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Poluição atmosférica e exposição humana: a evolução científica epidemiológica e sua correlação com o ordenamento jurídico / Atmospheric pollution and human exposure: the evolution of epidemiological science and its correlation with the legal order

Neide Regina Simões Olmo 23 February 2011 (has links)
INTRODUÇÃO: Atualmente inexiste no Brasil, uma correlação entre a área da saúde e o direito, no que tange a adoção de políticas públicas tendentes a prevenir/evitar, remediar ou minimizar os efeitos adversos da poluição atmosférica na saúde humana. OBJETIVO: O presente trabalho tem como objetivo evidenciar a necessidade cada vez mais iminente da interação entre a epidemiologia e o direito, revelando estas áreas, não como ciências autônomas, mas como instrumentos integrados, a serem utilizados na busca de políticas públicas eficientes, em matéria de poluição atmosférica causada por veículos automotores. MÉTODOS: Elaboramos uma revisão sistemática dos estudos epidemiológicos referentes aos efeitos da poluição atmosférica na saúde humana utilizando como base de dados o PubMed, por meio de descritores bem definidos. Esta revisão foi submetida posteriormente a seleção de três pesquisadores independentes com experiência no tema. Foi realizada uma revisão da legislação ambiental nacional relativa à poluição atmosférica, em base de dados oficiais, incluindo normas CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente) e pesquisa dos documentos internacionais relativos aos padrões de emissão atmosférica. Realizamos entrevistas estruturadas com formuladores de políticas públicas na área ambiental, com o fim de análise das opiniões dos representantes desses segmentos distintos da sociedade, sobre o tema em questão. RESULTADO: Dos 2.530 estudos selecionados inicialmente apenas 32 nacionais e 112 internacionais foram considerados adequados aos critérios de inclusão estabelecidos. Dos estudos nacionais 27 evidenciaram efeitos adversos na saúde humana, mesmo em concentrações menores do que as permitidas legalmente e 18 discutiram de alguma maneira políticas públicas. Dos estudos internacionais 78 evidenciaram efeitos adversos na saúde humana, mesmo em concentrações menores do que as permitidas legalmente e 13 discutiram políticas públicas. Em relação aos entrevistados, todos foram uníssonos quanto à necessidade de atualização dos atuais padrões de emissão; quanto ao dever de cumprimento do cronograma de emissões e em relação à falta de entendimento adequado entre a área da saúde e a adoção de medidas de políticas públicas, mostrando conhecimento das pesquisas científicas realizadas e sua preocupação com os dados apresentados. CONCLUSÃO: Evidenciamos então: a necessidade de uma composição entre direito e epidemiologia para elaboração de diretrizes públicas; a necessidade de conscientização da população e alteração dos padrões de emissão e a participação efetiva dos órgãos públicos do segmento político e da saúde. A identificação, reconhecimento e aceitação da complexidade e dos dados das pesquisas são peças chave na interface entre os domínios da ciência, da sociedade e da política / INTRODUCTION: Currently, there is no correlation between the fields of healthcare and law in Brazil regarding the adoption of public policies aimed at preventing/avoiding, remedying or minimizing the adverse effects of atmospheric pollution on human health. OBJECTIVE: The present study had the objective of demonstrating the increasingly eminent need for interaction between epidemiology and law, thereby revealing that these fields are not autonomous sciences but integrated instruments for use in seeking efficient public policies relating to atmospheric pollution caused by automotive vehicles. METHODS: We built up a systematic review of epidemiological studies relating to the effects of atmospheric pollution on human health, using the PubMed database and well-defined descriptors. The search results then underwent selection by three independent researchers with experience of this topic. A review of the national environmental legislation relating to atmospheric pollution was made, using official databases, including the CONAMA (National Environment Council) standards, and international documents relating to atmospheric emission standards were investigated. We conducted structured interviews with public policymakers in the environmental field, with a view to analyzing the opinions of representatives of this distinct segment of society regarding the matter in question. RESULT: Out of 2,530 studies initially selected, only 32 Brazilian and 112 foreign studies were considered to fit within the inclusion criteria established. Among the Brazilian studies, 27 showed that there were adverse effects on human health even at concentrations lower than what is legally permitted, and 18 discussed public policies in some manner. Among the foreign studies, 78 showed that there were adverse effects on human health even at concentrations lower than what is legally permitted, and 13 discussed public policies. The interviewees unanimously stated that there was a need to update the current emission standards and comply with the emissions timetable, and that there was inadequate understanding between the field of healthcare and the adoption of public policy measures. They showed that they were aware of the scientific research that had been conducted and were concerned about the data presented. CONCLUSION: We thus demonstrated that: there is a need for law and epidemiology to combine in order to draw up public guidelines; a need for the populations awareness to be raised, and for emission standards to be changed and the effective participation from public bodies within the policymaking and healthcare sectors. Identification, recognition and acceptance of the complexity and the research data are the cornerstones of the interface between the domains of science, society and politics
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Poluição atmosférica e exposição humana: a evolução científica epidemiológica e sua correlação com o ordenamento jurídico / Atmospheric pollution and human exposure: the evolution of epidemiological science and its correlation with the legal order

Olmo, Neide Regina Simões 23 February 2011 (has links)
INTRODUÇÃO: Atualmente inexiste no Brasil, uma correlação entre a área da saúde e o direito, no que tange a adoção de políticas públicas tendentes a prevenir/evitar, remediar ou minimizar os efeitos adversos da poluição atmosférica na saúde humana. OBJETIVO: O presente trabalho tem como objetivo evidenciar a necessidade cada vez mais iminente da interação entre a epidemiologia e o direito, revelando estas áreas, não como ciências autônomas, mas como instrumentos integrados, a serem utilizados na busca de políticas públicas eficientes, em matéria de poluição atmosférica causada por veículos automotores. MÉTODOS: Elaboramos uma revisão sistemática dos estudos epidemiológicos referentes aos efeitos da poluição atmosférica na saúde humana utilizando como base de dados o PubMed, por meio de descritores bem definidos. Esta revisão foi submetida posteriormente a seleção de três pesquisadores independentes com experiência no tema. Foi realizada uma revisão da legislação ambiental nacional relativa à poluição atmosférica, em base de dados oficiais, incluindo normas CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente) e pesquisa dos documentos internacionais relativos aos padrões de emissão atmosférica. Realizamos entrevistas estruturadas com formuladores de políticas públicas na área ambiental, com o fim de análise das opiniões dos representantes desses segmentos distintos da sociedade, sobre o tema em questão. RESULTADO: Dos 2.530 estudos selecionados inicialmente apenas 32 nacionais e 112 internacionais foram considerados adequados aos critérios de inclusão estabelecidos. Dos estudos nacionais 27 evidenciaram efeitos adversos na saúde humana, mesmo em concentrações menores do que as permitidas legalmente e 18 discutiram de alguma maneira políticas públicas. Dos estudos internacionais 78 evidenciaram efeitos adversos na saúde humana, mesmo em concentrações menores do que as permitidas legalmente e 13 discutiram políticas públicas. Em relação aos entrevistados, todos foram uníssonos quanto à necessidade de atualização dos atuais padrões de emissão; quanto ao dever de cumprimento do cronograma de emissões e em relação à falta de entendimento adequado entre a área da saúde e a adoção de medidas de políticas públicas, mostrando conhecimento das pesquisas científicas realizadas e sua preocupação com os dados apresentados. CONCLUSÃO: Evidenciamos então: a necessidade de uma composição entre direito e epidemiologia para elaboração de diretrizes públicas; a necessidade de conscientização da população e alteração dos padrões de emissão e a participação efetiva dos órgãos públicos do segmento político e da saúde. A identificação, reconhecimento e aceitação da complexidade e dos dados das pesquisas são peças chave na interface entre os domínios da ciência, da sociedade e da política / INTRODUCTION: Currently, there is no correlation between the fields of healthcare and law in Brazil regarding the adoption of public policies aimed at preventing/avoiding, remedying or minimizing the adverse effects of atmospheric pollution on human health. OBJECTIVE: The present study had the objective of demonstrating the increasingly eminent need for interaction between epidemiology and law, thereby revealing that these fields are not autonomous sciences but integrated instruments for use in seeking efficient public policies relating to atmospheric pollution caused by automotive vehicles. METHODS: We built up a systematic review of epidemiological studies relating to the effects of atmospheric pollution on human health, using the PubMed database and well-defined descriptors. The search results then underwent selection by three independent researchers with experience of this topic. A review of the national environmental legislation relating to atmospheric pollution was made, using official databases, including the CONAMA (National Environment Council) standards, and international documents relating to atmospheric emission standards were investigated. We conducted structured interviews with public policymakers in the environmental field, with a view to analyzing the opinions of representatives of this distinct segment of society regarding the matter in question. RESULT: Out of 2,530 studies initially selected, only 32 Brazilian and 112 foreign studies were considered to fit within the inclusion criteria established. Among the Brazilian studies, 27 showed that there were adverse effects on human health even at concentrations lower than what is legally permitted, and 18 discussed public policies in some manner. Among the foreign studies, 78 showed that there were adverse effects on human health even at concentrations lower than what is legally permitted, and 13 discussed public policies. The interviewees unanimously stated that there was a need to update the current emission standards and comply with the emissions timetable, and that there was inadequate understanding between the field of healthcare and the adoption of public policy measures. They showed that they were aware of the scientific research that had been conducted and were concerned about the data presented. CONCLUSION: We thus demonstrated that: there is a need for law and epidemiology to combine in order to draw up public guidelines; a need for the populations awareness to be raised, and for emission standards to be changed and the effective participation from public bodies within the policymaking and healthcare sectors. Identification, recognition and acceptance of the complexity and the research data are the cornerstones of the interface between the domains of science, society and politics
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Fatores de risco cardiovasculares em pacientes com acidente vascular cerebral isquêmico e idade maior ou igual a 80 anos / Cardiovascular risk factor in 80-year and older stroke patients

Pieri, Alexandre [UNIFESP] 27 April 2011 (has links) (PDF)
Made available in DSpace on 2015-07-22T20:50:14Z (GMT). No. of bitstreams: 0 Previous issue date: 2011-04-27 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) / Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) / Introdução: O acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi) é geralmente um evento catastrófico, particularmente em pacientes com idade maior ou igual a 80 anos. A idade avançada já é um fator de risco para AVCi e o acometimento cardiovascular é a principal causa de AVCi nessa população. A fibrilação atrial também (FA) é um importante fator de risco para AVCi, por isso os esquemas de estratificação de risco são importantes na indicação de tratamento antitrombótico e prevenção do AVCi nestes pacientes. Além disso, nível socioeconômico baixo tem sido descrito como um fator de maior risco para AVCi. Objetivos: Avaliar a prevalência dos fatores de risco cardiovasculares em pacientes com idade maior ou igual a 80 anos em uma população hospitalar com AVCi. Avaliar a relação desta doença com o nível socioeconômico em diferentes grupos etários, utilizando um novo modelo de estratificação socioeconômica. Método: Análise retrospectiva de pacientes consecutivos com diagnóstico de AVCi num serviço de saúde terciário. Nesta população, nós descrevemos a prevalência dos fatores de risco cardiovasculares e para os pacientes com FA, nos aplicamos os esquemas de estratificacao CHADS2 score e CHA2DS2-VASc score. Para avaliar a relacao entre nivel socioeconomico e AVCi, avaliamos a incidencia de AVCi em dois hospitais que atendem populacoes de diferentes niveis socioeconomicos da cidade de Sao Paulo, classificando os pacientes com uma nova ferramenta de segmentacao geografica socioeconomica. Os pacientes foram estratificados por nivel socioeconomico e idade (30 a 64 anos, 65 a 79 anos e maior ou igual a 80 anos). Nos tambem comparamos o numero de pacientes com AVCi com pacientes de um grupo controle dos mesmos hospitais, calculando a taxa de AVCi em cada hospital. O odds ratio entre as taxas de AVCi dos dois hospitais foi calculada. Resultados: Houve um predominio do sexo feminino (p<0.01) em 215 pacientes admitidos com AVCi. Considerando os pacientes com idade maior ou igual a 80 anos, 72% tinham hipertensao arterial sistemica (HAS) e a FA foi mais comum entre os mais idosos (p<0.01). Dentre os pacientes com FA, nenhum apresentou CHADS2 score de 0 e 25.5% tiveram score de 1 previamente ao AVCi. Todos os pacientes com CHADS2 score de 1 nao estavam em uso de anticoagulante oral, mas tinham CHA2DS2-VASc score . 2, apresentando indicacao para este tratamento. Trezentos e setenta e sete pacientes com AVCi e 2.297 pacientes do grupo controle foram estudados nos dois hospitais. Houve uma maior proporção de pacientes mais idosos na população de nível socioeconômico mais alto (χ2obs= 28.7, gl= 2, p-value < 0.0001). Em todas as idades, a taxa de AVCi foi significativamente mais alta nos pacientes com nível socioeconômico mais baixo quando comparado com os pacientes com nível socioeconômico mais alto, com χ2obs=21.3 (valor de p< 0.0001) para idade de 30 a 64 anos; χ2obs=39.8 (valor de p< 0.0001) para idade de 65 a 79 anos; e χ2obs=14.1 (valor de p= 0.0002) para pacientes com idade maior ou igual a 80 anos. O odds ratios entre as taxas de AVCi nos dois hospitais foi de 2.4, 3.6 e 2.7 para os grupos etários 30 a 64 anos, 65 a 79 anos e maior ou igual a 80 anos, respectivamente. Conclusão: HAS e FA são fatores de risco prevalentes e devem ser sempre considerados para tratamento em idosos. Estratificação de risco com CHA2DS2-VASc score poderia ter otimizado a indicação de anticoagulação oral em nossos pacientes. Nosso estudo mostrou que, em uma população estudada do município de São Paulo, nível socioeconômico baixo é associado a mais altas taxas de AVCi, independente da idade. / Background and Purpose – Ischemic stroke is usually a catastrophic event, mostly in the elderly. Advanced age itself is a risk factor for stroke and cardiovascular involvement is the leading cause of ischemic stroke in this age population. Atrial fibrillation is also an important risk factor for ischemic stroke and therefore risk stratification schemes are important in these patients for indicating antithrombotic therapyand prevent stroke. Low socioeconomic status is also associated with a higher risk for ischemic stroke. Objectives - To evaluate the prevalence of cardiovascular risk factors in patients with age 80 or older in a hospital population with ischemic stroke and the relationship between socioeconomic status and ischemic stroke in different age groups, using a new socioeconomic stratification model. Methods – Retrospective analysis of consecutive patients diagnosed with ischemic stroke admitted to a tertiary health facility. For this population, we described the prevalence of cardiovascular risk factors and, for the patients who had the diagnosis of atrial fibrillation, we applied CHADS2 score and CHA2DS2-VASc score. For assessment of the relationship beteween socioeconomic status and ischemic stroke, we evaluated the incidence of ischemic stroke in two hospitals that serve different socioeconomic populations in Sao Paulo, with a new geographic socioeconomic segmentation tool. The patients were stratified by socioeconomic status and age (30 to 64 years, 65 to 79 years and 80 years or older). We also compared the number of ischemic stroke patients with patients from control groups from the same hospitals, to obtain the ischemic stroke rates in both hospitals. The odds ratio between ischemic stroke rates in the hospitals was calculated. Results .There was a female preponderance (p<0.01) in 215 patients admitted for ischemic stroke. Considering patients over eighty, 72% had hypertension and atrial fibrillation was more common among the oldest old (p<0.01). Among those patients who had ischemic stroke and atrial fibrillation, no patient had CHADS2 score of 0 and 25.5% had score of 1. All patients with CHADS2 score of 1 were not under anticoagulation, but in retrospect, had CHA2DS2-VASc score . 2, i.e., with indication for oral anticoagulation. Three hundred and seventy-seven patients with ischemic stroke and 2,297 patients of control group were analyzed in both hospitals. There was a greater proportion of older patients in the higher socioeconomic status population (χ2obs= 28.7, df= 2, p-value < 0.0001). In all ages, the odds of ischemic stroke was significantly higher in patients with lower socioeconomic status than in those with higher status, with χ2obs=21.3 (p-value< 0.0001) for age 30 to 64 years; χ2obs=39.8 (p-value< 0.0001) for age 65 to 79 years; and χ2obs=14.1 (p-value= 0.0002) for ≥ 80 years patients. The odds ratios between ischemic stroke odds in both hospitals were 2.4, 3.6 and 2.7 for groups of ages 30 to 64 years, 65 to 79 years and 80 years or older, respectively. Conclusions – Hypertension and atrial fibrillation are prevalent risk factors and should be treated aggressively in the elderly. Risk stratification using CHA2DS2-VASc score would have optimized indication for oral anticoagulation in our patients. Our study showed that, in São Paulo, lower socioeconomic status is associated with a higher odds of ischemic stroke, independent of age. / TEDE / BV UNIFESP: Teses e dissertações
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Estudo da febre Q em seres humanos, animais domésticos e artrópodes em uma área no Município de Itaboraí, Rio de Janeiro.

Guia, Maria Angélica Monteiro de Mello Mares January 2011 (has links)
Submitted by Anderson Silva (avargas@icict.fiocruz.br) on 2012-12-26T15:22:16Z No. of bitstreams: 1 Tese Monica Lemos Ammon Fernandez.pdf: 8355019 bytes, checksum: dfee6b67fb0314370a761d01a0ee90d4 (MD5) / Made available in DSpace on 2012-12-26T15:22:16Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Tese Monica Lemos Ammon Fernandez.pdf: 8355019 bytes, checksum: dfee6b67fb0314370a761d01a0ee90d4 (MD5) Previous issue date: 2011 / Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ, Brasil. / Febre Q é uma zoonose cosmopolita causada por Coxiella burnetii, pequena bactéria intracelular obrigatória gram-negativa e pleomórfica da ordem Legionellales. A doença, que ocorre como pequenos surtos ou como casos isolados, tem amplo espectro de manifestações clínicas, desde uma doença febril limitada, pneumonia, hepatite a endocardite e meningoencefalite. Carrapatos, animais de fazenda, domésticos e selvagens são reservatórios da infecção. A transmissão para o homem ocorre por inalação de aerossóis provenientes de urina, fezes, leite e produtos de abortamento ou menos comumente pela ingestão de leite cru de animais infectados. No Brasil, desde a primeira descrição de febre Q em 1953, em São Paulo, todos os casos têm sido identificados com base em teste sorológico e os poucos estudos soroepidemiológicos em população de risco apontam para a circulação de C. burnetii. Em 2008 foi possível confirmar um caso de febre Q em um paciente, a partir de análise sorológica e molecular. Com o objetivo de rastrear um foco de infecção por C. burnetii, um estudo epidemiológico descritivo foi desenvolvido na área de ocorrência do primeiro caso no Brasil de febre Q confirmado, em 2008, por análise molecular, no Município de Itaboraí, Rio de Janeiro. Análises sorológicas e moleculares foram realizadas em amostras biológicas de familiares e de cães, gatos, cabras e equinos existentes na área estudada, em 2009. Amostras de soro foram submetidas ao teste comercial de imunofluorescência indireta (PANBIOTM), título de corte de 64, para a pesquisa de anticorpo anti-C. burnetii, fases I e II. Amostras de sangue dos familiares e dos animais, assim como de leite, fezes e de secreção nasal, vaginal, além dos artrópodes, coletados nos animais, foram submetidas à PCR (reação em cadeia da polimerase) para a presença da bactéria, utilizando oligonucleotídeos para o gene alvo htpAB. Reatividade foi identificada em amostras de soro da esposa, de 2 dos 13 caninos, 05 de 10 caprinos e 02 das 03 ovinos. O genoma foi recuperado em amostra de sangue e/ou leite ou swab anal de 02 cães e 06 cabras. O sequenciamento dos produtos de PCR amplificados, do soro dos cães e do leite das cabras, mostraram identidade de 99% para as sequências depositadas no GenBank. Embora não seja uma doença de notificação, os dados obtidos confirmam a circulação deste agente zoonótico e servem de alerta para a necessidade de vigilância epidemiológica da febre Q, em especial em Itaboraí, devido, entre outros fatores, ao crescente desmatamento com ocupação de vastas áreas e da criação, informal e de caráter familiar, de cabras leiteiras por pequenos proprietários nas diversas áreas do território nacional. / Q fever is a zoonosis caused by Coxiella burnetii, a obligate intracellular and pleomorphic, small gram-negative bacterium of Legionellales order. The disease, which can occur as small outbreaks or isolated cases, has a broad spectrum of clinical manifestations, from a limited febrile illness, pneumonia, hepatitis, endocarditis, and meningoencephalitis. Ticks, farm animals, domestic and wild are reservoirs of infection. Transmission to humans occurs through inhalation of aerosols from urine, feces, milk and products of abortion or less commonly by ingestion of raw milk from infected animals. In Brazil, since the first description of Q fever in 1953, in Sao Paulo, cases have been identified by serological tests and very few seroepidemiological studies in the population at risk have been performed showing the circulation of C. burnetii. In 2008 it was possible to confirm a case of Q fever in a patient, from molecular and serological analysis. Aiming to track the source of infection for C. burnetii, a descriptive epidemiologic study was developed in the area of occurrence of the first case of Q fever in Brazil in 2008, confirmed by molecular analysis in Itaboraí, Rio de Janeiro. Serological and molecular analysis was performed on biological samples from family and dogs, cats, goats and horses in the area of studied in 2009. Serum samples were tested with commercial indirect immunofluorescence (PANBIOTM), a cutoff of 64, for the detection of anti-C. burnetii, phases I and II. Blood samples from family members and animals, like milk, feces and nasal discharge, vaginal, and arthropods collected in animals were subjected to PCR (polymerase chain reaction) for the presence of bacteria, using primers for htpAB the target gene. Reactivity was detected in serum samples from his wife, two of the 13 dogs, 05 of 10 goats and 02 of 03 sheeps. The genome was recovered in a sample of blood and / or milk or anal swabs from 02 dogs and 06 goats. The sequencing of the PCR products amplified from the serum of dogs and goats' milk, showed 99% identity to the sequences deposited in GenBank Although not a notifiable disease, our data confirm the circulation of this zoonotic agent and serve as a reminder of the need for surveillance of Q fever, especially in Itaboraí due, among other factors, the increasing deforestation and occupation of vast areas and the creation of informal and familiar character in dairy goats by smallholders in various areas of the country.
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Mortalidade neonatal evitável, Espírito Santo, Brasil, 2007 a 2009

Silva, Laura Pedroza da 19 December 2012 (has links)
Made available in DSpace on 2016-12-23T13:46:57Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Laura Pedroza da Silva.pdf: 1594266 bytes, checksum: ba73724df835132c1bf817077e66c86d (MD5) Previous issue date: 2012-12-19 / Introdução: A investigação dos óbitos neonatais por causas evitáveis pode ser compreendida como um indicador sensível da qualidade da assistência à saúde de recém-nascidos. Objetivo: Avaliar a qualidade das informações e investigar os óbitos neonatais evitáveis segundo peso ao nascer, no estado do Espírito Santo, no período de 2007 a 2009, utilizando os bancos de dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade e do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos. Metodologia: Estudo observacional descritivo; população estudada composta por nascidos vivos e óbitos neonatais. A qualidade dos dados foi avaliada em três dimensões: acessibilidade, oportunidade e completude. Utilizou-se critério de evitabilidade por intervenção do Sistema Único de Saúde e ponto de corte no peso em &#8804; 1500g. Resultados: Os dados foram acessíveis e apresentaram defasagem de três anos em relação ao início do estudo. O Sistema de Informação sobre Mortalidade apresentou elevado percentual de dados faltantes nas variáveis, número da Declaração de Nascido Vivo, assim como escolaridade, idade e história reprodutiva da mãe. Os óbitos evitáveis responderam por 63% dos quais os associados a causas reduzíveis por atenção ao recém-nascido somaram 37%. Entre os óbitos com peso 1501g a 2499g destacaram-se os associados a causas evitáveis por atenção ao recém (42%) e a mulher na gestação (41%); e entre os óbitos com peso &#8805; 2500g as causas evitáveis por atenção à mulher no parto (47%). Conclusões: Apesar das deficiências encontradas no Sistema de informação sobre Mortalidade, a utilização de dados secundários possibilitou compreender o cenário dos óbitos neonatais no Espírito Santo / Introduction: The investigation of avoidable neonatal deaths can be understood as a sensitive indicator of the quality of health care for newborns babies. Objective: Evaluate the quality of the information and investigate avoidable neonatal deaths according to birth weight in Espírito Santo state in the period from 2007 to 2009 using banks of Mortality Information System and System of Information on Live Births. Methodology: Descriptive observational study, the population was live births and neonatal deaths. The quality of data was evaluated in three dimensions: accessibility, timeliness and completeness. Used downward trend avoidable death by intervention of Brazilian Health System, and weight cutting point &#8804; 1500g. Results: The data was accessible and presented three-year lag in relation to the beginning of the study. The SIM had high percentage of missing data presented on the number of DN, mother s age and schooling, and reproductive history. The avoidable deaths were 63%; the mean preventable cause was attention to newborn 37%. The deaths with weight 1501g to 2499g had avoidable causes by attention to newborn (42%) and women in pregnancy (41%); and deaths with weight &#8805; 2500g had preventable by attention to the woman in childbirth (47%). Conclusions: Despite the weaknesses found in the Mortality information system, the use of secondary data made it possible to understand the scenario of neonatal deaths in the State of Espírito Santo
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Associação entre os níveis ambientais de poluição atmosférica e mudanças na razão sexual na cidade de São Paulo: uma abordagem epidemiológica e experimental / Association between ambient levels of air pollution and changes in the sex ratio in the city of \"São Paulo\" an epidemiologic and experimental approach

Ana Júlia de Faria Coimbra Lichtenfels 10 October 2006 (has links)
Prévios estudos têm demonstrado alterações nas taxas normais de razão sexual. No entanto, uma associação direta entre níveis ambientais de poluição e razão sexual, não tem sido ainda claramente demonstrada. A fim de investigarmos esta associação, desenvolvemos duas abordagens: uma epidemiológica e outra experimental. O efeito da poluição sobre a população da cidade de São Paulo foi verificado através da associação entre a razão sexual e gradientes de concentração de material particulado (PM10). A fim de conferir plausibilidade biológica aos achados epidemiológicos, camundongos machos com 10 dias de vida, foram expostos em câmaras do tipo Topo Aberto, sob condições de exposição mais controladas. Uma associação negativa e significante foi observada entre razão sexual e PM10, dentro de uma faixa estreita de concentração de PM10 (31 a 61 ?g/m3). Na região menos poluída, a razão sexual foi de 51,7% (106,8) para 34.795 nascimentos registrados, enquanto que para a mais poluída, a proporção decresceu para 50,7% (102,9) para 48.023 nascimentos registrados, com uma redução de 1% no número total de nascimentos masculinos. O grupo de camundongos da linhagem Swiss, acasalados com fêmeas virgens, maduras e não expostas, produziu uma prole com alterações significativas (p<0,041) na razão sexual (0,86) quando comparado com o grupo controle (1,34). Análises morfométricas dos testículos demonstraram alterações significativas no perfil da linhagem germinativa, com reduções no número das espermátides alongadas (p<0,020) e no número total de células (p<0,032). Um decréscimo na concentração dos espermatozóides (46,95x106 /ml) também foi observado nos animais expostos à poluição quando comparado ao grupo controle (54,60x106 /ml). A partir dos nossos resultados podemos concluir que a poluição pode interferir com a distribuição do sexo nas populações expostas aos níveis ambientais de poluição. / Some studies have observed abnormal sex ratios in industrial polluted areas but a direct association between urban levels of air pollutant and sex ratio at birth has not hitherto reported. To examine whether this relationship held true, we evaluated how ambient air pollution interferes on female/male ratio in human and mice models. The effect of air pollution was addressed by determining SSR (secondary sex ratio) across pollution gradients in the city of São Paulo, using inhalable particles (PM10) as a proxy variable for overall pollution levels. To provide biological plausibility to the foregoing epidemiological observation, we designed an experimental study exposing mice in controlled chamber conditions. Results disclosed a significant negative between SSR and PM10, within a relatively narrow range of PM10 levels (31 to 61 ?g/m3). In the least polluted area the sex ratio was 51.7% (106.8) for 34,795 births recorded, and for the most polluted area the proportion decreased to 50.7 % (102.9) for 48,023 births recorded, indicating a difference of 1% in total male births. This result corresponds to a 1,180 unborn male offspring in the highest polluted areas. The group of male Swiss mice housed 10 days after birth in open top chambers exposed to air pollution, where they mate mature and non-exposed virgin female mice, produced an offspring with a 0.86 male/female ratio. The offspring of the group of mice concurrently raised in similar but filtered open top chamber was significantly (p<0.042) higher (1.34). A remarkable result was the testicular histological morphometry with a significant (p<0,020) reduction in the number of elongated spermatids and total cells (p<0,032) of exposed males. In association, a decrease in sperm concentration in the caudal portion of the epidydimus was also found in the exposed mice (46,95x106 /ml) compared to the non-exposed (54,60x106 /ml). In conclusion the findings in our study support the concept that ambient air pollution may interfere with sex distribution of exposed populations
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Refinando o diagnóstico de Transtorno de Oposição e Desafio na infância e adolescência: validação e caracterização da dimensão irritável / Refining Oppositional Defiant Disorder diagnosis in children and adolescents: validation and characterization of the irritable dimension

Fernanda Valle Krieger 27 March 2015 (has links)
O Transtorno de Oposição e Desafio (TOD) é definido por um padrão recorrente de comportamento desafiante, desobediente e hostil com início na infância e adolescência e caracteriza-se por uma alta taxa de comorbidades. Estudos longitudinais apontam o TOD na infância como um dos principais preditores de psicopatologia na idade adulta. Uma possível explicação para a grande heterogeneidade de comorbidades e trajetórias longitudinais é de que o diagnóstico de TOD abrange distintas dimensões de sintomas, cada qual com seu desfecho. O primeiro objetivo desta tese foi a validação das distintas dimensões do TOD em uma amostra comunitária Brasileira composta de 2512 sujeitos. Através de análise fatorial confirmatória, demonstramos que o modelo que melhor representa a heterogeneidade do TOD é composto por três dimensões: a dimensão \"argumentative/defiant\" que está associada com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH); a dimensão \"vindictiveness\" que possui associação com transtorno de conduta (TC); e a dimensão \"angry/irritable mood\" onde predominam as associações com transtornos depressivos e de ansiedade. O objetivo seguinte foi investigar o papel da dimensão irritável na classificação nosológica dos transtornos mentais na infância e adolescência. A apresentação da irritabilidade é um aspecto crucial: irritabilidade crônica caracterizada por baixa tolerância à frustração e frequentes explosões de raiva, que é distinta da apresentação episódica, associada ao diagnóstico Transtorno de Humor Bipolar (TB). \"Severe mood dysregulation\", \"disruptive mood dysregulation disorder\", ou dimensão irritável do TOD são formas distintas de classificar o fenótipo de irritabilidade crônica. Entretanto, independente da classificação utilizada, a alta taxa de comorbidades é invariavelmente o denominador comum em estudos sobre irritabilidade. Neste sentido, examinamos o impacto da irritabilidade como uma dimensão subjacente a vários transtornos. Para tanto, avaliamos o impacto da dimensão irritável do TOD através de vários cenários: indivíduos sem diagnóstico, indivíduos com TDAH e sujeitos com transtornos emocionais. Esta 9 investigação foi realizada em duas amostras, uma brasileira constituída por 2.512 sujeitos e uma amostra britânica composta de 7.977 sujeitos. Os resultados demonstram que a irritabilidade está associada ao aumento do prejuízo funcional independente do diagnóstico comórbido concomitante. Seguindo esta linha, investigamos a influência genética na etiologia da irritabilidade. Para tanto, criamos um escore poligênico que incluiu polimorfismos associados à baixa tolerância à frustração, raiva, agressividade reativa e labilidade emocional. O escore poligênico foi altamente preditivo dos níveis de irritabilidade em 350 sujeitos da amostra brasileira. A associação foi específica para irritabilidade e não foi significativa para TDAH, TOD ou medidas contínuas de sintomas. Além disso, a influência genética se manteve mesmo quando fatores ambientais foram incluídos no modelo estatístico. Por fim, quando testada em diferentes ambientes, a influência genética na etiologia da irritabilidade foi mais importante em ambientes de alto risco, sugerindo uma correlação gene-ambiente (rGE). Concluindo, nossos resultados sugerem que a irritabilidade se caracteriza como um traço dimensional subjacente a inúmeros transtornos na infância e adolescência e agregando impacto e prejuízo funcional. Neste sentido, o constructo da irritabilidade se enquadra no conceito do \"Research Domain Criteria\" (RDoC) que propõe o entendimento dos transtornos mentais através de dimensões subjacentes aos diagnósticos clínicos / The Oppositional Defiant Disorder (ODD) is defined as a pattern of disobedient, hostile and defiant behavior beginning in childhood or adolescence and often accompanied by a wide range of comorbidities. Longitudinal studies support ODD as a predictor of psychopathology in adulthood. A potential explanation for such heterogeneity of comorbidities and longitudinal trajectories is that ODD diagnosis encompasses distinct clusters of symptoms, each with its outcome. The first aim of this work was the validation of ODD dimensions in a Brazilian community sample of 2512 subjects. Confirmatory factorial analysis showed that the best model for ODD comprised three dimensions: an \"argumentative/defiant\" dimension, which associates with attention deficit/hyperactivity disorder (ADHD); a \"vindictiveness\" dimension, which associates with conduct disorder (CD); and an \"angry/irritable\" dimension where emotional disorders such as depression and anxiety are the most common associations. The next step was the investigation of the role of the irritable dimension of oppositionality in diagnostic classifications of childhood mental disorders. The pattern of irritability is a crucial point: its chronic presentation as easy annoyance and frequent temper outbursts should be differentiated from the episodic course of irritability associated with the specific diagnosis of Bipolar Disorder (BD). \"Severe mood dysregulation\", \"disruptive mood dysregulation disorder\", and the irritable dimension of oppositionality are different ways to classify the chronic irritability phenotype. However, regardless of the classification, the high rate of comorbidities is invariably the common denominator in studies of irritability. Therefore, we examined the impact of irritability as a dimension cutting across multiple settings: individuals without any diagnosis, subjects with ADHD, and also those with emotional disorders. For that we used two samples, one from Brazil, with 2.512 subjects, and one from the UK, with 7.977 individuals. Results showed that irritability associates with increased functional impairment regardless of concurrent comorbid status. We then investigated the genetic influence on the etiology of irritability. A polygenic score was generated encompassing polymorphisms previously associated with anger, emotional lability and reactive aggression. The polygenic score significantly predicted irritability in 350 subjects in the brazilian sample, yet failed to predict ADHD, ODD, CD and continuous measures of symptoms. Moreover, the association between the polygenic score and irritability remained significant even after taking into account environmental factors. Finally, when stratified across diverse levels of environmental risk, genetic influence upon the etiology of irritability appears to be stronger in high-risk environments. Taken together, our results suggest that irritability is characterized as a dimensional trait that underlies multiple disorders, adding functional impairment. Thus, the construct of irritability fits well within the concept of Research Domain Criteria (RDoC) that suggests that mental disorders should be understood through dimensions underlying diagnostic categories
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Avaliação dos efeitos do material particulado proveniente da queima da plantação de cana-de-açúcar sobre a morbidade respiratória na população de Araraquara - SP. / Evaluation of the effects of particulate matter deriving from sugar cane plantation burning on the respiratory morbidity of the Araraquara city population.

Marcos Abdo Arbex 10 May 2002 (has links)
Desde o início do século passado, estudos na literatura médica documentaram uma significativa associação entre poluição atmosférica decorrente da emissão de combustíveis fósseis e morbimortalidade na raça humana, inclusive para níveis de poluentes no ar considerado como seguro para a saúde da população exposta. Na década de 70, durante a crise do petróleo o governo brasileiro implementou um programa chamado Proálcool com o objetivo de produzir um combustível alternativo, renovável, e não poluente: o etanol, derivado da cana-de-açúcar. Esse programa culminou com uma grande produção de veículos movidos a álcool a partir da década de 80, e um grande incremento da cultura da cana-de-açúcar na região central do Estado de São Paulo. Com a crescente utilização do álcool como combustível em veículos automotores houve uma melhora na qualidade do ar nos grandes centros urbanos. Existe, porém, o contraponto: a cana-de-açúcar é uma cultura agrícola singular, uma vez que, por razões de produtividade e de segurança, a colheita é realizada após a queima dos canaviais, o que gera uma grande quantidade de elemento particulado negro denominado "fuligem da cana". Esse material particulado modifica as características do meio ambiente nas regiões onde a cana-de-açúcar é cultivada, colhida e industrializada. A queima da biomassa é a maior fonte de emissão de material particulado e de gases tóxicos no planeta, e não havia na literatura médica qualquer trabalho, que relacionasse a poluição atmosférica em conseqüência da queima desse tipo especifico de biomassa, com a saúde humana. Esse estudo epidemiológico de séries temporais avalia a associação entre o material particulado coletado durante a queima de plantações de cana-de-açúcar e um indicador de morbidade respiratória em Araraquara (SP). Entre 26 de maio e 31 de agosto de 1995, o número diário de pacientes que necessitaram inalações em um dos principais hospitais da cidade foi quantificado, e utilizado para estimar a morbidade respiratória. Para estimar o nível da poluição do ar foi quantificado diariamente o peso do sedimento do material particulado proveniente da fuligem da cana-de-açúcar, obtido por sedimentação simples, em dois pontos da cidade, um localizado no centro e o segundo na zona rural. A associação entre o peso do sedimento e o número de pacientes que necessitaram de terapia inalatória, foi avaliada pelo modelo aditivo generalizado da regressão de Poisson com controle para sazonalidade, temperatura e dias da semana. Encontrou-se uma associação positiva significante e dose dependente entre o número de terapia inalatória e o peso do sedimento. Um aumento de 10 mg no peso do sedimento está associado a um risco relativo de terapêutica inalatória de 1,09 (1-1,19). Nos dias mais poluídos o risco relativo de terapêutica inalatória é de 1,20 (1,03-1,39). Esses resultados indicam que a queima das plantações da cana-de-açúcar pode causar efeitos deletérios à saúde da população exposta. / This times series epidemiological study was designed to evaluate the association between particulate matter collected during sugar cane plantation burning and an indicator of morbidity respiratory in Araraquara, São Paulo State, Brazil. From May 26th to August 31st, 1995, the daily number of patients that received inhalation therapy in one of the main hospitals of the city was recorded and used as a morbidity respiratory estimation. In order to estimate air pollution levels the daily sediment weight from sugar cane particulate matter was measured after collected by simple sedimentation process, in two strategic points of the city: one in a central area and the other in a peripheral area. The association between the sediment weight and the number of patients who received inhalation therapy was evaluated by means of generalized additive Poisson regression models controlled for seasonality, temperature and days of the week. A positive significant and dose-dependent relationship was found between the number of inhalation therapy and the sediment weight. The relative risk of inhalation therapy associated with an increase of 10 mg in the sediment weight was 1.09 (1 - 1.19), and the relative risk of an inhalation therapy was 1.20 (1.03 -1.39) in the most polluted days. These results indicate that sugar cane plantations burning may cause deleterious health effects in the exposed population.
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Tendência da mortalidade materna na região do Grande ABC Paulista de 1997 a 2011 / Trends in maternal mortality in the Greater São Paulo ABC region 1997 to 2011

Tognini, Silvana 04 August 2014 (has links)
Introdução:A mortalidade materna é um dos melhores indicadores do desenvolvimento socioeconômico de um país. O Brasil implementou políticas públicas para redução da mortalidade materna até 2015. A região do Grande ABC Paulista no Brasil apresenta grande heterogeneidade socioeconômica entre seus municípios, podendo refletir a desigualdade social do país, porém apresentando dimensões que permitem maior controle de dados da mortalidade. Objetivo: Avaliar a tendência da mortalidade materna na região do Grande ABC Paulista no período de 1997 a 2011. Metodologia: Estudo ecológico de série temporal, cujos dados foram obtidas no banco de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (DATASUS) do Ministério da Saúde do Brasil (MS). Os dados foram transformados em Índices da Mortalidade Materna Direta (IMMD), estratificados por municípios, índices de desenvolvimento humano (IDH), causas de óbito materno segundo Classificação internacional de doenças (CID-10), local e período de ocorrência do óbito, dados sóciodemográficos e submetidos a comparações (teste U de Mann-whitney, teste de Kruskal-Wallis e teste de Dunn) e associações pela regressão linear, com significância de 5%. Resultados: Os IMMD predominaram em mulheres solteiras, entre 20-34 anos de idade, brancas, escolaridade entre 4-7 anos, intra-hospitalar, no puerpério imediato, por hemorragias/tromboses/embolias e eclâmpsias. Não houve diferença nos IMMD em relação ao grupo IDH. Rio Grande da Serra atingiu IMMD alto (OMS) na maioria das covariáveis analisadas. Apenas São Caetano do Sul apresentou IMMD baixo (OMS), alto IMMI (p=0,03), queda nos IMMD no período de 1997 a 2011 (beta= -0,67/ano, p=0,03) e tendência neste milênio (2000 a 2011, beta=-0,55/ano, p=0,07) com estimativa de queda de 65,1% até 2015. A soma dos óbitos não investigados, não se aplica e de fichas sem investigação para qualquer variável analisada ultrapassa 50%. Conclusão: Os índices da Mortalidade Materna Direta na região do Grande ABC Paulista apresentaram níveis altos e queda discreta no tempo. Apenas o município de São Caetano do Sul apresentou queda expressiva de IMMD nos 15 anos de estudo e tendência a queda neste milênio com estimativa de atingir 65,1% até 2015. Descritores: Mortalidade materna; Políticas públicas; Mulheres; Saúde da mulher/estatística & dados numéricos; Complicações na gravidez/mortalidade; Mortalidade; Sistema Único de Saúde; Estudos epidemiológicos; Saúde da mulher/estatística & dados numéricos; Período pós-parto; Objetivos de desenvolvimento do milênio; Brasil/epidemiologia / Introduction: Maternal mortality is one of the best indicators of socioeconomic development of a country. Brazil has implemented public policies to reduce maternal mortality by 2015. The Grande ABC Paulista region in Brazil shows great socioeconomic heterogeneity among its municipalities, which can reflect the country social inequality, however presenting dimensions that allow greater control of mortality data. Objective: To evaluate the trend of maternal mortality in the Grande ABC Paulista region in the period of 1997-2011. Methodology: Ecological time series, where data was obtained from the database of the Information Technology Department of the Public Health Care System (DATASUS) of the Health Ministry of Brazil (MS). The data was transformed into direct maternal mortality indices (DMMI), stratified by municipalities, Human Development Indices (HDI), causes of maternal death according to the International Classification of Diseases (ICD-10), period and local of maternal death, socio-demographic parameters. Data were submitted to comparison tests (Mann-Whitney U test, Kruskal-Wallis test, followed by Dunn\'s multiple comparisons test) and association tests (linear regression) when applied and a significance of 5%. Results: The DMMI predominated in single women, aged 20-34 years old, white, 4 to 7 school age, in-hospital, postpartum, by bleeding / thrombosis / embolism and eclampsia. There was no difference in DMMI when comparing by HDI group. The Municipality of Rio Grande da Serra reached high DMMI values in the most of the analyzed covariates. São Caetano do Sul presented the lowest DMMI values and was the only municipality which presented decrement in the DMMI during the 15 years of the studied period (beta = - 0.67/year, p=0.03) and a trend in this millennium (2000-2011, beta- 0.55/year, p=0.07) with an estimated fall of 65.61% by 2015. The sum of not investigated, not applied and files without investigation for any analyzed variable exceeded 50%. Conclusion: The DMMI in the Grande ABC Paulista showed high levels and downward trend in time. São Caetano do Sul was the sole municipality where the DMMR dropped in 15 years of study and presented a tendency to decrease in this millennium with an estimated fall of 65.1% by 2015
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Coinfecção pelo vírus da hepatite C (VHC) e vírus linfotrópicos de células T humanas dos tipos 1 (HTLV-1) ou 2 (HTLV-2) em ambulatório de referência de São Paulo: avaliação epidemiológica, clínica, laboratorial e histológica / Co-infection with hepatitis C virus (HCV) and human T-lymphotropic virus types 1 (HTLV-1) and 2 (HTLV-2) in a reference outpatient clinic in São Paulo: epidemiologic, clinical, laboratory and histological evaluation

Milagres, Flávio Augusto de Pádua 29 August 2006 (has links)
Por apresentarem mecanismos de transmissão superponíveis, a infecção concomitante pelo vírus da hepatite C (VHC) e pelos vírus linfotrópicos de células T humanas dos tipos 1 (HTLV-1) e 2 (HTLV-2) é esperada. Considerando a relevância dessas infecções em nosso meio e a existência de lacunas no conhecimento da coinfeção VHC/HTLV, conduziu-se este estudo transversal, com o objetivo de comparar uma série de pacientes coinfectados, com indivíduos infectados pelo VHC isoladamente, no tocante a características sócio-demográficas e de exposição aos agentes virais, alterações clínicas e laboratoriais, bem como alterações histológicas do parênquima hepático. Selecionaram-se, com base em algoritmos de diagnóstico sorológico e de biologia molecular, pacientes adultos assistidos em ambulatórios do Hospital das Clínicas da FMUSP entre janeiro de 1993 e agosto de 2005, que apresentaram viremia pelo VHC, associada, ou não, a infecção por HTLV-1 ou HTLV-2, excluindo-se da amostra os coinfectados pelo VHB ou HIV. Coletaram-se dos pacientes selecionados características sócio-demográficas, informações acerca de exposição a vírus de transmissão sexual ou sangüínea, sinais e sintomas clínicos relacionados às infecções causadas pelo VHC ou HTLV, bem como dados laboratoriais hematológicos e de função hepática. Procedeu-se ainda à revisão sistemática dos achados histopatológicos do parênquima hepático, seguindo-se a classificação de Ishak. Compararam-se, então, os grupos VHC, VHC/HTLV-1 e VHC/HTLV-2, empregando-se o teste de X2 para as variáveis categóricas e o teste de Kruskal-Wallis para as variáveis contínuas. Em seguida, pela análise discriminante linear de Fischer, definiram-se funções classificatórias com variáveis que conjuntamente diferenciassem os grupos estudados. Finalmente, a acurácia discriminatória das funções classificatórias foi avaliada por validação cruzada, empregando-se a técnica leave-one-out. Compuseram a população estudada 85 pacientes, sendo 55 no grupo VHC, 24 no grupo VHC/HTLV-1 e 6 no grupo VHC/HTLV-2. À análise bivariada, não se observou diferença significativa entre os grupos no tocante a características sócio-demográficas, hábito de fumar, fatores de exposição às infecções virais, tais como transfusão sangüínea, tatuagem, acupuntura, ou número de parceiros sexuais. Ao contrário, o relato de uso de álcool, drogas endovenosas, ou cocaína inalatória, bem como a parceria sexual com UDEV foi mais freqüente entre os pacientes do grupo VHC/HTLV-2, enquanto o relato de parceiro sexual com hepatite predominou no grupo VHC. Do ponto de vista clínico, apenas a queixa de dor abdominal apresentou-se em freqüência significativamente diferente entre os grupos, sendo mais prevalente no grupo VHC. Em relação aos achados laboratoriais, apesar de contida nos intervalos de normalidade, houve diferença significativa na contagem de plaquetas em sangue periférico, com valores medianos mais elevados nos grupos de coinfectados. As concentrações séricas de aminotransferases e de GGT foram mais altas no grupo VHC. Apesar de freqüentemente encontradas alterações sugestivas de hepatopatia pelo VHC, como fibrose hepática e atividade necroinflamatória, a análise histopatológica não mostrou diferença significativa entre os grupos. À análise discriminante de Fischer, definiram-se funções classificatórias que melhor diferenciam os pacientes estudados, incluindo as variáveis sexo, faixa etária, relato de uso de drogas endovenosas e parceria sexual com indivíduo com hepatite. Por meio de validação cruzada, verificou-se que a acurácia discriminante das funções classificatórias foi alta (87,3%) para a identificação dos infectados pelo VHC isoladamente e intermediária (66,7%) para os coinfectados VHC/HTLV-2. O método não se mostrou, contudo, clinicamente útil na distinção de pacientes com coinfecção VHC/HTLV-1. / Co-infection with hepatitis C virus (HCV) and human T-lymphotropic virus types 1 (HTLV-1) and 2 (HTLV-2) is expected, as these viruses share common infection routes. Due to the relevance of these viral infections in Brazil and the existing gaps in knowledge about HCV/HTLV co-infection, we carried out this cross-sectional survey. A cohort of co-infected patients was compared to HCV-infected subjects, in regard to socio-demographic features, risk factors for viral acquisition, clinical and laboratory data, as well as liver histopathologic findings. Based on established serologic and molecular diagnostic algorithms, we selected HCV-viremic adult patients who attended the Hospital das Clínicas-FMUSP outpatient clinic from January 1993 to August 2005, whether or not they presented co-infection with HTLV-1 or HTLV-2. HBV and HIV-infected individuals were excluded from the sample. We collected patients\' sociodemographic characteristics, risk of exposure to blood-borne or sexually-transmitted viral agents, signs and symptoms related to HCV or HTLV disease, as well as laboratory data that included hematologic counts and liver function tests. Histopathologic findings were systematically reviewed, in accordance to the Ishak\'s scoring system. Patients from the HCV, HCV/HTLV-1 and HCV/HTLV-2 groups, were then compared by means of the X2 or Kruskal-Wallis tests for categorical or continuous variables, respectively. In addition, Fischer\'s linear discriminant analysis was applied to define classification functions that better identified the combined effect of variables important for discrimination of the study groups. Finally, the discriminating accuracy of the model was evaluated by cross-validation, using the leave-one-out technique. The study sample comprised 85 patients, 55 in the HCV group, 24 in the HCV/HTLV-1 group and 6 in the HCV/HTLV-2 group. In bivariable analysis, no significant difference was found among groups in regard to socio-demographic features, smoking, risk factors for viral acquisition, such as blood transfusion, tattooing, acupuncture, or number of sexual partners. In contrast, alcohol consumption, use of intravenous drugs or inhaled cocaine and sexual partnership with an intravenous drug user were more frequent in the HCV/HTLV-2 group, whereas patients in the HCV group more often reported a sexual partner with hepatitis. As far as clinical data are concerned, abdominal pain was the only variable to be reported differently, being more prevalent in the HCV group. Even though within normal ranges, co-infected patients presented higher median platelet counts, whereas aminotransferase and GGT levels were higher among HCV-infected subjects. No significant difference was seen in liver histopathologic findings, though HCV liver disease-associated abnormalities, such as fibrosis and necroinflammatory activity were often found in patients from the three groups. Classification functions, defined by discriminating analysis included as relevant variables sex, age, intravenous drug use and sexual partner with hepatitis. Cross-validation yielded high (87.3%) and intermediate (66,7%) discriminating accuracies for the HCV and HCV/HTLV-2 functions. However, this method was not shown clinically useful to distinguish HCV/HTLV-1 co-infected patients.

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