Spelling suggestions: "subject:"filosofia política"" "subject:"hilosofia política""
131 |
Compreensão e política em Hannah ArendtMonti, Gil Moraes January 2017 (has links)
O mote deste trabalho se constrói a partir da noção de compreensão (understanding) em Hannah Arendt, que é trazida para o primeiro plano dos seus escritos. Esta noção não aparece de forma evidente em seus escritos, mas manifesta-se como uma linha guia que conduz seus pensamentos. Dar evidencia a tal termo não tem como razão apresentar um conceito, mas busca revelar uma atividade que se manifesta enquanto um gesto filosófico que busca dotar o mundo de sentido. A compreensão é tematizada frente ao totalitarismo, um fenômeno que rompeu com as categorias políticas de seu tempo, é a partir dele que a compreensão busca reconciliar pensamento e realidade, revelando assim o cerne do pensamento político de Arendt. No primeiro capítulo é demostrado como a compreensão se manifesta como uma forma própria de narrar os acontecimentos, e é a partir dela que busco criar uma ponte entre pensamento e realidade, retomando uma forma de filosofar que deriva de nossas experiências de mundo, e remonta um debate o qual Arendt se insere entre filosofia e política. No segundo capítulo esta perspectiva é posta frente à realidade do totalitarismo e contrastada a sua sistemática, como um fenômeno que esvazia o espaço público e destitui os indivíduos da capacidade de se reconectar com um mundo vazio de sentido. A compreensão também é contrastada com Eichmann, revelando assim essa dupla face do totalitarismo, que ao eliminar os espaços de interação, também elimina a capacidade do indivíduo exercer sua singularidade em meio à pluralidade. Este exame busca evidenciar a relevância de tal noção dentro dos escritos de Arendt revelando uma postura política que deriva de um significado gerado no mundo, mas também destacá-la como uma postura política pertinente frente a demandas políticas da modernidade. / The motto of this work is built on the notion of understanding, which is brought by Hannah Arendt to the forefront of her writings. This notion does not appear clearly in her writings, but manifests itself as a guiding line leading her thoughts. The reason for giving evidence to such a term is not to present a concept, but to reveal an activity that manifests itself as a philosophical gesture, which seeks to provide meaning to the world. Understanding is thematized in view of totalitarianism, a phenomenon that broke through political categories of its time. It is from it that understanding seeks to reconcile thought and reality, thus revealing the core of Arendt's political thinking. In the first chapter it is shown how understanding manifests itself as a proper way of narrating events, and it is based on this idea that I seek to create a bridge between thought and reality, retaking a form of philosophizing that derives from our experiences of the world, going back to a debate in which Arendt is in between philosophy and politics. In the second chapter this perspective is confronted with the reality of totalitarianism and contrasts its systematics as a phenomenon that empties public space and deprives individuals of the capacity to reconnect with a world that is empty of meaning. Understanding is also contrasted with Eichmann, thus revealing this double aspect of totalitarianism, which by eliminating spaces of interaction, also eliminates the individual's ability to exert his singularity amidst plurality. This examination seeks to highlight the relevance of such a notion within Arendt's writings by revealing a political stance derived from a meaning generated in the world, but also to highlight it as a pertinent political stance in the face of the political demands of modernity.
|
132 |
Da crise da modernidade à República de Platão : uma interpretação straussiano-platônica do melhor regimeRosa, João Pedro da Silva January 2018 (has links)
Este trabalho busca desvelar e sistematizar claramente os princípios straussianos de filosofia política clássica e, especificamente, os princípios straussiano-platônicos do melhor regime. Isto é, este trabalho busca desvelar o que Leo Strauss acredita ser o começo da filosofia política clássica, o que Leo Strauss acredita ser a “metodologia” clássica à filosofia política e, especificamente, as conclusões de Platão sobre o melhor regime. Os primeiros são princípios straussianos, porque advêm da interpretação de Leo Strauss sobre vários filósofos clássicos; os últimos são straussiano-platônicos, pois advêm de uma interpretação straussiana de Platão. Por fim, a análise de Leo Strauss sobre a crise da modernidade e sobre a historiografia da filosofia são apresentadas a fim de que possamos entender por que e como trilhar o caminho straussiano aos clássicos. / This work intends to state and arrange clearly the Straussian principles of classical political philosophy and, especially, the Straussian-Platonic principles of the best regime. That is, this work intends to state what Leo Strauss thought to be the beginnings of classical political philosophy, what Leo Strauss thought to be a classical “methodology” for political philosophy and, finally, Plato's conclusions about the best regime. The first two are Straussian principles because they ensued from Leo Strauss' interpretation of various classical political philosophers and the last ones are Straussian-Platonic because they ensued from a Straussian interpretation of Plato. That being said, Leo Strauss' analysis of the crisis of modernity and Leo Strauss' historiography of philosophy are presented as requirements for a better understanding of what consists the Straussian way back to the classics.
|
133 |
What does it mean to be a pariah? : assimilation, depersonalization and uniqueness in the thought of Hannah ArendtKasper, Rafael Lembert January 2018 (has links)
Esta tese pergunta pelo sentido do pária na obra de Hannah Arendt, buscando compreende-lo dentro do sentido mais amplo do pensamento político da autora. A pesquisa teve como ponto de partida artigos reunidos na coletânea Escritos Judaicos, em que a autora tratou do pária pelo viés de experiências dos judeus europeus, sobretudo entre o século 19 e o século 20; passou por Origens do Totalitarismo (1951), texto em que Arendt definiu o movimento de exclusão e destruição de párias europeus, em especial os judeus, como o “agente catalítico” do colapso da Europa; chegando a textos como A Condição Humana (1958), em que Arendt apresentou a pluralidade e a unicidade como novos princípios requeridos pela reconstrução da dignidade humana num contexto póstotalitário. Articulando-se de forma não-monística, este texto tem, como eixos, temas da obra de Arendt como a assimilação, tentativa de absorção de judeus e outros párias pelo “social”; a despersonalização, movimento radical de dissolução da personalidade e alienação do “eu” em favor de forças históricas; e a unicidade, como condição básica de seres humanos plurais e insubstituíveis. O trabalho sustenta, de forma geral, que a experiência do pária, levando em conta sua exclusão, desaparecimento e tentativa de reaparecimento, é um exemplo fundamental para a ação e o pensamento políticos na contemporaneidade. / This dissertation questions the meaning of the pariah in Hannah Arendt’s work, aiming at its comprehension within the broader context of Arendt’s political thought. The research departed from articles published in the anthology The Jewish Writings, in which Arendt approached the pariah relying on experiences of European Jews, mainly between the 19th and the 20th centuries; dealt with The Origins of Totalitarianism, text in which she defined the exclusion and destruction of European pariahs, specially Jews, as the “catalytic agent” of Europe’s broader collapse; arrived at texts such as The Human Condition (1958), in which Arendt presented plurality and uniqueness as new principles required by the reestablishment of human dignity in a post-totalitarian world. Developed in non-monistic lines, this text deals with topics of Arendt’s work, as assimilation, the attempt of absorption of Jews and other pariahs by the “social”; depersonalization, the radical movement of dissolution of personality and alienation of the ego towards historical forces; and uniqueness, as a basic condition of plural and irreplaceable human beings. It holds, in broad terms, that the pariah’s experience, its exclusion, disappearance and attempt of reappearance, is a fundamental example for acting and thinking politically in the present world.
|
134 |
O conceito de Estado e o de liberdade de imprensa na Filosofia do Direito de G.W.F. HegelKonzen, Paulo Roberto January 2007 (has links)
Der in G. W. F. Hegels Philosophie des Rechts dargelegte Begriff von Staat und der von Preßfreiheit (Pressefreiheit) oder von Freiheit der öffentlichen Mitteilung (Kommunikation) sind konstitutiv und wesentlich im Verständnis der Philosophie des objektiven Geistes und des hegelianischen Systems. In der Abhandlung, auf der Suche nach der Erklärung oder nach dem Erzeugnis, in der solche Elemente untersucht werden könnten, wird jedoch als Basis zuerst dargestellt, welche die Hauptbestimmungen des hegelianischen Begriffes von Philosophie oder von der spekulativen oder philosophischen Wissenschaft sind; danach, im zweiten Kapitel, welche die Wichtigkeit des Teiles objektiven Geist und des Textes Philosophie des Rechts in solchem philosophischen System ist, um dann den Begriff von Staat und den von Freiheit im Allgemeinen zu analysieren, und zuletzt, im dritten Moment, als Höhepunkt und spezifischer Aspekt der Forschung, basiert auf den Ausgangselementen, was der Begriff von Pressefreiheit oder Freiheit der öffentlichen Mitteilung ist. Beim Analysieren eines hegelianischen Textes durch eine kritisch-philologische und historische Lektüre, besonders vom § 319, versteht man, dass Hegel bei der Darstellung seines Begriffes von Pressefreiheit nicht die existierende Staatsrealität in Preußen zu rechtfertigen versucht, aber er zielt die Verwirklichung der Freiheit zu fördern. Obgleich Hegel sich 1820 nicht frei ausdrücken kann, das setzt nicht die Elemente und den passenden Anschluß seiner Philosophie des objektiven Geistes im Ganzen seiner Philosophie aufs Spiel; denn seine Philosophie des Rechts, als Werk der Politikphilosophie, legt, außer dem Beweis, dass er nichts geschrieben hat, ohne vorher darüber nachgedacht zu haben, seinen Begriff von Staat und nicht die wirkende Staatsform in seiner Zeit dar, Aspekt, der offensichtlicher wird, wenn man seinen Begriff von Freiheit der öffentlichen Mitteilung oder der Pressefreiheit überprüft; Aspekt, der schließlich das philosophische System Hegels kennzeichnet und preist, immer zugunsten der Verwirklichung der Freiheit als konkrete Form des Verhältnisses zwischen den Menschen. / O conceito de Estado e o de liberdade de imprensa ou de comunicação pública, expostos na Filosofia do Direito de G. W. F. Hegel, são constitutivos e essenciais na compreensão da Filosofia do Espírito Objetivo e do Sistema hegeliano. Na dissertação, em busca de esclareci-mento ou do engendramento onde tais elementos poderiam ser examinados, primeiramente, como base, apresenta-se quais são as principais determinações do conceito hegeliano de filo-sofia ou de ciência especulativa ou filosófica; depois, no segundo capítulo, qual é a importância da seção Espírito Objetivo e do texto Filosofia do Direito em tal Sistema Filosó-fico, para, então, analisar o conceito de Estado e o de liberdade em geral; e, por último, no terceiro momento, como cume e aspecto específico da pesquisa, fundamentado nos elementos iniciais, o que seja o conceito de liberdade de imprensa ou de comunicação pública. Ao anali-sar o texto hegeliano, através de uma leitura crítico-filológica e histórica, sobretudo do § 319, compreende-se que Hegel, quando da apresentação do seu conceito de liberdade de imprensa, não busca justificar a realidade estatal existente na Prússia, mas visa promover a efetivação da liberdade. Apesar de Hegel não poder se expressar de forma livre em 1820, isso não compro-mete os elementos e a devida conexão da sua Filosofia do Espírito Objetivo ao todo de sua filosofia; pois, além de constatar que ele não redigiu nada sem antes o ter pensado, sua Filoso-fia do Direito, como obra de filosofia política, expõe o seu conceito de Estado e não a forma estatal vigente em seu tempo, aspecto que se torna mais evidente quando se examina o seu conceito de liberdade da comunicação pública ou de liberdade de imprensa; o qual, enfim, caracteriza e enaltece o Sistema Filosófico de Hegel, sempre trabalhando em prol da efetiva-ção da liberdade, enquanto forma concreta de relação entre os seres humanos.
|
135 |
A estrutura lógica dos poderes do Estado na Filosofia do Direito de G. W. F. HegelTinajeros Arce, Gonzalo Humberto January 2009 (has links)
O conceito engoblante (Inbegriff) de Estado é composto de micros conceitos internos chamados de momentos: α) Momento interno da singularidade (-S-) do Estado (conceito do “poder do príncipe”); β) Momento interno da particularidade (-P-) do Estado (conceito de “poder governativo”); γ) Momento interno da universalidade (-U-) do Estado (conceito de “poder legislativo”). Estes momentos internos do Estado desenvolvem-se e conservam-se (Aufheben) de forma dialética especulativa em suas particularidades conceituais próprias (determinidades); Assim como suspendem-se ou elevam-se (Aufheben) de suas determinidades próprias a um nível macro de determinação conceitual universal, enquanto que os momentos (mediador se está na relação de extremo e mediado se está na relação de termo médio) são elementos internos dos silogismos especulativos do conceito poder do Estado (Staatsgewalt). / El concepto englobante (Inbegriff) de Estado, tiene en su constitución interna para sí a sus micro conceptos internos llamados de momentos: α) El momento interno de la singularidad (-S-) del Estado (concepto de “poder del príncipe”); β) El momento interno de la particularidad (-P-) del Estado (concepto de “poder gubernativo”); γ) El momento interno de la universalidad (-U-) del Estado (concepto de “poder legislativo”). Estos momentos internos del Estado se desarrollan y se conservan (Aufheben) de forma dialéctica especulativa en sus particularidades conceptuales propias (determinidades); así también, ellos se suspenden o se elevan (Aufheben) de sus determinidades propias hacia un nivel macro de determinación conceptual universal, en cuanto los momentos (mediador si está en la relación de extremo / mediado si está en la relación de término medio) son los elementos internos de los silogismos especulativos del concepto poder del Estado (Staatsgewalt).
|
136 |
Democracia e individualismo: a igualdade como princípio organizadorSilva, Walter Valdevino Oliveira January 2009 (has links)
Made available in DSpace on 2013-08-07T18:55:55Z (GMT). No. of bitstreams: 1
000416581-Texto+Completo-0.pdf: 626223 bytes, checksum: 7fea76adca3066a3de5bc7de0f03b330 (MD5)
Previous issue date: 2009 / As democracias ocidentais contemporâneas caracterizam-se pelo consenso a respeito da defesa dos direitos individuais fundamentais. O princípio da igualdade, tanto em sua formulação jurídica quanto em sua expressão social, tem por objetivo fazer com que fatores como poder econômico, influência política, origem familiar e preferências pessoais não possam promover desigualdades que não possuem justificativa moral. O princípio da liberdade tem por objetivo garantir espaço para a autonomia e a livre expressão individual. O conflito entre esses dois princípios, como se sabe, define o contexto tanto das conquistas e dos impasses dos regimes democráticos quanto o contexto do debate filosófico a respeito da fundamentação da democracia. Minha tese é a de que a instauração do individualismo nas democracias ocidentais é o resultado de um longo processo de desenvolvimento histórico que estabeleceu a igualdade – e não a liberdade – como o princípio organizador fundamental da ordem social democrática. Essa reavaliação permite superar os impasses gerados por teorias que colocam a autonomia e a racionalidade como fundamento das sociedades democráticas, inflacionando, assim, o conceito de liberdade, restringindo a política a processos de deliberação que deveriam se aproximar de condições idealizadas que não encontram correspondência na prática social e, quase sempre, pressupondo definições para o que seria a natureza humana, a escolha racional ou uma verdadeira autenticidade ou esclarecimento que permitiria escapar de todos os tipos de determinações heterônomas. Para indicar em que sentido proponho essa reavaliação, inicio retomando a obra de Alexis de Tocqueville (1805-1859). Proveniente de uma família aristocrata em plena época pós-revolucionária na França, Tocqueville analisa a formação dos Estados Unidos da América mostrando que, na instauração da democracia americana, o ideal de igualdade ocupa um lugar anterior ao ideal de liberdade não só historicamente, mas também na justificação e na prática do sistema democrático. Subverte-se, assim, tanto a leitura da modernidade enquanto tentativa de efetivar conjuntamente os ideais de igualdade e liberdade, quanto a leitura de que o traço essencial da modernidade seria a instauração de uma racionalidade que acabou tornando-se instrumental ou técnica. Na primeira metade do século XIX, com uma interpretação que evita o unilateralismo, Tocqueville constata que a característica principal das democracias é o fato de que os homens, colocados em situação de igualdade, isolados e entregues a si mesmos, são indivíduos frágeis que, desprovidos de tradições, só possuem a razão para tentar justificar as leis que devem se auto-impor. Essa leitura tocquevilleana negativa da democracia moderna permite compreender fenômenos contemporâneos aparentemente tão incompatíveis quanto, por exemplo, o isolamento social e o amplo consenso em relação aos direitos humanos ou as instituições jurídicas como instância última de mediação dos conflitos sociais e a falência praticamente completa da lei e de quaisquer instrumentos de poder para lidar com questões humanas e, mais recentemente, tecnológicas.O individualismo democrático é, fundamentalmente, a consequência da efetivação cada vez maior do ideal moderno de igualdade. A filosofia política precisa levar a sério o fato de que, ao mesmo tempo em que corrói o ideal de uma racionalidade autofundante, essa condição democrática abre espaço, como nunca antes na história humana, para a responsabilidade individual. Essa responsabilidade é que nos permite, enquanto seres limitados e contingentes, chegar mais perto do ideal moderno de autonomia e autodeterminação.
|
137 |
Unidade na abordagem política e institucional da justiça distributiva na teoria de John RawlsMásera, Marcos Alexandre January 2012 (has links)
Made available in DSpace on 2013-08-07T18:55:39Z (GMT). No. of bitstreams: 1
000443288-Texto+Completo-0.pdf: 1051502 bytes, checksum: 4a50c9642594f1a7412bfeeda2ca15d9 (MD5)
Previous issue date: 2012 / The objective of this dissertation is to demonstrate unity and conformity in the theory by John Rawls between the two uses of the original position to support the principles and norms of justice for internal society and international relations. In the same sense, I intend to demonstrate that the American author uses the same foundations for regulating liberty in the democratic society, by limiting its exercise through the rule of law and the justice system, as well as for regulating the sovereignty of the people through international treaties and the duty of intervention. Accordingly, just as liberty depends on institutions and their respective norms, sovereignty is regulated by international law and by the respect for human rights. Subsequently, this dissertation aims to demonstrate unity in the Rawlsian theory by defining the distributive justice system applicable to internal society, with the adoption of public policies of transfer of income and sharing property and wealth, with the same purpose as the duty of assistance of peoples towards disadvantaged societies, at the international level. The dissertation is complemented by an analysis of the foundations of the guarantee of an existential minimum for citizens and the just savings principle. / O objetivo do presente trabalho é demonstrar a unidade e a conformidade na teoria de John Rawls entre os dois usos da posição original para fundamentar os princípios e normas de justiça para a sociedade interna e para as relações internacionais. No mesmo sentido, pretende-se demonstrar que o autor norte-americano utiliza os mesmos fundamentos para a regulação da liberdade na sociedade democrática, mediante o condicionamento do exercício da mesma pelo estado de direito e pelo sistema judiciário, bem como para a regulação da soberania dos povos através de tratados internacionais e do direito de intervenção. Nestes termos, assim como a liberdade está condicionada pelas instituições e pelas respectivas normas, a soberania encontra-se regulada pelo direito internacional e pelo respeito aos direitos humanos. Na sequência, objetiva-se demonstrar a unidade da teoria rawlsiana ao definir o sistema de justiça distributiva aplicável para a sociedade interna, com a adoção de políticas públicas de transferência de renda e partilha da propriedade e da riqueza, com a mesma finalidade do dever de assistência dos povos para com as sociedades oneradas, em âmbito internacional. Complementa-se o trabalho com uma análise sobre os fundamentos para a garantia de um mínimo existencial para os cidadãos e o princípio da justa poupança.
|
138 |
Pornografia e políticaMaciel, Luis Gustavo Razzera January 2016 (has links)
A pornogra a foi apresentada como problema político por uma ramificação anti-porn do feminismo no final dos anos 1970 nos EUA. Esse grupo rompeu com o feminismo liberal e com perspectivas liberais de igualdade sexual ao tratar radicalmente a excitação sexual masculina como uma forma de subordinação da mulher e discriminação sexual, dadas condições específicas sob as quais a excitação era concebida como danosa. Mas essas condições, do modo como foram definidas por esse grupo, eram muito amplas. Quando interpretadas, poderiam ir de situações de tortura e estupro reais até a leitura da Ilíada. Essa definição foi codificada em lei por Catherine MacKinnon nos anos 1980, mas rejeitada pela Suprema Corte como tentativa de censura de conteúdo, uma violação da liberdade de expressão. Da perspectiva anti-porn, a Suprema Corte decidiu que a liberdade de expressão era superior a igualdade sexual, e que a pornogra a poderia continuar a subordinar as mulheres aos homens. O problema político que encontramos aqui e o problema de como equilibrar liberdade e igualdade, de modo que as pessoas sejam tratadas com igualdade sem ter sua liberdade violada. Apresentamos uma crítica liberal, de Ronald Dworkin, a posição anti-porn. Ela é uma defesa singular da pornografia, pois não apela a liberdade de expressão, mas sim ao próprio direito a igualdade A pornografia é defendida como um importante modo de vida para muitas pessoas que têm diferentes perspectivas sobre o valor e o significado da prática pornográfica. Elas têm um direito a independência moral, que a definição anti-porn de pornografia viola, pois tenta atribuir tanto o valor como o sentido da prática sem consideração pelos valores e sentidos que pessoas de fato envolvidas na pornografia dão a ela. A liberdade de expressãoé concebida como necessária a esse processo de dar valor e sentido a uma atividade. Segundo essa concepção, liberdade não conflita com igualdade, porque, para que sejam tratadas com igualdade, as pessoas devem ser livres para expressar, atrav es de suas vidas, diferentes valores e sentidos, que por sua vez devem ser respeitados em decisões políticas que as afetam. A posição liberal deixa aberta a possibilidade de reformar a pornografia, de as pessoas reinventarem a pornografia do modo como for adequado as suas vidas em sua presente situação, enquanto a anti-porn não deixa, pois concebe a pornografia de um modo unico e fixo. A principal critica liberal da posição anti-porn, portanto, nãoé sobre seu conteúdo, sobre o que feministas anti-porn dizem que a pornografia seja ou faça, mas ao modo como elas tratam as pessoas, que é sem respeito pelo sentido de suas atividades e pelo valor que estão tentando dar as suas vidas através da pornografia. / Pornography was introduced as a political problem by the anti-porn branch of feminism in the late 1970's in the USA. This group broke with liberal feminism and liberal perspectives on sexual equality when they radically treated male sexual excitement as a form of women subordination and sex discrimination, given speci c conditions under which the excitement was conceived as harmful. But those conditions, the way they were de ned by this group, were very broad. When interpreted, they could go from actual situations of torture and rape to the reading of the Iliad. This de nition was codi ed into law by Catherine MacKinnon in the 1980's but rejected by the Supreme Court as an attempt of content censorship, a violation of freedom of expression. From the anti-porn perspective, the Supreme Court decided that freedom of speech was superior to sex equality, and that pornography could continue to subordinate women to men. The political problem that we nd here is the problem of how to balance liberty and equality, so that people can be treated with equality while not having their freedom violated. We present a liberal critique, by Ronald Dworkin, of the anti-porn position. It's a singular defense of pornography, as it does not call for freedom of expression but for the right to equality itself. Pornography is defended as an important way of life for many people that have di erent perspectives on the value and meaning of the pornographic practice They have a right to moral independence, which the anti-porn de nition of pornography violates as it tries to give both the value and the meaning of the practice without concern for the value and meaning people actually involved in pornography give to it. Freedom of expression is conceived as necessary for this process of giving value and meaning to an activity. In that sense, liberty does not con ict with equality, because for people to be treated with equality they should be free to express, through their lives, di erent values and meanings, which in turn should be respected in political decisions a ecting them. The liberal position leaves open the possibility to reform pornography, for people to reinvent pornography as they see t for their lives in their present situation, which the anti-porn does not, since it conceives pornography in a single and xed way. The main liberal critique of the anti-porn position, thus, is not about it's content, about what anti-porn feminists say pornography is or what pornography does, but the way they treat people, which is without respect for the meaning of their actvity and the value they are trying to give to their lives through pornography.
|
139 |
Guerra e colisão trágica na ideia de patriotismo, em HegelTinajeros Arce, Gonzalo Humberto January 2017 (has links)
Was denkt Hegel über den Krieg? Wie stellt er die begrifflichen Bestimmungen, die den rationalen Sinn des bewaffneten Konfliktes zwischen sittlichen Mächten gestalten, vor? Auf welche Weise löst er den großen Widerspruch ein Leben für die Heimat zu opfern und der wirklichen effektiven Erhaltung der individuellen Freiheit in der außergewöhnlichen Situation des Krieges? Hegel besitzt eine raffinierte theoretische Reflexion über den Krieg, die ihren Anfang in phänomenologischen, ästhetischen und politischen Studien über Heldenkriege, dargestellt in griechischen Tragödien, nimmt; übergehend in Studien zu Herrenkriegen, den so genannten „Iustum bellum“, innerhalb der Debatte um das Völkerrecht; bis hin zur philosophischen Realisierung von politisch-militärischen Untersuchungen zu den modernen Kriegen mit der technologischen Implementierung von Feuerwaffen auf große Distanz, eingesetzt von professionell trainierten Armeen und kommandiert von Herrschern des Krieges und des Friedens Die hegelianische Theorie des Krieges stellt von Anfang an die Bewegung der sittlichen Mächte, dialektisch und spekulativ, dar, die unvermeidbar in ihren ethischen Fundamenten kollidieren, seien diese politisch, religiös, rechtlich, sozial etc. Eine unglückliche und tragische Kollision, die in den modernen Kriegen nicht nur exklusiv als militärischer Konflikt zwischen modernen Staaten begriffen wird, sondern auch als Krieg gegen Einzelpersonen „ἄπολις“, die für sich in extremer Form eine sittliche Macht verkörpern, in dem sie dogmatische und radikale Positionen einnehmen und mit tödlichen Waffen, die die öffentliche und private Sicherheit von Personen, politischen und sozialen Freiheiten - historisch erobert von der rationalen denkenden Organisation der modernen Staaten - gefährden. / O que pensa Hegel sobre a guerra? Como esse apresenta as determinações conceituais que configuram o sentido racional do conflito armado entre potências éticas? De que maneira resolve o grande paradoxo do sacrifício da vida pela pátria e a conservação realmente efetiva das liberdades individuais na situação extraordinária de guerra? Hegel possui uma refinada reflexão teórica sobre a guerra, que se inicia com estudos fenomenológicos, estéticos e políticos, sobre as guerras heroicas representadas nas tragédias gregas; passando por estudos sobre as guerras cavalheirescas (ʽguerras justasʼ) até o interior das discussões sobre direito natural das gentes; e chegando a realizar filosoficamente investigações político-militares sobre as guerras modernas com a implementação tecnológica das armas de fogo, utilizadas por exércitos profissionalmente treinados e comandados por Senhores da guerra e da paz A teoria hegeliana da guerra apresenta, desde o início, dialética e especulativamente, o movimento de potências éticas que entram inevitavelmente em colisão trágica com os seus fundamentos éticos, sejam esses políticos, religiosos, jurídicos, sociais, etc. Colisão infeliz e trágica que nas guerras modernas não é exclusivamente compreendida como o conflito militar entre Estados modernos, senão, também, pode ser compreendida como guerra contra individualidades solitarias “ἄπολις” que encarnam para si de forma extrema uma potencialidade ética, tendo posições dogmáticas-radicais e carregadoras de armas letais, que põem em risco a segurança pública e privada das pessoas, assim como as liberdades políticas e civis conquistadas historicamente pela organização racional dos Estados modernos. / ¿Qué piensa Hegel sobre la guerra? ¿Cómo presenta las determinaciones conceptuales que configuran el sentido racional del conflicto armado entre potencias éticas? ¿De que manera resuelve la gran paradoja del sacrificio de la vida por la patria y la conservación realmente efectiva de las libertades individuales en la situación extraordinaria de guerra? Hegel posee una refinada reflexión teórica sobre la guerra, que se inicia con estudios fenomenológicos “estéticos y políticos” sobre las guerras heroicas representadas en las tragedias griegas; atravesando por estudios sobre las guerras caballerescas “guerras justas” al interior de las discusiones del derecho natural de gentes; y llegando a realizar filosóficamente investigaciones político-militares sobre las guerras modernas con la implementación tecnológica de las armas de fuego, utilizadas por ejércitos profesionalmente entrenados y comandados por Señores de la guerra y la paz. La teoría hegeliana de la guerra presenta desde el inicio, dialéctica y especulativamente, el movimiento de las potencias éticas que entran inevitablemente en colisión trágica de sus fundamentos éticos, sean estos políticos, religiosos, jurídicos, sociales etc Colisión desventurada y trágica que en las guerras modernas no es exclusivamente comprendida como el conflicto militar entre estados modernos, sino también ella puede ser comprendida como guerra contra individualidades solitarias “ἄπολις” que encarnan para si de forma extrema una potencialidad ética, teniendo posiciones dogmáticas radicales y provistas de armas letales, que ponen en riesgo la seguridad publica y privada de las personas, así como las libertades políticas y civiles conquistadas históricamente por la organización racional de los estados modernos.
|
140 |
Hannah Arendt : uma filosofia da fragilidadeBosch, Alfons Carles Salellas January 2017 (has links)
Instigada pelos acontecimentos a dar resposta à experiência do totalitarismo, cujas consequências ela padeceu em primeira pessoa, a obra de Hannah Arendt é uma crítica categórica da filosofia política tradicional, iniciada por Platão. Resposta à negação da política que representaram os regimes totalitários do século XX e crítica à retirada da dignidade da política por parte da filosofia, que a submeteu à sua tutela. Segura de encontrar os fundamentos da política além do seu próprio âmbito, a tradição filosófica ocidental substituiu a reflexão e o exercício da liberdade, verdadeiro sentido da política segundo Arendt, por uma teoria do governo e da dominação que esconde a fragilidade inerente ao domínio dos assuntos humanos. Pretendemos defender que o pensamento político arendtiano tem como pressuposto básico e necessário o reconhecimento da fragilidade constitutiva da política, sem que isso implique qualquer paradoxo. Para tanto, seguimos o rastro dessa fragilidade num conjunto selecionado de textos da autora e defendemos que sua reflexão entra no campo do pósfundacionalismo. Como corolário, sugerimos que, apesar dos depoimentos da própria interessada, Hannah Arendt escreveu uma obra de filosofia política, alternativa à grande tradição, que nós chamamos de filosofia da fragilidade. / Prompted by events to give response to the experience of totalitarianism the consequences of which she suffered in first person, the work of Hannah Arendt is a categorical critique of the great tradition of political philosophy initiated by Plato. Response to the negation of politics that represented the twentieth century totalitarian régimes and critique of the withdrawal of the dignity of politics practiced by philosophy that submitted it under tutelage. Sure to find the foundations of politics beyond its own realm, the Western tradition of philosophy replaced the reflection and the exercise of freedom, the true sense of politics according to Arendt, by a theory of government and domination that hides away the inherent frailty of the realm of human affairs. We intend to defend that Arendt’s political thinking has its basic and necessary requirement in the recognition of the constitutive frailty of politics, without this incurring in any paradox. Therefore, we follow the trail of this frailty across a selected set of the author's texts and argue that her reflection enters in the postfoundational field. As a corollary, we suggest that, despite her own testimony, Hannah Arendt wrote a work of political philosophy, an alternative one to the great tradition, that we may call philosophy of frailty.
|
Page generated in 0.0887 seconds