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Literatura negra e indígena no letramento literário: um estudo sobre a identidade leitora de alunos do ensino fundamental II

Souza, Lorena Faria de 21 August 2015 (has links)
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Esta pesquisa apresenta um estudo investigativo sobre a questão da identidade leitora de estudantes do Ensino Fundamental II, por meio da aplicação de uma proposta de letramento literário envolvendo as literaturas negra e indígena, realizada com alunos do 7° ano da Escola Estadual Segismundo Pereira, em Uberlândia (MG). O objetivo principal deste estudo foi investigar como (ou se) as temáticas pertinentes às leis federais 10.639/03 e 11.645/08 vinham sendo trabalhadas nas aulas de literatura da escola analisada, a fim de proporcionar aos estudantes o conhecimento das identidades e alteridades que constituem os povos negro e indígena, através de experiências de leitura literária, capazes de intervir na ressignificação da própria identidade dos alunos envolvidos na pesquisa. Para tanto, inicialmente, realizou-se um estudo teórico sobre a representação histórica do negro e do indígena na literatura infantil e juvenil desde o final do século XIX até os dias atuais, e sobre a formação da identidade por meio da leitura literária, além de ser realizada a análise de documentos oficiais pertinentes ao ensino de literatura como um todo e particularmente em relação à escola pesquisada, tais como os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), o Projeto Político-Pedagógico e o livro didático de Língua Portuguesa adotados na instituição, considerando o respeito desses materiais às temáticas étnico-raciais. Após essa etapa, foi desenvolvida uma proposta de intervenção pedagógica utilizando a metodologia do letramento literário, com escopo na leitura de histórias africanas e indígenas, a fim de criar condições para o acontecimento das práticas de leitura literária entre os estudantes de Ensino Fundamental e procurando desmistificar alguns preconceitos dos educandos em relação às temáticas da África e do índio. Dentre os métodos de coleta de dados, foram utilizados questionários, entrevistas grupais orais e diários reflexivos de leitura, seguindo os postulados de Rouxel (2012). O aporte teórico que subsidiou as análises e a proposta de intervenção pautou-se, principalmente, nos preceitos sobre letramento literário de Cosson (2012), nas considerações sobre o racismo na escola de Munanga (2005), nos ensaios sobre literatura e humanização de Candido (2011), nos estudos sobre literaturas infantil e juvenil de Gregorin Filho (2007; 2011) e, ainda, nas análises de outros autores sobre a temática étnico-racial, tais como Graça Graúna (2013), Zilá Bernd (1988; 1992; 2011) e Janice Thiél (2013; 2014). Após as análises e proposta de intervenção, concluiu-se que, mesmo depois de mais de uma década de promulgação da Lei 10.639/03 e de sete anos da promulgação da Lei 11.645/08, ainda há uma sub-representação dos negros e dos índios nos materiais didáticos, bem como ainda percebe-se uma visão estereotipada desses grupos na escola e no imaginário dos educandos. Esta pesquisa pretende contribuir para reflexões que visem a revisitar essas concepções, oferecendo subsídios a profissionais que queiram desenvolver as temáticas étnico-raciais em sala de aula, procurando valorizar a literatura enquanto meio de humanização capaz de ser, além de uma fonte de prazer estético, um caminho para a conscientização dos sujeitos. / This research presents an investigative study on the question of reader identity of students of the Elementary School II, through the application of a proposal for literary literacy involving black and indigenous literatures, conducted with students from the 7th year of the State School Segismundo Pereira in Uberlandia (MG). The main objective of this study was to investigate how (or if) the relevant issues to federal laws 10.639/03 and 11.645/08 were being worked on school literature classes analyzed, in order to provide students with the knowledge of identities and otherness that are black and indigenous peoples, through literary reading experience able to intervene in the ressignification of self-identity of the students involved in the research. For this, initially, we do a theoretical study on the black and indigenous historical representation in children’s and juvenile literature from the late nineteenth century to the present day, and the formation of identity through literature reading, besides being performed analysis of relevant official documents to teaching literature as a whole and particularly in relation to school researched, such as the National Curriculum Parameters (BRAZIL, 1998), the Political- Pedagogical Project and the textbook Portuguese adopted in the institution, considering the respect of these materials to ethnic-racial themes. After this step, a proposal for a pedagogical intervention using the methodology of literary literacy, scoped in reading African and indigenous stories, was developed in order to create conditions for the event of literary reading practices among students of primary and looking demystify some prejudgements of students in relation to the themes of Africa and the indigenous. Among the data collection methods were used questionnaires, oral group interviews and reflective reading daily, following the postulates of Rouxel (2012). The theoretical framework that supported the analysis and the intervention proposal was marked mainly in Cosson’s precepts (2012) on the literary literacy, in Munanga’s considerations (2005) on the racismo in school, in Candido’s essays (2011) on the literature and humanization, in Gregorin Filho’s studies (2007; 2011) on children’s and juvenile’s literature and also in the analysis of other authors on the ethnic-racial themes such as Graça Graúna (2013), Zilá Bernd (1988; 1992; 2011) and Janice Thiél (2013; 2014). After the analysis and intervention proposal, it was concluded that, even after more than a decade of enactment of Law 10.639/03 and seven years of the enactment of Law 11.645/08, there is still underrepresentation of blacks and indigenous in teaching materials and still perceive a stereotypical view of these groups at school and in the minds of students. This research aims to contribute to reflections aimed at revisit these concepts, offering support to professionals who want to develop ethno-racial issues in the classroom, trying to value the literature as a means of humanization can be in addition to a source of aesthetic pleasure, a path to awareness of the individual. / Dissertação (Mestrado)
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Movimientos de re-existencia de los niños indígenas en la ciudad : germinaciones en las Casas de Pensamiento Intercultural en Bogotá, Colombia

Reyes Ramírez, Olga Lucía January 2018 (has links)
A visibilidade das comunidades indígenas que habitam as cidades é um fenômeno recente na Colômbia. Embora o país se proclame como multiétnico e multicultural na Carta Constitucional de 1991, reconhecendo a vasta diversidade que o compõe, a pluralidade indígena ainda é tecida a partir do senso comum, ligada a uma existência eminentemente rural. Considerando a conturbada realidade colombiana, diversos fatores incentivam as comunidades indígenas a migrarem para a cidade e permanecerem nela. Neste processo, as crianças indígenas pequenas se afastam das possibilidades e vivências oferecidas pelas comunidades e territórios de origem, para se construírem como indígenas. Diante dessa realidade, surgem em 2007 as Casas de Pensamento Intercultural (CPI) de Bogotá, como forma de dar uma resposta pertinente à primeira infância indígena (meninos e meninas entre três meses e cinco anos), que moram na cidade. Esta pesquisa aborda as estratégias de existência e re-existência que as crianças indígenas, suas famílias, comunidades e as equipes pedagógicas das CPI forjam no coração de Bogotá, como espaços vivenciais para se constituíremse como indígenas. No desenvolvimento da tese, mostra-se que as CPI potencializam seu trabalho graças aos movimentos e às vivências de apropriação e ressignificação feitas pelas comunidades indígenas que ali se encontram Assim, as CPI se constróem a partir do encontro da diversidade, mediado por tensões, disputas e contradições. Situo-me nesse território utilizando as contribuições da antropologia da infância, em especial de Andrea Sulzc, Clarice Cohn e Angela Nunes. Para compreender as existências e re-existências, me baseio nas elaborações do pesquisador colombiano Adolfo Albán Achinte e proponho o essencialismo estratégico como uma forma de re-existência na cidade. Para tensionar a reflexão, recorro às contribuições de Catherine Walsh em relação à interculturalidade crítica. Contudo, o pensamento do filósofo argentino Rodolfo Kusch é o fino fio que une e encadeia cada um dos movimentos de aproximação que proponho. As vivências que atravessam a vida das crianças indígenas que estão nas CPI são apresentadas como um anúncio do surgimento de uma pedagogia mestiça, que assume o encontro das culturas como um cenário em disputa, mediado por tensões e contradições e, por essa mesma razão, profundamente fecundo. A partir desse cotidiano dinâmico, vivido em um cenário educacional indígena emergente na cidade, se constróem diversas formas de existência e re-existência, que se reúnem na música, na língua própria, na arte e no artesanato, na relação com o território de origem, na espiritualidade e na medicina ancestral. / The visibility of indigenous communities that inhabit cities is a recent phenomenon in Colombia. Although the country considers itself multi-ethnic and multicultural in the Constitutional Charter of 1991, thus recognizing the vast diversity that composes it, indigenous plurality is still woven from common sense, mainly linked to an eminently rural existence. Taking into account the convulsed reality in Colombia, various factors encourage indigenous communities to migrate to the cities and stay there. In this process, very young indigenous children move away from the possibilities and experiences offered by their communities and territories of origin to become indigenous. Faced with this reality, the Intercultural Thought Houses (CPIs) of Bogotá emerged in 2007, as a way of giving a pertinent response to young indigenous children (boys and girls between three months and five years) who live in the city. This research tackles the strategies of existence and reexistence that indigenous children, their families, communities, and pedagogical teams of the CPIs forge in the heart of Bogotá, as living spaces to become indigenous. In this thesis, I show that CPIs potentiate their work thanks to movements and experiences of appropriation and re-signification made by the indigenous communities that are there Thus CPIs are built from the combination of diversity, mediated by tensions, disputes, and contradictions. For their study, I use notions of the anthropology of childhood, proposed by Andrea Sulzc, Clarice Cohn, and Angela Nunes. To understand existences and re-existences, I work with the theory of Colombian researcher Adolfo Albán Achinte, and suggest that strategic essentialism is a form of re-existence in the city. Moreoever, as a means to expand the debate, I examine Catherine Walsh’s proposals regarding critical interculturality. Finally, all movements of approximation that I propose are connected by the ideas of the Argentinian philosopher Rodolfo Kusch. The daily life experiences of indigenous children who are in the CPIs can be taken as the result of the development of a mestizo pedagogy, which manages to take the encounter of cultures as a scenario in dispute, mediated by tensions and contradictions, and, for that very reason, extremely fruitful. From such dynamic daily life, lived in an emerging indigenous educational setting in the city, various forms of existence and re-existence are built, and brought together in music, language, art and crafts, the relationship with the territory of origin, spirituality, and ancestral medicine.
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Da instabilidade e dos afetos : pacificando relações, amansando outros : cosmopolítica guarani-mbyá (Lago Guaíba/RS-Brasil)

Machado, Maria Paula Prates January 2013 (has links)
Dans cette thèse, je propose d'envisager comment les Guarani-Mbyá donnent sens et établissent des relations avec leurs Autres. À partir du langage théorique de la prédation, qui trouve à s'exprimer chez les Mbyá dans une politique de refus du conflit, je focalise mon attention sur les couples mbyá/juruá (non-indigène), féminin/masculin, vivants/morts et, d'une façon générale, proie/prédateur, au sein d'une scène qui s'étend aux ouvertures et aux fermetures du « système du juruá ». L'instabilité de la relation entre vivants et morts se joue dans ñe'ë (principe vital) et ãngue (ombre, spectre) en passant par ete (corps), à l'interstice du risque et de la capture avérée, dans lequel résident les Autres. La propagation de la production de la différence entre morts et vivants implique la nécessité d'une distance qui ne nie pas pour autant l'intensité de la relation. Les mêmes réflexions s'appliquent au couple mbyá/juruá. Les seconds, pour être eux aussi des Autres distants, fragilisent le corps des premiers en raison de leur mode de vie, leur nourriture et leurs attitudes. Alors que la médiation avec les morts implique les chamans, ce sont ici les alliés juruá qui font office de médiateurs prédateurs entre les Mbyá et les Juruá en général. Quant à la relation des Mbyá avec leurs affins, celle-ci exige déjà une tentative de transformation qui fasse de ces Autres proches des sujets approchants, selon la limite d'un principe de négativité. Il ne s'agit pas de transformer cet Autre en égal, car celui-ci perdrait alors tout entier son statut d'autre. En m'inspirant de la thèse de plusieurs auteurs américanistes, je développe l'argument selon lequel la femme Mbyá est intrinsèquement constituée par deux beaux-frères, le premier étant son frère réel et le second son « frère » animal, de telle sorte qu'elle se trouve déjà être, en elle-même, proie. La prédation, dans cette configuration, s'inscrit dans une relation entre sexes opposés ; elle n'est plus ici réversible, car la différence entre les termes est relancée. Proie, la femme occupe une position défavorisée face aux hommes, étant objet, sans être sujet, d'une tension prédatrice. Je considère enfin les ja (maîtres) qui, comme les morts et les Juruá, ne sont pas affins mais ennemis dans toute leur puissance. Si chacun a son maître, si chacun a son « âme », le maître a fonction de sujet. Le ja est seulement maître face à l'Autre ; il n'est jamais maître de quelqu'un/quelque chose en soi. Envisagé ainsi en tant que personne/sujet du réseau de relations sociocosmologiques, le ja est également un médiateur du mode relationnel de la prédation. En conclusion, j'avance que les morts sont pour les Juruá ce que les ja sont pour les affins proches. Si les deux premiers doivent être le point distant du noeud relationnel, les deux derniers sont les proies vitales pour la constitution fondamentale de soi. Et entre ces deux extrêmes, les médiateurs nous suggèrent assumer une fonction paradoxale. Cette recherche est circonscrite à une région composée de plusieurs affluents du lac Guaíba, localisée à l'extrême sud du Brésil, dans laquelle j'ai réalisé des études ethnographiques ces dix dernières années. / Nesta tese proponho pensar como os Guarani-Mbyá significam e estabelecem relações com seus Outros. A partir do idioma teórico da predação, que parece encontrar seu lugar entre os Mbyá em uma política de recusa ao conflito, faço atenção aos pares mbyá/juruá (não indígenas), feminino/masculino, vivos/mortos e, de modo geral, presa/predador em um horizonte delineado em aberturas e fechamentos ao “sistema do juruá”. No que concerne à qualidade da relação entre vivos e mortos, a instabilidade se encontra em ñe’ë (principio vital) e ãngue (sombra, espectro) transpassada por ete (corpo), no interstício do risco e da captura de fato. A propagação da produção da diferença entre ambos inclui a necessidade da distância sem a negação de uma relação intensa. O mesmo ocorre no par mbyá/juruá, que por serem estes últimos também Outros distantes, enfraquecem o corpo dos primeiros em razão de seu modo de ser, por sua comida e suas atitudes. Se a mediação com os mortos passa pelos xamãs, com os Juruá em geral os mediadores predadores são os aliados juruá. Já a relação com Outros próximos, os afins, exige uma tentativa de transformação para que venham a ser como o sujeito que os aproxima, com um limite de negatividade. Não se quer transformar realmente esse Outro em igual, pois se perderia por inteiro sua outridade. Inspirada em alguns autores americanistas, sigo o argumento de que a mulher mbyá é intrinsecamente feita de dois cunhados: o primeiro trata-se de seu irmão real e o segundo de seu “irmão” animal, já que ela em si é uma presa. A predação, nessa direção, se inscreve em uma relação de sexos opostos; ela deixa de ser reversível, já que a diferença entre os termos é relançada. Assim como a presa, a mulher ocupa uma posição desfavorecida face aos homens, sendo objeto e não sujeito de uma tensão predatória. No que diz respeito aos ja (donos-mestres), que assim como os mortos e os Juruá não são afins mas inimigos em toda sua potência, tratam-se de um aspecto de pessoa/sujeito da rede de relações sociocosmológicas. Se tudo tem seu dono, tem sua “alma”, o dono tem função de eu. O ja só se torna dono diante de Outro e jamais diante daquilo que é intitulado dono. Ele também é um mediador do modo relacional da predação. Sendo assim, sugiro para fins de reflexão que os mortos estão para os Juruá assim como os ja estão para os afins próximos. Pois se os dois primeiros devem ser o ponto distante do laço relacional, os dois últimos são as presas vitais para a constituição primeira de si. E entre esses dois extremos, os mediadores indicam assumir função paradoxal. O cenário da presente pesquisa está circunscrito a uma dada região de arroios afluentes ao Lago Guaíba, localizada no extremo sul do Brasil e na qual nos últimos dez anos tenho me dedicado a desenvolver estudos de cunho etnográfico.
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Caminhos para viver o Mbya Reko : estudo antropológico do contato interétnico e de políticas públicas de etnodesenvolvimento a partir de pesquisa etnográfica junto a coletivos Guarani no Rio Grande do Sul / Ways to live the Mbya reko: anthropological study of interethnic contact and public ethnodevelopment policies through an ethnographic research with the Guarani collectives in Rio Grande do Sul

Soares, Mariana de Andrade January 2012 (has links)
presente tese de doutorado toma como referência a metáfora do caminho [tape], envolvendo trajetórias de indivíduos e de coletivos Guarani no Rio Grande do Sul, com o objetivo de fazer uma reflexão antropológica sobre os encontros e desencontros na sua relação com o Estado, suas respectivas instituições e políticas públicas de etnodesenvolvimento. A tese parte do desafio de Roberto Cardoso de Oliveira de refletir sobre a ética e a moralidade nas macro, meso e micro esfera, fórmula dialética que potencializa as complexas relações dos sujeitos, que tanto abrangem a ordem cotidiana de coletivos Guarani no Rio Grande do Sul, as mediações técnicas e institucionais, que se interconectam os domínios da etnicidade, eticidade e moralidade no âmbito do Estado. Daí tratarmos, as múltiplas esferas em relação, como a instituição oficial de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), os processos políticos macro-estruturais que abrangem complexos sistemas de ideias, dominantes, situações de poder e de execução de ações ideológicas de desenvolvimento, a ação de técnicos e do pesquisador em Antropologia, entre outras mediações. A partir da categoria analítica de situação histórica, etnograficamente, se busca analisar experiências de contatos interétnicos envolvendo os Guarani e diversos atores sociais (técnicos, indigenistas, antropólogos), onde foram colocadas em relação (tensa, conflituosa) lógicas de desenvolvimento. No âmbito do debate contemporâneo sobre o tema desenvolvimento e povos indígenas, a presente tese visa contribuir para uma reflexão sobre os desafios e as potencialidades das “novas práticas indigenistas”, no contexto político-social pós- Constituição Federal de 1988, sobre as contradições inerentes a ideia de desenvolvimento da sociedade ocidental na relação com os coletivos indígenas, bem como, para a própria discussão sobre políticas públicas que tem como meta o desenvolvimento Guarani. / This doctoral thesis takes as reference the metaphor of the way [tape], involving trajectories of Guarani individuals and collectives in Rio Grande do Sul, in order to perform an anthropological reflection on their similarities and differences in their relationship with the state, their respective institutions and public policies of ethnodevelopment. The thesis comes from the challenge of Roberto Cardoso de Oliveira on reflectin over the ethics and morality at the macro, meso and micro sphere, dialectical formula that maximizes the complex relationships of the subjects, which include both the daily order of Guarani collectives in Rio Grande do Sul, technical and institutional mediations that interconnect the areas of ethnicity, ethics and morality within the State. Hence we treat the multiple spheres of relationship as the official institution of Technical Assistance and Rural Extension (ATER), macro-structural political processes which include complex systems of ideas, dominants, power situations and enforcement development ideological actions, the action of technicians and researchers in Anthropology, among other mediations. From the analytical category of historical situation, ethnographically, we seek to analyze the experiences of interethnic contacts involving the Guarani and several social actors (technicians, indigenous, anthropologists), were placed in relation (tense, confrontational) to development logics. Within the contemporary debate on the development and indigenous people subject, this thesis aims to contribute to a reflection on the challenges and potentialities of "new indigenous practices", in the social-political context post-1988 Constitution, on the contradictions inherent with the idea of the development of the Western society in relation to indigenous collectives, as well as for the discussion of public policies that concerns the Guarani development.
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A refiguração da Tava Miri São Miguel na memória coletiva dos Mbyá-Guarani nas Missões/RS, Brasil / The refiguration of Tava Miri São Miguel by Mbyá-Guarani collective memory in missions Region/RS, Brazil

Moraes, Carlos Eduardo Neves de January 2010 (has links)
Este trabalho discorre sobre a memória coletiva Mbyá-Guarani acerca do Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo, Patrimônio da Humanidade reconhecido pela UNESCO, e situado na região das Missões, noroeste do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Os Mbyá-Guarani habitam uma aldeia no município de São Miguel das Missões (reserva do Inhacapetum) e circulam pela região, a qual reconhecem como um território ancestral. Os membros do grupo comercializam seu artesanato no alpendre do Museu da Missões, localizado no perímetro do Parque Arqueológico, mantendo uma relação cotidiana com os remanescentes da antiga igreja de São Miguel a qual denominam pela categoria Tava Miri. A historiografia oficial, entretanto, nega a ligação dos atuais Mbyá-Guarani com os Guarani missioneiros, alegando que a presença da atual população data do início do século XX. As narrativas dos Mbyá-Guarani conformam uma ligação cosmológica com a Tava Miri, o que pude apreender no contexto da aplicação do Inventário Nacional de Referências Culturais em que participei da equipe executora. Assim, busco neste estudo, fazer ecoar a voz dos Mbyá e sua versão da história. Entendendo a memória enquanto “inteligência narrativa” (Eckert e Rocha, 1998), baseado em relatos dos Mbyá, exploro o circular dos sentidos atribuídos pelos narradores ao lugar de importância cultural, Tava Miri, na conformação de uma memória coletiva. A proposta interpretativa de Paul Ricoeur (1994) é dimensionada na tentativa de apreender o modo pelos quais os narradores Mbyá, ao falarem da Tava Miri, tecem sentidos sobre o mundo, o tempo, a vida e a ação enquanto parte de uma coletividade. Nesse processo, competem fragmentos míticos, experiências pessoais e elementos da história, que servem de orientação para viverem o teko miri (verdadeiro modo de estar no mundo). / This paper refers to Mbyá-Guarani collective memory about São Miguel Arcanjo archaelogical site, which is a Humanity Heritage recognized by UNESCO. This site is located at Mission region, northwestern Rio Grande do Sul state, Brazil. Mbyá-Guarani live in a village at São Miguel das Missões municipality (Inhacapetum reserve), and they walk through this region recognized by them as an ancestral territory. The members of this group sell their handicrafts on the porch of Missões museum, near the limits of the Archealogical park. Like this, they are daily in contact with what remains of the former São Miguel church, designating it by the category Tava Miri. However, the oficial historiography deny that there is a relationship between Mbyá-Guarani and Guarani from Missions times, claiming that they only occupated this area since the 20th century. During the execution of Inventário Nacional de Referências Culturais (National Inventory of Cultural References), from which I participated, a cosmological connection with Tava Miri was designed through Mbyá-Guarani people narratives. In this way, I intend, on this paper, to show Mbyá version of this history through their own voice. The memory has here the meaning of “narrative intelligence” (Eckert e Rocha, 1998). Based on that and on Mbyá reports, I investigate the diverse meanings these narrators attribut to the Tava Miri, a place with cultural importance, constituted by their collective memory. The interpretative proposal of Paul Ricoeur (1994) is brought on this paper as an attempt to understand how Mbyá narrators in their reportings about Tava Miri produce meanings about the world, time, life, and action as part of a collectivity. In this process, they make use of mythic fragments, personal elements, and elements of history, which serve to guide them to teko miri way of life (the true way of being in the world).
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Mediações musicais e direitos autorais entre grupos Mbyá-Guarani no Rio Grande do Sul

Arnt, Mônica de Andrade January 2010 (has links)
Esta pesquisa objetiva confrontar os fundamentos das atuais regulamentações dos direitos autorais com aspectos de processos de registro e difusão musicais entre grupos Mbyá-Guarani no Rio Grande do Sul. A emergência da música étnica no mercado musical mundial, a promoção de políticas públicas de proteção ao patrimônio cultural e a difusão de meios tecnológicos de registro musical são tomados nesta pesquisa como fatores que afetaram significativamente os processos de criação musical entre grupos indígenas nas últimas três décadas. Nesta etnografia procurei privilegiar casos em que nem mesmo a atribuição de autoria a uma coletividade é suficiente para resolver impasses surgidos em tentativas de definição autoral destas criações, o que evidencia certas limitações dos sistemas de proteção vigentes, restritos a uma perspectiva antropocêntrica e individualista. As concepções êmicas referentes a mediações por onde circulam as expressões musicais apontam, simultaneamente, para a participação de diferentes categorias de entidades que povoam o cosmos nos processos de criação musical, o que varia em relação a cada repertório, e para a relevância do controle sobre a circulação destas expressões. / This research aims to confront the foundations of current regulations of copyright issues with the processes of recording and broadcasting music between groups Mbyá- Guarani in Rio Grande do Sul The emergence of ethnic music in the music world, promoting public policies to protect the cultural heritage and the dissemination of technological means of recording compatibility are taken in this research as factors that significantly affected the processes of musical creation, among indigenous groups in the past three decades. In this ethnography sought privilege where even the attribution of authorship to a collectivity is sufficient to resolve impasses arising in attempts to define copyright of these creations, which highlights certain limitations of existing protection systems, restricted to an individualistic and anthropocentric perspective. Emic conceptions regarding mediation by circulating the musical expressions indicate both to the participation of different categories of entities that populate the cosmos in the processes of musical creation, which varies for each repertoire, and of the importance of control over the movement of these expressions.
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Caminhos para viver o Mbya Reko : estudo antropológico do contato interétnico e de políticas públicas de etnodesenvolvimento a partir de pesquisa etnográfica junto a coletivos Guarani no Rio Grande do Sul / Ways to live the Mbya reko: anthropological study of interethnic contact and public ethnodevelopment policies through an ethnographic research with the Guarani collectives in Rio Grande do Sul

Soares, Mariana de Andrade January 2012 (has links)
presente tese de doutorado toma como referência a metáfora do caminho [tape], envolvendo trajetórias de indivíduos e de coletivos Guarani no Rio Grande do Sul, com o objetivo de fazer uma reflexão antropológica sobre os encontros e desencontros na sua relação com o Estado, suas respectivas instituições e políticas públicas de etnodesenvolvimento. A tese parte do desafio de Roberto Cardoso de Oliveira de refletir sobre a ética e a moralidade nas macro, meso e micro esfera, fórmula dialética que potencializa as complexas relações dos sujeitos, que tanto abrangem a ordem cotidiana de coletivos Guarani no Rio Grande do Sul, as mediações técnicas e institucionais, que se interconectam os domínios da etnicidade, eticidade e moralidade no âmbito do Estado. Daí tratarmos, as múltiplas esferas em relação, como a instituição oficial de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), os processos políticos macro-estruturais que abrangem complexos sistemas de ideias, dominantes, situações de poder e de execução de ações ideológicas de desenvolvimento, a ação de técnicos e do pesquisador em Antropologia, entre outras mediações. A partir da categoria analítica de situação histórica, etnograficamente, se busca analisar experiências de contatos interétnicos envolvendo os Guarani e diversos atores sociais (técnicos, indigenistas, antropólogos), onde foram colocadas em relação (tensa, conflituosa) lógicas de desenvolvimento. No âmbito do debate contemporâneo sobre o tema desenvolvimento e povos indígenas, a presente tese visa contribuir para uma reflexão sobre os desafios e as potencialidades das “novas práticas indigenistas”, no contexto político-social pós- Constituição Federal de 1988, sobre as contradições inerentes a ideia de desenvolvimento da sociedade ocidental na relação com os coletivos indígenas, bem como, para a própria discussão sobre políticas públicas que tem como meta o desenvolvimento Guarani. / This doctoral thesis takes as reference the metaphor of the way [tape], involving trajectories of Guarani individuals and collectives in Rio Grande do Sul, in order to perform an anthropological reflection on their similarities and differences in their relationship with the state, their respective institutions and public policies of ethnodevelopment. The thesis comes from the challenge of Roberto Cardoso de Oliveira on reflectin over the ethics and morality at the macro, meso and micro sphere, dialectical formula that maximizes the complex relationships of the subjects, which include both the daily order of Guarani collectives in Rio Grande do Sul, technical and institutional mediations that interconnect the areas of ethnicity, ethics and morality within the State. Hence we treat the multiple spheres of relationship as the official institution of Technical Assistance and Rural Extension (ATER), macro-structural political processes which include complex systems of ideas, dominants, power situations and enforcement development ideological actions, the action of technicians and researchers in Anthropology, among other mediations. From the analytical category of historical situation, ethnographically, we seek to analyze the experiences of interethnic contacts involving the Guarani and several social actors (technicians, indigenous, anthropologists), were placed in relation (tense, confrontational) to development logics. Within the contemporary debate on the development and indigenous people subject, this thesis aims to contribute to a reflection on the challenges and potentialities of "new indigenous practices", in the social-political context post-1988 Constitution, on the contradictions inherent with the idea of the development of the Western society in relation to indigenous collectives, as well as for the discussion of public policies that concerns the Guarani development.
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Weaving life stories : healing selves in native american autobiographical narratives

Oliveira, Marta Ramos January 2009 (has links)
No presente trabalho faz-se uma reflexão sobre as narrativas de vida indígenas a partir da hipótese de que, em contraposição ao modelo canônico ocidental, elas apresentam uma concepção de self marcada por uma posicionalidade social diversa tanto a nível de experiência histórica quanto da visão epistemológica e ontológica. Meu objetivo é mostrar como os escritores indígenas se apropriam de um modelo ocidental que, na sua configuração canônica, servia para sustentar narrativas de individuação e o utilizam para curar feridas históricas resultantes da violência do processo colonizatório e suas conseqüências e, com isso, criar possibilidades de sobrevivência coletivas. Com esse propósito, faço uma breve revisão de dois momentos fundamentais do desenvolvimento do gênero no ocidente que, num primeiro momento, confundem a história da autobiografia com a confissão cristã e, num momento posterior, com o processo de individuação. Numa perspectiva mais contemporânea, discute-se a impossibilidade lingüística de se falar do eu sem se deparar com uma série de descontinuidades e becos sem saída que parecem impor uma fragmentação total do eu, a ponto de se pensar ser impossível dizer o dêitico "eu." A esta visão canônica da história do gênero, contraponho as narrativas indígenas que se valem das histórias de vida como forma de buscar as experiências que lhes dão sustentação tanto como forma de reavaliação do vivido quanto como abertura para novas possibilidades no futuro. Num segundo momento, reviso a noção de tempo ocidental mostrando como, apesar da concomitância de várias cronosofias que definem o tempo como cíclico, linear ou a-direcional, nossas sociedades se estruturam a partir do modelo de progresso, que fundamenta o binômio modernidade/colonialidade. Em outras palavras, a visão linear do tempo aliado ao processo histórico de subjugação dos povos e conquista de territórios, estabeleceu um modelo que se auto-define como inovador, ou de ponta, relegando todas as outras formas de organização humanas a estágios mais atrasados do mesmo processo. Baseando-me no paradigma de co-existência, discuto outras visões epistemológicas, contrapondo esta visão do tempo linear e progressivo à forma como os indígenas concebem o espaço como catalisador das histórias que sustentam as relações indígenas com o Outro. Importante ressaltar que a noção de Outro usada aqui abrange tudo aquilo que está em relação com o eu, incluindo, além dos seres humanos, animais, plantas, rios, a terra, o sol, e mesmo entidades não físicas. Finalmente, analiso em Storyteller de Leslie Marmon como os escritos de vida indígena manifestam este modo de ser e seu potencial curativo. / In this dissertation, I reflect upon Native American life stories building on the hypothesis that, in opposition to Western canonical autobiographies, they present a different conception of self derived from a social positionality marked by different historical experiences and different epistemological and ontological views. My aim is to show how indigenous writers have appropriated a Western model which, in its canonical configuration, was used to sustain narratives of individuation and how they use it to heal historical wounds resulting from the violent colonization process and its consequences so as to envision collective survival. To do that, I briefly revise two foundational moments in the Western development of the genre which, in a first moment, mingle the history of autobiography with Christian confession and then with the process of individuation. From a contemporary perspective, much has been discussed about the linguistic impossibility of saying "I" without bumping into a series of discontinuities and dead ends, which seems to impose the total fragmentation of self to the point where it may seem impossible to utter the deictic pronoun "I" I contrast this canonical history of the genre with indigenous narratives which use life stories to rescue experiences to sustain themselves both as a reevaluation of the past and as an opening to future possibilities. In a second moment, I revise the Western conception of time showing how, despite the fact that several chronosophies that define time as linear, cyclical or non-directional coexist, our societies are structured on the idea of progress, which sustains the binomial modernity/coloniality. In other words, the linear view of time allied to a historical process of subjugation of peoples and territorial conquest has established a model that defines itself as innovative, or state of the art, classifying all other human forms of organization as primitive stages of the same process. Using the paradigm of co-existence, I present other epistemological views, contrasting this linear and progressive time to the ways Native Americans discuss space as a catalyst of the stories that sustain indigenous relationships to the Other. It is important to emphasize that the concept of Other used here encompasses everything which is in relation with the self, including besides other human beings animals, plants, rivers, the land, the sun, and nonphysical entities. Finally, I analyze how indigenous life writing manifests this way of being and its healing potential in Leslie Marmon Silko's Storyteller.
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Da instabilidade e dos afetos : pacificando relações, amansando outros : cosmopolítica guarani-mbyá (Lago Guaíba/RS-Brasil)

Machado, Maria Paula Prates January 2013 (has links)
Dans cette thèse, je propose d'envisager comment les Guarani-Mbyá donnent sens et établissent des relations avec leurs Autres. À partir du langage théorique de la prédation, qui trouve à s'exprimer chez les Mbyá dans une politique de refus du conflit, je focalise mon attention sur les couples mbyá/juruá (non-indigène), féminin/masculin, vivants/morts et, d'une façon générale, proie/prédateur, au sein d'une scène qui s'étend aux ouvertures et aux fermetures du « système du juruá ». L'instabilité de la relation entre vivants et morts se joue dans ñe'ë (principe vital) et ãngue (ombre, spectre) en passant par ete (corps), à l'interstice du risque et de la capture avérée, dans lequel résident les Autres. La propagation de la production de la différence entre morts et vivants implique la nécessité d'une distance qui ne nie pas pour autant l'intensité de la relation. Les mêmes réflexions s'appliquent au couple mbyá/juruá. Les seconds, pour être eux aussi des Autres distants, fragilisent le corps des premiers en raison de leur mode de vie, leur nourriture et leurs attitudes. Alors que la médiation avec les morts implique les chamans, ce sont ici les alliés juruá qui font office de médiateurs prédateurs entre les Mbyá et les Juruá en général. Quant à la relation des Mbyá avec leurs affins, celle-ci exige déjà une tentative de transformation qui fasse de ces Autres proches des sujets approchants, selon la limite d'un principe de négativité. Il ne s'agit pas de transformer cet Autre en égal, car celui-ci perdrait alors tout entier son statut d'autre. En m'inspirant de la thèse de plusieurs auteurs américanistes, je développe l'argument selon lequel la femme Mbyá est intrinsèquement constituée par deux beaux-frères, le premier étant son frère réel et le second son « frère » animal, de telle sorte qu'elle se trouve déjà être, en elle-même, proie. La prédation, dans cette configuration, s'inscrit dans une relation entre sexes opposés ; elle n'est plus ici réversible, car la différence entre les termes est relancée. Proie, la femme occupe une position défavorisée face aux hommes, étant objet, sans être sujet, d'une tension prédatrice. Je considère enfin les ja (maîtres) qui, comme les morts et les Juruá, ne sont pas affins mais ennemis dans toute leur puissance. Si chacun a son maître, si chacun a son « âme », le maître a fonction de sujet. Le ja est seulement maître face à l'Autre ; il n'est jamais maître de quelqu'un/quelque chose en soi. Envisagé ainsi en tant que personne/sujet du réseau de relations sociocosmologiques, le ja est également un médiateur du mode relationnel de la prédation. En conclusion, j'avance que les morts sont pour les Juruá ce que les ja sont pour les affins proches. Si les deux premiers doivent être le point distant du noeud relationnel, les deux derniers sont les proies vitales pour la constitution fondamentale de soi. Et entre ces deux extrêmes, les médiateurs nous suggèrent assumer une fonction paradoxale. Cette recherche est circonscrite à une région composée de plusieurs affluents du lac Guaíba, localisée à l'extrême sud du Brésil, dans laquelle j'ai réalisé des études ethnographiques ces dix dernières années. / Nesta tese proponho pensar como os Guarani-Mbyá significam e estabelecem relações com seus Outros. A partir do idioma teórico da predação, que parece encontrar seu lugar entre os Mbyá em uma política de recusa ao conflito, faço atenção aos pares mbyá/juruá (não indígenas), feminino/masculino, vivos/mortos e, de modo geral, presa/predador em um horizonte delineado em aberturas e fechamentos ao “sistema do juruá”. No que concerne à qualidade da relação entre vivos e mortos, a instabilidade se encontra em ñe’ë (principio vital) e ãngue (sombra, espectro) transpassada por ete (corpo), no interstício do risco e da captura de fato. A propagação da produção da diferença entre ambos inclui a necessidade da distância sem a negação de uma relação intensa. O mesmo ocorre no par mbyá/juruá, que por serem estes últimos também Outros distantes, enfraquecem o corpo dos primeiros em razão de seu modo de ser, por sua comida e suas atitudes. Se a mediação com os mortos passa pelos xamãs, com os Juruá em geral os mediadores predadores são os aliados juruá. Já a relação com Outros próximos, os afins, exige uma tentativa de transformação para que venham a ser como o sujeito que os aproxima, com um limite de negatividade. Não se quer transformar realmente esse Outro em igual, pois se perderia por inteiro sua outridade. Inspirada em alguns autores americanistas, sigo o argumento de que a mulher mbyá é intrinsecamente feita de dois cunhados: o primeiro trata-se de seu irmão real e o segundo de seu “irmão” animal, já que ela em si é uma presa. A predação, nessa direção, se inscreve em uma relação de sexos opostos; ela deixa de ser reversível, já que a diferença entre os termos é relançada. Assim como a presa, a mulher ocupa uma posição desfavorecida face aos homens, sendo objeto e não sujeito de uma tensão predatória. No que diz respeito aos ja (donos-mestres), que assim como os mortos e os Juruá não são afins mas inimigos em toda sua potência, tratam-se de um aspecto de pessoa/sujeito da rede de relações sociocosmológicas. Se tudo tem seu dono, tem sua “alma”, o dono tem função de eu. O ja só se torna dono diante de Outro e jamais diante daquilo que é intitulado dono. Ele também é um mediador do modo relacional da predação. Sendo assim, sugiro para fins de reflexão que os mortos estão para os Juruá assim como os ja estão para os afins próximos. Pois se os dois primeiros devem ser o ponto distante do laço relacional, os dois últimos são as presas vitais para a constituição primeira de si. E entre esses dois extremos, os mediadores indicam assumir função paradoxal. O cenário da presente pesquisa está circunscrito a uma dada região de arroios afluentes ao Lago Guaíba, localizada no extremo sul do Brasil e na qual nos últimos dez anos tenho me dedicado a desenvolver estudos de cunho etnográfico.
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As relações de interculturalidade entre conhecimento científico e conhecimento tradicional pataxó na Escola Estadual Indígena Kijetxawê Zabelê

Silva, Paulo de Tássio Borges da 14 March 2014 (has links)
The research aims to understand how it is configured the intercultural relation between scientific knowledge and Pataxó traditional knowledge in Kijetxawê Zabelê Indigenous State School, having Scientific Knowledge, Traditional Knowledge and Interculturality as main categories of analysis. Pataxó People belongs to the Macro - Jê Linguistic Trunk, Maxakali family, located in Kaí - Pequi Indigenous Territory, located in Cumuruxatiba/Prado - Bahia. The research has the anthropology of education as a theoretical-methodological approach, following a qualitative line in an ethnographic perspective with a socio-phenomenological inspiration, by making use of documental analysis, participant observation and open interviews, using cultural interpretation for documentary analysis. As a result, on the school census of 2012, we observe an increase in the number of indigenous schools in Northeast, second larger area in concentration of indigenous schools in the country. However, that increase is not linked to qualitative conditions, oftentimes, taking advantage of the |intercultural| category to conceal problems and social inequalities. On the other hand, it is noticed a social control of the Indigenous School Education in the state of Bahia, with indigenous teachers participation in the intercultural degrees collegiate, what has shown a greater dialogue with the communities. In the intercultural relationship between scientific knowledge and Pataxó traditional knowledge, it is shown an approximation to the multiculturalist current, which is guided by intercultural bias. Thus, some attempts of intercultural practices were noticed inside school by teachers, bumping into curriculums established by the State Department of Education, poor infrastructure, lack of specific teaching materials, among others. / A pesquisa objetiva compreender como se configura a relação de interculturalidade entre conhecimento científico e conhecimentos tradicionais Pataxó na Escola Estadual Indígena Kijetxawê Zabelê, tendo como principais categorias de análise: Conhecimento Científico, Conhecimentos Tradicionais e Interculturalidade. O Povo Pataxó pertence ao Tronco Lingüístico Macro-Jê, família Maxakali, localizado no Território Indígena Kaí Pequi, em Cumuruxatiba/Prado-Bahia. A pesquisa tem como enfoque teórico-metodológico a antropologia da educação, seguindo a abordagem qualitativa numa perspectiva etnográfica com inspiração sócio-fenomenológica, fazendo uso da análise documental, observação participante e entrevistas abertas, tendo a interpretação cultural para análise dos depoimentos. Como resultados, observamos no censo escolar de 2012 um aumento no número de escolas indígenas na região Nordeste, segunda maior região em concentração de escolas indígenas no país. Contudo, esse aumento não está atrelado a condições qualitativas, aproveitando muitas vezes, da categoria intercultural para escamotear problemas e desigualdades sociais. Por outro lado, se percebe um controle social da Educação Escolar Indígena no estado da Bahia, com a participação de professores (as) indígenas nos colegiados das licenciaturas interculturais, o que tem revelado um diálogo maior com as comunidades. Na relação de interculturalidade entre conhecimento científico e conhecimentos tradicionais Pataxó, evidenciou-se uma aproximação com a corrente multiculturalista, sendo esta pautada pelo viés da interculturalidade. Neste sentido, foram observadas algumas tentativas de práticas interculturais dentro da escola por parte dos (as) professores (as), esbarrando estes (as) em currículos instituídos pela Secretaria Estadual de Educação, infraestrutura precária, ausência de materiais didáticos específicos, dentre outros.

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