• Refine Query
  • Source
  • Publication year
  • to
  • Language
  • 200
  • 2
  • 2
  • 2
  • 2
  • 2
  • 1
  • Tagged with
  • 203
  • 108
  • 43
  • 39
  • 34
  • 31
  • 30
  • 29
  • 23
  • 19
  • 17
  • 15
  • 15
  • 15
  • 15
  • About
  • The Global ETD Search service is a free service for researchers to find electronic theses and dissertations. This service is provided by the Networked Digital Library of Theses and Dissertations.
    Our metadata is collected from universities around the world. If you manage a university/consortium/country archive and want to be added, details can be found on the NDLTD website.
181

Do conformismo à contestação : uma análise discursiva dos enunciados de Quino na construção de Toda Mafalda

Silva, Jéssica Vieira da 04 October 2013 (has links)
Las historias de cómics hacen parte de la vida de los niños, jóvenes y adultos de todo el mundo. Sin embargo, es en el período posterior a la Guerra Fría que ese género del discurso aporta a la sociedad la imagen de héroe/anti héroe en una oportunidad de reflejar acerca de la realidad actual. Por lo tanto, características tales como la ironía, la irreverencia y la intencionalidad son producidas a partir de las palabras enunciadas por los personajes infantiles, creados como referencias de las contestaciones, entre los cuales surge la figura de mayor relevancia en América Latina: Mafalda. Creada en 1964, por el dibujante argentino Quino, en medio a una Argentina marcada por la pobreza, las desigualdades sociales, los regímenes políticos autoritarios y el conformismo, los enunciados de la ´pequeña infante´ están presentes aún hoy, en los libros didácticos, en los medios de comunicación e, incluso, en la representación de categorías sociales. Para que el lector produzca significado a partir de estos enunciados, es necesario ir más allá de la materialidad lingüística. Es a partir de este gesto que intentamos hacer una lectura de las tiras de Quino en Toda Mafalda, observando el proceso de la enunciación, para destacar, entre otros temas, las relaciones de la intersubjetividad y la alteridad presentes en el diálogo entre el autor y su lector. Como un aporte teórico, utilizamos principalmente los postulados de Bakhtin (2000) y de Maingueneau (2002). Para nortear esta análisis, hemos elaborado algunas preguntas, a saber: ¿Qué quiere decir Quino? ¿A quién se dice? ¿Qué relaciones sus enunciados establecen con los enunciados de sus personajes y de su lector? ¿Por qué leer Quino de 1960 es tan actual? Esas cuestiones son respondidas en los tres capítulos de esto trabajo, cuya orientación metodológica se caracteriza como cualitativa, lo que exige una nota más profunda, subjetiva (DIAS, s/d)con el fin de establecer la relación entre la teoría y la práctica. Esta subjetividad es considerada sobre todo en lo que dice respecto a la elección de las tiras: elegidas tanto para ejemplificar los personajes / As Histórias em Quadrinhos fazem parte da vida de crianças, jovens e adultos em todo o mundo. Entretanto, é no período pós Guerra Fria que esse gênero do discurso traz à sociedade a figura do herói/anti-herói, numa possibilidade de reflexão acerca da realidade vigente. Para tanto, recursos como ironia, irreverência e intencionalidade são produzidos a partir dos enunciados de personagens infantis, criados como referências de contestações, dentre os quais surge a figura de maior relevância na América Latina: a Mafalda. Criada em 1964, pelo cartunista argentino Quino, em meio a uma Argentina marcada pela pobreza, pelas desigualdades sociais, pelo regime político autoritário e pelo conformismo, os enunciados da pequena infante se fazem presentes, ainda hoje, nos livros didáticos, nos veículos de comunicação e até mesmo na representação de categorias socais. Para o leitor produzir sentido a partir desses enunciados, é preciso ir além da materialidade linguística. É a partir desse gesto que tentamos proceder a uma leitura das tiras de Quino em Toda Mafalda, observando o seu processo de enunciação, para destacarmos, dentre outras questões, as relações de intersubjetividade e alteridade presentes no diálogo entre o autor e seu leitor. Como aporte teórico, utilizamos, principalmente, os postulados de Bakhtin (2000) e de Maingueneau (2002). Para nortearmos esta análise, elaboramos algumas questões norteadoras, a saber: O que quer dizer Quino?Para quem ele enuncia? Que relação seus enunciados estabelecem com os enunciados de seus personagens e do seu leitor? Por que ler Quino da década de 1960 é tão atual?Esses questionamentos são respondidos ao longo dos três capítulos deste trabalho, cuja orientação metodológica se caracteriza como qualitativa, a qual demanda uma observação mais profunda, subjetiva (DIAS, s/d) no sentido de estabelecermos as relações entre teoria e prática. Tal subjetividade é levada em conta, principalmente, no que se refere às escolhas das tiras: ora para exemplificarem os personagens (enunciadores) criados por Quino, ora para ilustrarem as teorias com as quais trabalhamos.
182

Em busca de uma porta de saída: os destinos da solidariedade, da cooperação e do cuidado com a vida na porta de entrada de um hospital de emergência / Searching for a solution: the destinies of solidarity, cooperation and life care in the entrance of an emergency hospital

Marilene de Castilho Sá 05 August 2005 (has links)
A presente investigação tem por objetivo analisar, a partir da Porta de Entrada de um hospital de emergência, os limites e possibilidades, definidos pelos processos intersubjetivos e inconscientes presentes nos serviços de saúde, para o exercício da solidariedade, para o desenvolvimento da cooperação e para a produção do cuidado com a vida. Elegeu-se como estudo de caso um hospital geral com emergência, da rede pública de serviços de saúde do Município do Rio de Janeiro, que possui um projeto de humanização de sua Porta de Entrada. Os hospitais de emergência constituem espaço privilegiado de manifestação dos intensos processos de exclusão, violência social, e brutal banalização do sofrimento alheio, especialmente de indiferença em relação aos desfavorecidos, que marcam a nossa sociedade. Portas abertas 24 horas por dia, sofrem os efeitos perversos da omissão do Estado com relação aos problemas sociais, do desinvestimento no sistema público de saúde e de sua crise de governabilidade. Reconhecendo a insuficiência dos referenciais teóricos do campo do Planejamento e Gestão em Saúde para a compreensão e intervenção neste quadro, o estudo se apóia centralmente na abordagem da Psicossociologia francesa sobre as organizações, na leitura psicanalítica sobre a problemática do laço social e das formas de subjetivação na atualidade, e na Psicodinâmica do Trabalho, para focalizar o imaginário organizacional e os processos cotidianos de trabalho no hospital, explorando suas conseqüências sobre os destinos da solidariedade, da cooperação e do cuidado. A despeito da precariedade de suas condições de funcionamento, demonstra-se a importância do imaginário de potência, proteção e segurança, paradoxalmente construído sobre o hospital, e a função de tranqüilização psíquica que exerce entre os funcionários. A análise das concepções sobre o Projeto Porta de Entrada revela a tensão entre seus componentes racionalizador e humanitário. A observação do processo de trabalho na Porta de Entrada do hospital demonstra que a enormidade da demanda em muito extrapola o que se consideram problemas de saúde, stricto sensu, tratando-se de uma demanda por sentido e por amparo, num quadro de intensa fragilização da sociedade. Em contraposição, a "carência" é utilizada pelos profissionais como uma categoria encobridora da diversidade da demanda, num processo de múltiplas reduções, que vai da negação do sofrimento social à negação da condição de humanidade dos pacientes. Por sua vez, o trabalho na Porta de Entrada da Emergência representa muitas fontes de sofrimento psíquico para os trabalhadores, como o dilema entre atender as urgências, em caráter estrito, e aliviar outros sofrimentos da população; a pressão para trabalhar mal; o risco de não identificar os casos de risco de vida; o lidar com a violência; e o não reconhecimento do bom trabalho, entre outras. Muitas estratégias de defesa utilizadas contra o sofrimento corroem, aliadas a outros fatores, os espaços para a solidariedade, a cooperação e o cuidado com a vida. Outras, no entanto, indicam que algum grau de ilusão e idealização com relação ao trabalho ainda subsiste e, junto com a busca por reconhecimento, podem abrir algumas brechas para a transformação do cotidiano dos serviços de saúde. / This work is aimed at analyzing, considering the entrance in an emergency hospital, the limits and possibilities defined by the intersubjective and unconscious processes present in health care services for solidarity, cooperation development and life care production. A public general hospital, with emergency room and a project of humanization of its entrance, was selected in Rio de Janeiro municipality, as the case study. The emergency hospitals represent a privileged space for manifestation of intense exclusion processes, social violence, brutal vulgarization of others’ suffering, and, especially, indifference in relation to the disadvantaged people, typical in our society. With the doors opened 24-hour per day, those hospitals are affected by the perverse omission of the Government with regard to social problems, the disinvesting process in the public health system, and its governability crisis. Recognizing the lack of theoretical references in the Health Planning and Management field to understand and intervene on this reality, the study is centrally based on the French Psycho sociology approach about organizations, on the Psychoanalysis interpretation of social relations and current subjectification manners, and on the Work Psychodynamics, in order to focus the organizational imaginary and the routine processes in the hospital work, exploring their consequences on the destinies of solidarity, cooperation and care. In spite of the precarious of the hospital functioning conditions, the importance of its paradoxically built imaginary of powerfulness, protection and safety, is demonstrated. The analysis of conceptions about the Entrance Door Project reveals the tension between its rationalizing and humanitarian components. The observation of the work process in the hospital entrance shows that the enormous demand extrapolates substantively what is considered as in the scope of health problems, stricto sensu, including needs for more general care and expressing the fragility of society. In opposition, the "need" is used by health professionals as a category that conceals the diversity of demand, in a process of multiple reductions, ranging from the negation of social suffering to the negation of human condition of the patients. On the other hand, the work on an emergency entrance represents many sources of psychic suffering for the health workers, such as the dilemma of attending urgent cases, in a strict sense, and alleviating other sufferings of the population; the pressure for bad work; the risk of not identifying the cases of life risk; the need of dealing with violence; and the absence of recognition for a good work, among others. Many strategies of defense against suffering consume, allied to other factors, the spaces for solidarity, cooperation and life care. Other strategies, however, point out that some degree of illusion and idealization in relation to work still persists, and, put together with the search for recognition, may open some ways for the transformation of the health services routine.
183

[en] INTERSUBJECTIVITY IN THE EARLY MOTHER-BABY RELATIONSHIP / [pt] A INTERSUBJETIVIDADE NOS PRIMÓRDIOS DA RELAÇÃO MÃE-BEBÊ

MARIANA GOMEZ 06 February 2017 (has links)
[pt] Este trabalho se propõe a desenvolver uma reflexão sobre o processo de intersubjetividade que se inicia desde os primórdios da relação mãe-bebê. Nosso enfoque visa o estudo da questão da interação entre o eu e o outro em um momento em que o outro se encontra em uma posição fronteiriça, na qual, ao mesmo tempo em que é espelho, semelhante, ainda se mantém outro. Utilizando como base principal a teoria psicanalítica de Winnicott, abordamos o processo de subjetivação ressaltando sua dimensão intersubjetiva criada mutuamente pelo par mãe-bebê. Dessa forma, tanto a constituição psíquica do bebê quanto o tornar-se mãe de um bebê específico, são considerados processos construídos a partir do diálogo não verbal, que se estabelece entre a mãe e o recém-nascido na experiência paradoxal de estar-em-um e estar separado. / [en] This work proposes to develop a reflection about the process of intersubjectivity that begins during the initial relationship between a mother and her baby. Our approach seeks to study the interaction between the Self and the Other at a moment in which the Other finds itself in a conflicting position, in which at the same time it mirrors and is similar while still remains the Other. Using as a principal base the psychoanalytical theory of Winnicott, we approach the process of subjectivation highlighting its intersubjective dimension mutually created by the mother-child pair. In this manner, the psychological development of the baby as well as the becoming a mother of a specific baby are considered processes built through a non-verbal dialogue which is established between the mother and the newborn in the paradoxical experience of being one and being separate.
184

L'adolescence et la problématique de la séparation : de l'espace familial à l'espace social / Adolescence and the question of separation : from family space to social space / A adolescência e a problemática da separação : do espaço familiar ao espaço social

Fernandes, Elisangela Barboza 02 August 2016 (has links)
L'adolescence impose de nouvelles exigences à la famille qui connaît alors l'angoisse de l'effacement de ses frontières - frontières qui séparent le « nous » des « autres » et celles qui scindent les générations qui se succèdent. L'intense processus d'affiliation de l'adolescent/e à d'autres groupes menace les pactes et alliances garants du maintien du groupe familial. La capacité contenante de la famille est fortement requise pour que celle-ci soit à même d'accueillir les transformations vécues par l'adolescent/e. Il incombe à ce dernier / cette dernière de reconsidérer la séparation entre soi et les objets primaires, entre le Moi et l'autre, exigence rendue manifeste par son investissement vers l'extérieur. Aussi, l'adolescent/e doit se trouver une place au sein de liens externes, hors de sa famille. La présente recherche vise à analyser la manière dont la problématique de la séparation chez l'adolescent/e se répercute sur le plan des liens familiaux et sur sa relation avec ses espaces de vie (domicile, communauté). Née des interrogations de l'auteure, au fil de son travail auprès d'adolescents en situation de précarité sociale, cette étude soutient l'hypothèse que la problématique de la séparation chez ces adolescents revêt une coloration toute particulière du fait de la « découverte », par ces derniers, du piètre positionnement de leur famille et de leur groupe dans la société. Pour mener à bien cette recherche, ont été réalisées huit séances - ou rencontres - en groupe (composé de onze adolescents âgés de 15 à 17 ans), conduites sur la base du référentiel de groupe opératif de Pichon-Rivière. En accord avec la conception psychanalytique du sujet en tant que « sujet du lien», l'analyse s'appuie sur certaines notions fondamentales telles que celles d' « alliances inconscientes » et de « narcissisme groupal ». Les adolescents ont fait montre d'un grand travail d'élaboration psychique autour de la question du dedans familial et du dehors, parallèle à leur mouvement vers l'extérieur. Leurs propos ont indiqué que, pour leur famille, l'extérieur faisait figure de menace à l'encontre des pactes établis, menace notamment incarnée par la sexualité et par le risque de voir « leur » adolescent/e prendre part à la violence présente au sein de la communauté. Pour leur part, ces adolescents ont révélé à la fois l'expectative d'y obtenir du plaisir - à savoir celui de connaître et de vivre les aspects de leur être intime, aberrants à l'intérieur du groupe primaire - et de la crainte quant à ce nouveau lieu social à occuper. L'extérieur est également apparu comme un espace de différence et d'expérience d'humiliation sociale, vécue par les adolescents, porteurs des marques de leur groupe et de leur communauté. Au travers d'un mouvement inconscient d'opposition à ces marques sociales avilissantes, les adolescents ont en réalité renforcé les marques identificatoires de leur appartenance à la communauté, mettant en lumière la fonction de cette dernière, celle d'espace de contenance. En conclusion, ces adolescents ont été rencontrés à mi-parcours, à la fois en voie de s'assurer une place dans leur communauté - en tant qu'héritière du lien et de l'identification familiale - et de se projeter vers l'extérieur, comme pour se « dégager » du lien familial et se reconstituer. / Adolescence imposes new requirements on the family who then lives in dread of seeing its boundaries blurred and rubbed out - its boundaries between us and the others as well as those framing its different generations. The adolescent's intense process of affiliation to other groups threatens the agreements and alliances made to hold the family group together. The family's containing function is then absolutely necessary to deal with the adolescent's transformations. The adolescent needs to reconsider the separation between himself/herself and primary objects, between his/her Self and the other - that need being clearly expressed through his/her outward investment, commitment. He/She needs to find himself/herself a place to be and behave out of the family structure. This research is aimed at analyzing how the question of separation for adolescents impacts their family links, connections and relationship with their living places (home, community). Resulting from its author's questions and observations raised while working with teenagers in precarious living conditions, this study supports the hypothesis that the question of separation is experienced differently by those who have "realized" that their families and groups are - socially speaking - badly considered. From this perspective, eight group sessions (made up of eleven 15- to 17-year-old adolescents) were conducted according to Pichon-Rivière's operative group framework. In accordance with the psychoanalytic concept of the subject as the "subject of the link", this analysis is based on certain essential notions such as the ones of "unconscious alliance/s" and "collective (or group) narcissism". The interviewed adolescents showed a real effort to reflect on the question of the family's inside and outside - that question being parallel to their outward movement. They expressed that their families viewed the outside as a threat to their established alliances, a threat notably embodied by sexuality and by the risk of seeing "their" adolescent take part in the surrounding community's violence. Regarding their own opinion of the outside, those adolescents revealed both their expectation of experiencing pleasure - that is the pleasure of getting to know and to experience their intimate, inner aspects, unconceivable within their primary group - and the fear of occupying a new social place. The family's outside also turned out to be considered as a space of difference and social humiliation experienced by those teenagers bearing their group's and community's marks. Though through an unconscious movement of opposition to those derogatory marks, the adolescents actually reinforced their community's identificatory traits, thus highlighting the function of the latter, that is to be a containing space. In conclusion, those adolescents were met "half way", both on their way to ensure themselves a place in their community - which inherits the link and family identification - and to project themselves outwards, as if to "get loose" from the family connection and reconstitute themselves. / A adolescência impõe novas exigências à família, que vivencia a angústia do esmaecimento de suas fronteiras - daquelas que separam o "nós" dos "outros", mas também das fronteiras no suceder das gerações. O intenso processo de afiliação do adolescente a outros grupos ameaça os pactos e alianças que garantiram a manutenção do grupo familiar. A capacidade de continência da família é fortemente requisitada, para que ela possa dar conta de acolher as transformações vivenciadas pelo adolescente. Cabe a ele/ela rever a separação entre si mesmo e os objetos primários, entre o eu e o outro, exigência que se efetiva pelo investimento no exterior. Deve, então, encontrar um lugar nos vínculos externos à família. Esta pesquisa buscou analisar como a problemática da separação do adolescente repercute no plano dos vínculos familiares e na relação com os espaços onde vive (casa, comunidade). Surgido das inquietações da autora em seu trabalho com adolescentes em situação de precariedade social, esse estudo sustenta a hipótese de que a problemática da separação desses adolescentes ganha contornos particulares relacionados à "descoberta" de que suas famílias e seu grupo social ocupam um lugar depreciado na representação social. Para condução da pesquisa foram realizadas oito sessões em grupo (formado por onze adolescentes, entre 15 e 17 anos), conduzidas com base na técnica de grupo operativo de Pichon-Rivière. De acordo com a concepção psicanalítica do sujeito como "sujeito do vínculo", a análise foi norteada pela consideração de algumas noções fundamentais, tais como "alianças inconscientes" e "narcisismo grupal". Os adolescentes revelaram um intenso trabalho psíquico de elaboração em torno da questão do dentro e do fora da família, simultâneo a seu movimento em direção ao exterior. As suas falas indicaram que para a família o exterior figurava como uma ameaça aos pactos estabelecidos, representada pela sexualidade, em especial, e pelo risco de que o adolescente se envolvesse na violência presente na comunidade. Os adolescentes, por sua vez, revelaram a expectativa de obtenção de prazer no exterior - de viverem os aspectos de seu íntimo, que não cabem no interior do grupo primário - e, ao mesmo tempo, o receio quanto a um novo lugar social a ocupar. O exterior surgiu, também, como espaço de diferença e de experiência de humilhação social, vivenciada pelos adolescentes como portadores das marcas do estigma ligado a seu grupo e a sua comunidade. Em um movimento inconsciente de oposição às marcas sociais de rebaixamento, os marcos identificatórios de pertencimento dos adolescentes à comunidade foram fortalecidos, destacando-se o papel desta como espaço de continência. Concluímos que os adolescentes encontravam-se no caminho entre assegurarem seu lugar na comunidade - como herdeira do vínculo e da identificação com a família - e se projetarem para o exterior, como expressão da tentativa de "desprenderem-se" do vínculo familiar e re-criarem-se.
185

[pt] A CLÍNICA DOS SOFRIMENTOS NARCÍSICO-IDENTITÁRIOS: ALGUMAS IMPLICAÇÕES SOBRE O TRABALHO DO ANALISTA / [en] THE CLINIC OF NARCISSISTIC-IDENTITY DISORDER: SOME IMPLICATIONS OF THE ANALYST S ROLE

NATÁLIA DE OLIVEIRA DE PAULA CIDADE 08 September 2016 (has links)
[pt] A finalidade do presente trabalho é a de refletir acerca das mudanças no lugar do analista – e de uma possível complexificação de seu trabalho psíquico – advindas a partir do encontro com a clínica dos sofrimentos narcísico-identitários. Tais pacientes trazem para o campo analítico um tempo anterior à aquisição da linguagem verbal, fazendo com que o analista volte sua escuta para discursos que englobam a totalidade do corpo e incluem ainda o afeto, instaurando novas possibilidades de comunicação. Dentro desta especificidade da clínica, é importante ressaltar a relevância que o objeto e a qualidade da sua resposta ganham, tanto na história pregressa do sujeito quanto na relação analítica, para que os processos de simbolização se desenvolvam e/ou retomem seus rumos. O lugar a ser ocupado pelo analista passa a ter um caráter mais ativo e atento às mensagens em potencial emanadas por outras vias – corpo e afeto. Essa extensão dos dispositivos analíticos abre caminho para pensar a intersubjetividade como momento instaurador da subjetividade, destacando sua importância na clínica, uma vez que esse processo passa necessariamente por um momento essencial de relação com um outro fundamental, que deve auxiliar no reconhecimento de si e no processo de subjetivação. / [en] The aim of this dissertation is to analyze the changes that take place within the analytic setting – and a possible complexification of the analyst s psychic work – when the analysis refers to a narcissistic-identity disorder. These clinical cases confront the analyst with the need to broaden his listening skills to recognize non-verbal communication (body and affect) as messages coming from an ancient time before language acquisition. Considering this form of communication as a specificity of this type of clinical encounter, it is important to highlight the great significance of the object and the quality of his responses in the subject s past history as well as within the analytical relationship to facilitate the development of the symbolization processes and/or to let them resume their course. The analyst plays a more active role within the analytic relationship, being aware of the potential messages originating from other sources – body and affects. The expansion of the analytic method opens the possibility of defining intersubjectivity as a key moment for the construction of the subjectivity. In other words, the process of subjectivation depends on the quality of the relationship established with a fundamental other and it is of utmost importance to recognize its clinical value.
186

[en] EDITH STEIN: FAITH AND SOCIAL TRANSFORMATION IN THE WORK THE SCIENCE OF THE CROSS / [pt] EDITH STEIN: FÉ E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL NA OBRA A CIÊNCIA DA CRUZ

LUIS CARLOS DE CARVALHO SILVA 12 May 2021 (has links)
[pt] Visando ser uma pequena contribuição num campo ainda não explorado, esta tese aborda o aspecto da fé como elemento propulsor do ser humano para a transformação social na obra mística de Edith Stein: A Ciência da Cruz. Este tema é instigante em virtude de seus desdobramentos em várias áreas do saber como a política, religião, pedagogia, sociologia e direito. Edith Stein, ao escrever sobre a vida e obra de São João da Cruz, oferece os elementos da mística, tendo na fé a fonte transformadora da realidade social que ilumina a noite escura da vida. Nas entrelinhas da obra, Stein apresenta a sua concepção da pessoa humana e a missão que esta tem na sociedade. De forma metafórica a autora contempla em João da Cruz o drama existencial que ela mesma estava vivendo no embate com o nazismo e na busca pela união nupcial com Deus. / [en] In order to be a small contribution in a still no explored realm, this thesis addresses the aspect of faith as a driving force of the human being for social transformation in the mystic Edith Stein s work aspect: The Science of the Cross. This theme is riveting by virtue of in various realms of knowledge like the politics, religion, pedagogy, sociology and law. Edith Stein, when writing about the São João da Cruz s life and work, offer the mystic s elements, taking the faith as the social reality transformer font which lights the life dark night. Between the lines of the book, Stein shows his conceptions of the human person and the his mission in the society. Metaphorically, the author contemplates in João da Cruz the existential drama that she was living in the struggle against the nazism and in the search of the nuptial union with God.
187

[pt] A DIMENSÃO ARCAICA DAS AUTOMUTILAÇÕES: DESCONTINUIDADES NOS PRIMÓRDIOS DA VIDA / [fr] LA DIMENSION ARCHAIQUE DES AUTOMUTILATIONS: DISCONTINUITÉS À L AUBE DE LA VIE

NATÁLIA DE OLIVEIRA DE PAULA CIDADE 22 May 2020 (has links)
[pt] A finalidade desta tese é a de refletir acerca da dimensão arcaica das automutilações e suas repercussões na clínica psicanalítica a partir do estudo da constituição psíquica e dos processos de diferenciação eu/não-eu, próprios ao início da vida. Trata-se de um fenômeno complexo composto por uma série de condutas diferenciadas que tem em comum infligir danos à própria pele, trazendo o corpo para a frente da cena. O ataque ao corpo realizado nos atos automutilatórios aponta para um sofrimento que não pode ser colocado em palavras e através do qual o sujeito encontra outras vias de expressão e de descarga daquilo que o faz sofrer, denunciando conteúdos e vivências que ultrapassam o universo das representações psíquicas e da linguagem verbal. Em nossa análise, priorizamos nos aprofundar nos processos de constituição subjetiva, chamando atenção para sua dimensão arcaica, que diz respeito a problemáticas narcísicas do início da vida, de construção do eu-corporal, dos primeiros encontros intersubjetivos e dos processos de diferenciação que marcam os limites entre sujeito e objeto. Nossa hipótese se constrói em torno do entendimento de que, quando os primórdios da vida são marcados majoritariamente por desencontros e desarmonias, haverá consequências severas nos processos de subjetivação do bebê, refletindo na problemática da automutilação. Sustentamos que o recurso ao corpo e ao sensorial na automutilação aponta para uma tentativa de contenção do eu em momentos nos quais o sujeito sente que pode haver o risco da perda da integridade narcísica. Nessa direção, as automutilações representam uma via atual através da qual experiências precoces, da ordem do arcaico, se apresentariam. A dimensão arcaica proposta na tese tem como referência elementos dos primórdios sensoriais que ultrapassam a memória dos acontecimentos cronológicos, permanecendo ativos no presente e no atual, nas formas de se relacionar com os outros sujeitos. / [fr] L objectif de cette thèse est de réfléchir à la dimension archaïque des automutilations et ses répercussions sur la clinique psychanalytique ayant comme point de départ la constitution psychique et les processus de différenciation moi/non moi, propres au début de la vie. Les automutilations constituent un phénomène complexe composé d une série de conduites différenciées, qui ont en commun le fait d infliger du mal à sa propre peau, soulignant l importance du corps. L attaque du corps effectuée dans les actes d automutilation pointe une souffrance qui ne peut pas être mise en mots et à travers laquelle le sujet trouve d autres voies d expression et de décharge de ce qui le fait souffrir. Ces actes dénoncent des contenus et des expériences qui dépassent les représentations psychiques et qui vont au-delà du langage verbal. Dans notre analyse, nous priorisons l approfondissement des processus de constitution subjectifs, attirant l attention sur sa dimension archaïque. Cette dimension concerne les problématiques narcissiques du début de la vie, la construction du moi-corps, les premières rencontres intersubjectives et les processus de différenciation qui marquent les limites entre sujet et objet. Notre hypothèse se construit autour de la compréhension selon laquelle, lorsque les débuts de la vie sont marqués principalement par des discontinuités et des désharmonies, il y aura de graves conséquences sur les processus de subjectivation du bébé, ce que reflète la problématique de l automutilation. Nous soutenons que le recours au corps et au sensoriel dans l automutilation indique une tentative de contenir le moi dans les moments où le sujet sent qu il peut y avoir un risque de perte d intégrité narcissique. En ce sens, l automutilation représente une voie actuelle à travers laquelle des expériences précoces, du champ de l archaïque, se présenteraient. La dimension archaïque proposée dans la thèse a comme référence des éléments des débuts sensoriels, qui dépassent la mémoire des événements chronologiques et qui restent bel et bien actifs dans le présent et dans l actuel, dans les relations avec d autres sujets.
188

[pt] PREOCUPAÇÃO MATERNA PRIMÁRIA: CONDIÇÕES DE INSTAURAÇÃO E SEUS DESAFIOS NA ATUALIDADE / [en] PRIMARY MATERNAL PREOCCUPATION: CONDITIONS OF INSTAURATION AND THEIRS CHALLENGES IN ACTUALITY

NATALIA DE TONI GUIMARAES DOS SANTOS 18 February 2022 (has links)
[pt] Ser mãe é atributo universal dos indivíduos femininos da espécie humana, mas a concepção de função materna e do lugar da mãe é constantemente influenciada pelo contexto sociocultural. Assistimos, na atualidade, a uma multiplicidade de destinos femininos possíveis e observamos que novos desafios são lançados à maternidade e, mais especificamente à configuração da preocupação materna primária. Este conceito clássico de Donald Winnicott é definido como um estado materno que tem início no final da gestação e perdura nos primeiros tempos de vida da criança, promovendo a profunda identificação da mãe com o seu bebê, de forma a capacitá-la a atender às suas necessidades básicas. A mulher vive, nesse estado, ao mesmo tempo e paradoxalmente, um ancoramento em si mesma, no infantil que retorna no processo de se tornar mãe, e um silenciamento da subjetividade materna em prol da comunicação proto-simbólica e intersubjetiva com a criança. Nossa proposta nesse trabalho, então, é investigar a experiência feminina no percurso da maternidade e, mais especificamente, analisar como se dá a construção da preocupação materna primária, isto é, quais são as condições para sua instauração bem como os desafios que se apresentam a ela no contexto contemporâneo. A partir de nossa pesquisa de campo longitudinal com mulheres cariocas, de classe média, em idade produtiva e reprodutiva, apontamos para o surgimento de novas nuances no estado de preocupação materna primária, com destaque para a maior expectativa materna com relação à participação do pai nos cuidados com o bebê. Neste campo da construção da maternidade a ética do cuidado se apresenta como elemento central, uma vez que, mais do que o condicionamento biológico da mulher à tarefa materna, o campo do desejo e do simbólico se mostram determinantes nessa empreitada. / [en] Being a mother is not an universal attribute of the female individuals of the human species, but the conception of mother s function and mother s place are constantly influenced by the socio-cultural context. We are nowadays witnessing a multiplicity of female destinies and it is witnessed that new challenges are being introduced to motherhood, more specifically to the configuration of the primary maternal preoccupation. This classic concept of Donald Winnicott is defined as a maternal state that begins at the end of gestation and lasts throughout the early life of the child, promoting a deep identification from the mother with her baby, in order to enable her to attend to her basic needs. In this state, the woman lives, at the same time and paradoxically, an anchoring in herself, in the infant that returns to her from the process of becoming a mother, as well as a maternal subjectivity silencing in favor of the proto-symbolic and intersubjective communication with the child. Our proposal in this work, then, is to investigate the female experience on the path to maternity, and more specifically, to analyze how it occurs the construction of the primary maternal preoccupation, that is, what conditions for its establishment are, as well as the challenges it shows in the contemporary context. Based on our longitudinal field research with middle-class women of productive and reproductive age in Rio, we point to the emergence of new nuances in the state of primary maternal preoccupation, featured the higher maternal expectation regarding the father s participation in the caring for baby. In this field of maternity construction, the care ethics is a central element, once rather than the biological conditioning of women in the subject matter, the desire and symbolic fields are shown as determinants in this endeavor.
189

[en] THE SACRAMENTAL STRUCTURE OF SALVIFIC HYSTORY: COMPARATIVE STUDY OF EDWARD SCHILLEBBECKX AND LUIGI GIUSSANI / [pt] A ESTRUTURA SACRAMENTAL DA HISTÓRIA SALVÍFICA: ESTUDO COMPARADO DE EDWARD SCHILLEBBECKX E DE LUIGI GIUSSANI

PAULO ALVES ROMAO 19 March 2013 (has links)
[pt] Esta tese elabora as visões teológico-sacramentais desses autores, colocando em relevo elementos centrais da sacramentalidade da Revelação e da Fé. Em tais visões, colocamos em realce que a sacramentalidade da história salvífica alcança a sua plena expressão na pessoa de Jesus Cristo, porque por meio dEle nos é manifestada a totalidade do Ser de Deus. Com a Revelação Deus entra em diálogo pessoal com o ser humano na história. Esse diálogo conhece seu cume e expressão definitiva em Cristo, graças à sua humanidade. No centro da história da revelaçãosalvação está o homem Jesus, que atua de forma verdadeiramente humana e histórica. O modo de revelar introduzido por Jesus é insuperável e, por conseguinte, normativo. Mas com a Sua morte, ressurreição e ascensão aos céus, não é mais possível encontrá-lo de forma física, corporal, ou seja, sacramental. Por isso ele fundou sua Igreja, sacramento da sua presença: de fato, a sacramentalidade da Igreja lança uma ponte sobre o afastamento ou desproporção que existe entre o Cristo celeste e a humanidade não glorificada, e torna possível o encontro humano recíproco entre Cristo e a humanidade, após a Sua ascensão. Isto porque a Igreja, plasmada no mistério pascal, recebe o sopro do Espírito no Pentecostes e, com isso, adquire estatura para a qual foi criada, podendo, assim, assumir a missão a ela destinada: tornar presente o mistério do Filho de Deus feito homem e convocar todos os homens para entrar na forma última e definitiva de communio-comunidade com Deus e entre si. / [en] The theme develops the theological-sacramental views of both authors putting the accent on central elements of the sacramentality of Revelation and Faith. It emphasizes that the sacramentality of Savific History reaches it’s plenty expression in the person of Jesus Christ, for trough Him the totality of God’s being is us revealed. In the Revelation God enters in a personal dialog with the human being, in the history. This dialog finds it’s higher point and it’s definitive expression in Christ, due to His humanity. In the center of the history of salvation- Revelation in the man Jesus, who acts in a truly human and historic way. The way of acting Revelation introduced by Jesus is insuperable, and therefore, normative. But, with His death, resurrection and ascension in Heaven, it’s no longer possible to find him in a physical, corporal, in other words sacramental form. Therefore he had grounded His church, sacrament of His presence: in fact, the sacramenatlity of the church builds a bridge over the separation or disproportion that exists between the heavenly Christ and the not glorified Humanity, and makes it possible the reciprocal human encounter between Christ and the humanity after. The Church is shaped in the Paschal Mystery, it receives the blow of the Spirit in Pentecost and so it obtains the stature for which it was created and can finally assume the mission it was destined for: making present the mystery of the Son of God made man and inviting every man to enter in the last and definitive form of communiocommunity with God and one another.
190

A intersubjetividade em sentenças judiciais

Frêitas, Ariádne Castilho de 17 December 2008 (has links)
Made available in DSpace on 2016-04-28T18:23:57Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Ariadne Castilho de Freitas.pdf: 21061587 bytes, checksum: 4b9b569f4a8829b75ec40066b9876eb2 (MD5) Previous issue date: 2008-12-17 / Universidade de Taubaté / This work is part of the research field Language and Work, and was based on six civil judicial sentences generated by first degree law judges in the state of São Paulo, between 2002 and 2006. This thesis intended to contribute as a way of enhancing the linguistics-enunciativediscursive knowledge of the judicial sentence, one of the tools of the magistrate. Moreover, it aimed to a) investigate the prescriptions for the sentence genre and whether or not the magistrate approaches or keeps away from them, resulting in stable or unstable structures; b) identify the linguistic-argumentative strategies used by the judge as a means of building his discourse; c) perceive how the judge inserts himself as a speaker and how the other is established, as well as it investigated who he(they) is(are); d) to analyze the voices/discourses in the sentences and how they can aid to build meaning. The hypothesis was that the sentences have coercions guaranteeing their stability. However, they presented non expected variations, for example, the outstanding presence of the other. In relation to the conflict between regularities and irregularities, it could be stated that the judge is the author of a discourse marked by intersubjectiveness, which contains different voices so as to convince the interlocutors that the decisions of the judge are valid. The methodology was based on the dialogic discourse analysis/theory, and some of its main concepts showed are the enunciation, dialogism, author-authorship, the discourse of the other, the language s plurality and the discourse genre from Bakhtin and his Circle. The works of Benveniste concerning enunciation and intersubjetiveness were relevant for this research. Some concepts about the Judiciary were researched in Law, and the conceptions of rhetoric and argumentation, based on Aristotle, Perelman and Ferraz Junior were searched in Philosophy. The results of the analysis demonstrated that the judicial sentence has coercions regulated by law. Nevertheless, it has some instabilities and revealed a lack of articulation between the prescribed and the accomplished work. It was identified that the judge adopts linguistic argumentative strategies, like verbs in the first person, as well as authority arguments to legitimate his magistrate position. In spite of the outstanding presence of the others and their voices in the magistrate sentences, it is considered that the judge is the author-creator of the sentence, because different social values could be appointed in such sentences. It is presented a discursive concept for the sentence: sentence is dialog, answer, and the legal doctrinaire judicial point of view is abandoned. This work contributes to the scientific sphere, as there are almost no works in this field concerning the judicial sentence in bakhtinian perspective / Este trabalho, inserido na linha de pesquisa Linguagem e Trabalho, tem como material de investigação seis sentenças judiciais cíveis produzidas por juízes de direito de 1ª Instância do estado de São Paulo, no período de 2002 a 2006 O objetivo principal é contribuir para o conhecimento lingüístico-enunciativo-discursivo da sentença judicial, vista como uma das atividades de trabalho do magistrado. Os específicos visam: a) investigar os prescritos para o gênero sentença e se o juiz, ao prolatá-la, se aproxima e/ou se distancia deles, possibilitando a ocorrência de formas estáveis e/ou instáveis; b) identificar as estratégias lingüísticoargumentativas utilizadas pelo juiz para construir seu discurso; c) apreender as formas de inscrição do juiz como enunciador e as de instauração do(s) outro(s), além de investigar quem é/são esse(s) outro(s); d) examinar as vozes/discursos que circulam nas sentenças e de que forma auxiliam na construção de sentidos. Tem-se como hipótese que se as sentenças possuem coerções, isso garante sua estabilidade; no entanto, apresentam variações não previstas, dentre as quais a presença do outro emerge de forma acentuada. Na tensão entre as regularidades/irregularidades, o juiz é autor de um discurso com marcas de intersubjetividade, no qual circulam diferentes vozes para convencer os interlocutores acerca da validade da sua decisão. O aporte teórico/metodológico é a análise/teoria dialógica do discurso, da qual foram mobilizados, dentre outros, os conceitos de enunciado, dialogismo, autor-autoria, discurso de outrem, plurilingüismo e gênero do discurso de M. Bakhtin e seu Círculo. Os estudos de E. Benveniste acerca de enunciação e intersubjetividade foram relevantes. Buscou-se, no Direito, elementos sobre o Poder Judiciário e, na Filosofia, as concepções de retórica e argumentação, com base em Aristóteles, Perelman e Ferraz Júnior. Os resultados da análise apontam que a sentença judicial tem coerções genéricas regulamentadas por lei, mas apresenta algumas instabilidades, o que revela desarticulação entre o trabalho prescrito e o realizado. Identificouse que o juiz faz uso de estratégias lingüístico-argumentativas, como verbos em 1ª pessoa e argumento de autoridade para legitimar seu posicionamento. Apesar da presença marcante dos outros e de suas vozes no enunciado do magistrado, considera-se que o juiz é o autor-criador da sentença, pois faz circular nela diferentes valores sociais. A sentença deixa de ser vista sob o ponto de vista legal e doutrinário jurídico e apresenta-se um conceito discursivo para ela: sentença é diálogo, é resposta. A contribuição deste trabalho para a esfera científica deve-se ao fato de serem poucas as pesquisas a respeito da sentença judicial na perspectiva bakhtiniana

Page generated in 0.0988 seconds