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Selvagens, barbárie e colonos : coletivos indígenas kaingang e o choque com a civilização no Sul do Brasil Meridional contemporâneoSaldanha, José Rodrigo Pereira January 2015 (has links)
Através da etnografia entre interlocutores da etnia kaingang, a tese trata das “lutas” destes em busca de seus “direitos civis”. Esta problemática kaingang vem sendo percebida a partir de suas relações conflitivas com um denominado “mundo dos brancos”. Este conflito é percebido desde o tempo de fugas ancestrais em êxodo, até a contemporaneidade do atual “tempo das retomadas”. Os “brancos”, “não-índios”, ou os não-kaingang, em “idioma” da etnia, os fog, vem consolidando sua “civilização” sobre território kaingang, através de suas “frentes pioneiras” de “colonização” e “expansão”. Se percebeu estruturalmente uma presente colonialidade do poder nas redes de relações entre os fog e os kaingang, que perspassaram tempo e espaço. Um processo inicial de acumulação primitiva de capital, o denominado “colonialismo”, sobre os povos indígenas e seus territórios, passou a um “capitalismo”, de caráter “ordenador”, “progressivo” e “desenvolvimentista”, a partir de uma metafísica fundada em uma economia da “posse”. Estes processos econômicos fog vem sendo aplicados num processo de conquista dos territórios ancestrais da etnia, o Planalto Meridional Brasileiro. O outrora “mundo indígena kaingang”, o mundo dos “tronco-velhos”, de uma totalidade de densas matas, campos e afluentes de água doce em abundância, de seres e coisas, é progressivamente ocupado pelo “mundo dos brancos”, infra-estrutural antrópico, da ordem cultural da “racionalidade”, refletida na “materializada” instrumentalidade técnica baseada na “funcionalidade” de “materiais” e recursos de uma dita “natureza”. Esta instrumentalidade gera um mundo de destruição ambiental, somado a regimes territoriais de “propriedades” dos fog, que restringem a livre circulação dos grupos comunitários kaingang por sobre suas terras até a busca por um total confino destes últimos em “reduções” territoriais. A etnografia acompanhou a “luta pela Terra” dos grupos cosmopolíticos da etnia, onde agentes kaingang mantém um modo de vida baseado em uma cosmologia de “pertença a Terra”, em choque e conflitos com o “mundo dos brancos” e seus agentes fog, que mantém um modo de vida baseado no individualismo, numa lógica dita “racional”, de “mercado” e de “ciência” e “posse” da Terra. Esta “luta pela Terra kaingang” hoje está colocada em reivindicações territoriais da etnia, através de “Territórios Indígenas” garantidos pela Constituição Federal (CF/88), em um território em sua quase totalidade hoje ocupado pelos “empreendimentos” dos fog, “fazendas”, “granjas”, “lavouras de cultivo”, “moradas dos brancos”, “rodovias”, “cidades”, “indústrias” e ou mesmo “parques” e demais “áreas públicas”. / Through Ethnography between interlocutors kaingang ethnicity, the thesis deals with the "struggles" of those in the quest of their "civil rights". Kaingang this problem has been perceived from their conflictual relations with a so-called "white world". This conflict is perceived since the time of ancient trails in exodus until nowadays the current "time of the land retakes". "Whites", "non-Indians", or non-kaingang in "language" of ethnicity, the fóg, has been consolidating its "civilization" on kaingang territory, through its "pioneer fronts" of "colonization" and "expansion". It's been realized structurally a present coloniality of power in networks of relations between fóg and kaingang that came throught time and space. An initial process of primitive accumulation of capital, the so-called "colonialism" over indigenous peoples and their territories became to a "capitalist" character "originator", "progressive" and "developmental", from a metaphysics founded at a cost of "ownership". These fog economic processes has been applied to a conquest process of the ancestral territories of ethnic, the Brazilian Southern Plateau. The once "kaingang indigenous world", the world of "old trunk", a totality of dense forests, fields, and freshwater tributaries in plenty, of beings and things, are gradually occupied by the "white world", infra-anthropic structural, cultural order of "rationality", reflected in the "embodied" technical instrumentality based on the "functionality" of "material" and features a so-called "nature." This creates a world of environmental destruction, coupled with territorial regimes "properties" of the fóg, which restrict the free movement of kaingang community groups over their lands to search for a total confine of the latter in territorial "reductions". Ethnography accompanied the "struggle for land" of cosmopolitic ethnic groups, where kaingang agents maintains a way of life based on a universe of "belonging to Land" in shock and conflicts with the "white world" and their fóg agents, that maintains a way of life based on individualism, in a logic that dictates it's self as "rational", "market" and "science" and "ownership" of the Earth. This "struggle for kaingang Land" today is placed on territorial claims of ethnicity, through "Indian Territory" guaranteed by the Federal Constitution (FC / 88), in a territory almost entirely occupied today by the "projects" of the fóg, "farms","plantations","growing crops","white homes","highway","cities","industries "and or" parks "and other" public areas".
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Selvagens, barbárie e colonos : coletivos indígenas kaingang e o choque com a civilização no Sul do Brasil Meridional contemporâneoSaldanha, José Rodrigo Pereira January 2015 (has links)
Através da etnografia entre interlocutores da etnia kaingang, a tese trata das “lutas” destes em busca de seus “direitos civis”. Esta problemática kaingang vem sendo percebida a partir de suas relações conflitivas com um denominado “mundo dos brancos”. Este conflito é percebido desde o tempo de fugas ancestrais em êxodo, até a contemporaneidade do atual “tempo das retomadas”. Os “brancos”, “não-índios”, ou os não-kaingang, em “idioma” da etnia, os fog, vem consolidando sua “civilização” sobre território kaingang, através de suas “frentes pioneiras” de “colonização” e “expansão”. Se percebeu estruturalmente uma presente colonialidade do poder nas redes de relações entre os fog e os kaingang, que perspassaram tempo e espaço. Um processo inicial de acumulação primitiva de capital, o denominado “colonialismo”, sobre os povos indígenas e seus territórios, passou a um “capitalismo”, de caráter “ordenador”, “progressivo” e “desenvolvimentista”, a partir de uma metafísica fundada em uma economia da “posse”. Estes processos econômicos fog vem sendo aplicados num processo de conquista dos territórios ancestrais da etnia, o Planalto Meridional Brasileiro. O outrora “mundo indígena kaingang”, o mundo dos “tronco-velhos”, de uma totalidade de densas matas, campos e afluentes de água doce em abundância, de seres e coisas, é progressivamente ocupado pelo “mundo dos brancos”, infra-estrutural antrópico, da ordem cultural da “racionalidade”, refletida na “materializada” instrumentalidade técnica baseada na “funcionalidade” de “materiais” e recursos de uma dita “natureza”. Esta instrumentalidade gera um mundo de destruição ambiental, somado a regimes territoriais de “propriedades” dos fog, que restringem a livre circulação dos grupos comunitários kaingang por sobre suas terras até a busca por um total confino destes últimos em “reduções” territoriais. A etnografia acompanhou a “luta pela Terra” dos grupos cosmopolíticos da etnia, onde agentes kaingang mantém um modo de vida baseado em uma cosmologia de “pertença a Terra”, em choque e conflitos com o “mundo dos brancos” e seus agentes fog, que mantém um modo de vida baseado no individualismo, numa lógica dita “racional”, de “mercado” e de “ciência” e “posse” da Terra. Esta “luta pela Terra kaingang” hoje está colocada em reivindicações territoriais da etnia, através de “Territórios Indígenas” garantidos pela Constituição Federal (CF/88), em um território em sua quase totalidade hoje ocupado pelos “empreendimentos” dos fog, “fazendas”, “granjas”, “lavouras de cultivo”, “moradas dos brancos”, “rodovias”, “cidades”, “indústrias” e ou mesmo “parques” e demais “áreas públicas”. / Through Ethnography between interlocutors kaingang ethnicity, the thesis deals with the "struggles" of those in the quest of their "civil rights". Kaingang this problem has been perceived from their conflictual relations with a so-called "white world". This conflict is perceived since the time of ancient trails in exodus until nowadays the current "time of the land retakes". "Whites", "non-Indians", or non-kaingang in "language" of ethnicity, the fóg, has been consolidating its "civilization" on kaingang territory, through its "pioneer fronts" of "colonization" and "expansion". It's been realized structurally a present coloniality of power in networks of relations between fóg and kaingang that came throught time and space. An initial process of primitive accumulation of capital, the so-called "colonialism" over indigenous peoples and their territories became to a "capitalist" character "originator", "progressive" and "developmental", from a metaphysics founded at a cost of "ownership". These fog economic processes has been applied to a conquest process of the ancestral territories of ethnic, the Brazilian Southern Plateau. The once "kaingang indigenous world", the world of "old trunk", a totality of dense forests, fields, and freshwater tributaries in plenty, of beings and things, are gradually occupied by the "white world", infra-anthropic structural, cultural order of "rationality", reflected in the "embodied" technical instrumentality based on the "functionality" of "material" and features a so-called "nature." This creates a world of environmental destruction, coupled with territorial regimes "properties" of the fóg, which restrict the free movement of kaingang community groups over their lands to search for a total confine of the latter in territorial "reductions". Ethnography accompanied the "struggle for land" of cosmopolitic ethnic groups, where kaingang agents maintains a way of life based on a universe of "belonging to Land" in shock and conflicts with the "white world" and their fóg agents, that maintains a way of life based on individualism, in a logic that dictates it's self as "rational", "market" and "science" and "ownership" of the Earth. This "struggle for kaingang Land" today is placed on territorial claims of ethnicity, through "Indian Territory" guaranteed by the Federal Constitution (FC / 88), in a territory almost entirely occupied today by the "projects" of the fóg, "farms","plantations","growing crops","white homes","highway","cities","industries "and or" parks "and other" public areas".
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Impactos territoriais dos assentamentos rurais no Município de Esplanada – BACosta Neto, Antonio de Oliveira 29 February 2016 (has links)
The present work aims to analyze the territorial impacts caused by the implementation of agricultural settlement in the Municipality of Esplanada — BA. To accomplish this objective it was necessary analyze relevant themes inside the Brazilian agricultural issue, like struggle for land, land structure and the government‘s role in the settlement consolidation process, above all the role of the Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA, Colonization and Agricultural Reform National Institute), main responsible for the implementation and support to the development of Brazilian agricultural settlements. The struggle for land in Esplanada was strongly marked by the presence of a fray, who, when assumed the role of leader of the peasants, managed to influence the implementation of five settlements. The land structure of Esplanada present relative values close to Brazil and Bahia. Those values show high concentration of lands and poor distribution of agricultural areas, where the latifundium, besides having the biggest area percentage, continue to expand. Despite the settlement implementation, the high concentration of areas continue. The government with a timid settlement creation policy by dispossession cannot decentralize lands. Many of those settlements, like the ones form the Municipality in this study, find themselves only in the created settlement category, far away from becoming consolidated. The INCRA cannot execute its role effectively, having strong influence in the development of these settlements. Despite the problems face by the settlers, the territorial impacts caused by the settlement implementation are many. Those considerably improved their lives regarding to education, dwelling, alimentation and income. Moreover, the settlements also provided a new socioeconomic dynamic in the Municipality. In this context, are evident the positive impact of the settlements in the lives of the settlers, whom are completely inserted in the Municipality development. / O presente trabalho tem como objetivo analisar os impactos territoriais causados pela implantação dos assentamentos rurais no município de Esplanada (BA). Para alcançar esse objetivo foi necessário analisar temas relevantes relativos à questão agrária brasileira, como a luta pela terra, a estrutura fundiária e o papel do governo no processo de consolidação dos assentamentos, sobretudo a atuação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), principal responsável pela implementação e apoio ao desenvolvimento dos assentamentos rurais brasileiros. A luta pela terra em Esplanada foi fortemente marcada pela presença de um Frei, que, ao assumir o papel de líder dos camponeses, conseguiu influenciar a implantação de cinco assentamentos. A estrutura fundiária de Esplanada apresenta valores relativos próximos à do Brasil e à da Bahia. Esses valores evidenciam alta concentração de terras e má distribuição de áreas agriculturáveis, sendo que os latifúndios, além de possuírem os maiores percentuais de áreas, continuam a se ampliar. Apesar da implantação dos assentamentos, a alta concentração de terras continua. O governo, com uma tímida política de criação de assentamentos via desapropriação, não consegue desconcentrar terras. Muitos desses assentamentos, como os do município em questão, encontram-se apenas na categoria de assentamentos criados, longe de se tornarem consolidados. O INCRA não consegue executar seu papel de forma eficaz, tendo forte influência no lento desenvolvimento desses assentamentos. Apesar dos problemas enfrentados pelos assentados, os impactos territoriais causados pela implantação dos assentamentos são muitos. Os assentados melhoraram consideravelmente suas vidas em relação à educação, à moradia, à alimentação e à renda. Além disso, os assentamentos também proporcionaram uma nova dinâmica socioeconômica ao município. Nesse contexto, são evidentes os impactos positivos dos assentamentos na vida dos assentados, que se encontram completamente inseridos no desenvolvimento do município.
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A luta pela terra na (contra) mão da ordem capitalista : uma leitura a partir da luta pela terra do MST no município de Petrolina/PESousa, Ronilson Barboza de 29 April 2014 (has links)
This thesis aims to analyze the condition of the land struggle in the fight against capital, from the reality of the Landless Rural Workers Movement (MST) in the city of Petrolina -PE. The reflective analytical reading centered on the method of dialectical materialism, which allowed to understand how capital expands through its territorial and monopolization of the territory, resulting in social conflicts. In the case of the city Petrolina -PE, the expansion of capitalist relations was made possible mainly by the concentration of power of the ¡°Coelho¡± family and its strong national and international networking. The path chosen by the ruling class to advance the capital was, primarily, use the paid labor force, through control of the lands and waters of the Sao Francisco River. The activity of irrigated fruit gave the city of Petrolina status of one of the most important hubs for agribusiness in the circuit of capital promoting the expropriation of peasant production unit, boosting labor mobility and forming a relative surplus population in the city, hence various conflicts. At the current stage of capital accumulation, in the pursuit of profit obtaining, their demands clash with the demands of the workers. The participation of the state, through public policy was and remains essential to mediate these tensions and ensure the continued reproduction of the capital. The capital is incapable of yielding the minimum needs of human achievements. Moreover, although the MST has advanced in the fight, without breaking the rule of capital, through the occupation of unproductive latifundia, ends becoming functional to this, either as an extension of manufacturing, or through food production, it lowers the cost of reproduction of labor power. At MST.s camps and settlements, the capital monopolizes territory, subjecting the land of work and life in the land of business: merchandise, leaving them only to work for capital, particularly in agribusiness. Thus, it is evident that the struggle for land, agrarian reform collides with the capitalist order in progress, becoming an anti-capitalist struggle, even if not all the fighting have full conviction of that process. / A presente dissertação teve como objetivo analisar a condição da luta pela terra na luta contra o capital, a partir da realidade do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Município de Petrolina-PE. A leitura analítica reflexiva, centrada no método do materialismo dialético, permitiu entender como o capital se expande por meio da sua territorialização e da monopolização do território, resultando em conflitos sociais. No caso do Município de Petrolina-PE, a expansão das relações capitalistas foi viabilizada, principalmente, por meio da concentração de poder da família Coelho e sua forte articulação nacional e internacional. O caminho escolhido pela classe dominante para promover o avanço do capital foi utilizar, prioritariamente, a força de trabalho assalariada, mediante o controle das terras e das águas do rio São Francisco. A atividade da fruticultura irrigada deu ao Município de Petrolina status de um dos mais importantes polos do agronegócio no circuito do capital, promovendo a expropriação da unidade de produção camponesa, impulsionando a mobilidade do trabalho e formando uma superpopulação relativa na cidade, consequentemente vários conflitos. No atual estágio de acumulação do capital, na busca da obtenção do lucro, as suas demandas se chocam com as reivindicações dos trabalhadores. A participação do Estado, por meio de políticas públicas, foi e continua sendo fundamental para mediar essas tensões e garantir a contínua reprodução do capital. O capital se mostra incapaz de ceder o mínimo às necessidades de realizações humanas. Por outro lado, embora o MST tenha avançado na luta, sem romper com a ordem do capital, por meio da ocupação do latifúndio improdutivo, termina tornando-se funcional a este, seja como extensão da transformação industrial, seja por meio da produção de alimentos, barateando o custo de reprodução da força de trabalho. Nos acampamentos e assentamentos do MST, o capital monopoliza o território, sujeitando a terra de trabalho e vida à terra de negócio, em mercadoria, só lhes restando trabalhar para o capital, especialmente nas empresas do agronegócio. Desse modo, fica evidente que a luta pela terra, pela reforma agrária se choca com a ordem capitalista em curso, tornando-se uma luta anticapitalista, ainda que nem todos que lutam por ela tenham plena convicção desse processo.
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Agronegócio canavieiro em Alagoas : controle do território e luta por terraAlmeida, Ricardo Santos de 30 August 2016 (has links)
This research explains the production of rural areas of Alagoas State from the occupation and
use of the land by the sugarcane farming industry. Agro-industrial economic activity is fed by
the privileges afforded to the social group that controls politics, which exposes the political
tentacles of this economic activity in the state. The relationship between the economic system
of the sugar mills (here considered in their relationship with the political system) and the
production restructuring process that has taken place, starting in the last twenty years of the
20th century, explains why the sugarcane farming activity in Alagoas is maintained and its
relationship with the continuing poverty that can be seen on a daily basis in the landscape.
This also explains the strategies for social reproduction employed by rural workers who have
no access to land. The resistance of the social movements that are found in the territory in the
municipalities of Junqueiro, Campo Alegre and Teotônio Vilela reaffirms the struggle in the
countryside on land belonging to the mills or to sugarcane business groups. In this sense, the
research shows the necessity to interpret the process and the historical heritage to reveal the
repercussions that the restructuring of agricultural production have on the lives of the rural
population. Subjection of the land to capital in this reality is a situation made possible by the
political and economic actions that mark out the State of Alagoas. In this sense, production
restructuring in the sugarcane farming activity results in a strengthening of the agribusiness,
thus reaffirming the permanence of the oligarchical rural base that for centuries has exercised
its power over the territory of Alagoas. / Essa pesquisa explica a produção do espaço rural alagoano a partir da ocupação e uso da terra
pelo agronegócio canavieiro. Considera-se que a atividade econômica agroindustrial é
alimentada pelos privilégios do grupo social que controla a política, expondo os tentáculos
políticos dessa atividade econômica no estado. A relação entre o Sistema econômico do
engenho de açúcar (aqui considerado na sua relação com o sistema político) e o processo de
reestruturação produtiva realizado desde as duas últimas décadas do século XX, vem explicar
por que a atividade canavieira em Alagoas se mantém e qual a sua relação com a continuidade
da pobreza, que é visualizada cotidianamente na paisagem. Ao mesmo tempo, quais as
estratégias encontradas pelos trabalhadores rurais sem acesso á terra para se reproduzirem
socialmente. As resistências de movimentos sociais existentes no território nos municípios
Junqueiro, Campo Alegre e Teotônio Vilela, reafirmam a luta no campo em terrenos de usinas
ou de grupos empresariais canavieiros. Nessa direção, a pesquisa mostra a inevitabilidade de
interpretar o processo e as heranças históricas para desvendar os rebatimentos da
reestruturação produtiva do agronegócio na vida da população camponesa. A sujeição da terra
ao capital nessa realidade é um quadro viabilizado por ações políticas e econômicas que
demarcam o estado de Alagoas. Neste sentido, a reestruturação produtiva na atividade
canavieira traduz-se no fortalecimento do agronegócio reafirmando a permanência da base
oligárquica rural que há séculos exerce seu poderio sobre o território alagoano.
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Território do agronegócio : expansão dos monocultivos do eucalipto e da produção de celulose na BahiaOliveira, Jacson Tavares de 01 September 2014 (has links)
The expansion ofagribusiness eucalyptus in Bahia, result of global movement of reproduction of the capitaltowards to territories that are favorable to high biomass productivity,did not realize the promises of regional development and generation of employment and income,on the contrary, intensified even more conflict in capital x working in field.The implementation of the neoliberal project in the country and the economic opening were crucial for the entry of large multinational pulp and paper in Bahia,including the implementation of financial and technological alliances between competitors in the world market,but in national territory, came together to strengthen the power of competition in the global market.Under the unconditional support of the State in its different extracts government, companies materialize their projects installation of pulp mills in Camaçari, Mucuri and Eunapoliswith the formation of extensive eucalyptus plantations in the Northeast and South Baianos, becoming the largest landowners in Bahia.This thesis could be proved by reducing the number of jobs in the field and in the factories,by increased land concentration by reducing the available territory for peasant reproduction, as well as the percentage decrease social contribution of companies in the period 2005-2012. The companies benefit both through public funding and tax exemption mechanisms,as the flexible labor laws and simplification of environmental licensing.This process feeds the socio-territorial movements, notably the Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST),and reveals the existence of a field in conflict analyzed in territories (Bahia Specialty Cellulose, Suzano Papel e Celulose e Veracel Celulose).The encampments and settlements surveyed in the territory Veracel portray the peasant resistance against agribusiness eucalyptus in the historical struggle for territorial,as conflict resultingfrom universal dialectical interaction between capitalXworking. This thesis shares the historical and dialectical materialism as a method of interpreting reality and recognize the territory as a product of power relations,not only within the State and dominant groups, but especially, within the dominated groups, responsible for the production of wealth andable to act as a class and build new life references andof social organization beyond the logic of capital and their presuppositions. / A expansão do agronegócio do eucalipto na Bahia, fruto do movimento global de reprodução do capital em direção aos territórios que apresentam condições favoráveis à elevada produtividade de biomassa, não realizou as promessas de desenvolvimento regional e de geração de emprego e renda, ao contrário, acirrou ainda mais o conflito capital x trabalho no campo. A implantação do projeto neoliberal no país e a abertura econômica foram cruciais para a entrada das grandes empresas multinacionais de papel e celulose na Bahia, inclusive com a implementação de alianças financeiras e tecnológicas entre empresas concorrentes no mercado mundial, mas que, em território nacional, se uniram para fortalecer o poder de concorrência no mercado global. Sob o apoio incondicional do Estado em seus diferentes extratos de governo, as empresas concretizaram seus projetos de instalação de fábricas de celulose em Camaçari, Mucuri e Eunápolis, com a formação de extensos plantios de eucalipto no Nordeste e Sul Baianos, tornando-se as maiores proprietárias de terras na Bahia. Essa tese pôde ser comprovada pela redução do número de postos de trabalho no campo e nas fábricas, pelo aumento da concentração fundiária, pela redução do território disponível para a reprodução camponesa, assim como a retração do valor percentual da contribuição social das empresas no período de 2005 a 2012. As empresas são beneficiadas tanto pela via do financiamento público e mecanismos de isenção fiscal, quanto pela flexibilização das leis trabalhistas e simplificação do licenciamento ambiental. Tal processo alimenta os movimentos socioterritoriais, notadamente o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), e revela a existência de um campo em conflito nos territórios analisados (Bahia Specialty Cellulose, Suzano Papel e Celulose e Veracel Celulose). Os acampamentos e assentamentos pesquisados no território da Veracel retratam a resistência camponesa contra o agronegócio do eucalipto no embate histórico pela territorialização, como conflito resultante da interação dialética universal entre capital x trabalho. A presente tese compartilha o materialismo histórico e dialético como método de interpretação da realidade e reconhece o território como produto de relações de poder, não apenas no âmbito do Estado e dos grupos dominadores, mas, sobretudo, no âmbito dos grupos dominados, responsáveis pela produção da riqueza e capazes de agir como classe e construir novos referenciais de vida e de organização social para além da lógica do capital e de seus pressupostos.
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Vozes femininas no Arte Contra a Barbárie (1999-2002) - um estudo de gênero nos movimentos sociais e suas narrativas / Female Voices in Art Against Barbary (1999-2002) - a study of gender in social movements and their narrativesLuiz Carlos de Melo 06 June 2018 (has links)
Ao final do ano de 98, do século passado, um coletivo de pessoas ligadas à produção teatral passou a se reunir semanalmente na cidade de São Paulo para pensar a função e o papel do teatro diante do quadro político que se desenhava, um ambiente de aprofundamento de políticas de orientação neoliberal iniciadas no governo Collor e que começavam a ganhar força com a eleição de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em seu primeiro mandato como presidente do Brasil. Passados seis meses do encontro inicial, o grupo chegou à formulação de um texto síntese das ideias debatidas naquele período. Esse documento recebeu o nome de Manifesto Arte Contra a Barbárie, nome pelo qual o grupo ficou conhecido. Durante a trajetória da pesquisa pudemos tomar contato com documentos que davam conta de que logo após o lançamento do Primeiro Manifesto iniciou-se uma considerável participação feminina nos encontros, impulsionando as atividades de discussão e a formação de grupos de trabalho. Ocorre que a maior parte dos relatos sobre o Arte Contra a Barbárie, aos quais tive acesso, dão conta de que era um grupo formado por homens. Esses relatos acabam por passar a impressão de que as mulheres não tinham uma participação ativa em todo o processo, ou mesmo que sua participação era restringida. A dissertação tem como objetivo primeiro registrar a participação feminina nesse processo de luta que acabou por mobilizar inúmeras pessoas em busca da conquista de políticas públicas para a produção cultural. Já o segundo objetivo é identificar indícios de ações, mecanismos ou estruturas que possam ter resultado em uma invisibilização das contribuições dessas figuras femininas nas lutas políticas e sociais importantes, como o processo que levou à conquista da lei que criou o Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo / At the end of the year 98, in the last century, a collective of people related to the theater production gathered weekly in the city of São Paulo to think about the function and the role of theater in the face of the political framework that was being developed, of neoliberal orientation policies initiated in the Collor government and that were beginning to gain strength by electing Fernando Henrique Cardoso (PSDB) in his first term as president of Brazil. After six months of the initial meeting of the group, the group put together a summarized text of the ideas debated in that period. This document was named Manifesto Arte contra a Barbárie, name by which the group became known. During the course of the research, I was able to examine documents that showed that soon after the launch of the first manifesto a considerable amount of female participation in the meetings began, encouraging discussion activities and the formation of working groups. It turns out that most of the reports on the Arte Contra Barbarie, to which I had access, treated the group as one formed only by men, and these reports end up giving the impression that women did not have an active participation in the whole process, or even that their participation was restricted. The dissertation aims first at registering the female participation in this process of struggle that ended up mobilizing countless people in search of gaining public policies for cultural production. The second objective is to identify indications of actions, mechanisms or structures that may have resulted in the invisibility of the contributions of these female figures in important political and social struggles, such as the process that led to the achievement of the law that created the Programa de Fomento ao teatro para a cidade de São Paulo
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O movimento sindical metalúrgico na Zona Sul de São Paulo: 1974 a 2000 / The metallurgists\' unionized struggle in the southern area in São Paulo city: 1974 a 2000Maria Nelma Gomes Coelho 12 March 2008 (has links)
Esta tese historia a implantação e o desenvolvimento do Parque Industrial da Zona Sul de São Paulo, no que tange as indústrias metalúrgicas, a luta dos trabalhadores metalúrgicos desde o regime militar até o ano 2000. Historia a organização do movimento sindical nas fábricas, as diversas correntes sindicais existentes, os problemas enfrentados. e a atuação do Sindicato. As vitórias e derrotas, e as contradições existentes no seio da categoria e o a transformação do seu Sindicato de pelego agente aberto do capital. A história do Parque Industrial é reconstituída desde o processo de criação da infra-estrutura, na década de 1920, quando Santo Amaro ainda era Município e historia a luta sindical dos metalúrgicos da Região desenvolvida entre 1974 a 2000. O fio condutor é a luta entre o Trabalho e o Capital. / This thesis investigates the establishment and the development of the industrial park of the southern area in São Paulo city, focusing on metallurgy industries, the metallurgists\' struggles dating from the military regime up to the year 2000. It analyses the organization of the unionized movement inside the industrial plants, its different existing streams, the problems it faced and the Trade Union\'s performance. It also analyses the conquests and weaknesses, the existing contradictions inside this unionized group and the transformation of a stool-pigeon Trade Union into an open agent of capital. The history of this industrial park is described since the very beginning of its substructure in the 1920s, when Santo Amaro was still a town. The metallurgists\' unionized struggle is investigated from 1974 to 2000. The main interest is centered on the dispute between Labor and Capital.
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O movimento do conceito de valor em O Capital de Marx / The movement of the value`s concept in `The Capital`of MarxCosta, Fabiano Joaquim da 01 October 2013 (has links)
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Previous issue date: 2013-10-01 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Our study aims to investigate the movement of the concept of value in Marx's Capital. Marx shows that the value is a socially constituted human labor socially equal. The value gains independence and autonomy within capitalist society as it remains alienated from their true producers. Meanwhile, the value subdues all the categories that were made by this society seeking for their unconditional and irrational self-worth. A thorough and dialectic analysis reveals the true source of the capitalist's profit. First from the investigation of how wealth appears to the mind of the agents of capitalist society in commodity form. Then Marx shows that the difficulty in understanding the merchandise lies in the fact that through the fetish role it has to hide abstract human labor contained in it. Then, the study clarifies that the real opposition that exists in merchandise is the opposition between use value and value, also demonstrating that the true wealth of content is the abstract labor. Marx advances the charming sphere of circulation of goods, demystifying it, and shows that the expansion of capitalist society as well as the expansion of value can not be explained from this sphere. The general law of commodity circulation determines that the losses and gains equip themselves among different private producers. The total and radical transgression of this general law would lead to the total destruction of the market. Although the movement of goods do not have the ability to fully explain the origin of the profits of the capitalist, it can do it partially. In the market entourage, private producers follow carefully the laws immanent movement: they buy commodities at their value and sell commodities at their value. However, the capitalist discovers a special commodity market that has the ability to generate more value than it costs you the same: the workforce. Marx shows that the capitalist's profit is in the misappropriation of the workforce of the worker by the capitalist. Within the capitalist society, the value migrates from category to category according to their needs, the goods to money, money to capital, always seeking to expand pushing the capitalist to a meaningless work. Finally, Marx investigates the real roots which are the conditions of possibility of the capitalist mode of production, and consequently the expansion of value. Our author will demonstrate that behind the idyllic speeches about this system is the excessive violence and brutality of the state and class struggle. The movement that catapulted capitalism was the same as the working class launched in limbo. The violent movement of the concept of value produces and reproduces every day the violence of class struggle. Every day the general wealth of mankind increases, but is suitable for a small class of capitalists. Meanwhile, the majority of mankind, formed by the class of workers, the legitimate producers of this wealth see their conditions of life and work thrown in the mud. For the logical and unconditional expansion value be braking is necessary that the actual producers of wealth to appropriate it, rationalizing it by reversing this picture of things. From the standpoint of Marx, though it may be an uphill struggle, the working class is the only class capable to face the wrath and desires that cry by the greed and capitalist private interests. / Nosso trabalho tem como objetivo investigar o movimento do conceito de valor em O Capital de Marx. Marx mostra que o valor tem uma forma social constituída de trabalho humano socialmente igual. O valor ganha independência e autonomia no seio da sociedade capitalista na medida em que permanece alienado dos seus verdadeiros produtores. Entrementes, o valor subjuga todas as categorias forjadas por esta sociedade buscando a sua autovalorização incondicional e irracional. A análise minuciosa e dialética revela a verdadeira fonte do lucro do capitalista. Primeiramente, a partir da investigação do modo como a riqueza aparece à mente dos agentes da sociedade capitalista com a forma mercadoria. Em seguida, Marx mostra que a dificuldade em se compreender a mercadoria reside no fato de que através do fetiche ela tem o papel de esconder o trabalho humano abstrato nela contido. Logo após, esclarece que a verdadeira oposição existente na mercadoria é a oposição entre valor de uso e valor, demonstrando também que o verdadeiro conteúdo da riqueza é o trabalho abstrato. Marx avança à esfera colorida da circulação desmistificando-a, mostra que a expansão da sociedade capitalista, assim como a expansão do valor, não pode ser explicada a partir desta esfera. A lei geral da circulação de mercadorias determina que as perdas e os ganhos se equiparem entre os diferentes produtores privados. A transgressão total e radical dessa lei geral levaria a total destruição do mercado. Embora a circulação de mercadorias não tenha a capacidade de explicar totalmente a origem dos lucros do capitalista, ela consegue fazer isso parcialmente. No ambiente no mercado os produtores privados seguem criteriosamente as leis imanentes à circulação: compram mercadorias pelo seu valor e vendem mercadorias pelo seu valor. No entanto, o capitalista encontra no mercado um mercadoria especial que tem a capacidade de gerar mais valor do que ela mesma lhe custa: a força de trabalho. Marx demonstra que o lucro do capitalista reside na apropriação indevida da força de trabalho do operário por parte do capitalista. No interior da sociedade capitalista o valor migra de categoria em categoria de acordo com as suas necessidades, da mercadoria ao dinheiro, do dinheiro ao capital, etc, buscando sempre a sua expansão impelindo o capitalista a um trabalho sísifo. Finalmente, Marx investigará as verdadeiras raízes que constituem as condições de possibilidade do modo de produção capitalista, e por conseqüência da expansão do valor. Nosso autor demonstrará que por detrás dos discursos idílicos acerca deste sistema encontra-se a violência e a truculência desmedida do Estado e da luta de classes. O movimento que catapultou o capitalismo foi o mesmo que lançou a classe operária no limbo. O movimento violento do conceito de valor produz e reproduz a cada dia a violência da luta de classes. A cada dia a riqueza geral da humanidade aumenta, porém é apropriada por uma pequena classe de capitalistas. Enquanto isso, a maioria da humanidade, formada pela classe dos operários, os legítimos produtores dessa riqueza, vêem suas condições de vida e trabalho arremessadas na lama. Para que a lógica de expansão incondicional do valor seja freada é preciso que os verdadeiros produtores da riqueza se apropriem dela, racionalizando-a, invertendo este quadro de coisas. Do ponto de vista de Marx, por mais que seja uma luta árdua, a classe proletária é a única e legítima classe capaz de enfrentar a fúria e os desejos que bradam por parte da gana e do interesse privado capitalista.
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Nietzsche: a doutrina da vontade de potência como superação do mecanicismo / Nietzsche: the doctrine of the will to power as overcoming of the mechanicismJacubowski, Felipe Renan 27 July 2011 (has links)
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Previous issue date: 2011-07-27 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / The incessant criticism of Nietzsche to the mechanicism (Mechanistik) presents in his later writings show the importance of the refutation of the mechanistic thinking. The aim of this paper is to propose, after investigation of the criticism nietzschinian to mechanicism, the will to power (Wille zur Macht) as a conception of the world and the life able to overcome it. In criticizing the mechanicism, the German philosopher seeks to overcome its many facets imposing the doctrine of will to power as dominant. Nietzsche does not attack the mechanicism from a single point of view, but from multiple perspectives, denounces it as a theory which reduces the coming-to-be the logic, as dogmatic science, as theory teleological, utilitarian, and as a particular form of metaphysics and of christianity. From the dynamic struggle between impulses and the tendency of growth of intensity, Nietzsche aims to provide an interpretation of the processes that not only exceeds the present explanations at the mechanistic theories, but, above all, that affirms the life as a continuous struggle and overcoming. This new attitude of the world, thought as overcoming of the mechanicism, emerges from a Homogeneität of effectiveness (Wirklichkeit) in which every event is explained in terms of the will to power: there are no metaphysical dichotomies present in the world, has no teleology, was not created by a god. The world is changing or moving around, without beginning or end, and returns eternally. The life or the body is no longer thought of as organized matter and becomes a battleground between various forces or impulses that struggle each other for more power in a continuous process of overcoming resistance. In this confrontation between mechanicism and will to power, Nietzsche needs of the life as criterion to establish the superiority of his theory. It is from a psychophysiological analysis of the life that the differences can be established: through the investigation of the present symptom in all evaluation, it establishes a hierarchy (Rangordnung) between types of life. The outcome of this can to denounce the mechanicism as a physiological symptom of decay, ie, as a theory that denies the dynamic and perspectivist character of the life. Conceiving that the mechanistic theories are rooted in moral and metaphysical prejudices, the philosopher considers the mechanicism a theory inferior and presents the will to power as upper. On contrary of the mechanicism, the will to power affirms the life as continuous overcoming, and, therefore, Nietzsche considers an upper interpretation, presenting it as a new alternative explanation of the existence. / As incessantes críticas de Nietzsche ao mecanicismo (Mechanistik) presentes em seus últimos escritos evidenciam a importância da refutação do pensamento mecanicista. O objetivo da presente dissertação é propor, após a investigação das críticas nietzschianas ao mecanicismo, a vontade de potência [Wille zur Macht] como uma concepção de mundo e de vida capaz de superá-lo. Ao criticar o mecanicismo, o filósofo alemão procura superar suas várias facetas impondo a doutrina da vontade de potência como dominante. Nietzsche não ataca o mecanicismo partindo de um único ponto de vista, porém, em múltiplas perspectivas, denuncia-o como teoria que reduz o vir-a-ser à lógica; como ciência dogmática; como teoria teleológica e utilitarista; e como forma particular de metafísica e de cristianismo. A partir da luta dinâmica entre os impulsos e da tendência de crescimento de intensidade, Nietzsche pretende fornecer uma interpretação dos processos que não apenas ultrapasse as explicações presentes nas teorias mecanicistas, mas, sobretudo, que afirme a vida enquanto luta e superação contínua. Essa nova postura de mundo, pensada como superação do mecanicismo, emerge de uma Homogeneität da efetividade (Wirklichkeit) em que todo acontecimento é explicado em termos de vontade de potência: não há quaisquer dicotomias metafísicas presentes no mundo, não possui nenhuma teleologia, não foi criado por um deus. O mundo é mudança ou movimento por toda parte, sem início nem fim, e retorna eternamente. A vida ou o corpo deixa de ser pensada como matéria organizada e passa a ser um campo de batalha entre várias forças ou impulsos que lutam entre si por mais potência, em um processo contínuo de superação de resistências. Nesse confronto entre mecanicismo e vontade de potência, Nietzsche precisa da vida como critério para estabelecer a superioridade de sua teoria. É a partir de uma análise psicofisiológica da vida que as diferenças podem ser estabelecidas: por meio da investigação do sintoma presente em toda valoração, institui-se uma hierarquia (Rangordnung) entre tipos de vida. O resultado dessa análise pode denunciar o mecanicismo como sintoma de decadência fisiológica, ou seja, como teoria que nega o caráter dinâmico e perspectivista da vida. Concebendo que as teorias mecanicistas estão enraizadas em preconceitos morais e metafísicos, o filósofo considera o mecanicismo uma teoria inferior e apresenta a vontade de potência como superior. Ao contrário do mecanicismo, a vontade de potência afirma a vida como superação contínua, e, portanto, Nietzsche a considera uma interpretação superior, apresentando-a como uma nova alternativa explicativa da existência.
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