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[pt] O (DES)ENCONTRO ENTRE O REFÚGIO E O PROBLEMA DA DIFERENÇA NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS: UM MOVIMENTO DESCONSTRUTIVO / [en] THE (DIS)ENCOUNTER BETWEEN REFUGE AND THE PROBLEM OF DIFFERENCE IN INTERNATIONAL RELATIONS: A DECONSTRUCTIVE MOVEMENT

ANDRESSA MACIEL CORREA 26 August 2024 (has links)
[pt] Como compreender as marcas da diferença e suas fronteiras que separam quem faz parte ou não, quem é bem-vindo ou não, e como configuram rastros de divisões de mundo e subjetividades? Como tal diferença foi pensada, quais os enquadramentos foram usados para posicionar diversas populações em deslocamento migratório forçado, produzindo um jogo entre um suposto eu e um suposto outro? É possível (re)pensar o problema da diferença pela chave de inteligibilidade e movimento da desconstrução, da différance? É dentro desta trajetória que pretendo construir e traduzir tal percurso de (des)encontros com a temática, a partir de uma escrita que se esforça a não recalcar as aporias, e faz uso deste recenseamento dos próprios encontros e desencontros que precipitam as seguintes reflexões, no esforço de contribuir para os estudos sobre migração e refúgio, seja dentro ou fora do campo de saber das Relações Internacionais. Em outros termos, é um movimento possível de prestar atenção às linhas de demarcação (sejam geográficas, dialéticas, coloniais, raciais, dentre outras), fraturas e seus territórios indesignáveis das experiências vividas, como uma maneira de fazer ecoar a dimensão do (des)encontro com o contexto do refúgio, e encontrar-se diante de si mesmo, o risco, a responsabilidade de decompor em miríades de partículas tal viagem (sem pretensões de dar conta desta) a ser empreendida quando se fala, estuda e trabalha no cenário do refúgio. As linhas deste trabalho propõem destacar a dimensão relacional da pesquisa, principalmente nos encontros e desencontros com o contexto do refúgio – e (re)considerar tais subjetividades viandantes em situação de refúgio, não como substâncias a serem capturadas, mas como formas radicais de relacionalidade, que são sempre ao mesmo tempo singular e plural, irredutíveis a uma entidade pressuposta a um encontro e desencontro totalizantes –, e como (re)olhar esta relação a partir de uma constatação pelo movimento da desconstrução desse (des)encontro constitutivo e ético. / [en] How can we understand the marks of difference and the borders that separate who belongs and who doesn t, who is welcome and who isn t, and how they create traces of world dividions and subjectivities? How has this difference been thought of, what frameworks have been used to position various populations in forced migratory displacement, producing a game between a supposed self and a supposed Other? Is it possible to (re)think the problem of difference through the key of intelligibility and movement of deconstruction, of différance? It is within this trajectory and that I intend to construct and translate such a journey of (dis)encounters with the theme from a criting that strives not to repress the aporias and makes use of this census of the very encounters and disagreements that precipitate the following reflections in an effort to contribute to studies on migration and refuge, whether inside or outside the field of knowledge of International Relations. In other words, it is possible move to pay attention to the lines of demarcation, fractures and their undesignable territoriesof lived experiences, as a way of echoing the dimension of the (dis)encounter with the context of refuge, and finding oneself a journey (without pretending to be able to account for it) to be undertaken when talking about, studing and working in the refuge scenario. The lines (whether geographical, dialectical, colonial, racial, among others), of this work lead to and propose some attempts to grasp these facets based on a movement and language of crossing and opening up to diffrent logics, scenarios and theoretical frameworks of contact, not only within the field of International Relations. It s a dialogue that brings together horizons of possibility for thinking about the context of refuge and its borders, demarcations, possibilities, impossibilities and negotiations present in the relationship with difference itself. The lines of this work propose to highlight the relational dimension of research, especially in the encounters and disencounters with the context of refuge – and to (re)consider these subjectivities in displacement, not as substances to be captured, but as radical forms of relationality, which is always at the same time singular and plural, irreducible to an entity presupposed by a totalizing encounter and disagreement – and how to (re)look at this relationship from a point of view of the movement of deconstruciton of this constitutive and ethical (dis)encounter.
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[en] THE INTRUDER, BORDERING THE PUBLIC AND THE PRIVATE / [pt] O INTRUSO, À BEIRA DO PÚBLICO E DO PRIVADO

PAOLA SANGES GHETTI 27 March 2019 (has links)
[pt] Esta dissertação toma por objeto privilegiado de análise o livro L Intrus (O Intruso), do filósofo francês (1940) Jean-Luc Nancy. O livro mescla a escrita poética à reflexão propriamente filosófica e oferece, por conseguinte, o desafio de uma compreensão que tome em conta esse duplo viés. Partindo da abordagem inicial sobre o caráter do livro, é formulada a hipótese central de pesquisa: a questão do intruso, implícita no livro de Nancy, versa sobre o caráter desconstrutivo tanto do corpo social, quanto do corpo privado. Ambos funcionariam articulando-se numa dupla injunção, que no primeiro caso, apresenta-se numa investigação sobre o contato entre os termos intruso e estrangeiro, e no segundo caso, entre intruso e estranho. A pesquisa atua, ainda, num registro marcadamente contemporâneo. São as exigências, os problemas, as crises do mundo de hoje que norteiam as leituras do livro de Nancy, a compreensão da noção de hospitalidade e o redimensionamento da noção de subjetividade. / [en] This dissertation has, as its primary object of analysis, the book L Intrus (The intruder), by French philosopher Jean-Luc Nancy (1940). This book blends poetic writing to proper philosophical reflection, and therefore poses the challenge of a comprehension that considers this double perspective. Based on this first approach to the nature of the book, the central research hypothesis is formulated: the topic of the intruder, implicit in Nancy s book, deals with the deconstructive nature of both the social and the private bodies. Both would work by articulating into a double injunction, which, in the first case, is present in an investigation of the contact between the terms intruder and foreigner, and in the second case, between intruder and strange. Also, the research takes place on a markedly contemporary register. It is the demands, problems and crises of today s world that guide the readings of Nancy s book, the understanding of the notion of hospitality and the redimensioning of the notion of subjectivity.
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[en] NAKED LEVIATHAN: FOR A NON-LOGOCENTRIC READING OF THE CONCEPT OF SOVEREIGNTY IN THE WORKS OF THOMAS HOBBES, WITH APPLICATIONS TO DEMOCRATIC REGIMES / [pt] LEVIATHAN NU: POR UMA LEITURA NÃO LOGOCÊNTRICA DO CONCEITO DE SOBERANIA NA OBRA DE THOMAS HOBBES, COM APLICAÇÕES PARA REGIMES DEMOCRÁTICOS

BRUNO MOTTA DE VASCONCELLOS 08 March 2019 (has links)
[pt] Na teoria político-jurídica, o Leviathan é o monstro que a assombra. É possível, contudo, uma leitura da obra de Hobbes que evite esta assombração: que revele uma concepção da ideia de soberania sem as mitificações que o conceito geralmente traz consigo. É possível até perceber uma certa ironia na filosofia hobbesiana, que devolve esta assombração ao próprio leitor quando este encara a soberania como tabu. Isto, pois, a partir de um resgate da filosofia primeira de Hobbes, obtemos várias estratégias que permitem desconstruir discursos de autoridade. E Hobbes faz isto para refutar as dos que, em geral, consideram-se mais sábios que os outros, como escolásticos, juristas e cientistas. Com isto, ou haveria uma enorme contradição em sua teoria política, ou um sentido oculto que, ao mesmo tempo que propõe a autoridade, rebaixa-a a um mero tabu. Adotando a segunda hipótese, obtemos uma teoria para refutar discursos que fundamentam a autoridade em categorias transcendentais ou logocêntricas. Esta refutação pode ter aplicações no contexto político atual, pois a utilização de tais categorias é recorrente para impor limites à democracia. Ao mesmo tempo, eliminando a mitificação da soberania, Hobbes permite enxergá-la apenas como os pontos de conexão inicial e final de um sistema concebido para obter decisões políticas, o que, em uma democracia, como o filósofo propõe, deve ser o próprio demos. É a partir desta releitura de Hobbes que o presente trabalho apresenta estas conclusões, ao mesmo tempo que refuta uma interpretação tradicional de sua filosofia, que o vê apenas como mais um jusnaturalista. / [en] In legal and political theory, Leviathan is its scary monster. However another reading is possible; a reading that avoids that dread: one that reaveals a concept of sovereignty without all the mythifications that it usually brings together. It s even possible to sense a certain hobbesian irony which shows that the dread was within the reader himself when he faces sovereignty as a taboo. This becomes possible when we rescue Hobbes first philosophy, recovering many strategies proposed by the philosopher that allow us to deconstruct discourses of authority. And Hobbes does that to refute those that, in general, consider themselves wiser than the others, like scholars, jurists and scientists. By that reading, either there is a big contradiction in Hobbes political theory, or a hidden meaning, namely, that, at the same time Hobbes proposes the sovereign authority, he demotes it to a mere taboo. Adopting the latter, we obtain a theory that makes possible to rebut authority discourses based on transcendental and logocentric categories. This rebuttal may be applied in contemporary political contexts, as those categories are recurringly used to impose limits on democracy. At the same time, by demythifying sovereignty, Hobbes allows us perceive it only as an initial and terminal nodal connector in a system conceived to extract political decisions, one that in a democracy must be the demos itself. It s by this reading of Hobbes philosophy that this work presents its conclusions and at the same time refutes a traditional intepretation of the same: one that perceives Hobbes only as another natural law philosopher.
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[en] BETWEEN PEPPERS AND VINEGARS: VIOLENCE, HUMAN RIGHTS AND (DIS)ORDER IN MASS DEMONSTRATIONS IN BRAZIL / [pt] ENTRE PIMENTAS E VINAGRES: VIOLÊNCIA, DIREITOS HUMANOS E (DES)ORDEM NAS MANIFESTAÇÕES NO BRASIL

JOANA SCHROEDER 15 May 2017 (has links)
[pt] Neste trabalho, procurei seguir os rastros de pimentas e vinagres das manifestações que tomaram as ruas do Brasil a partir de junho de 2013. Para isso, parti de um dossiê de denúncias redigido por nove organizações da sociedade civil brasileira em razão da realização da primeira audiência temática sobre protestos ocorrida em março de 2014 junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos. Os rastros do dossiê se inseriam no universo do que chamei de ruas de papel que disputavam o papel das ruas, ou a verdade do que as ruas teriam sido. De modo emblemático, estas disputas evidenciavam o caráter político dos limites entre ordem e desordem, manifestantes e vândalos, cujas inscrições nos papéis apontavam para um labirinto de aporias e dissensos sobre violência, cidadania, direitos humanos e humanidade. Entre pimentas e vinagres, entre ruas e papéis, o reconhecimento de certas violências como violações de direitos humanos se (des)construía, revelando rastros de uma problemática mais profunda referente à contínua (re)fundação violenta do direito e da ordem através de referenciais negativos como a desordem e os vândalos. Diante das possibilidades de se render ou desafiar o labirinto, explorei um posicionamento em defesa da politização das práticas de autorização de autoridades e o engajamento com uma dimensão radical dos direitos humanos enquanto contracondutas críticas, táticas de subversão e estratégias de resistência. Neste percurso, procurei observar os fazeres dos direitos humanos materializados em uma teia complexa de instâncias e papéis em disputa, produzindo sujeitos, narrativas, destinos e verdades. / [en] In this dissertation, I followed the traces of peppers and vinegars from the demonstrations that took the streets of Brazil since June 2013. With this purpose, I departed from a dossier of denunciation written by nine Brazilian civil society organizations due to the realization of the first thematic audience on protests held in March 2014 at the Inter-American Commission on Human Rights of the Organization of American States. The traces of the dossier were embedded in the universe of what I called streets of paper that disputed the role of the streets, or the truth of what the streets would have been. These disputes were emblematic of the political character on the boundaries between order and disorder, demonstrators and vandals, whose inscriptions on the papers pointed to a labyrinth of aporias and dissents about violence, citizenship, human rights and humanity. Between peppers and vinegars, between streets and papers, the recognition of certain forms of violence as human rights violations was (de)constructed, revealing traces of a deeper problematic concerning the continuous violent (re)foundation of law and order, through negative references such as disorder and vandals. Faced with the possibilities of surrendering or challenging the labyrinth, I explored a position in defense of the politicization of the practices of authorization of authorities and the engagement with a radical dimension of human rights as critical counter-conducts, tactics of subversion and strategies of resistance. In this path, I sought to observe the makings of human rights materialized in a complex web of disputed instances and papers, producing subjects, narratives, destinies and truths.
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[en] CONSTRUCTING THE LGBTI SUBJECT OF RIGHTS: SUBJECTIVITY, POLITICS AND IDENTITY IN HUMAN RIGHTS DISCOURSE / [pt] CONSTRUINDO O SUJEITO LGBTI DE DIREITOS: SUBJETIVIDADE, POLÍTICA E IDENTIDADE NO DISCURSO DOS DIREITOS HUMANOS

LUIZ ARTUR COSTA DO VALLE JUNIOR 12 April 2018 (has links)
[pt] Esta dissertação explora as formas modais de subjetividade que são atribuídas a pessoas LGBTI no discurso dos direitos humanos internacionais. Levam-se em consideração 8 vereditos do Comitê de Direitos Humanos, responsável pelo monitoramento do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, oferecendo-se uma leitura desconstrutiva dos mecanismos que participam da articulação dos sujeitos homossexuais e transgênero aí presentes. Sugere-se que as três representações encontradas, o homossexual legítimo, o ativista gay e o gay fora-da-lei podem ser entendidos como uma tentativa de despolitizar sexualidades desviantes, recobrindo-as sob arranjos normativos neoliberais e heterossexistas. À luz deste argumento, propõe-se uma leitura psicanalítica queer sobre a constituição subjetiva e corporal do sujeito, enfatizando as obras de Jacques Lacan, Judith Butler e Jacques Derrida. Ressaltando a contingência e a violência inerentes à organização libidinal, abre-se o caminho para uma compreensão radical da co-implicação da subjetividade e da comunidade política. Sob a égida dessa co-implicação, apresenta-se a noção de política de Jacques Rancière, revisando-a em relação ao conceito lacaniano do sinthome, de forma a propor um engajamento político-estético respaldado na quase-substãncia do sinthome, entendido como uma escrita contínua e contingente da intersecção entre o simbólico, o real e o imaginário. / [en] The dissertation explores the specific forms of subjectivity that are attributed to LGBTI individuals in international human rights law. It takes into consideration 8 rulings by the Human Rights Committee, the UN body charged with monitoring the International Covenant on Civil and Political Rights, and advances a deconstructive reading of the specific articulation of homosexual and transgender subjects contained in them. It suggests that the three representations found, the legitimate gay, the gay activist and the gay outlaw can be understood as an attempt to depoliticize deviant sexualities, subsuming them under neoliberal, heterosexist hegemonic normative arrangements. In view of this argument, it proposes a queer psychoanalytic reading of subjective and bodily constitutions, emphasizing Jacques Lacan s, Judith Butler s and Jacques Derrida s works. In highlighting the contingency and violence inherent to libidinal organization, it paves the way to a radical understanding of the co-implication of subjectivity and community. In light of this co-implication, Jacques Rancière s notion of politics is presented and reworked in light of Lacan s concept of Sinthome, in a way that appears to allow for an aesthetic political engagement based on the quasi-substance of the Sinthome as a contingent, continuous grafting of Lacan s three metaphysical orders, the real, the imaginary and the symbolic.
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[pt] A QUESTÃO DA METÁFORA ENTRE RICOEUR E DERRIDA / [en] THE QUESTION OF METAPHOR BETWEEN RICOEUR AND DERRIDA

FELIPE AMANCIO BRAGA 20 April 2020 (has links)
[pt] O presente trabalho tem a metáfora como seu objeto e busca investigar os problemas que esta figura de linguagem suscita à filosofia. Desde então, será tomado como escopo e instrumentos de análise as obras de dois filósofos contemporâneos, Paul Ricoeur e Jacques Derrida, por suas contribuições relevantes ao estudo deste tema. De início, será apresentado como a hermenêutica propõe pensar a metáfora para além da estilização retórica e os limites que a separam do discurso filosófico, em seguida será mostrado como a clara delimitação destes limites é posta sob suspeita pela desconstrução. Portanto, ao seguir juntamente por essas duas propostas, o trabalho se desenvolve ao analisar seus pressupostos, pontos de intersecção e diferença. / [en] The present work has the metaphor as its objects and aims to investigate the problems that this figure of speech brings to philosophy. Since then, it will be taken as scope and analysis s instruments the works of two contemporary philosophers, Paul Ricoeur and Jacques Derrida, for their relevant contributions to the study of this matter. At the beginning, it will be presented how hermeneutics propose to think metaphor beyond rhetorical stylization and the limits that set her apart from philosophy s discourse, then it will be shown how the clear determination of these limits are put under suspicious by deconstruction. Therefore, by following jointly these two proposals, the work is developed by the analysis of their presuppositions, intersections points and differences.
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[en] ELUDING SECURITY: THE UNITED STATES FOREIGN POLICY AND THE PERSISTENCE OF WARS ON TERRORS / [pt] ESCAPANDO (D)A SEGURANÇA: A POLÍTICA EXTERNA DOS ESTADOS UNIDOS E A PERSISTÊNCIA DE GUERRAS AOS TERRORES

YESA PORTELA ORMOND 22 August 2024 (has links)
[pt] Esta dissertação tem como ponto de partida a pergunta: O que proporciona à Guerra ao Terror uma narrativa persistente que continua a influenciar os termos da política externa dos Estados Unidos ao longo do século XXI? Em relação ao problema de pesquisa, elabora-se um duplo argumento: o primeiro é o de que a Guerra ao Terror é uma figura opaca e borrada na política externa dos Estados Unidos; uma estrutura com um centro que não tem um local natural e que continua sendo (re)preenchida, (re)escrita e (re)significada; um terreno sem fundamento; um espectro-a-vir que assombra e escapa das categorias de política externa e segurança dos EUA. A partir deste argumento, insisto que esta figura opaca e borrada se beneficia de imagens de inimigos cujos rostos, características e territórios são apenas provisoriamente identificados. Mais que isso, insisto que essasituação é facilitada pela impossibilidade de definir definitivamente o que significam e são terror e terroristas; e do entrelaçamento desses significantes– i.e., destes espectros – ao longo da história dos EUA, com aqueles dos povos Indígenas, da população negra escravizada, dos servos brancos pobres (irlandeses, escoceses, alemães), das sufragistas, dos imigrantes latinos, dos traficantes de drogas, dos muçulmanos, dos árabes, dos antifascistas, dos supremacistas brancos, e assim por diante. Em segundo lugar, argumento que a Guerra ao Terror dos Estados Unidos tem escapado (d)a segurança não apenas porque o terrorismo e os terroristas são elusivos, mas também porque a noção de segurança, em si, é elusiva na política externa dos EUA. Desse modo, nesta tese proponho que a ideia de Guerra ao Terror seja deslocada e que falemos, ainda que provisoriamente, em Guerras aos Terrores – Guerras aos Terrores estas que indefinidamente escampam (d)a segurança dos Estados Unidos. Para ilustrar esse argumento conto com a ajuda da leitura desconstrucionista Derridiana, associada às contribuições de Reinhart Koselleck. Assim, realizo uma análise voltada para a política externa dos Estados Unidos e para o modo como Guerras aos Terroressão travadas contra múltiplos foras(teiros) constitutivos dos Estados Unidos. Nesse sentido, meu olhar se direciona, ainda que não exclusivamente, às Guerras aos Terrores do século XXI – mais especificamente às imagens de árabes, pessoas do Oriente Médio e muçulmanos como essencialmente terroristas; de imigrantes, requerentes de asilo e refugiados como terroristas em construção; e para o entrelaçamento de antifascistas e adeptos da supremacia branca como terroristas domésticos. Realizada essa extensiva análise, sugiro, em primeiro lugar, a importância de interpretar interpretações mais do que interpretar coisas e de, assim, não tomar abstrações como certas, senão como produtivas e violentas. Em segundo lugar, sugiro que (in)segurança, terrorismo e terroristas são foras(teiros) constitutivos das Guerras aos Terrores e que, por isso, há impossibilidade de encerramento deste persistente e elusivo cenário sem que os Estados Unidos também tenham seus fundamentos – apenas aparentemente bem fundamentados– abalados. / [en] The starting point of this dissertation lies in the question: What is it about the War on Terror that provides a persistent narrative that remains structuring the terms of the U.S. foreign policy during the 21st century? Regarding this research problem, a twofold argument is formulated: First, I argue that the War on Terror is an opaque, blurred figure in the U.S. foreign policy; a structure with a center that has no natural site and that keeps being re-fulfilled, re-written and re-signified; a groundless ground; a specter-to-come that haunts and eludes US foreign policy and security. I insist that this opaque, blurred figure benefits from the images of enemies whose faces, characteristics, and territories are only provisionally identified; from the impossibility of indefinitely defining what terror and terrorists mean and are; and from the entanglement of these signifiers – i.e., these specters –, over the U.S. history, with those of Indigenous Peoples, the Black enslaved population, the poor white servants (Irish, Scottish, Germans), Suffragists, Latin immigrants, drug dealers, Muslims, Arabs, antifascists, white supremacists, and so on. Second, I argue that the U.S. War on Terror has been eluding security not only because terrorism and terrorists are elusive, but because security is, itself, elusive. This way, this dissertation proposes that instead of a War on Terror, we must, even if provisionally, refer to Wars on Terrors that have been eluding U.S. security. To illustrate this argument, I undertake an extensive analysis of the U.S. Wars on Terrors, with help of the Derridean deconstructive reading, associated with the contributions of Reinhart Koselleck. This way, I pay special attention to the U.S. foreign policy and to how its Wars on Terrors have been continuously waged against multiple constitutive outside(r)s of the USA. Also, I direct special –but not exclusive – focus to the Wars on Terrors of the 21st century and to the images of Arabs, Middle Easterners, and Muslims as essentially terrorists; im/migrants, asylum seekers, and refugees as ‘terrorists in the making’; and the entanglement of “antifascists and white supremacists as domestic terrorists. After this extensive work, I make two suggestions: first, I insist on the importance of interpreting interpretations more than we interpret things and that instead taking abstractions for granted we must be attentive to how they are both productive and violent. Second, I suggest that (in)security, terrorism, and terrorists are constitutive outside(r)s of the U.S. Wars on Terrors, and that, in so being, closure of this persistent, elusive scenario becomes impossible without shaking the apparently well built, tenacious grounds of the United States itself.
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[pt] PENSAR VER: DERRIDA E A DESCONSTRUÇÃO DO MODELO ÓTICO A PARTIR DAS ARTES DO VISÍVEL / [fr] PENSER À NE PAS VOIR: DERRIDA ET LA DÉCONSTRUCTION DU MODÈLE OPTIQUE À PARTIR DES ARTS DU VISIBLE

MARIA CONTINENTINO FREIRE 07 May 2015 (has links)
[pt] Esta tese se propõe a refletir a postura de Jacques Derrida diante das obras de arte ditas visuais. Partindo de uma invisibilidade na fonte de todo visível, Derrida problematiza a estrutura hierárquica do pensamento estético, abrindo uma outra abordagem artística não sobre, mas em torno das obras. O famoso tema de um abalo desconstrutivo no pensamento metafísico da presença desdobra-se, neste trabalho, na in-visibilidade do traço do desenho e na espectralidade da imagem cinematográfica. / [fr] Cette thèse vise à penser le point de vue de Jacques Derrida vis-à-vis les oeuvres d art visuels. En partant d une invisibilité à la source du visible, Derrida met en question la structure hiérarchique de la pensée esthétique en ouvrant une autre approche, non pas sur les images, mais autour d elles. Le célèbre thème du choc déconstrutif dans la pensée métaphysique de la présence est traité, ici, dans l in-visibilité du trait du dessin et dans la spectralité de l image cinematographique.
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[en] TRACING THE OUTLAW OF HUMANITY: A STUDY ON THE INTERNATIONAL POLITICS OF OUTLAWING STARTING FROM THE US MEMOS ON THE WAR ON TERROR / [pt] RASTREANDO O FORA-DA-LEI DA HUMANIDADE: UM ESTUDO SOBRE A POLÍTICA INTERNACIONAL DE BANIMENTO A PARTIR DE MEMORANDOS NORTE-AMERICANOS DA GUERRA CONTRA O TERROR

ROBERTO VILCHEZ YAMATO 13 May 2019 (has links)
[pt] Esta tese de doutorado é um estudo sobre a política internacional de banimento, uma política internacional de criminalização e proscrição. A partir da leitura de alguns dos memorandos norte-americanos da Guerra contra o Terror, e influenciado pelo quase-conceito de rastro de Jacques Derrida, bem como pelo insight de Carl Schmitt sobre o dualismo exceção/regra, este trabalho segue certos rastros constitutivos daqueles documentos e, sobretudo, do status de combatente ilegal daqueles prisioneiros determinado ali. A partir destes rastros constitutivos da categoria de combatente ilegal, identificam-se os rastros da categoria de pirata na arquitetura político-jurídica da ordem internacional, e, a partir destes, os de uma alteridade excepcional que Schmitt identificou como a de um inimigo fora-da-lei, ou fora-da-lei da humanidade. Nesse sentido, destacam-se a alteridade e o espaço-tempo excepcionais do pirata, comentando-se seu ambíguo status político-jurídico – de fora-da-lei internacional e inimigo da humanidade (hostis humani generis) –, bem como seu banimento do espaço-tempo do sistema internacional moderno e da humanidade. A partir daí, e influenciado pelos estudos mais recentes de R. B. J. Walker sobre o fora constitutivo e as práticas soberanas de exclusão do sistema internacional moderno, identificam-se e comentam-se os rastros, sobretudo contemporâneos, da política internacional de criminalização e proscrição. E então, influenciado por aquele quase-conceito de rastro de Derrida, conclui-se este trabalho posicionando-o em relação a esta política internacional de banimento; ou seja, rastreando o Fora-da-lei da Humanidade. / [en] This PhD dissertation is a study on the international politics of outlawing, an international politics of criminalization and proscription. Starting from the reading of some of the US Memos on the War on Terror, and influenced by Jacques Derrida s quasi-concept of trace, as well as by Carl Schmitt s insight on the exception/rule dualism, this work follows certain traces which are constitutive of those documents and, most importantly, of the unlawful combatant status of those detainees as determined therein. Thus, from these constitutive traces of the category of unlawful combatant, this work identifies the traces of the category of the pirate within the political-legal architecture of the international order, and, from them, those of an exceptional alterity which Schmitt has identified as one of an outlaw enemy, or an outlaw of humanity. In this regard, it focuses on the exceptional alterity and space-time of the pirate, analyzing his ambiguous political-legal status – as both an international outlaw and an enemy of humankind (hostis humani generis) –, as well as his outlawry from the space-time of the modern international system and of humanity. From this analysis, then, and influenced by R. B. J. Walker s most recent studies on the constitutive outside and the exclusionary sovereign practices of the modern international system, it identifies and comments on the traces, most especially on the contemporary traces, of the international politics of criminalization and proscription. And then, influenced by that Derridian quasi-concept of trace, this PhD work concludes positioning itself in relation to this international politics of outlawing; that is, tracing the Outlaw of Humanity.
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[en] WHEN THOUGHT COMES DANCING, WHEN SOVEREIGNTY TREMBLES: EVENT TO COME, DEMOCRACY TO COME, REASON TO COME / [pt] QUANDO O PENSAMENTO VEM DANÇANDO, QUANDO A SOBERANIA TREME: EVENTO POR VIR, DEMOCRACIA POR VIR, RAZÃO POR VIR

SÉRGIO PEREIRA ANDRADE 19 December 2017 (has links)
[pt] Esta tese discute relações ético-políticas entre o pensar a dança e o pensar a filosofia a partir da desconstrução de Jacques Derrida. Toma como premissa que a dança performa um modo de pensamento desafiador para a herança arquipedagógico-filosófica que encerra a filosofia na tarefa restrita ao cálculo apreensível e antecipatório mano-visual. Em sua aproximação, o que entendemos como pensamento da dança faz tremer essa perspectiva, o que não significa dizer que a dança e seus artistas tenham meios para questionar a filosofia, mas que são portadores de um pensar que não se encerra no campo da produção conceitual filosófica. Assim, com a aproximação entre dança e filosofia, pretende-se explorar algumas possibilidades que se abrem, em tal encontro, para a experiência de um pensamento transdisciplinar e não conceitual. O argumento é desenvolvido a partir de três importantes noções pensadas pelo filósofo franco-argelino: evento por vir, democracia por vir e razão por vir — que são suplementares à tarefa de abertura radical do sim, sim ao pensar. Outras temáticas derridianas correlacionadas à discussão que aqui se propõe são abordadas, como: o direito à filosofia, a questão da ipseidade, a espectralidade, o mal de arquivo, o fato econômico circular e narrativo e o pensar em não ver. Apesar de se concentrar majoritariamente em questões lançadas por Derrida, esta tese evoca um tom multiautoral, combinando outras assinaturas de filosofia, teorias da dança e estudos da performance (bem como obras de dança e artes da performance). / [en] The dissertation discusses ethical and political relations between thinking dance and thinking philosophy with Jacques Derrida s deconstruction. Its premise is that dance performs a way of thinking that challenges the arch-pedagogyphilosophical heritage that closes philosophy at the restricted task of hand-visual calculation. In its approach, what we understand as dance s thought shakes this perspective, which doesn t means that the dance and its artists have the means to question the philosophy, but who are carriers of a thinking that does not end in the field of philosophical conceptual production. Thus with the approach between dance and philosophy, we intend to explore some possibilities that open for the experience of a cross-disciplinary thinking and not conceptual. The argument is developed from three important notions designed by the French-Algerian philosopher: event to come, democracy to come and reason to come - that works together in the radical opening task of yes, yes to the thinking. Other Derridean themes are dialogued as: right to philosophy, ipseity, spectrality, archive fever, narrative and circular economic factor and blind thinking. Although the dissertation is focused mainly on Derrida s proposals its text evokes a multiauthorial tone, combining other signatures of Philosophy, Theories of Dance and Performance Studies, as well as works of dance and performance.

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