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[en] AT THE BORDELINE OF THE OTHER: ANTROPOPHAGIC UPRISINGS / [pt] NA FRONTEIRA DO OUTRO: MOTINS ANTROPOFÁGICOSLUIS FELIPE DOS SANTOS CARVALHO 04 May 2011 (has links)
[pt] Este ensaio-tese parte da minha inquietação acerca dos modos de
relacionamento entre o mesmo e os outros, entre o sujeito e o objeto, em suma,
entre os processos de subjetivação da modernidade / colonialidade e as alteridades
ou outras gnosiologias não ocidentais. Como se colocar diante de outras
ontologias, outras epistemologias e outras éticas ao deparar-se com esses modos
diferentes de saber e de agir? Seria inviável essa investigação do campo de
confronto entre diferenças, campo que incorpora [encorpora] no debate a
potência de ação de cada conceito, afeto e percepto, sem repensar a fórmula da
tese de doutorado e da pesquisa acadêmica.
Optei, então, por uma escrita múltipla e fragmentária menos presa à
disciplina formal e diacrônica e mais experimental para produzir efeitos
sincrônicos, explorando a idéia dos giros da espiral que se estendem ao infinito.
Enfatizo que se trata não tanto de definir e classificar identidades e sujeitos na
relação com o outro e, sim, de entrar na onda dos devires e da encorporaçãoaglomeração-
devoração da antropofagia num movimento relacional, contínuo e de
diferenciação. Deste modo, outros eus se enunciam através de amotinações que
visam descolonizar o pensamento. / [en] This essay-thesis comes from my restlessness about the way the
relationship between me and the others , between the subject and the object,
insummary, between the subjectivizing process of the modernity / coloniality and
the alterity or other non occidental gnosiologies. How to behave in front of the
other ontologies, other epistemologies and other ethics when facing this different
ways of knowledge and action? It would be impossible this investigation from the
field of confront between differences, field that incorporates [embodies] at the
debate the power of action of each concept , affection and perception, without
rethinking the formula of the doctorate thesis and the academic research. I choose,
in that case, for a multiple and fragmented writing less tightened to the formal and
diachronic discipline and more experimental in order to produce synchronic
effects, exploring the idea of the turns of the spiral which extend to the infinity. I
emphasize that it does not deal with defining or classifying identities and subjects
in relation with the other but in entering in the wave of becoming-intense and of
emboding-gatherig-devouring of anthropophagy in a relational movement ,
continuous and differentiated. In this way, other me introduce themselves
through the uprisings which aim to decolonize the thought.
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[en] THE HAPPIEST OF ALL DESTRUCTIONS: ANTHROPOPHAGY, ITS CONTEXT AND ITS DISCONTENTS / [pt] A MAIS ALEGRE DAS DESTRUIÇÕES: A ANTROPOFAGIA, SEU CONTEXTO E SEUS EMBATESURIEL MASSALVES DE SOUZA DO NASCIMENTO 17 August 2017 (has links)
[pt] Tomada como uma resposta à questão da brasilidade, a antropofagia é, no entanto, algo além. Configura-se como um pensamento oriundo de problemas de proveniências múltiplas tendo, por isso, significados múltiplos. Por um lado, é produto das rupturas propostas pelas vanguardas artísticas europeias; por outro, deve sua existência à situação brasileira de então, quer no terreno das teorias sobre o Brasil, quer no campo socioeconômico. Sua origem, entretanto, não restringe seu potencial especulativo. Tanto assim que ela é passível de ser vista não apenas como uma filosofia da cultura ou uma estética – o que atesta sua filiação às áreas de pensamento supracitadas -, mas também como uma teoria que tem matizes ontológicas. Dito isso, a presente dissertação tem por objetivo elucidar as condições de possibilidade do surgimento da antropofagia e, com isso, expor seu potencial criativo. A nossa tese é a de que a antropofagia é formulado de modo a estar entre a filosofia da cultura e a ontologia, sendo necessária a incursão em ambas para que se possa compreendê-lo de maneira mais profunda. Ademais, buscamos defender a ideia de que a antropofagia é um pensamento original brasileiro na dupla acepção da expressão: original por dever sua origem ao Brasil, dando ênfase na origem do pensamento; e original por ser uma contribuição, tal e qual a contribuição milionária dos erros já anunciada por Oswald de Andrade no Manifesto da Poesia Pau-Brasil de 1924. / [en] Usually thought of as an answer to what it means to be a Brazilian, the modernist notion of anthropophagy is something that goes beyond this simplistic point of view. We claim here that anthropophagy is a philosophy that originates from multiple sources having, because of that, multiple meanings. In one hand, it is one of the many byproducts of European avant-garde; on the other, we could say it also owns its existence to the Brazilian context of the time of its creation, namely 1928. Because of that, we also claim that anthropophagy is not only a philosophy of culture nor is it only aesthetics or a way of making art: even though it is also those two things, it is not restricted to them, being also a theory with ontological nuances. With that in mind, the present work has one clear objective: to clarify the conditions which were necessary for such a way of thinking to emerge. By doing that, we believe, we will also be exploring the creativity inherent to that philosophy. Our thesis is that anthropophagy is a hybrid thought that lies between ontology and philosophy of culture. One must understand both aspects of this thought in order to understand anthropophagy itself. We also seek to defend the idea that the anthropophagic thought of Oswald de Andrade is an original Brazilian philosophy. Original here means two different things: first, being indebted to Brazilian context in order to exist because it was created to answer what the Brazil of then was all about, so its origin in Brazilian because it originates from Brazil; secondly original because it is also singular and, because of that, unique.
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[en] MÁRIO AND OSWALD: A PRIVATE HISTORY OF MODERNISM / [pt] MÁRIO E OSWALD: UMA HISTÓRIA PRIVADA DO MODERNISMOANDERSON PIRES DA SILVA 02 October 2006 (has links)
[pt] Este trabalho pretende traçar a recepção da escrita de
Mário de Andrade e Oswald
de Andrade entre os anos de 1945-70, a criação de uma
consciência nacional e uma
escrita de vanguarda, tendo em vista a eleição de ambos ao
patamar de alto modernismo.
A historiografia literária, orientada pela tradição
nacionalista, localiza em Mário a síntese
superior das propostas pós-22, relegando Oswald ao plano
de terrorista cultural. O
Concretismo, para viabilizar uma historiografia
sincrônica, regida pelo padrão internacional
das vanguardas, elege a poesia pau-Brasil como uma
revolução estética, antecipadora da
poesia concreta, minimiza o papel de Mário, denominando-o
reformador, ou nas
entrelinhas, modernista conservador. A teoria concreta
apresenta a antropofagia ao
Tropicalismo, que encontra nela o argumento teórico para
justificar sua assimilação da
cultura de massa como proposta de renovação e atualização
cultural. Por um ou por outro
viés, os modernistas são objetos construídos para
legitimar o discurso nacionalista ou o
discurso internacionalista. / [en] This work intends to outline the reception of the writings
by Mário de Andrade and Oswald
de Andrade between the years of 1945-70, the creation of a
national consciousness and a
vanguardist writing, taking into consideration the
election of both of them to the level of
high modernism. The literary historiography, guided by the
nationalist tradition, sees in
Mário the superior synthesis of the post-22 proposals,
leaving Oswald on the level of
cultural terrorist. Concretism, to make viable a
synchronic historiography, guided by the
international pattern of the vanguards, elects the pau-
Brasil poetry as an esthetic
revolution, anticipating the concrete poetry, minimizing
Mário´s role, calling him the
reformer, or between the lines, conservative modernist.
The concrete theory presents
the anthropophagy to the tropicalism, which finds in it
the theoric argument to justify its
assimilation of mass culture as a proposal of renovation
and cultural update. From one view
or another, the modernists are objects constructed to
legitimize the nationalist speech or
the internationalist one.
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[pt] ALTERIDADE COMO AFIRMAÇÃO DA VIDA: FRIEDRICH NIETZSCHE E OSWALD DE ANDRADE / [en] ALTERITY AS AN AFFIRMATION OF LIFE: FRIEDRICH NIETZSCHE AND OSWALD DE ANDRADEELIS DE AGUIAR BONDIM RIBEIRO DE OLIVEIRA 01 November 2022 (has links)
[pt] Friedrich Nietzsche, ao longo de sua obra e, em especial, em sua
crítica ao valor dos valores morais ocidentais para a vida, em que elabora a
tipologia da moral nobre e moral dos escravos, associa a criação de valores
a diferentes fisiologias humanas (homem ativo e homem reativo, homem
como ave de rapina e homem como ovelha), compreendendo a moral como
não desligada da vida orgânica e se colocando contra valores e práticas de
homogeneização e nivelamento. Decorre daí uma visão que valora a
alteridade – o que é outro, diferente, alheio – como de valor à vida, enquanto
característica fisiologicamente inerente aos homens e que alimenta a força
plástica humana. Oswald de Andrade, leitor confesso de Nietzsche, em
especial em seus manifestos e ensaios filosóficos, resgata e reelabora a
noção de antropofagia, enquanto visão de mundo e postura filosófica em
que o outro é alimento de transformação de si, orgânica e moralmente (isto
é, enquanto alimento ao corpo, no caso do ritual em sua origem, e também
enquanto alimento à criação de novos valores); e que, portanto, também
valora a alteridade como de valor à vida. Oswald elabora a sua própria
tipologia, a do homem messiânico e homem antropofágico (patriarcado e
matriarcado), e a sua análise do valor dos valores morais ocidentais para a
vida, em que a sua crítica à moral do sacerdócio em muito se aproxima à
crítica de Nietzsche feita a essa que, para o filósofo alemão, foi a mais forte
das morais de escravo e de rebanho que o homem ocidental desenvolveu.
Dentre aproximações e diferenciações, ambos os pensadores nos indicam a
reflexão sobre a alteridade enquanto elemento de valor à plasticidade
humana e, assim, à vida, apesar das tendências homogeneizadoras que
possamos identificar ao longo da história e, ainda, do momento presente. / [en] Friedrich Nietzsche, throughout his work and, in particular, in his critique
of the value of western moral values for life, in which he elaborates a
typology of the master morality and slave morality, associates the creation
of values to different human physiologies (active man and reactive man,
man as bird of prey and man as sheep), comprehending the morality as not
excluded from organic life and being against values and practices of
homogenization and leveling. It follows from this a view that values alterity
– what is other, different, unrelated – as a value to life, as a physiologically
inherent characteristic of men and that feeds human plasticity force. Oswald
de Andrade, a self-confessed reader of Nietzsche, especially in his
manifestos and philosophical essays, rescues and re-elaborates the notion of
anthropophagy, world view and philosophical posture in which the other
feeds the transformation of the self, organically and morally (that is, as
nutrition for the body, in the case of ritual in its origin, and also for the
creation of new values), in which, therefore, he also values alterity as a value
to life. Oswald developed his own typology, that of messianic man and
anthropophagic man (patriarchy and matriarchy), proposing his analysis of
the value of Western moral values for life, in which his critique of
priesthood morality is very close to Nietzsche s critique of that. That one,
for The German philosopher, is the strongest slave and herd morality that
was developed by the western man. Among the approximations and
differences, the thinkers indicate paths to think about alterity as a valuable
element to human plasticity and, thus, to life, although homogenization
tendencies we can identify along the History and still in the present.
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[pt] A CULTURA POP JAPONESA E SUAS INFLUÊNCIAS NAS SUBJETIVIDADES NA CULTURA BRASILEIRA / [en] JAPANESE POP CULTURE AND ITS INFLUENCES ON SUBJECTIVITIES IN BRAZILIAN CULTUREGABRIEL CESARIO ALVIM MARTINELLI 01 October 2024 (has links)
[pt] A presente pesquisa tem como propósito examinar as obras de diversos
artistas brasileiros que criam com fortes laços com a Cultura Pop Japonesa, e
assim, refletirmos sobre novas possibilidades para o design. Para esse fim, a
pesquisa aqui apresentada será composta de três movimentos: no primeiro
olharemos para o design sob a luz da cosmotécnica de Yuk Hui, entendendo as
relações entre o design e a sua conexão com seu trágico destino prometeico.
Segundamente, a partir deste olhar, delinear parte das cosmotécnicas brasileiras
em seu contexto antropofágico, hibridizante e hipercultural através da sua relação
com a Cultura Pop Japonesa, revisando-a sob o olhar de autores e artistas que têm
suas produções associadas aos resultados de tal relação. Finalmente, a partir do
olhar do design, iremos refletir sobre estes modos de fazer brasileiros como
maneira de vislumbrar uma saída para o destino trágico para o qual o design, e as
outras técnicas prometeicas, se destinam. / [en] The purpose of this research is to examine the works of diverse brazilian
artists that have strong bonds with Japanese Pop Culture, then examine those as a
means to bring new possibilities for the design field. This will be done in three
major steps: First we’ll analyze design under the optics of Yuk Hui s
cosmothecnics, revealing its relations to a promethean tragic destiny. Secondly, we
will do an analysis of the hybridizing, anthropophagic and hipercultural Brazilian
context, focusing on its relation to Japanese Culture and Pop Culture.
Interviewing artists that have their production based on such relation. Finally,
through design s perspective, ponder about possibilities for design to escape its
tragic destiny.
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[en] WRITING IN SOMEONE ELSE’S LANGUAGE: THE RELATIONSHIP BETWEEN CONTEMPORARY BRAZILIAN POETRY AND FOREIGN LANGUAGES / [pt] ESCREVENDO NA LÍNGUA DO OUTRO: A RELAÇÃO DA NOVÍSSIMA POESIA BRASILEIRA COM LÍNGUAS ESTRANGEIRASLUIZA SPOSITO VILELA 14 November 2013 (has links)
[pt] Esta dissertação tem como objetivo central investigar a escrita de poetas da novíssima geração brasileira (publicados do ano 2000 em diante) que fazem uso de outras línguas além do português em seus poemas, a fim de compreender o que move uma parte significativa da nova geração a escrever dessa forma e o que isso pode vir a dizer sobre as interações artísticas do Brasil com outras culturas na contemporaneidade. Para empreender essa investigação, parte-se de duas vanguardas nacionais que fizeram um uso afim de línguas estrangeiras na poesia e na música brasileiras — a antropofagia e a tropicália — as quais, embora possuidoras de várias características encontradas também na poesia bilíngue da nova geração, estavam imbuídas, em maior ou menor grau, de um desejo de construção de identidade nacional que não se observa mais hoje. Os poemas escolhidos, de onze autores diferentes, serão estudados com base em textos e conceitos oriundos tanto dos estudos culturais quanto do pós-estruturalismo francês, e a dissertação como um todo está calcada na obra de autores como Silviano Santiago, Eneida Maria de Souza, Alberto Fuguet, Charles Perrone, Gilles Deleuze, Roland Barthes e Jacques Derrida, dentre outros. Far-se-á ainda um esforço comparativo entre o caso brasileiro e o americano, tomando como objeto poetas residentes nos EUA que escrevem numa mistura de inglês e espanhol que se convencionou chamar de Spanglish. Com isso, pretende-se demonstrar que a nova geração da poesia brasileira parece escolher seus temas e formas mais por questões de afinidade mais que de nacionalidade. / [en] This thesis is an examination of the writings of young Brazilian poets (debuting since 2000) who use other languages than their native Portuguese in their poems, in order to understand what motivates part of a generation to write in such a fashion, and what this could mean in terms of Brazil’s artistic interaction with other cultures in a contemporary framework. Two avant-garde movements that have incorporated foreign languages into Brazilian literature and music in the past will be examined – antropofagia and tropicália. Though they share a number of features with the new bilingual poetry being written today, to a greater or lesser extent these movements were concerned with issues of national identity that are no longer relevant to Brazilian poets today. The poems chosen for analysis, by 11 different authors, will be read in connection with texts and concepts from Cultural Studies and French Post-Structuralism, and the thesis draws on such authors as Silviano Santiago, Eneida Maria de Souza, Alberto Fuguet, Charles Perrone, Gilles Deleuze, Roland Barthes and Jacques Derrida, among others. Finally, a comparative analysis will be carried out between the Brazilian case and Spanglish literature in the United States. The overall intention of the study is to demonstrate that the new generation of Brazilian poets, in their choice of themes and formats, are driven by criteria of affinity rather than of nationality.
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[pt] O PERFEITO COZINHEIRO DAS TEORIAS DESTE MUNDO: ENSAIOS DE OSWALD DE ANDRADE (1945-54) / [en] THE PERFECT COOK OF THE THEORIES OF THIS WORLD: OSWALD DE ANDRADE S ESSAYS (1945-54)TIAGO LEITE COSTA 03 September 2015 (has links)
[pt] A tese tem como objetivo apresentar a antropofagia filosófica de Oswald
de Andrade, com base em seus ensaios, artigos e teses escritas entre os anos de
1945 e 1954. Durante esta década, o autor desenvolveu um conjunto de reflexões
no qual confronta os diversos aspectos de duas inclinações psicoculturais da
espécie: o matriarcado e o patriarcado. Esta pesquisa pretende introduzir o leitor
nos conceitos principais desta teoria. A tese também examina o estilo singular dos
ensaios, debatendo como o autor lida com a oposição entre os campos discursivos
da interpretação e da criação (teorias do conhecimento e ficção), e produz uma
revisão heterodoxa de eventos e idéias tradicionais da história ocidental. / [en] The thesis aims to present Oswald de Andrade s philosophical
anthropophagy, based on his essays, articles and thesis written between the years
of 1945 and 1954. During this decade, the author developed a series of reflections
in which confronts the various aspects of two psychocultural inclinations of the
species: the matriarchy and the patriarchy. This research intends to introduce the
reader into the main concepts of this theory. The thesis also examines the singular
style of the essays, discussing how the author copes with the opposition between
the discursive fields of interpretation and creation (theories of knowledge and
fiction), and produces a heterodox review of traditional events and ideas of
Western History.
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[fr] LA DIFFÉRENCE HYPERSTRUCTUREL: ONTOLOGIE, POSTDÉCONSTRUCTION – ET DÉVORATION – A PARTIR DE JEAN-LUC NANCY ET AUDELÀ / [pt] A DIFERENÇA HIPERESTRUTURAL: ONTOLOGIA, PÓS-DESCONSTRUÇÃO – E DEVORAÇÃO – A PARTIR DE JEAN-LUC NANCY E PARA ALÉMCARLOS CARDOZO COELHO 06 June 2017 (has links)
[pt] Esta tese apresenta uma discussão entre duas tradições de pensamento, a desconstrução e o estruturalismo, e discute a possibilidade de se formular uma ontologia após a desconstrução e as críticas à metafísica que proliferaram no século XX. Partindo da ideia de hantologie (assombrologia) que Jacques Derrida opõe ao termo ontologie (ontologia), ideia esta que declara a impossibilidade da formulação de qualquer ontologia, qualquer pensamento sobre aquilo que há de primeiro, nós nos contrapomos a este filósofo e, na esteira de Jean-Luc Nancy e das lições apreendidas com o pensamento da desconstrução, pensamos uma ontologia tendo como base os conceitos de diferença e de variação. Lá onde a tradição pensou a primazia da Unidade e a busca por uma Origem única e imutável, nós defendemos a diferença e a variação como aquilo mesmo que é a existência: ela é sempre mais de um, pois a condição mínima para a existência é que exista a pluralidade, que exista o endereçar entre os diversos existentes. Para isso defendemos que a aparição do conceito de diferença com Ferdinand de Saussure e de variação oriunda do movimento comparatista é um passo fundamental para a formulação do pensamento da desconstrução e também para pensar aquilo que chamamos de diferença hiperestrutural, a saber, pensar a diferença não mais como meramente constitutiva de uma estrutura, mas como um problema ontológico: como ser. Neste diapasão, o que existe não é apenas língua se organizando de maneira diferencial, mas o próprio real se organizando de maneira diferencial, a própria natureza e o próprio mundo diferindo, pois um existente só é na medida em que se endereça, se reporta e se relaciona com outros
existentes, ele existe em oposição aos outros existentes, assim como um signo tem o seu valor em oposição aos outros signos do sistema, e a ontologia é a exposição destas oposições que são sempre locais – materiais. Assim, ao pensar a diferença e a variação como termo mais fundamental e como incondicional, o que fazemos
aqui é a defesa de uma ontologia diferencial e hiperestrutural, tentando abrir espaço para outras formas de pensamento que não o da metafísica ocidental,monoteísta e capitalista. Esta tese não é um texto apenas sobre Jean-Luc Nancy, mas pensamos com ele e sua ontologia singular plural e também com diversos autores, dentre os quais, Jacques Derrida, Ferdinand de Saussure, Oswald de Andrade, Eduardo Viveiros de Castro, Paul Ricoeur, Karl Marx, Émile Benveniste, Patrice Maniglier, Fréderic Neyrat etc. / [fr] Cette thèse présente une discussion entre deux traditions de la pensée, la déconstruction et le structuralisme, et discute la possibilité de formuler une ontologie après la déconstruction et les critiques de la métaphysique qui ont proliféré au cours du XXe siècle. En partant de l idée d hantologie que Jacques Derrida oppose au terme ontologie, idée qui déclare l impossibilité de formuler toute ontologie, toute pensée sur ce qu il y a de premier, nous nous opposons à ce philosophe et, dans le sillage de Jean-Luc Nancy et des leçons apprises avec la pensée de la déconstruction, nous pensons une ontologie basée sur les concepts de différence et de variation. Là où la tradition pensait la primauté de l unité et la recherche d une Origine unique et immuable, nous défendons la différence et la variation comme ce qui est l existence même: elle est toujours plus d un, car la condition minimale pour l existence est qu il y ait la pluralité, qu il y ait l adresser des différents existants. Pour cela, nous soutenons que l apparition de la notion de différence avec Ferdinand de Saussure et de variation dérivée du mouvement comparative est une étape clé dans la formulation de la pensée de la déconstruction et aussi pour penser ce que nous appelons la différence hyperstructurel, à savoir, penser la différence non plus comme simplement constitutive d une structure, mais comme un problème ontologique: comme être. Dans cette veine, ce qui existe est non seulement la langue s organisant de manière différentielle, mais le réel lui-même s organisant de manière différentielle, la nature et le monde lui-même se différent, parce qu un existant est seulement dans la mesure où il s adresse et est en rapport avec les autres existants, il existe en opposition à les autres existants, ainsi comme un signe a sa valeur par opposition à d autres signes du système, et l ontologie est l exposition de ces opositions qui sont toujours locaux – matériaux. Ainsi, en pensent la différence et la variation comme terme plus fondamentale et comme inconditionnelle, ce que nous faisons ici est la défense d une ontologie différentielle et hiperstructurel, en essayant ouvrir des chemins pour d autres formes de pensée que celui de la métaphysique occidentale, monothéiste et capitaliste. Cette thèse n est pas un texte seulement sur Jean-Luc Nancy, mais nous pensons avec lui et son ontologie singulier pluriel et aussi avec plusieurs auteurs, parmi lesquels Jacques Derrida, Ferdinand de Saussure, Oswald de Andrade, Eduardo Viveiros de Castro, Paul Ricoeur, Karl Marx, Émile Benveniste, Patrice Maniglier, Frédéric Neyrat etc.
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[en] ONEILYRICAL IMAGINISM: A CARTOGRAPHY CROSSING LANDSCAPES / [pt] IMAGINISMO ONILÍRICO: UMA CARTOGRAFIA PELA PAISAGEM DE MUNDOSCHARLES PHILIPPE JACQUARD 20 August 2018 (has links)
[pt] Segundo correntes de pensamentos que anunciam a condição distópica promovida pelo que se convencionou nomear capitalismo global integrado, entra em crise a noção de Humano. Guiados via satélite a transitar por mapas digitais, aventa-se que este trajeto histórico nos conduziu até a rua sem saída deste suposto realismo capitalista. É este o cenário labiríntico de uma sociedade do cansaço, em que os poderes governamentais articulados pelo capital se infiltram pela frágil divisão entre cultura e natureza. O sono, segundo o pesquisador Jonathan Crary, simboliza a última fronteira entre as versões mais atualizadas de uma tecnocracia objetiva que se apodera dos corpos para anestesiar o sensível e, portanto, normatizar os modos de vida a partir também da reorganização da percepção. Na esteira, portanto, de respostas acerca do que fabrica mundos – e suas consequentes formas de habitá-lo – e acerca da emergência de ventilar outros possíveis desdobramentos, esta dissertação debruça sobre a experiência onírica ressignificada como gesto estético-político. Pode o sonho agir como uma mediação – ou como manifestação – de disputa de imaginários capaz de despertar para uma forma de vida sympoiética? É pelo reencantamento do mundo, a partir de um lirismo onírico – e onírico aqui no sentido amplo e do senso comum – que este trabalho será conduzido, visando uma exploração topográfica na tentativa de constituir outra paisagem de mundo. / [en] Oneilyrical Imaginism: A cartography crossing landscapes. According to groups of thought that announce the dystopic condition promoted by what has been called integrated global capitalism, the notion of Humanism plunges into a crisis. Guided by satellite to navigate on digital maps, it is revealed that this historical route led us to a dead-end in a supposed capitalist realism. This is the labyrinthic scenario of a society of weariness, in which governmental powers articulated by capital infiltrate the fragile division between culture and nature. Sleep, according to researcher Jonathan Crary, symbolizes the last frontier between the most up-to- date versions of an objective technocracy that seizes bodies to anesthetize the sensory and therefore normalize lifestyles from the reorganization of perception. In the wake, therefore, of answers about what creates worlds - and their consequent ways of inhabiting it - and about the emergence of letting out other possible outcomes, this dissertation focuses on the dream experience resignified as an aesthetic-political gesture. Can the dream act as a mediation - or as a manifestation - in a dispute of imaginaries be capable of promoting a sympoietic way of life? It is t rough the re-enchantment of the world, from a dream perspective – here in a broad and common sense – that this work will be conducted, aiming at a topographic exploration in the attempt to constitute another landscape of the world.
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[en] CANNIBAL RACE: THE INGESTION OF EUGENICS BY THE ANTHROPOPHAGIC MOVEMENT / [pt] RAÇA CANIBAL: A DEGLUTIÇÃO DA EUGENIA PELO MOVIMENTO ANTROPÓFAGOTAINA CAVALIERI FARIA 14 November 2023 (has links)
[pt] Esta dissertação mapeia relações entre o movimento antropofágico e o
movimento eugenista no contexto entreguerras no Brasil. A eugenia, ciência do
aprimoramento da raça, predominava nos meios científicos mundiais e nacionais,
enquanto a Antropofagia representava, no campo cultural, uma ampliação e
amadurecimento ideológico do modernismo brasileiro. Assim como na geração de
1870, que buscou interpretar o Brasil através da aplicação de preceitos científicos
na crítica literária, na geração de 1920 as questões culturais e raciais retornaram
com mesmo léxico. A intelectualidade letrada e científica do país, impulsionada por
um surto de modernização do Estado (maximizado ao fim da primeira guerra),
ganhou um novo fôlego para reverter a imagem do Brasil como uma nação atrasada,
devido às alegações fatalistas sobre o clima, a miscigenação e a herança colonial.
Simultaneamente, pensava-se em resolver a falta de coesão entre os elementos
étnicos, intensificada após uma larga imigração europeia. Através da análise do
periódico paulista, Revista de Antropofagia, e de seus suplementos literários em
outros estados (pouco considerados pela crítica), é possível perceber que ambos os
grupos, com perspectivas heterogêneas e até divergentes internamente, encontraram
uma confluência ao debater a formação de uma raça brasileira essencialmente
mestiça, forte e original, dotada de uma unidade moral e espiritual. Tal aproximação
entre a Antropofagia e a eugenia colabora para a compreensão dos motivos pelos
quais a valorização da herança negra e ameríndia dentro da brasilidade modernista
(absorvida pelo Estado a partir de 1930), longe de ter rompido com os preconceitos
raciais, culminou na legitimação de um modelo peculiar de neutralização das
alteridades através da devoração. / [en] This dissertation maps the relations between the Antropophagy(Anthropophagic Movement) and the Eugenics Movement in Brazilian interwar context. Eugenics, is the science of racial improvement, predominated in bothglobal and national scientific circles, while Anthropophagy represented, in thecultural field, an expansion and ideological maturation of Brazilian Modernism s.Similar to the generation of the 1870s, which sought to interpret Brazil through the application of scientific principles in literary criticism, in the 1920s, cultural and racial concerns resurfaced with the same lexicon. The country s literary and scientific intelligentsia, driven by a modernizing surge from the State (which was maximized after the First World War), gained new impetus to reverse the image of Brazil as a backward nation due to fatalistic claims about the climate,miscegenation, and colonial heritage. Simultaneously, there was a desire to address the lack of cohesion among ethnic elements, intensified after a significant European immigration. Through the analysis of the São Paulo s literary journal Revista de Antropofagia and its literary supplements in other states (often overlooked bycritics), it is possible to perceive that both groups, with heterogeneous and eveninternally divergent perspectives, found a confluence when discussing the formation of a Brazilian race that is essentially strong, miscegenation-driven, and endowed with moral and spiritual unity. This convergence between Anthropophagy and eugenics contributes to the understanding of why the valorization of Black and Amerindian heritage within Modernism s Brazilianness (incorporated by the Statestarting from 1930) far from breaking with racial prejudices, culminating in the legitimation of a peculiar model of neutralizing otherness through devouring.
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