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Um olhar nacional sobre a Amazônia: apreendendo a floresta em textos de Euclides da Cunha

Guimarães, Leandro Belinaso January 2007 (has links)
A presente tese busca discutir processos e discursos que operaram na direção da nacionalização da Amazônia em um momento e circunstância específicos: o período da Primeira República brasileira. Para tanto, examinou-se um conjunto variado de textos (ensaios, cartas, relatórios, ofícios, livros, diários, artigos jornalísticos), especialmente os escritos por Euclides da Cunha sobre a floresta, privilegiando-se aqueles produzidos em decorrência de uma viagem oficial feita pelo referido autor em 1905, como chefe da Comissão Brasileira de Reconhecimento do Alto Purus, para colher dados acerca da delimitação territorial dessa área. A partir de dados colhidos nesta viagem, o governo brasileiro pretendia mapear o rio Purus em sua trajetória, desde a desembocadura em Manaus até suas cabeceiras no atual Estado do Acre, definindo, com tal mapeamento, as fronteiras noroestes do país em seus limites com a Bolívia e o Peru. A viagem foi patrocinada pelo Ministério das Relações Exteriores da República do Brasil e realizada conjuntamente com uma comissão do governo peruano. A investigação que desenvolvi nesta tese está inscrita no campo teórico dos Estudos Culturais e buscou inspiração, sobretudo, em suas versões latino-americanas. Dessa forma, foi central à pesquisa a consideração nas análises do conceito de hibridação cultural. Através dessa noção, buscou-se ampliar as articulações do estudo focalizado na tese a outros campos de saberes, ao colocarem-se em relação diferentes elementos que parecem ter atuado na invenção de um olhar efetivamente nacional para a Amazônia, naquele momento de inauguração da República. Assim, hibridar a Amazônia que emergia das páginas escritas por Euclides da Cunha refere-se ao ato investigativo de colocar em jogo elementos que muitas vezes poderiam ser vistos como paradoxais ou excludentes em outras perspectivas teóricas. Nessa pesquisa, no entanto, esses são configurados como atuantes, ao mesmo tempo, na instituição da Amazônia como um território nacional. Indico na tese que esteve em jogo neste processo: 1) a necessidade de ir lá ver a floresta com os próprios olhos (olhos muito próprios de um brasileiro com delegação oficial) para poder-se melhor narrá-la; 2) a incumbência oficial de proceder-se a escrituração dos rios desta região, para realizar a demarcação das fronteiras da nação; 3) o enfraquecimento das narrativas estrangeiras de viagem sobre a Amazônia, permitindo a promoção de um “desencantamento” de seu território; 4) a invenção de uma raça nacional tida como capacitada a desencadear a transformação da floresta e sua efetiva integração a um país clamante de progresso, de civilização e de desenvolvimentoeconômico; 5) e o combate ao nomadismo histórico de ocupação do seu território, que mantinha a floresta como desértica de civilização. Considera-se que todos estes aspectos - que articuladamente foram, segundo as análises processadas na tese, colocados em jogo nos textos amazônicos de Euclides da Cunha - operaram na direção de ensinar aos brasileiros daqueles tempos, sobretudo os incrustados no governo brasileiro, como se deveria enxergar a Amazônia, para que ela pudesse civilizar-se, desenvolver-se economicamente e integrar-se à nação. Enfim, nessa “pedagogia” que estava em operação nos textos euclidianos, foi imprescindível instituir um olhar efetivamente nacional, brasileiro, para a floresta. / This thesis tries to discuss processes and discourses operating towards the nationalisation of Amazonia in a particular moment: in the First Brazilian Republic period. For this, one has examined a various set of texts (essays, letters, reports, official letters, books, diaries, pieces of journalism), especially writings about the forest by Euclides da Cunha, favouring those produced as a consequence of an official travel he made in 1905 as the head for the High Purus Recognition Brazilian Commission to collect dada on the demarcation of this area. From the collected data on this travel, Brazilian government wanted to map river Purus from its mouth in Manaus to its fountainheads in the current State of Acre, establishing with this mapping the northwest boundaries in the country on the border lines with Bolivia and Peru. The travel was sponsored by the Ministry of Foreign Affairs of the Republic of Brazil and accomplished together with a commission of the Peruvian government. The inquiry I have made for this thesis is included in the Cultural Studies theoretical field, and has derived inspiration, above all, from Latin American strands. Thus considering the analyses of the concept of cultural hybridisation has been central for the research. With this notion in mind I have sought to broaden the study focus in this thesis to other fields of knowledge, by placing together different elements that seem to have played a role in the invention of a really national gaze for Amazonia, on that moment of inaugurating the Republic. Thus, hybridising the Amazonia emerging from Cunha’s writings refers to the investigative act of bringing into play elements that frequently might be seen as paradoxical and exclusive in other theoretical perspectives. In this research, however, those are shaped at the same time as acting in Amazonia’s establishment and as a national territory. In this thesis I suggest that the following were at stake: 1) the need to go up there and see the forest with his own eyes (particular eyes of an official Brazilian) to narrate it more adequately; 2) the official charge of mapping rivers in this region to demarcate the nation’s border lines; 3) the weakening of the travel foreign narratives about Amazonia, which also have acted on ‘disenchantment’ for the territory; 4) the invention of a national race taken as enabling a transformation of the forest and its effective integration into a country calling for progress, civilisation and economic development; and 5) the fight against the historical nomadism in the settlement of the area, which would keep the forest as a wasteland. One considers that all these aspects ― which, in an articulated way, according to the analysis processed in the thesis, were brought into play in 10 Cunha’s texts about Amazonia ― have worked towards teaching the Brazilians of those times, especially those from the Brazilian government, how they should see Amazonia so that it could be civilised, economically developed and integrated to the nation. Finally, in this pedagogy working in Euclidian texts, it was essential to establish an effectively national, Brazilian gaze for the forest.
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Febre na selva: a Amazônia na interpretação de Euclides da Cunha

Ribeiro, Fabrício Leonardo [UNESP] 21 August 2007 (has links) (PDF)
Made available in DSpace on 2014-06-11T19:26:33Z (GMT). No. of bitstreams: 0 Previous issue date: 2007-08-21Bitstream added on 2014-06-13T20:07:40Z : No. of bitstreams: 1 ribeiro_fl_me_fran.pdf: 1743043 bytes, checksum: 939484871a29c5156c5a8e78cfe09156 (MD5) / Nomeado chefe da comissão brasileira de reconhecimento do Alto Purus em 6 de agosto de 1904, com a tarefa de reconhecer os limites entre o Brasil e o Peru, em decorrência de violentos conflitos envolvendo caucheiros peruanos e seringueiros brasileiros na região, Euclides da Cunha esteve na Amazônia entre dezembro de 1904 e dezembro de 1905, ocasião em que testemunhou uma realidade diversa daquela encontrada em outras regiões do país. Dessa viagem, o escritor deixou registrado em correspondências, estudos e artigos, as suas impressões acerca da paisagem e do cotidiano dos seringais, além de esboçar um conjunto de críticas e medidas que defendia como urgentes e necessárias para a região e para o país. Antes da expedição, Euclides já havia debruçado sua atenção sobre o tema, em artigo publicado em 1898, na segunda parte de Os Sertões (1902) e em quatro artigos de 1904. O objeto do presente estudo consiste justamente a interpretação de Euclides da Cunha acerca da Amazônia, presente nesses artigos, ensaios e correspondências, escritos entre 1898 e 1909, ano de sua morte. Pretende-se observar como o escritor foi construindo a sua visão acerca da região antes, durante e após a viagem, no qual os pressupostos cientificistas, a questão das fronteiras e os aspectos sociais exerceram importante papel / Euclides da Cunha was nominated the head of the Brazilian commission recognition of Alto Purus’ on 6 August 1904 and was responsible for recognising the border between Brazil and Peru, because of violent conflicts involving Peruvian caucheiros and Brazilians seringueiros. Between December 1904 and December 1905 he stayed in Amazon researching, corresponding and writting articles about his impressions of the landscape and the routine at the seringais. Critical about the cruel reality of this on people, he defended the urgency and necessity of action in this region. Before his expedition to Amazon, Euclides had already paid attention to this theme in an article published in 1989, in the second part of Os sertoes (1902) and in four articles in 1904. This research aims to interpretate Euclides da Cunha s articles, ensaios and correspondence wrote between 1989 and 1909, the year he died. It will be observed how the writer develeped his vision about the region before, between and after his travel, and how these border and social issue have influenced both at the time and for the present day
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Um olhar nacional sobre a Amazônia: apreendendo a floresta em textos de Euclides da Cunha

Guimarães, Leandro Belinaso January 2007 (has links)
A presente tese busca discutir processos e discursos que operaram na direção da nacionalização da Amazônia em um momento e circunstância específicos: o período da Primeira República brasileira. Para tanto, examinou-se um conjunto variado de textos (ensaios, cartas, relatórios, ofícios, livros, diários, artigos jornalísticos), especialmente os escritos por Euclides da Cunha sobre a floresta, privilegiando-se aqueles produzidos em decorrência de uma viagem oficial feita pelo referido autor em 1905, como chefe da Comissão Brasileira de Reconhecimento do Alto Purus, para colher dados acerca da delimitação territorial dessa área. A partir de dados colhidos nesta viagem, o governo brasileiro pretendia mapear o rio Purus em sua trajetória, desde a desembocadura em Manaus até suas cabeceiras no atual Estado do Acre, definindo, com tal mapeamento, as fronteiras noroestes do país em seus limites com a Bolívia e o Peru. A viagem foi patrocinada pelo Ministério das Relações Exteriores da República do Brasil e realizada conjuntamente com uma comissão do governo peruano. A investigação que desenvolvi nesta tese está inscrita no campo teórico dos Estudos Culturais e buscou inspiração, sobretudo, em suas versões latino-americanas. Dessa forma, foi central à pesquisa a consideração nas análises do conceito de hibridação cultural. Através dessa noção, buscou-se ampliar as articulações do estudo focalizado na tese a outros campos de saberes, ao colocarem-se em relação diferentes elementos que parecem ter atuado na invenção de um olhar efetivamente nacional para a Amazônia, naquele momento de inauguração da República. Assim, hibridar a Amazônia que emergia das páginas escritas por Euclides da Cunha refere-se ao ato investigativo de colocar em jogo elementos que muitas vezes poderiam ser vistos como paradoxais ou excludentes em outras perspectivas teóricas. Nessa pesquisa, no entanto, esses são configurados como atuantes, ao mesmo tempo, na instituição da Amazônia como um território nacional. Indico na tese que esteve em jogo neste processo: 1) a necessidade de ir lá ver a floresta com os próprios olhos (olhos muito próprios de um brasileiro com delegação oficial) para poder-se melhor narrá-la; 2) a incumbência oficial de proceder-se a escrituração dos rios desta região, para realizar a demarcação das fronteiras da nação; 3) o enfraquecimento das narrativas estrangeiras de viagem sobre a Amazônia, permitindo a promoção de um “desencantamento” de seu território; 4) a invenção de uma raça nacional tida como capacitada a desencadear a transformação da floresta e sua efetiva integração a um país clamante de progresso, de civilização e de desenvolvimentoeconômico; 5) e o combate ao nomadismo histórico de ocupação do seu território, que mantinha a floresta como desértica de civilização. Considera-se que todos estes aspectos - que articuladamente foram, segundo as análises processadas na tese, colocados em jogo nos textos amazônicos de Euclides da Cunha - operaram na direção de ensinar aos brasileiros daqueles tempos, sobretudo os incrustados no governo brasileiro, como se deveria enxergar a Amazônia, para que ela pudesse civilizar-se, desenvolver-se economicamente e integrar-se à nação. Enfim, nessa “pedagogia” que estava em operação nos textos euclidianos, foi imprescindível instituir um olhar efetivamente nacional, brasileiro, para a floresta. / This thesis tries to discuss processes and discourses operating towards the nationalisation of Amazonia in a particular moment: in the First Brazilian Republic period. For this, one has examined a various set of texts (essays, letters, reports, official letters, books, diaries, pieces of journalism), especially writings about the forest by Euclides da Cunha, favouring those produced as a consequence of an official travel he made in 1905 as the head for the High Purus Recognition Brazilian Commission to collect dada on the demarcation of this area. From the collected data on this travel, Brazilian government wanted to map river Purus from its mouth in Manaus to its fountainheads in the current State of Acre, establishing with this mapping the northwest boundaries in the country on the border lines with Bolivia and Peru. The travel was sponsored by the Ministry of Foreign Affairs of the Republic of Brazil and accomplished together with a commission of the Peruvian government. The inquiry I have made for this thesis is included in the Cultural Studies theoretical field, and has derived inspiration, above all, from Latin American strands. Thus considering the analyses of the concept of cultural hybridisation has been central for the research. With this notion in mind I have sought to broaden the study focus in this thesis to other fields of knowledge, by placing together different elements that seem to have played a role in the invention of a really national gaze for Amazonia, on that moment of inaugurating the Republic. Thus, hybridising the Amazonia emerging from Cunha’s writings refers to the investigative act of bringing into play elements that frequently might be seen as paradoxical and exclusive in other theoretical perspectives. In this research, however, those are shaped at the same time as acting in Amazonia’s establishment and as a national territory. In this thesis I suggest that the following were at stake: 1) the need to go up there and see the forest with his own eyes (particular eyes of an official Brazilian) to narrate it more adequately; 2) the official charge of mapping rivers in this region to demarcate the nation’s border lines; 3) the weakening of the travel foreign narratives about Amazonia, which also have acted on ‘disenchantment’ for the territory; 4) the invention of a national race taken as enabling a transformation of the forest and its effective integration into a country calling for progress, civilisation and economic development; and 5) the fight against the historical nomadism in the settlement of the area, which would keep the forest as a wasteland. One considers that all these aspects ― which, in an articulated way, according to the analysis processed in the thesis, were brought into play in 10 Cunha’s texts about Amazonia ― have worked towards teaching the Brazilians of those times, especially those from the Brazilian government, how they should see Amazonia so that it could be civilised, economically developed and integrated to the nation. Finally, in this pedagogy working in Euclidian texts, it was essential to establish an effectively national, Brazilian gaze for the forest.
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[pt] EM BUSCA DA COR LOCAL: OS MODOS DE VER E FAZER VER NAS OBRAS DE JOSÉ DE ALENCAR E EUCLIDES DA CUNHA / [en] IN THE SEARCH OF THE LOCAL COLOR: THE WAYS OF SEEING AND MAKE SEE IN THE WORKS OF JOSÉ DE ALENCAR AND EUCLIDES DA CUNHA

EDUARDO WRIGHT CARDOSO 04 November 2016 (has links)
[pt] Recurso pictórico elaborado no século XVIII, a cor local amplia seu escopo original relativo ao campo pictórico e passa a compor e regular a produção textual de escritores, historiadores, literatos e viajantes. Seu emprego em suportes textuais desenvolve e acentua a dimensão visual da narrativa e, portanto, pode ser concebido como uma expressão moderna das antigas associações entre cor e palavra, narrativa e pintura. O objetivo desta tese é, pois, investigar o emprego da cor local em tipos discursivos diversos, notadamente nas obras de José de Alencar e Euclides da Cunha, salientando a dimensão visual implícita ao recurso narrativo. A fim de compreender o investimento narrativo na visualidade, é válido recuperar, a partir da Antiguidade, os modos de ver e fazer ver que comportam topoi como o ut pictura poesis e o ut pictura historia, construções como a sunopsis e a enargeia, além de expedientes como, entre outros, a autópsia e a écfrase. A cor local, eis a hipótese inicial desta tese, incorpora e expressa parte destes modos e recursos e, portanto, é capaz de reproduzir e reelaborar, na época moderna, o anseio visual por meio da narrativa. A pesquisa pelos modos de ver e fazer ver requer, como temáticas relacionadas que perpassam este estudo, a consideração do estatuto e da importância atribuída à visão e ao olhar como elementos cognitivos e comprobatórios, além das relações entre sujeito e objeto na constituição do conhecimento. As produções ficcional de Alencar e factual de Euclides permitem, então, demonstrar tanto a amplitude do recurso narrativo, empregado em tipos discursivos diversos, quanto as variações relacionadas ao seu uso, ou seja, como a delimitação de uma determinada paisagem altera o conteúdo da forma da cor local. / [en] Pictorial device designed in the eighteenth century, the local color has expanded its original scope for the pictorial field and begins to compose the production of historians, writers and travelers. Its use in textual media develops and enhances the visual dimension of the narrative and can be considered as a modern expression of the ancient associations between color and word, narrative and painting. The purpose of this thesis is to investigate the use of local color in different discursive types, especially in the works of José de Alencar and Euclides da Cunha, stressing the implicit visual dimension to the narrative device. In order to understand the narrative investment in visuality it is worthed to recover from antiquity the ways of seeing and make see that includes topoi as the ut pictura poesis and ut pictura historia, resources like sunopsis and enargeia, and expedients as, among others, the autopsia and ekphrasis. The initial hypothesis of this thesis is that the local color expresses these modes and features and therefore is able to reproduce and redevelop, in modern times, the visual desire through narrative. The search for ways of seeing and make see requires, as related themes that pervade this study, the consideration of the status and the importance attributed to the vision as a cognitive element and proving, beyond the relations between subject and object in the constitution of knowledge. The fictional writings of Alencar and factual writings of Euclides allow then to demonstrate both the extent of the narrative device, employed in various discursive types, as the variations related to its use, that is how the delimitation of a particular landscape changes the contents of the form of the local color.
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[en] IN SEARCH OF THE THIRD SHORE: TRACES OF THE SERTÃO IN THE BRAZILIAN SYMBOLIC PRODUCTION FROM MODERNITY TO CONTEMPORANEITY / [pt] À PROCURA DA TERCEIRA MARGEM: RASTROS DO SERTÃO NA PRODUÇÃO SIMBÓLICA BRASILEIRA DA MODERNIDADE À CONTEMPORANEIDADE

CINTIA BORGES ALMEIDA DA FONSECA 02 July 2024 (has links)
[pt] Com bordas móveis, o sertão parece ajustar-se à plasticidade imaginária do seu tempo, encenando em seu território disputas estéticas, éticas e políticas que o demarcam, forjando novas e sempre fluidas fronteiras para a região. Este trabalho propõe um percurso crítico pela cartografia simbólica do sertão, da modernidade à contemporaneidade, seguindo o traçado proposto por alguns escritores e um cineasta que forjaram imagens constituintes da região. A análise parte do esforço empreendido por artistas que, em tempos e modos distintos, ousaram aproximar paisagem e linguagem para estabelecer – ou propositalmente desbordar – um esboço e um contorno para o sertão. A pesquisa se inicia pelos restos de um sertão monumental, tecido e destecido por Euclides da Cunha e Guimarães Rosa. A proposta é analisar os resíduos da escrita de Os sertões – ou o que ficou perdido entre anotações dos textos marginais e excesso de referências teóricas – para chegar à marginalia produzida por Guimarães Rosa durante a leitura da obra máxima de Euclides e às anotações de viagem coletadas pelo autor mineiro para a escrita de Grande sertão: veredas. Lidos em diálogo, Euclides da Cunha poderia ser o viajante letrado para quem o protagonista de Guimarães Rosa narra o que ficou submerso pelo projeto republicano de silenciamento histórico, fazendo ouvir o silêncio, o instável e o indomável, em uma reflexão radical dos limites do pensamento e da linguagem. Puxando o fio de um sertão feito de letras, investigam-se autoras que reviram do avesso esse interior estranho e estrangeiro ao restante do país deslocando-o para as margens das grandes cidades e de existências miseráveis; que se esforçam para circunscrever o vazio demarcando-o com palavras, enquanto revelam a condição estrutural da falta e do impossível de (d)escrever. Clarice Lispector (A hora da estrela), Marilene Felinto (As mulheres de Tijucopapo) e Carolina Maria de Jesus (Quarto de despejo) narram as marcas deixadas por um sertão que chegou à beira das cidades, invadiu ruelas, quartos e barracos na periferia das metrópoles, tatuou corpos e destinos dos herdeiros de uma diáspora. Contraditoriamente, a mesma paisagem que convoca à demarcação de fronteiras é também um convite à ultrapassagem, capaz de pôr em xeque a delimitação de suas margens. Nesse sentido, o lusoangolano Ruy Duarte de Carvalho (Desmedida – Luanda – São Paulo – São Francisco e volta) e o cineasta Glauber Rocha (Deus e o diabo na terra do sol) propõem-se a explorar um mais além que escapa por entre as linhas, cartográficas ou simbólicas; um espaço que porta a dimensão do inalcançável, impulso ao movimento e à travessia. Leitores de Guimarães Rosa e de Euclides da Cunha, ambos se colocam em cena, suturando corpo e linguagem, para produzirem obras de borda – ou litorâneas – que marcam o encontro entre campos híbridos e heterogêneos, preservando suas singularidades. Terceira margem. / [en] With shifting borders, the sertão (backlands) seems to adjust to the imaginary plasticity of its time, staging aesthetic, ethical and political disputes in its territory that demarcate it, forging new and ever-fluid borders for the region. This work proposes a critical journey through the symbolic cartography of the sertão, from modernity to contemporaneity, following the path proposed by some writers and a filmmaker who have forged images of the region. The analysis is based on the efforts made by artists who, at different times and in different ways, dared to bring landscape and language together to establish - or purposely blur - an outline and a contour for the sertão. The research begins with the remains of a monumental sertão, woven and torn apart by Euclides da Cunha and Guimarães Rosa. The proposal is to analyze the residues of the writing of Os sertões - or what was lost between notes from marginal texts and an excess of theoretical references - to arrive at the marginalia produced by Guimarães Rosa while reading Euclides greatest work and the travel notes collected by the Minas Gerais author for the writing of Grande sertão: veredas. Read in dialogue, Euclides da Cunha could be the literate traveler to whom Guimarães Rosa s protagonist narrates what was submerged by the republican project of historical silencing, making silence, the unstable and the indomitable heard, in a radical reflection on the limits of thought and language. Pulling on the thread of a sertão made of letters, we investigate authors who have turned this strange interior inside out, foreign to the rest of the country, moving it to the margins of big cities and miserable existences; who strive to circumscribe the emptiness by demarcating it with words, while revealing the structural condition of lack and the impossibility of writing. Clarice Lispector (A hora da estrela), Marilene Felinto (As mulheres de Tijucopapo) and Carolina Maria de Jesus (Quarto de despejo) narrate the marks left by a sertão that arrived on the edge of cities, invaded alleys, rooms and shacks on the outskirts of metropolises, tattooing the bodies and destinies of the heirs of a diaspora. Contradictorily, the same landscape that calls for the demarcation of borders is also an invitation to go beyond, capable of calling into question the delimitation of its margins. In this sense, the Portuguese-Angolan Ruy Duarte de Carvalho (Desmedida - Luanda - São Paulo - São Francisco e volta) and the filmmaker Glauber Rocha (Deus e o diabo na terra do sol) set out to explore a beyond that escapes between the lines, cartographic or symbolic; a space that carries the dimension of the unreachable, an impulse to movement and crossing. Readers of Guimarães Rosa and Euclides da Cunha, both put themselves on the scene, suturing body and language, to produce border - or coastal - works that mark the encounter between hybrid and heterogeneous fields, preserving their singularities. Third margin.
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A nação e seus outros: uma leitura subalterna de Os Sertões de Euclides da Cunha

Pimentel, Talita Cristina 26 March 2010 (has links)
Made available in DSpace on 2016-06-02T20:39:14Z (GMT). No. of bitstreams: 1 3503.pdf: 525283 bytes, checksum: bfb4d66f7d01145cac6857205dc7c328 (MD5) Previous issue date: 2010-03-26 / The present work presents a subordinate reading of Os Sertões of Euclides da Cunha also informed for sources of the Brazilian social thought and the incursion in the historical archives on the episode of Canudos. This at the beginning crystallized a true moral panic of the Republic. Euclides of the Wedge told the revolt of Canudos as a shock between races where the miscegenation gained a fincado historical clipping in the binary division of the Brazilian society in caboclos x mulatos (or interior x the coast). One underlines the panic that account of the Brazilian society with regard to the racial mixture between whites and blacks took and the fear moral of that the life in the cities would be a degenerative threat for our nationality. From this division racial of the society established for Euclides - and endorsed for intellectuals, politicians and artists in the consolidation of the Republic - the hinterland and its people if consecrate as the place and the citizens of a genuine nationality. This allowed, also, that the others were established, the undesirable one in the formation of the Brazilian nationality. / O presente trabalho apresenta uma leitura subalterna de Os Sertões de Euclides da Cunha informada também por fontes do pensamento social brasileiro e da incursão nos arquivos históricos sobre o episódio de Canudos. Este cristalizou um verdadeiro pânico moral no início da República. Euclides da Cunha relatou a revolta de Canudos como um choque entre raças em que a miscigenação ganhou um recorte histórico fincado na divisão binária da sociedade brasileira em caboclos x mulatos (ou interior x litoral). Sublinha-se o pânico moral que tomou conta da sociedade brasileira com relação à mistura racial entre brancos e negros e o temor de que a vida nas cidades seria uma ameaça degenerativa para nossa nacionalidade. A partir dessa divisão racial da sociedade estabelecida por Euclides - e endossada por intelectuais, políticos e artistas na consolidação da República - o sertão e sua gente se consagram como o lugar e os sujeitos de uma nacionalidade genuína. Isto permitiu, também, que se estabelecessem os outros, os indesejáveis na formação da nacionalidade brasileira.
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Imagens do intelectual Euclides da Cunha: permanência e deslocamentos

Rocha, Iraci Simões da January 2007 (has links)
304f. / Submitted by Suelen Reis (suziy.ellen@gmail.com) on 2013-05-13T18:26:28Z No. of bitstreams: 1 Tese Iraci da Rocha.pdf: 1833576 bytes, checksum: 8d465be52b4834aadec5c2c0f33189fa (MD5) / Approved for entry into archive by Rodrigo Meirelles(rodrigomei@ufba.br) on 2013-05-16T17:14:14Z (GMT) No. of bitstreams: 1 Tese Iraci da Rocha.pdf: 1833576 bytes, checksum: 8d465be52b4834aadec5c2c0f33189fa (MD5) / Made available in DSpace on 2013-05-16T17:14:14Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Tese Iraci da Rocha.pdf: 1833576 bytes, checksum: 8d465be52b4834aadec5c2c0f33189fa (MD5) Previous issue date: 2007 / O objetivo desta tese é investigar os modos e razões de permanência e de deslocamentos do nome do intelectual Euclides da Cunha, na cultura brasileira, particularmente na Bahia. Recorta-se a temática, analisando-se dois movimentos: a consagração do escritor e de sua obra, mantidos como objetos de culto em determinados espaços (permanência) e a revisão histórica da questão Canudos, a partir de fontes nãoeuclidianas, com a conseqüente problematização de noções arraigadas na cultura, relacionadas aos processos de representação e de constituição da identidade do autor de Os sertões (deslocamentos). Analisam-se textos de Euclides, com destaque para trechos de Os sertões, textos críticos do início do século XX, textos biográficos e históricos sobre o escritor e ainda textos que fazem a revisão dos fatos da guerra. Para a coleta de dados, aos procedimentos de leitura e análise dos textos de e sobre Euclides, incluiu-se a observação direta de eventos culturais relacionados ao euclidianismo e ao conselheirismo. Além disso, foram entrevistados intelectuais envolvidos com a pesquisa de temática canudiana-euclidiana-conselheirista. Os dados encontrados foram interpretados, considerando-se aspectos da análise qualitativa. Os resultados da pesquisa mostraram que as imagens identitárias com as quais Euclides passa à posteridade foram inicialmente construídas pela crítica, pelos jornais e pelos biógrafos. Por um lado, tais imagens seriam oportunamente apropriadas pelo Movimento Euclidiano, ainda hoje resistente em São José do Rio Pardo, interior de São Paulo. Por outro lado, na Bahia, o nome de Euclides da Cunha estaria mais ligado a homenagens oficiais, embora sua obra permaneça como ícone canônico cultural. Os pesquisadores da temática canudiana, notadamente aqueles mais afinados com o conselheirismo, mostraram-se empenhados na recuperação histórica dos fatos da guerra para a positivação das imagens dos mártires de Canudos. Procedimentos análogos foram utilizados tanto no processo de construção do “fenômeno” Euclides da Cunha quanto na positivação das imagens dos seguidores de Antônio Conselheiro. Observou-se que o movimento cultural baiano, que pesquisa a temática Canudos e atua a partir da década de 1980, apresenta-se mobilizado em torno do conselheirismo, como vertente de estudos. Assim, o nome de Euclides da Cunha se desloca da posição privilegiada de veiculador de “voz autorizada” sobre a guerra de 1897, apesar de sua obra ainda se manter como uma grande referência; nos espaços conselheiristas, o foco de interesse recai nas histórias dos vencidos da guerra que abalou o Brasil, no final do século XIX. / Salvador

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