transforma critérios de identidade em critérios de aplicação, o que é heuristicamente indesejável para a sistemática filogenética. Entretanto, isso não implica que a ideia de que é possível estabelecer critérios de identidade deva ser rejeitada. Pensamos que a visão mínima de que é possível fornecer critérios de identidade para táxons pode ser apropriadamente chamada de essencialismo sobre táxons biológicos, e nossa defesa dela constitui uma segunda linha de argumentação do capítulo 3. O ponto é que se costuma entender a tese da individualidade das espécies como tendo refutado definitivamente o essencialismo. Entretanto, argumentaremos que essencialismo e antiessencialismo são posições sobre critérios de identidade, e não sobre o estatuto ontológico, das entidades. A tese da individualidade, pensamos, é insuficiente para a refutação do essencialismo. Para tanto, seria necessário defender que é impossível estabelecer critérios de identidade para os táxons. Terminamos com algumas respostas a essa objeção. / The object of this work is to answer the question: how is it possible that the names of biological taxa refer to the entities that they do refer to? In order to address the question, we begin the first chapter by analyzing the concept of biological lineage, arguing that it should be understood in a monophyletic sense, that is, a lineage is a group constituted by an ancestor and all of its descendants.We then present the idea that taxa are contemporarily construed as lineages; therefore, their ontological status is that of individual historical entities, and not of natural kinds. This thesis was famously defended by Ghiselin and Hull, but, for our present purposes, its meaningfullness lies in the fact that it plays a prominent role in Willi Hennig's theory of phylogenetic systematics. We present some of the aspects of Hennig's ontology and then, towards the end of the chapter, address some consequences of the individuality thesis. One of these consequences, namely, the idea that the names of biological taxa are proper, is presented by Ghiselin and Hull in association with the causal theory of reference, in an attempt to argue that taxa have no defining properties (i.e., essences). In chapter 2, we present the two main philosophical theories of reference for proper names - the descriptivist and causal-historical theories. According to the descriptivist view, the relation of reference is mediated by an epistemological component, generally understood to be a set of representations of the name-bearer. For the causal-historical theory, on the other hand, a proper name refers to its bearer in all possibile worlds, independently of any knowledge we may have about the properties or doings of the bearer. The causal theory, when held for proper names of taxa, faces a well-known difficulty, the so-called qua-problem: if reference is a direct relation, unmediated by at least a criterion of identity for the namebearer, it cannot be inequivocally identified. Thus, in chapter 3, we attempt to provide a hybrid theory of reference that is designed to address the qua-problem. According to this theory, taxon names have Fregean senses composed of two elements: a criterion of application and a criterion of identity. Criteria of application are provided by the nomenclatural codes when at reference-fixing events.Criteria of identity are contributed by the surrounding theoretical context. From the viewpoint of the theory thus provided, we compare current nomenclatural codes with the PhyloCode. We argue one of the main reasons for the lack of acceptance towards the PhyloCode may be the fact that it converts identity criteria into criteria of application. This conversion is undesirable for the heuristics of phylogenetic systematics. Nonetheless, one should not conclude that it is impossible to establish identity criteria for biological taxa. We construe essentialism as a position concerning identity criteria, not ontological status. That consitutes a second line of argument taken up in chapter 3. The point is that the adoption of the individuality thesis does not automatically refute essentialism. In order to do so, one must defend that criteria of identity for biological taxa are unavailable.We conclude by addressing that possibility, in the version presented by Ereshefsky.We defend that the objection is untenable on the grounds that (1) it rests on an unreasonable demand for identity criteria and (2) it brings the qua-problem back.
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Liberdade, igualdade e eficiência

Souza, José Marcos Monteiro de 04 March 2013 (has links)
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Filosofia / Made available in DSpace on 2013-03-04T18:01:19Z (GMT). No. of bitstreams: 1 309258.pdf: 914284 bytes, checksum: 4b5d5ef30468bac980ed1a5e4d32505e (MD5) / O objetivo desta pesquisa é analisar a relação entre liberdade, igualdade e eficiência a partir da teoria da Justiça como Equidade, concebida por John Rawls. O trabalho inicia com o exame das ideias centrais contidas em Uma Teoria da Justiça (o papel e objeto da justiça, os bens sociais primários, o método que conduz à definição dos princípios de justiça e suas justificações). As críticas e concepções de John Harsanyi, Herbert Hart, Robert Nozick, Friedrich Hayek e Ronald Dworkin, bem como as respostas e os novos argumentos do próprio Rawls (em Liberalismo Político e Justiça como Equidade, uma Reformulação) e de alguns dos seus intérpretes, especialmente Roberto Gargarella, Philippe van Parijs, Samuel Freeman e Álvaro de Vita, possibilitam a formação de uma base de conhecimento rica o suficiente para uma análise crítica dos motivos que levaram Rawls a definir a "democracia de cidadãos proprietários" como o tipo de regime político-econômico mais adequado à sua teoria da Justiça como Equidade.
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A Concepção agostiniana do conhecimento em De Trinitate (livros XII, XIII e XIV)

Szeskoski, Luís Valdecir January 2012 (has links)
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Filosofia / Made available in DSpace on 2013-03-04T20:09:55Z (GMT). No. of bitstreams: 1 313777.pdf: 665985 bytes, checksum: e73c832c02b8ab416127a8c7091940ee (MD5) / O presente trabalho propõe-se a analisar a concepção agostiniana de conhecimento nos livros XII, XIII e XIV do tratado "A Trindade". As reflexões sobre este tema são apresentadas de forma hierárquica, até a definição da imagem da Trindade no ser. O tema situa-se no interior da obra. Mesmo inserido na grande questão teológica sobre a Trindade, cumpre um papel sobretudo filosófico, isto é, um estudo do conhecimento que se desenvolve por meio do exercício filosófico, na "elevação" da mente visando as coisas não transitórias, eternas e imutáveis. O que vai culminar na "aquisição" daquilo que Santo Agostinho considera como sabedoria. No primeiro capítulo seguiu-se o livro XII do tratado e se pode agrupar os assuntos abordados em três temas principais: a imagem de Deus no homem, a deturpação da imagem pelo pecado, e a distinção entre ciência e sabedoria. Estes temas são abordados após a definição do que seja o homo exterior e o homo interior, por meio dos quais é possível, também, perceber a diferenciação entre a razão inferior, que se ocupa da ação, e a razão superior, voltada à contemplação. A conclusão deste capítulo dá-se ao afirmar que a sabedoria ocupa-se das razões eternas, a contemplação; já a ciência volta-se ao conhecimento racional das coisas temporais. No segundo capítulo aborda-se o livro XIII, tendo-se, logo de início, a confirmação do discernimento entre ciência e sabedoria, conforme comentário do livro anterior e, a partir do prólogo do Evangelho de João, encontra-se o atrelamento da figura de Jesus à sabedoria e de João Batista à ciência. O primeiro constitui a contemplação da verdade eterna, o segundo concebe a verdade histórica, que constitui o ponto de partida da fé. Neste ponto Agostinho abre espaço para discutir a questão da felicidade, pois todos desejam a vida beata. Para ser feliz ad aeternum, no entanto, é necessário superar a morte, o que não se realiza por meio da Filosofia, e este desejo permanece um mistério para o homem que pode recorrer à fé para iluminar suas atitudes, segundo a qual o indivíduo foi criado para a imortalidade. Isto pode ser melhor compreendido se se aceitar o exemplo de Cristo, que assumiu a condição humana sem deixar de ser o Filho de Deus e, ao ser morto, ressuscitou e ascendeu aos céus levando consigo o corpo mortal, para simbolizar que o autor da vida é vencedor da morte. Esta temática pode ser considerada pura digressão teológica, mas bem observada possui uma contribuição fundamental, visto que o homem tem a opção de volver-se à fé, por meio da qual mostra como Cristo tem indicado a via para conseguir a imortalidade, condição para continuar a gozar da beatitude. No terceiro capítulo, trabalha-se o livro XIV, e a verdadeira sabedoria. Devido ao fato de o homem ter sido criado à [...] imagem e semelhança [...] divina, possui ele gravado em si, de forma indelével, a unicidade e a trindade, e estas não são adventícias. A contemplação da trindade na alma acontece quando a mens volta seu pensamento sobre si própria, isto é, quando as três faculdades que a compõem: memória, inteligência e vontade, voltam suas atenções para si, fazendo com que ela pense em si, coloque-se diante de si e mantenha-se presente a si. Isto constitui a trindade interior da alma denominada de consciência de si, que se dá através da memoria sui, intelligentia sui e amor sui. Depois disso, Agostinho apresenta a trindade da sabedoria, que não se dá por uma relação entre a alma e ela mesma, mas entre a alma e Deus, da qual esta é a imagem, o que a habilita à memoria Dei, à intelligentia Dei, e ao amor Dei. Esta segunda trindade é a da alma revivificada pela participação em Deus. Isto acontece porque ela é capax Dei. Considera-se aí o ápice do conhecimento, a verdadeira sabedoria, isto é, poder participar e refletir sobre a natureza criadora, eterna e imutável
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A má ambiguidade na filosofia de Maurice Merleau-Ponty

Honório, Jucemar January 2012 (has links)
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Filosofia / Made available in DSpace on 2013-06-25T21:08:20Z (GMT). No. of bitstreams: 1 310628.pdf: 806405 bytes, checksum: 8d9e934a7c374b9afd6646fc6c530224 (MD5) / O presente trabalho busca refletir sobre a forma como Merleau-Ponty articula as noções de corpo e reflexão na obra Fenomenologia da Percepção. Apresentamos como o estudo da percepção empreendida por este filósofo resultou em uma má ambiguidade, tal como a declara no texto de candidatura ao College de France. Percorremos nossa discussão sobre a ambiguidade do corpo através da compreensão de uma estrutura existencial onde o corpo e o mundo estão interligados numa expressão perfeita como uma obra de arte. Vamos encontrar a má ambiguidade na tentativa de Merleau-Ponty de sair do equívoco da fundação cruzada, o Fundierung. A má ambiguidade se mostra como a simples mistura entre o universal e o particular. Não sendo possível compreender como pode ocorrer a passagem efetiva entre os extremos, assim Merleau-Ponty se mantém no interior dos quadros da tradição. O projeto da Fenomenologia da Percepção trouxe uma grande contribuição para a noção de corpo e mundo, contudo ao tentar resolver o equívoco pela correlação entre subjetividade e temporalidade houve uma centralidade na subjetividade tornando-o tributária da ontologia clássica que é sua crítica e tentativa de superação. / The present work aims to reflect on how Merleau-Ponty articulates the notions of body and reflection in the work Phenomenology of Perception. Here as the perception study undertaken by this resulted in a poor philosopher ambiguity, as stated in the text of the application College de France. We went through our discussion of the ambiguity of the body through the understanding of an existential structure where the body and the world are interconnected in a perfect expression as a work of art. Let us find the bad ambiguity in Merleau-Ponty attempted to leave the dubious foundation cross the Fundierung. The bad ambiguity appears as a simple mixture between the universal and particular. Not being able to understand how effective the passage may occur between the extremes, and Merleau-Ponty remains within the frame of tradition. The project of the Phenomenology of Perception brought a great contribution to the concept of body and world, however when trying to resolve the ambiguity in the relationship between subjectivity and temporality was a centrality of subjectivity making it tax the classical ontology that is his criticism and attempt to overcome.
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O naturalismo de Maddy e a avaliação de candidatos a axioma em teoria dos conjuntos

Santos, César Frederico dos January 2012 (has links)
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Florianópolis, 2012 / Made available in DSpace on 2013-06-25T22:44:14Z (GMT). No. of bitstreams: 1 315046.pdf: 1264628 bytes, checksum: 155c36f434e14fb2fe7d037f9198c976 (MD5) / Em um certo sentido, a matemática usual pode ser reduzida à teoria dos conjuntos, isto é, os objetos matemáticos usuais podem ser definidos como conjuntos, e os teoremas que governam esses objetos podem ser provados em ZFC. Todavia, existem enunciados importantes - a hipótese do contínuo é o mais célebre deles - que são independentes de ZFC. A existência de enunciados independentes levanta a questão da necessidade e conveniência de estender ZFC pela adição de novos axiomas. Nesse contexto, é interessante dispor de critérios claros que permitam avaliar candidatos a axioma para uma extensão da teoria dos conjuntos que decidiria enunciados independentes. Maddy tem se dedicado intensamente à filosofia da teoria dos conjuntos, com destaque para a investigação de critérios para seleção de axiomas. Nesta dissertação, nosso objetivo é seguir o percurso de Maddy nessa investigação, atentando especialmente a sua defesa da autonomia da matemática com respeito à filosofia e às ciências naturais e ao correspondente papel preponderante da argumentação extrínseca nas discussões que estabeleceram os axiomas da atual teoria. Como pano de fundo filosófico, o naturalismo em matemática de Maddy é também objeto privilegiado da nossa atenção neste trabalho.<br> / Abstract : In a certain sense, ordinary mathematics can be reduced to set theory, i.e., general mathematical objects can be defined as sets and the theorems about them can be proved from ZFC. However, there are important statements - the continuum hypothesis is the most famous among them - which are independent of ZFC. The existence of these statements raises a question about the necessity and convenience of extending ZFC, adding to it new axioms. In this context, it is interesting to have clear criteria for evaluating axiom candidates for an extension of ZFC that would decide independent statements. Maddy has focused intensely on philosophy of set theory, emphasizing the investigation of criteria for selection of set-theoretic axioms. In this dissertation, our goal is to understand and explain Maddy's investigation, with special attention to her defense of the autonomy of mathematics with respect to philosophy and natural sciences and the corresponding leading role of extrinsic arguments in the debates that established the current axioms of set theory. As philosophical background, naturalism in mathematics is also a privileged object of our attention in this work.
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Foucault

Gonçalves, Daniel Luis Cidade January 2012 (has links)
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. / Made available in DSpace on 2013-06-26T00:35:39Z (GMT). No. of bitstreams: 1 310510.pdf: 1200245 bytes, checksum: b81d6acaadb4ccd2f615c5e8b35ee40b (MD5) / Este trabalho busca investigar a possibilidade de que, partindo da concepção de poder em Foucault - definida como relações estratégicas que implicam necessariamente em resistência e liberdade - podemos compreender a ética como o ato de interagir com tais relações e, a partir daí, com a possibilidade de constituir a si mesmo através de práticas de liberdade. Existem algumas noções fundamentais em Foucault a serem analisadas. O poder não é algo que se detém, mas algo que se exerce; a ética é definida como a "prática refletida da liberdade"; e o sujeito é sempre historicamente constituído. Neste contexto, vemos Foucault em um primeiro momento, como um autor preocupado principalmente com as sujeições a que o poder submete os indivíduos, para em seguida, vislumbrarmos um autor preocupado com a interação destes indivíduos na medida em que tentam constituir a si mesmos, questionando o poder em seus efeitos de verdade e a verdade em seus efeitos de poder. Surgem então, algumas temáticas trabalhadas pelo autor que podem ser entendidas como práticas de liberdade, resistência ao poder e constituição do sujeito; tais como o cuidado de si, o papel do intelectual, a atitude crítica, a ética da amizade e a parrhesia. / Le but de ce travail est chercher la possibilité que, à partir de la conception de pouvoir chez Foucault - définie comme des relations stratégiques qui impliquent nécessairement en résistance et liberté - nous pouvons comprendre l'éthique comme l'acte d'interagir avec ces relations et, par la suite, avec la possibilité de se constituer soi même à travers de pratiques de liberté. Il y a quelques notions fondamentales en Foucault, pour être analysées. Le pouvoir n'est pas quelque chose qui subsiste, mais quelque chose qui est exercée; l'éthique est définie comme la "pratique réfléchie de la liberté", et le sujet est toujours historiquement constitué. Dans ce contexte, nous voyons Foucault, dans un premier moment, comme un auteur essentiellement préoccupé avec les sujétions que le pouvoir soumet les individus, pour en ensuite, apercevoir un auteur préoccupé avec l'interaction de ces individus, qui essaient se constituer eux mêmes, en questionnant le pouvoir dans ses effets de vérité et la vérité dans ses effets de pouvoir. Apparaît, alors, certaines questions élaborées par l'auteur qui peuvent être comprises comme des pratiques de liberté, de résistance au pouvoir et à la constitution du sujet; tel comme le soin de soi, le rôle de l'intellectuel, l'esprit critique, l'éthique de l'amitié et la parrhesia.
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A objetividade da proposição futura em Aristóteles, Crísipo e Diodoro Crono

Pacheco, Leandro Kingeski January 2005 (has links)
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. / Made available in DSpace on 2013-07-16T01:18:13Z (GMT). No. of bitstreams: 1 222887.pdf: 676111 bytes, checksum: 1dcfdbec73686dde67458df5599f9dff (MD5) / Esta dissertação trata da revisão do modo como se propôs a questão da proposição futura. A proposta aborda três interpretações clássicas sobre a proposição futura - de Aristóteles, Crísipo e de Diodoro Crono - a partir de uma respectiva e pertinente estrutura conceitual semântica, ontológica e lógica. Apresenta-se o conceito de objetividade da proposição futura como um eixo, um recurso metodológico, capaz de catalisar as caracterizações das teorias semânticas, ontológicas e lógicas. Tanto para a interpretação de Aristóteles, quanto para a interpretação de Crísipo e de Diodoro Crono sobre a proposição futura, evidenciam-se peculiaridades conceituais que excedem a formulação de Cícero e Epicteto sobre a proposição futura.
309

(Im)possibilidade de uma estética jurídico-política

Lopes, Luis Sergio de Oliveira January 1997 (has links)
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciencias Juridicas / Made available in DSpace on 2013-12-05T20:34:05Z (GMT). No. of bitstreams: 0 Previous issue date: 1997Bitstream added on 2016-01-08T22:28:09Z : No. of bitstreams: 1 109415.pdf: 5784080 bytes, checksum: 454f11b1fca5bd3621c8045a3d76d29c (MD5) / A ordem jurídico-política moderna foi conduzida, pela emergência do Estado-Cientista, ao esvaziamento de seu conteúdo. A partir do final dos anos cinqüenta, surgiram modelos teóricos expressando positivamente esse processo, tais como as teorias sistêmicas. Disso decorre a contingencialização das normas e a neutralização dos conflitos. Apresenta-se aqui um modelo estético que propõe, em última instância, através da estética dialética de ADORNO, a categorização do conflito. Considerou-se também as estéticas de KANT e HEGEL para a compreensão e análise da relação sujeito-objeto. A estética jurídico-política desvela a luta dos contrários, pretendendo expôr os rastros de uma nova racionalidade, onde a natureza alcance sua dignidade: a racionalidade sensível ou estética.
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Verdade e coragem

Ribeiro, Fernanda Santos Bastos January 2013 (has links)
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Florianópolis, 2013. / Made available in DSpace on 2013-12-05T22:49:36Z (GMT). No. of bitstreams: 1 318768.pdf: 789122 bytes, checksum: 005dccbdeb7a14fd71f9ef6d9c0a169a (MD5) Previous issue date: 2013 / O presente trabalho propõe-se a investigar a relação entre verdade e subjetividade ? o modo pelo qual o sujeito esculpe sua própria existência à medida que se obriga à verdade ?, entrelaçando as esferas da política e da ética nas últimas obras de Michel Foucault (1926 ? 1984), de 1982 a 1984. Esta relação assume a forma da parrhesía, noção de origem grega que designa a fala franca, o dizer-a-verdade. Os últimos cursos do Collège de France demonstram toda a efervescência do pensamento filosófico do último Foucault: neles se encontra a análise histórica da confissão no cristianismo primitivo, a elaboração dos conceitos de cuidado de si e de parrhesía no pensamento antigo, o comentário ao texto de Kant sobre o Iluminismo. Todas essas análises consentem que se desenvolva uma nova concepção de subjetividade, uma nova concepção de verdade e uma nova concepção de filosofia. Para ele, não interessa saber ?qual é a verdade?, mas como algo se institui como verdade numa dada época; construída mediante práticas analisáveis historicamente, existente em todas as culturas. Mas também pensada como efeito dos mecanismos de poder que incidem sobre a ?alma? do sujeito. Será nas práticas ascéticas da Antiguidade greco-romana que Foucault encontrará respostas para a constituição de uma subjetividade não normativizada como prática libertadora mediante a busca de novas formas do dizer-verdadeiro. Vê-se surgir uma nova possibilidade de pensar a ética sob o prisma da estética da existência, entendida como a forma que se pode dar à própria vida por meio da relação do sujeito com a verdade, sendo Sócrates e os cínicos as principais referências desta constituição ético-ascética do sujeito.<br> / Abstract : The present study aims to investigate the relationship between truth and subjectivity - the way the subject carves his own existence as obligating himself to the truth - interlacing the spheres of politics and ethics in latest works of Michel Foucault (1926 - 1984), from 1982 to 1984. This relationship takes the form of parrhesía, the Greek's origin notion that means the frank speech or the telling-the-truth. The last courses at the Collège de France show all philosophical ebullience of the late Foucault: therein lies the historical analysis of confession in primitive Christianity, the development of the concepts of self care and parrhesía in ancient thought, the comment on the Kant's text about Enlightenment. All these analysis allow the development of a new subjectivity conception, a new conception of truth and a new conception of philosophy. For him, it doesn't matter to know "what is the truth", but how something is established as true at a given time; built upon historically analyzable practices, existing in all cultures. But this truth also thought as an effect of power mechanisms that fall upon the "soul" of the subject. It will be in the ascetic practices of Greco-Roman antiquity that Foucault will find answers for the constitution of a non standardized subjectivity as a realeasing practice by seeking new ways of telling the true. It arises a new possibility of thinking about ethics from the perspective of the existence aesthetics, understood as the shape life may take through the subject's relation with the truth, being Socrates and the Cynics the main references of this ethical-ascetic constitution of the subject.

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